Emma
For Your Babies – Simply Red ♪
— Nós vamos receber uma visita agora, Pipico. — passo o indicador em sua bochechinha e ele sorri. — Se comporte e não chore, ok? Mame tudo o que tiver de mamar agora e fique bem bonzinho para conhecer sua outra avó. Talvez ela não seja como vovó Cora, mas eu e sua mãe queremos dar uma última chance para que, enfim, possamos ser uma família completa. Nós já somos completos, mas mamãe gostaria que fôssemos um pouquinho mais. — ele larga o peito e me olha nos olhos. — Terminou? Mamãe vai guardar, então. — dou um sorriso e ele coloca a linguinha para fora, mostrando-me o quão branca de leite ela estava. O sorrisinho, em reflexo, que tomou conta dos lábios de meu filho fez-me arrepiar dos pés a cabeça ou me dar conta do quanto ele estava parecido com Regina. — Meu Regino... — dou risada, ajeito o seio e a blusa, antes de colocá-lo em pé em meu colo para que pudesse arrotar.
Estávamos na sala, ouvindo algumas músicas da nossa playlist dos anos 60, 70 e 80. Marco se acalmava tanto ao som de Kenny Rogers, Lionel Richie, Elton John, The Beattles e essas raridades que poucos conseguem apreciar. Meu sogro se gabava, dizendo que fora ele quem apresentou o verdadeiro POP e melody para nosso filho.
A campainha tocou, assustando-me por um instante. Levantei, após deixar Marco deitadinho em uma ‘caminha’ que fazíamos com algumas mantas sobre o sofá e fui até a porta. Alinhei meu vestido no corpo e abri, vislumbrando a imagem de Judy em minha frente.
— Oi, filha! — esse chamado me corta por inteiro, me feri e me acalma ao mesmo tempo. Ofereço-lhe um sorriso, sem mostrar os dentes, e dei passagem para que pudesse adentrar.
— Meu irmão não veio? — pergunto e ela nega com a cabeça, virando-se para me olhar.
— Deixei ele com sua tia. Eu queria vir logo e sabe como é sair com criança, né?! Nada é rápido e prático... — explica-se, erguendo os ombros e dando uma risadinha no final. — Como você está? Você, Regina e o bebê. Soube que é um menininho...
— Estamos muito bem, graças a Deus! — exclamo e um silêncio incômodo se instala entre nós. — Ér... Hum, ér... Venha conhecê-lo! — passo por ela para que me acompanhe até a sala.
— Como se chama? — ela pergunta ao vê-lo deitadinho por entre seus paninhos. — Ele é lindo, Emma... Parabéns!
— Ele se chama Marco. — digo, observando seu olhar sobre meu filho. — Quer pegá-lo? Ele dormiu agora, mas ama um colinho e não achará ruim.
— Preciso lavar as mãos... Aonde posso?
— Na segunda porta, à esquerda. — aponto e ela segue até nosso lavabo, após deixar sua bolsa sobre o aparador que ficava atrás de nosso sofá.
Respiro fundo. Eu não estou fazendo nada de errado, mas estou um pouco desconfortável com isso. Acredito que por estar sozinha, sem Regina, sem Cora... Ok. Foi eu quem quis dessa maneira. Então, preciso me virar e não reclamar. Ok, Emma! Você consegue fazer isso, ok? Ok!
— Prontinho! — Judy retorna sorridente. Ela cobre o colo com uma das mantas de Marco e eu o coloco em seu colo. Meu bebê se espreguiça de uma maneira gostosa e se aconchega nos braços de sua vovó. — Bateu uma saudade de quando vocês eram tão pequeninos e cabiam dentro do meu abraço... — ela diz meio emocionada, erguendo o olhar para mim. — Ele se parece muito com sua esposa.
— É! Ele se parece muito com ela... — sorrio, antes de limpar o cantinho da boquinha de Marco que estava sujo de leite. — Só não enfatize isso, porque ela se acha ainda mais. — pisco um dos olhos e nós duas rimos. — Quer água, suco ou café? Tem chá também, que Regina deixou pronto para eu tomar o café da tarde, mas...
