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História Canção Agalopada - Oneshot


Escrita por: AretePanthar

Notas do Autor


Olha quem é que está de volta! (Pra sumir de novo...)
Bem, este é apenas mais um desejo realizado de escrever uma fic com uma música do Zé Ramalho. E por um acaso, uma que combina muito com o Defteros.
Boa leitura!

Capítulo 1 - Oneshot


Fanfic / Fanfiction Canção Agalopada - Oneshot

Defteros não ficava restrito ao vulcão da Ilha. Vez ou outra, descia até o vilarejo – por mais que o achasse deveras desinteressante – apenas para passar o tempo. É claro, ninguém nunca o notava porque sabia ser furtivo. E num desses dias, parou para ouvir o que um poeta cantava. Dizia ele ser a história de como a Ilha Kanon fora criada.

 

Foi um tempo que o tempo não esquece

Que os trovões eram roucos de se ouvir

Todo o céu começou a se abrir

Numa fenda de fogo que aparece

O poeta inicia a sua prece,

Ponteando em cordas e lamentos.

Escrevendo seus novos mandamentos,

Na fronteira de um mundo alucinado.

Cavalgando em martelo agalopado,

E viajando com loucos pensamentos

 

Interessante... um cenário apocalíptico que combinava bem com aquela ilha. Aquele sabia bem inventar uma história. Continuou a ouvir:

 

Sete botas pisaram no telhado,

Sete léguas comeram-se assim

Sete quedas de lava e de marfim

Sete copos de sangue derramado.

Sete facas de fio amolado,

Sete olhos atentos encerrei

Sete vezes eu me ajoelhei

Na presença de um ser iluminado.

 

Defteros imaginou, por um instante, se ele como o demônio que era se ajoelharia diante de algum anjo...

 

Como um cego fiquei tão ofuscado

Ante o brilho dos olhos que olhei

 

Era pena que ninguém parasse para ouvir o poeta. E ele, somo se soubesse disso, cantava:

 

Pode ser que ninguém me compreenda

Quando digo que sou visionário

Pode a Bíblia ser um dicionário?

Pode tudo ser uma refazenda?

 

Dizem que os poetas são meio loucos. E talvez nesse caso fosse verdade. Mas não podia negar que o rapaz tinha talento.

 

Mas a mente talvez não me atenda

Se eu quiser novamente retornar

Para um mundo de leis me obrigar

A lutar pelo erro do engano

 

Eu prefiro um galope soberano

À loucura do mundo me entregar

Reparou na cor fosca dos olhos. Cego e louco. Como um bom poeta deve ser.

Defteros se distanciou com o fim do poema. Mas não podia deixar de pensar em seus últimos versos. Talvez ele, demônio que fosse, não estivesse muito distante daquele rapaz. Afinal, também não queria se entregar ao mundo. Prefere continuar soberano, naquele canto esquecido. Que o mundo não viesse busca-lo...


Notas Finais


"Martelo agalopado" é um estilo em que os repentistas cantam, de 10 sílabas em 10 linhas.
Canção Agalopada: https://www.youtube.com/watch?v=iXABNksuNqM


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