História Caminhos da Missão - Capítulo 1

Na escola de Gamaliel, Saulo de Tarso discursava aos outros alunos, como ele. Todos a partir dali eram considerados mestre fariseus, especialista nas leis de Moisés. Gamaliel, muito apegado aos alunos resolveu os reunir mais uma vez para uma comemoração.

— Quando o Mestre Gamaliel pediu que eu fizesse o discurso final, fiquei inseguro. O que dizer? Nós que lidamos tanto com as palavras, as escrituras, sinceramente  não consegui pensar em nada, então resolvi dizer exatamente naquilo em que nossas vidas devem se basear: Conhecer as escritura é muito importante, no entanto o essencial é obedecer às leis.  Se formos fieis a Deus, teremos sucesso em tudo, as próprias escrituras diz isso, mas se não obedecemos, tudo dará errado. Vamos por em prática tudo aquilo que aprendemos!

Todos aplaudiram Saulo. Gamaliel tinha orgulho de cada aluno, mas percebia algo especial em Saulo. E o considerava um filho.

— Belo discurso, Saulo. — elogiou ao se aproximar.

— Obrigado, Mestre. Devo tudo ao senhor.

— E o que fará agora? Voltará para Tarso?

— Sim,  vou cuidar dos negócios da família, junto de Herodião, meu cunhado. Irei sempre a sinagoga da cidade,  e sempre que puder estarei aqui também. 

— Muito bem, deixará o emprego como guarda do Templo, é o certo a fazer. Não tem nada haver com aquilo que aprendeu.

— Eu gosto, mas meu pai lutou tanto para o negócio dar certo, e sempre pensando na nossa família, ele queria dar uma vida segura.

— E conseguiu.

— Eu não posso deixar esse negócio de lado, e o futuro de minha irmã também depende disso.

— Está fazendo a escolha certa, Saulo.

— Mas antes, eu vou aproveitar a festa de Pentecostes.

***

A festa de Petencostes havia chegado, uma celebração que ocorria cinquenta dias depois da Páscoa para comemorar a aliança, e o dom da lei. Enquanto o povo se preparava para festa, os discípulos de Jesus esperavam na cidade, na casa de Maria, judia afortunada cujo filho João Marcos, era seguidor de Jesus.  Havia sido em sua casa, que os apóstolos se reuniram com Jesus para última ceia. E agora estavam lá, os doze, sim doze, após o suicídio de Judas Iscariotes, Matias foi escolhido para ser apóstolo.

Antes disso, os apóstolos estavam reunidos na hora do almoço quando Jesus apareceu a eles. Primeiramente, logo após a ressurreição, ele apareceu a Maria Madalena, depois a Pedro, e seguida aos Onze.

Foi quando deu uma ordem: — Não se afastem de Jerusalém. Esperem que se realize a promessa do Pai, da qual vocês ouviram falar "João batizou com água: vocês, porém, dentro de poucos dias, serão batizados com o Espírito Santo."

— Senhor é agora que vai restaurar para nós o reino de Israel? — um dos apóstolos o perguntou.

Jesus respondeu: — Não cabe a vocês saber os tempos e as datas que o Pai reservou à sua própria autoridade. Mas o Espírito Santo descerá sobre vocês, e dele receberão força para serem minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia e Samaria, e até os extremos da terra.

Chegando a cidade para festa estava Manaém, um comerciante que crescerá junto do tretarca Antipas na corte. Era um herodiano trabalhava para o tretarca. Quando o tretarca casou-se com Herodíade, ele rompeu com Antipas e passou se de dedicar ao comércio. Manaém estava de mudança com toda família para Antioquia, cidade grega onde seu negócios aumentariam, mas a mudança foi adiada, pois sua filha Eunice estava grávida e queria que o filho nascesse em Jerusalém.

— Papai, o senhor veio para festa! — a pequena Febe pulou nos braços do pai.

— Espero que sua mãe e sua irmã me receberam com a mesma empolgação. — Manaém brincou. — Está tudo bem por aqui?

— Sim, mas agora está melhor que o senhor chegou.

— Então vamos.

Eunice foi a primeira, a vê-los, correu para abraçar o pai,  e em seguida perguntar:

— E Tito?

— Não recebeu uma mensagem dele dizendo que vira logo, e com a filha?

Eunice assentiu.

— Então porque a preocupação?

— Essas estradas, pai. São perigosas.

— Tito é cidadão romano, isso deveria tranquilizá-la.

— Os romanos não são os únicos perigos das estradas.

— Tente não se preocupar, está grávida de meu primeiro neto.

— E mal posso esperar para contar para a ele que espero um filho.

— Não contou?

— Não, quero falar olhando nos olhos deles.

Joana e Lóide chegaram, o comerciante abraçou a irmã e deu um beijo na esposa.

— Veio para festa, meu irmão. — disse Joana.