— Não, eu estou bem. — ela responde de forma educada e volta a velar o sono de meu filho. — E como você está com o resguardo? Está indo tudo bem com a amamentação e afins?
— É tudo muito mais intenso do que eu imaginava. Acho que, atualmente, estou no momento menos crítico do pós-parto. — gesticulo, enquanto me sento no sofá e ela faz o mesmo, ficando ao meu lado. — Regina é uma esposa sensacional e se eu não precisasse amamentar, não precisaria fazer mais nada. Ela faz tudo, é muito atenciosa com nosso filho e comigo.
— Isso é bom, querida. É bom saber que existe um pilar para se aconchegar nesses momentos de desespero. Porque a maternidade é um desespero total nos primeiros dias. — ela diz e eu meneio a cabeça. Marco ameaça um chorinho, mas logo pego a chupeta, coloco em sua boquinha e ele para. — Mas, depois tudo passa e são só maravilhas. Você sentirá saudades de cada um desses momentos, assim como eu estou sentindo agora ao ver você assim, sendo mãe... — seus olhos estão marejados e isso faz com que eu me emocione também.
How Deep Is Your Love – Bee Gees ♪
— Eu nunca imaginei que pudesse amar tanto uma merdinha dessas... — falo de forma divertida fazendo um carinho no bracinho de Marco. — Não faço ideia de como vivi sem ele até hoje.
— É um amor que ultrapassa os níveis lógicos... — diz.
— E não é como dizem também. Quando Marco nasceu, eu juro que esperei toda aquela magia que sempre me falavam, mas ela não veio. Só que, com o dia a dia, fui percebendo o quão dependente eu sou do meu filho e não só ele de mim. — meus olhos transbordam e ela limpa minha bochecha, agora úmida devido as lágrimas.
Novamente um silêncio tomou conta de toda a sala e eu engoli a seco, antes de tomar coragem de iniciar a conversa que eu tanto queria, mas que também tanto temia.
— O que lhe fez mudar de ideia e vir até aqui?
— Eu fui muito cruel com vocês, Emma. Eu me envergonho, me arrependo e preciso pedir perdão, não só a você, mas também a Regina e agora a Marco. — diz de forma sincera e eu assinto com a cabeça. — Inclusive, onde está sua esposa? Eu a vi no Masterchef e adorei saber que ela é tão renomada por aqui.
— Ela está em uma reunião de negócios com a nova sócia, mas já deve estar chegando. — falo. — Ela é ótima na cozinha e tem ideias geniais para essas coisas.
— É perceptível quando alguém leva jeito para alguma coisa e ela tem mesmo cara de quem cozinha divinamente bem. — sorri. Marco abre os olhinhos e boceja, chamando a atenção de Judy.
— Eu vou pegar um chá para tomarmos... — digo, sem dar espaço para que ela recuse. Vou até a cozinha, esquento um pouco do chá que Regina havia deixado e coloco em duas xícaras com pires. Pego alguns biscoitinhos de nata e levo também. — Aqui, Judy!
— Judy? — ela arqueia uma das sobrancelhas e eu fico sem saber o que dizer. — Ok, eu entendo...
— Desculpa, é qu...
— Filha, eu juro que entendo... — diz firme e eu assinto com a cabeça.
Conversamos sobre mais algumas coisas, até que Marco começou a chorar – acredito que por cólica – e eu o peguei para tentar acalmá-lo. Judy pegou sua bolsa e retirou um embrulho de dentro dela.
— Ah, não precisava se incomodar em trazer um presente... — falo, assim que ela o estica para mim. — Sério, não era necessário.
— Quando eu estava grávida de você, lembro que passava a maior parte do tempo tentando aprender a fazer crochê. Você nasceu e, só uns três meses depois, eu consegui fazer um item, que é esse segurador de chupeta. Encontrei em casa e adoraria que fosse do meu neto. — diz, abrindo o embrulho e mostrando-me sobre o que se referia. — Seu pai implicava dizendo que se parece com um macaco, mas, ao meu vê, é uma ovelha marrom.
— Papai sempre implicou muito com tudo o que fazíamos... — damos risadas. — É muito lindo, eu amei e usaremos com certeza. Muito obrigada!
