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História Caos Natalino - Único


Escrita por: bubtaki

Notas do Autor


Olá, leitores mores!
Essa é minha segunda história para o desafio de dezembro, porque eu amo o Natal
Espero que se divirtam lendo tanto quanto eu me diverti escrevendo
Boa leitura <3

Capítulo 1 - Único


               Mojo Jojo estava obcecado pelo Natal desde que os meninos roubaram uma nova TV no primeiro dia de dezembro. A tela mostrava os mais variados especiais e, por mais que o cientista já soubesse da existência do feriado antes de assistir aos filmes – ele já tinha visto as ruas decoradas, as músicas felizes –, o espírito natalino só o tocou depois de uma maratona no sofá.

               Naquele Natal, ele deixou suas roupas usuais de lado, vestindo um conjunto vermelho e felpudo. Começou a preparar a ceia assim que acordou e, ainda que não soubesse cozinhar, estava brilhando de orgulho.

               Quando as panelas estavam tão quentes que fumaça pairava em todos os cômodos da casa, Brick apareceu na porta da cozinha, as sobrancelhas juntas, confusas, irritadas.

               – Que merda você está fazendo? – o garoto perguntou, coçando um dos olhos. Ele ainda estava de pijama. Os pés descalços caminharam até perto do fogão.

               – Mojo Jojo agora ama o Natal – respondeu, sorrindo confortavelmente para a panela de legumes refogados. – Mojo Jojo quer a ajuda dos meninos.

               Brick colocou as mãos na cintura, encarando, meio aéreo, a comida sendo preparada.

               – Boa sorte tentando achar os dois idiotas – o ruivo disse, sonolento. – Quando abri os olhos, eles já não estavam mais em casa.

               O pai ficou um pouco decepcionado. Havia aprendido que o Natal era uma festividade familiar, entretanto, suas criações já estavam fugindo dele.

               – Então só o Brick ajuda – Mojo disse, olhando para o menino. – Mojo Jojo quer uma decoração de Natal.

               – Onde é que eu vou achar uma decoração de Natal no Natal? – Brick soou escandalizado, mexendo nos cabelos. – Todas as lojas estão fechadas.

               – Se Brick consegue roubar uma TV, Brick consegue arranjar decoração de Natal – o mais velho da casa argumentou, com uma careta.

               Brick soltou um suspiro irritado e saiu apressado da cozinha, resmungando pela falta dos irmãos. O líder dos Desordeiros estava se tornando passivo, obedecendo ao pai, evitando brigas... isso só podia ser pela influência de uma garota.

 

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            Boomer chegou de tarde, deixou uma caixa ao lado da porta de entrada e correu para abrir as janelas de casa. Não bastava a falta de luz e o gigantesco lance de escadas, agora ele tinha que lidar com a umidade e o cheiro de comida.

               Dando uma olhada geral, agora tendo a sala iluminada pelo pôr-do-sol, o loiro notou algumas mudanças muito esquisitas. O sofá estava empurrado para muito, muito longe da TV e, bem no meio do cômodo, estava um galho grosso de árvore, decorado com uma única bola vermelha.

            – Mas que porcaria é essa...? – ele se questionou em um murmúrio, mexendo o pescoço para ver se encontrava um dos morados da casa. Para sua sorte, Brick chegara à sala vestido um suéter vinho, carregando, nas orelhas, brincos de estrela.

               – Finalmente um de vocês, panacas, chegou – o líder reclamou, levantando os braços para os céus como se agradecesse a todas as entidades vivas pela volta de Boomer. – O velhote enlouqueceu, quer porque quer comemorar o Natal este ano.

               O loiro queria muito rir dos esforços de Brick, entretanto, uma parte dele considerava adorável a tentativa dele de agradar Mojo.

               – O que precisa que eu faça?

               – Tem uma tiara com dois galhinhos e um nariz vermelho de palhaço te esperando no nosso quarto – Brick respondeu, sorrindo vitorioso quando o loiro fez uma careta desgostosa.

 

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               A noite já havia caído há tempos quando Butch chegou. Carregava uma mochila preta que tilintava quando sacodida e estava vestido como um Papai Noel completo: calças e casaco vermelhos, botas de militar pretas, um gorro de Natal clássico e uma barba falsa. Brick e Boomer estavam sentados no chão da sala, passando pipocas tingidas de verde e vermelho por um pedaço enorme de fio-dental sabor menta.

               – E aí, caras – ele exclamou, jogando a mochila no sofá. – O que eu perdi? – o moreno sorria divertido, maliciosamente achando graça da situação em que os irmãos se encontravam.

               – Tire esse sorriso de imbecil da sua cara ridícula e pendura as outras pipocas na parede – Brick ordenou, se levantando para puxar o gorro da cabeça do irmão.