— Pois é,  de tanto te ver reclamar, comecei a entender a importância das festas.

— Já não era sem tempo. Finalmente está começando a entender a  importância das festas judaicas.

— É por isso meninas.  — Joana falou as sobrinhas. — Que devemos ser persistentes quando o assunto for fé. Principalmente você Eunice, que se casou com um grego. Bom, tenho que ir, tenho compromisso.

— Compromisso essa hora? — desconfiou o irmão. Ainda era de manhã.

— Sim, vou para casa de minha amiga,  Maria. 

Pouco tempo depois, um ruído como vento forte fez com que muitos moradores ouvissem, os que estavam nas rua, e muitos que estavam em suas casas. Eram os seguidores de Jesus que, e falavam em diferentes línguas.

O povo que eram judeus e vieram de diferentes lugares para a festa, não entendiam como era possível, já que eram galileus.

E outros, ainda diziam que estavam embriagados.

Pedro no entanto falou a todos eles, que Jesus era o Messias, e que fora ressuscitado.

— E o que devemos fazer? — perguntaram.

— Arrependeram-se, e que cada um seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos pecados e depois receberão do Pai, o dom o Espírito Santo.

Manaém foi realmente tocado pelas palavras de Pedro. — Eu vou me batizar. E você, meu amor?

Lóide o abraçou, emocionada com a decisão do marido. — Eu também, é claro. Por mim, teria feito há muito tempo!

Eunice também esrava certa que era o queria, ser batizada. Manaém, e toda sua família se batizou, e não só eles, cerca de três mil pessoas se batizaram nesse dia.

***

Corinto, foi para essa cidade grega que uma família de judeus havia se mudado, há muitos anos. Joás, a esposa e os dois filhos, Estêvão e Rosa. Joás ficou viúvo, e com os filhos. Não conseguindo pagar os tributos cada vez mais altos, estava sendo ameaçado, tudo piorou quando o questor romano, confiscou os bens do judeu, desesperado sem saber para onde ir, em completa fúria e desespero ateou fogo na casa do questor. O resultado foi ainda mais desastroso: Tanto Joás como os filhos foram presos. Joás morreu ao ser flagelado, Estêvão tornou se escravo colocado para trabalhar nas embarcações, Rosa foi poupada e solta, sem ter para onde ir, foi para frente da casa, que um dia pertenceu sua família. Foi tão feliz ali, mas havia perdido tudo, estava completamente sozinha. Viu um casal se aproximar, judeus também, Rute e Zacarias.

— Rosa, é uma supresa vê-la, graças a Deus saiu bem da prisão. — Rute disse a ela. — Nosso filho não conseguiu.

O único filho do casal havia morrido nas mãos dos romanos.

— E seu pai, seu irmão?

— Meu pai morreu e Estêvão se tornou escravo.

— Mais uma família destruída. — lamentou Rute.

— O que pretende fazer? — perguntou Zacarias.

— Não sei, tenho que arrumar um emprego... Não tenho mais nada.

— Acalma-se.

— Rosa, vamos retornar à Jerusalém, com Telma, viúva de nosso filho. — contou Zacarias. — Quer ir conosco?

Rosa foi a procura do irmão, estava em um impasse, recebeu uma oportunidade de recomeçar a vida,  mas para isso teria que se afastar do irmão.  Deixá-lo pra trás na escravidão, no sofrimento.

Estêvão ao vê sorriu, e correu para abraçá-la.

— Rosa, como é bom te ver bem. Mas deve ir porque se souberem que é irmã podem  te escravizar também.

— Preciso lhe dizer; Rute e Zacarias estão partindo para Jerusalém querem que eu vá embora com eles, mas não posso, Estêvão.

— Você vai, Rosa.

— Não posso recomeçar, enquanto meu irmão sofre como escravo.

— Se ficar, vão acabar te escravizando também minha irmã.

— Mas...

— Vá Rosa, pelo menos um de nós tem que ser livre. É uma ordem de irmão mais velho. Confie em Deus, vamos nos reecontrar em breve.

— Acho que Rosa não vem. — Telma disse ao sogros. A verdade é que Telma não gostava da ideia de Rosa ir junto, nunca gostou dela. Esperava que ela de fato não fosse.

— Deve ter acontecido alguma coisa. — preocupada, Rute comentou.

— E a comitiva já vai partir, não podemos esperar mais. —  Zacarias preocupado falou, mas logo viu Rosa vindo correndo e anunciou. — Ela está vindo! 

— Graças a Deus. — Rute ficou alegre.

Telma permaneceu em silêncio indignada por Rosa ter conseguido chegar.

— Desculpem a demora. — pediu a jovem, ofegante. — Eu estava me despedindo de meu irmão. Não sei quando tornarei a vê-lo.

Pouco minutos depois, a comitiva partiu. Rosa estava incerteza de como seria a vida em Jerusalém,  mas precisava confiar em Deus, como Estêvão dissera.