— Posso te dar um abraço? — pede com a voz embargada de choro e eu meneio a cabeça, antes de me levantar para receber seu abraço. — Me desculpa por não ser uma boa mãe, minha filha. Você é o meu maior orgulho e gostaria de saber como te mostrar isso.
— Está tudo bem... Vamos deixar o passado no passado e tentar começar daqui? — faço carinho em seus cabelos ao perceber sinceridade em suas palavras. Judy meneia a cabeça e soluça em meu ombro. Marco reclama do aperto entre nós duas e nos separamos, rindo. — A mamãe é minha!
— Toda sua! — ela ri, limpando o rosto com as costas das mãos e eu faço a mesma coisa.
♥
— Oba! Mamãe chegou! — falo beijando o ombrinho de Marco, que estava em pé em meu colo novamente.
— Como sabe? — minha mãe pergunta.
— O barulho do carro. — pisco um dos olhos e ela ri. Logo a porta se abre e as vozes de Regina e Raquel tomam conta do ambiente.
— Meu neném está dormindo? Tem visita! — minha esposa diz e eu sorrio, olhando para trás. — Hoje é o dia das visitas... — ela se aproxima sorridente. — Olá! Tudo bem? — cumprimenta Judy com um abraço meio desajeitado. — Oi, meu amor! — beija minha testa e faz o mesmo com Marco. — Dormiu agora?
— Ele está dormindo? Pensei que estivesse acordado ainda... — digo, tentando olhar o rostinho de nosso filho.
— Aaaaaah! Emma! — Raquel grita baixinho ao ver nosso bebê, após cumprimentar minha mãe também. — Que delícia!
— Você comeu a salada de frutas que deixei? — Regina me questiona e eu prenso os lábios, pois havia me esquecido totalmente. — Emma, Emma...
— Estávamos numa conversa tão boa, que nem me lembrei, amor. — falo, tentando me justificar. — Olha o que minha mãe trouxe para Marco. Ela fez quando eu era bem pequena, não foi? — olho para Judy e ela assente com a cabeça.
— É lindo! É um macaquinho? — Regina sorri e olha para Judy, que me olha antes de começarmos a rir. — O que foi? — minha esposa também ri, mas sem entender.
— Nada... — Judy diz e se levanta. — Vou aproveitar que Regina chegou e já vou indo. O último ônibus é daqui a 40 minutos e eu preciso pegar um táxi ainda até a rodoviária.
— Hum! Será que dá tempo? — questiono-a e ela tomba a cabeça. — Se quiser ficar mais um pouco, depois damos um jeito...
— Se quiser ficar um pouco mais, dona Judy, fique a vontade. Nós temos alguns contatos de táxi e eles podem levá-la até Whitehorse. — diz minha esposa, ao parar no meio da sala. — Fique para o jantar!
— Oh, não, não... — ela nega com a cabeça inúmeras vezes. — Preciso estar em casa logo para dispensar minha irmã que está com meu pequeno.
— Então está bem! — exclamo. — De todas as formas, muito obrigada pela visita e pelo presente.
— Não há de quê. — responde.
— Vai com a mamãe, vai. — falo, beijando a cabecinha de Marco antes de entregá-lo a Mills.
Judy se despede de Raquel e Regina e eu a acompanho até a porta. Ela me abraça novamente.
— Volte com Neal. Quero muito vê-lo e será legal que ele conheça o sobrinho... — dou risada, porque é bem engraçado saber que meu irmão de 4 anos é tio do meu filho. — Diga a vovó que irei visitá-la assim que puder viajar com o bebê. Mande um beijo a todos!
— Pode deixar, querida. Obrigada por me receber! — ela diz e, após oferecer-me um sorriso, vai embora.
♥
Regina
You Make Me Feel Brand New – Simply Red ♪
— Acho que nunca vi tanto coco na vida... — Emma fala ao entrar no banheiro e me entregar Marco peladinho. — Mamãe precisa de um banho e você também. Olha que legal! — exclama, enquanto retira sua roupa. Eu já estava nua, pronta para tomar meu banho após um dia extremamente corrido e, também, produtivo.