               – Ei! – Butch gritou, colocando as mãos nos cabelos agora livres. – Que ousadia é essa de roubar um irmão? – o ruivo ignorou os berros do moreno, indo até a cozinha com o chapéu esmagado em suas mãos.

               Butch olhou para Boomer. Teve que segurar o riso ao vê-lo vestido de rena.

               – O que deu nele? – o moreno quis saber, indo até a mochila para pegar seu gorro reserva.

               – É mais fácil você perguntar o que deu no Mojo – o loiro parecia entretido com a decoração de pipocas. – Ele quer uma ceia de Natal, não me deixou nem entrar na cozinha, com medo de que eu estragasse as receitas que ele pegou na internet.

               Boomer era o melhor cozinheiro da casa – o certo seria: “Boomer era o único da casa que sabia cozinhar sem mandar alguém para o hospital” – e ser barrado da cozinha deixava-o muito chateado.

               – Onde você estava? – o menino-rena perguntou ao irmão, que se aproximava para pegar as decorações já prontas.

               – Salpicando a cidade com o espírito natalino – Butch respondeu, gesticulando bastante, apesar da quantidade de pipocas em seus braços.

               – Pichando as lojas com “Feliz Natal”? – Boomer olhou para ele sorridente, amarrando as pontas da última fileira de pipocas.

               – Exatamente – ele sorriu, nem um pouco envergonhado.

               – Comprou alguma coisa para a BC? – quis saber o loiro, se levantando com a fita durex, que estava jogada perto dos pés dele.

               – Namorar comigo já não é presente o bastante? – ele usou uma das mãos para contornar sua própria cintura. Boomer gargalhou como se a afirmação fosse a piada mais engraçada que já ouvira.

               – Definitivamente não.

               – Nhem, nhem, definitivamente não, nhem, nhem – Butch imitou a voz do irmão de uma maneira caricata, gritando os “nhem” na orelha do loiro quando Boomer passou perto dele para prender o fio-dental na parede. – E você, senhor apaixonado, comprou alguma coisa para a sua amada?

               – Na verdade, eu... – o mais baixo dos meninos começou a dizer, mas foi interrompido por um grito de Brick.

               – Panaquinha e Panacão, hora da ceia!

               – Já estamos indo, Cabeçudão! – Butch gritou de volta, pegando o outro lado do fio decorado. – Vamos terminar isso primeiro – ele informou Boomer, que já se apressava com outro pedaço de fita.

 

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               Os meninos estavam impressionados com o esforço de Mojo Jojo. Para ser totalmente sincero, até Mojo Jojo estava impressionado com o esforço de Mojo Jojo.

               – Uau, não é que você fez uma comida bonita mesmo, velhote – Butch foi o primeiro a elogiar. O Desordeiro Verde já estava preparado para pegar um pedacinho de tudo, quando levou uma cotovelada de Brick. – Aí, qual foi? – o líder puxou para baixo a barba falsa que ainda estava presa nas orelhas do garoto.

               Enquanto Butch tirava a fantasia, preservando apenas as calças e as botas, Mojo se apressou para se sentar à mesa, seguido pelos outros dois meninos, entretanto, Boomer parou subitamente.

               – Quem colocou o Simão aqui? – o loiro apontou para o esqueleto de mãos cruzadas que estava de frente a ele.

               Os três irmãos compraram Simão – “o esqueleto bundão” – no Halloween, e vê-lo usando um cachecol vermelho e o gorro de Natal de Butch chegava a ser cômico.

               – Eu – Brick respondeu, posicionando-se ao lado do esqueleto.

               – Simão, o esqueleto do Natalzão – Butch brincou, sentando-se ao lado de Brick.

               – Mojo Jojo diz: vamos comer! – Mojo Jojo exclamou depois de Butch parar de rir sozinho.

               – Não deveríamos esperar até meia-noite? – Boomer questionou, apesar de esfomeado.

               Brick desferiu um chute na canela do irmão, que pulou na cadeira.

               – Fica quieto – ele ordenou, entredentes. – Ele não me deixou comer nada o dia todo, a gente vai comer agora.

               – Comer agora parece ótimo – Boomer se corrigiu, sorrindo enquanto esfregava o local chutado para que parasse de doer.

               Todos se apressaram para pegar a comida. Logo, os pratos estavam cheios com todo tipo de alimento. Começaram a comer em silêncio, os ouvidos sendo irritados pelo arranhar dos garfos na porcelana.

               Entretanto, a falta de uma conversa não era característica dos filmes que Mojo Jojo havia assistido. Nas obras cinematográficas, as famílias sempre conversavam por horas. Por isso, o pai disse a primeira frase que lhe veio à mente, algo que tinha ouvido em algum lugar:

               – E as namoradinhas?

               Brick se engasgou, tossindo sem parar, levantando os braços. Butch começou a bater nas costas do irmão, não parecendo verdadeiramente preocupado com a tosse incessante. Boomer abaixou a garfada que iria enfiar na boca, parecendo um tanto pálido. Apesar do desespero dos meninos, Mojo Jojo sorria inocente.

               Os Desordeiros se perguntaram, trocando olhares cumplices, se o criador deles sabia de algo.

               O garoto loiro tentou dizer algo, querendo quebrar o clima desconfortável que havia se instalado, entretanto, foi interrompido.

               Um miado alto, vidro quebrando, galhos batendo. Todos a mesa se levantaram e correram para a sala. Ao chegar lá, se depararam com uma cena muito esquisita.

               Um dos fios-de-pipoca estava desmanchado, a caixa próxima a porta estava revirada, o galho natalino estava caído no chão, a única bola de vidro tinha se despedaçado e, no centro da bagunça, estava um gato pequeno como a palma de uma mão.

               – Não brinque com isso! – o Desordeiro Azul exclamou, correndo até o gatinho e pegando-o no colo para protegê-lo.

               – O loirinho tem algo para contar ao Mojo Jojo? – o dono da casa perguntou, confuso, cruzando os braços para parecer autoritário. – Mojo Jojo não gosta de gatinhos, ainda mais dos bagunceiros que destroem a decoração de Natal.

               – Por isso que ele ficou me perguntando de presentes, esse menino é o último romântico – Butch sussurrou para Brick.

               – Cala a boca, idiota – Brick sussurrou de volta.

               – Se Boomer quiser dar o gatinho para o Mojo Jojo, Mojo Jojo não vai aceitar – virou o rosto, contrariado. – Se bem que Mojo Jojo já disse que não gosta de gatinhos. Esse gatinho só pode ser para outra pessoa.

               Boomer já começara a suar. Sabia que o Mojo não era muito bom em pensamento lógico, todavia, estava com medo dele somar 2+2.

               – É meu – Brick disse, andando com passos rápidos até Boomer. – Eu adoro gatinhos.

               – Adora? – o loiro murmurou, acanhado, observando o gato ser tirado de seu aconchego.

               – Obrigado pelo presente, irmãozinho – o ruivo abraçou-o de lado, sorrindo para o pai deles. – Parece que você contagiou todos nós com o Natal, velhote.

               – Mojo Jojo contagiou, é? – ele estava orgulhoso, sorridente. – E o que mais os meninos vão dar de presente?

               – Eu tenho um... – Butch correu até o sofá, puxando, de dentro da mochila, uma sacola colorida em formato de bola. – Presente ‘pro Boomer – ele chegou perto do irmão, sorrindo também.

               – E eu trouxe um ‘pro Butch – o líder dos Desordeiros puxou, do bolso da calça, um pacote pequeno e delicado, entregando-o, com a mão livre, para o moreno.

               – Mojo Jojo está emocionado – ele colocou a mão no peito dramaticamente. – E para Mojo?

               – A... A TV! – Boomer disse, apontando para a tela plana que estava sobre uma mesinha. – Foi um presente adiantado – e isso foi o suficiente para convencer Mojo.

               – Mojo Jojo está tão feliz com os meninos que vai pegar a sobremesa antes da hora – ele contou, correndo de volta para a cozinha.

               Os Desordeiros suspiraram aliviados e, mais que depressa, trocaram seus presentes. Boomer abraçou o gatinho, Butch desamassou a sacola e Brick colocou o pacotinho de volta no bolso.

               – Essa foi por pouco – o loiro comentou.

               – Toma mais cuidado na próxima, imbecil – pediu Brick.

               – Se eu comprei uma bola e o Boomer pegou esse gato – Butch pontuou. – O que você comprou ‘pra Blossom?

               O ruivo sorriu do jeito que só sorria quando alguém dizia “Blossom” e, colocando a mão no bolso livre, ele disse:

               – Ela tem um lindo vestido florido, comprei um brinco para combinar com ele.

               – Ownt – os dois irmãos soltaram, meio encantados, meio maliciosos. Brick desferiu a segunda e a terceira cotovelada da noite.

               Apesar dos desesperos, os Desordeiros estavam felizes. Na verdade, estariam mais felizes quando fugissem, de madrugada, para a casa das Superpoderosas, presenteando-as por mais um Natal juntos.


Notas Finais


Caso não conheçam minha long-fic (nada natalina) focada nos blues, aqui o link rs: https://www.spiritfanfiction.com/historia/eu-conheco-voce-25045373
Obrigada por ler o meu conto de Natal totalmente caótico!


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