— Você segura ele, amor. Tenho medo! — entrego-o de volta para Emma, que ri e o abraça bem apertadinho enquanto eu ligo o chuveiro.
— A gente gosta da água bem morninha, mamãezinha... — ela diz e eu coloco o antebraço sob a água para sentir sua temperatura. — Assim...
Minha esposa se põe sob o chuveiro e usa uma das mãos para molhar as costinhas de nosso filho, que fica quietinho com os olhos arregalados observando tudo.
— Acho que ele gostou! — exclamo, fazendo carinho em seu bracinho. — Eu gosto dele, amor. Gosto muito...
— Ah, eu acho que também gosto dele. — diz rindo e me indica o sabonete líquido dele para que eu passasse em seu corpinho. — Gosto só um pouquinho, sabe?!
— Sei... — beijo o ombro de minha esposa e começo a ensaboar Marco. Emma o vira de frente para mim e eu faço a mesma coisa. Sem muita demora, Swan enxágua nosso filho e eu o seguro, mesmo receosa, para que ela se ensaboe e se enxágue. — Como foi com sua avó, hum? Nem contou nada para mamãe...
— Uhum... — Emma ri e nega com a cabeça. — Foi tudo bem. Acredito que possamos ser uma família, se caso as coisas continuem dessa maneira. Meu amor, eu não estou empolgada, nem nada. Mas, vamos dar um passo de cada vez e ver no que isso vai dar. — diz, dando de ombros. — O que acha disso? — pergunta e eu dou de ombros. — Sério que vai ficar chateada comigo, Regina?
— Eu não estou chateada! Eu só...
— Eu te conheço, senhora Mills Swan! Não adianta tentar me enganar, pois eu te conheço muito bem. Vem cá! — abre os braços e eu me aproximo, deixando nosso filho entre nossos corpos. Minha esposa deposita um selinho em meus lábios e espera que eu diga algo.
— Não gostei de tê-la aqui, ok? Não me senti bem, não gostei da energia...
— Ah, meu amor... — pondera, suspirando. — É porque temos mágoas, estamos machucadas ainda. Quando ela chegou, eu juro que fiquei com vontade de pedir para que voltasse outro dia. Fiquei sem saber o que fazer e o que dizer... — gesticula. — Só que as coisas foram fluindo e não pensei que teríamos uma tarde tão agradável. Ela disse que quer conversar com você, quer se desculpar...
— Ela não precisa se desculpar comigo. — digo. — Ela precisa se desculpar e tratar a minha mulher bem. Só isso.
— E ela se desculpou, chorou... Eu senti sinceridade, meu amor. — fala de forma séria e eu meneio a cabeça. — Está tudo bem pra você, caso eu a receba outras vezes?
— Sim, está. — respondo brevemente e ela pega Marco para que eu possa me banhar.
Saímos do banheiro poucos minutos depois e enquanto Emma se vestia, eu me enrolei no roupão e fui ajeitar Marco para que ela pudesse dar a última mamada antes de colocarmos ele para dormir.
— Mamãe só quer te proteger, entende? — dou um cheirinho em sua bochechinha e ele suspira. — Você gostou dela? É isso o que importa, filho.
Coloco o pijama em nosso filho, penteio seus cabelinhos – por hábito – e o pego no colo, deixando o seu rostinho bem pertinho do meu.
Me Abraça – Ivete Sangalo ♪
A mamãe adentra o quarto e logo se senta na poltrona para dar o precioso de nosso bebê. Emma boceja algumas vezes, prende o cabelo num rabo de cavalo e desabotoa o sutiã.
— Pode me dar o... — ela ergue o olhar e começa a rir. — Mr. Bean. Amor, por que o nosso filho está com o cabelo do Mr. Bean? — pergunta-me, sem parar de rir. — Você precisa parar de pentear o cabelo dele assim. Tadinho! — nega com a cabeça e passa a mão pelos cabelinhos de nosso filho.
— Poxa, não bagunça! — finjo braveza e ela ri ainda mais.
— Vem aqui! — chama-me com o dedo, segura meu queixo e beija meus lábios, deixando uma mordidinha no inferior. — Você é demais, meu bem! — exclama. Emma passa o bico do seio direito na boquinha de Marco e logo ele o abocanha. Emma sempre ficava com os ombros tensionados no início, mas depois os relaxava e colocava as pernas para cima – ficando sentada tipo indiozinho. Era previsível seus atos e eu amava observá-la.
Enquanto ela o amamentava, eu aproveitei para juntar as roupinhas sujas de antes do banho e jogar a fraldinha no lixo da área de serviço. Voltei e fui para o nosso quarto me vestir com um pijama quentinho também.
— Vou fazer um chocolate quente. Quer? — pergunto ao chegar a cabeça na porta e ela me olha no mesmo instante. — Com canela...
— Hum... — balbucia e meneia a cabeça sorrindo.
— Só hoje! — dou uma piscadinha e ela me joga um beijo, antes de eu sair e ir para a cozinha fazer duas xícaras de chocolate quente para tomarmos.
Quando Bate Aquela Saudade – Rubel ♪
“É você que tem
Os olhos tão gigantes
E a boca tão gostosa
Eu não vou aguentar...”
Coloquei nossas xícaras na mesinha de apoio ao lado de nossa cama e fui colocar Marco na cama junto com Emma, assim como em todas as noites até aqui. Peguei-o de seus braços e o fiz arrotar, enquanto ela retirava um pouco de leite para a madrugada, se fosse preciso.
Nosso bebê arrotou e eu me abaixei para colocá-lo na caminha. Retirei a bomba de leite dos seios de Emma e armazenei tudo, indo até a cozinha para datar e depois colocar no congelador.
Quando cheguei ao quarto novamente, Swan estava abaixada dando beijinhos em nosso filho e sussurrando “Boa noite, Tutuco! Durma com os anjinhos. Eu te amo!”.
Ajustei a babá eletrônica, apaguei a luz principal e deixei apenas o abajur aceso. Ela veio até mim e fechamos a porta juntas. Minha esposa bocejou mais uma vez e foi direto para a cama. Pegou seu chocolate quente, cobriu as pernas e começou a tomar.
— Não vai vir?
— Agora não. Estou ocupada! — falo e ela me olha sem entender. Afinal, eu estava em pé encostada a parede. — Estou admirando o amor da minha vida.
— Ah, sim... — responde envergonhada e eu sorrio. — Você precisa retirar essa prótese hoje à noite, ‘tá bem?! Está ficando muito tempo com ela. — eu meneio a cabeça, respiro fundo e vou me sentar ao seu lado para tomar o meu chocolate.
O monitor da babá eletrônica fica em nosso meio e nos atentamos a imagem e aos sons de murmurinhos de nosso filho, mas não era nada.
— Vovó faz muita falta por aqui... — ela fala, olhando-me. — Acho que estou com saudades.
— De mamãe? Mas vocês se viram ontem e voc...
— De você. — pontua e eu arqueio as duas sobrancelhas, meneando a cabeça. — Estou falando sério, amor.
— Eu estou aqui! — exclamo e ela sorri, antes de pegar nossas xícaras e colocá-las sobre o seu criado. Minha esposa se senta sobre minha perna direita, me abraça pelo pescoço e me toma em um beijo delicioso, fazendo-me gemer em sua boca. — Hum... — arfo e passo a acariciar suas costas de forma terna.
— Eu quero namorar! — exclama sobre meus lábios e eu me afasto em busca de seus olhos.
— Você ainda não pode, senhorita... — mordisco sua bochecha e ela faz o mesmo comigo.
— Sexo não é só toque, amor. Existem outras maneiras de fazermos amor, sabia? — olha-me e eu franzo o cenho. — Podemos trocar muitos beijos, muitos carinhos... — beija todo meu rosto e finaliza com um selinho em meus lábios.
— Sim... E eu gosto bastante disso. — beijo seu ombro e ouço seu sorriso.
“Eu sei, vai dar errado. A gente fica longe e volta a namorar depois. Olha bem, mulher, eu vou te ser sincero: eu ‘tô com uma vontade danada de te entregar todos beijos que eu não te dei e eu ‘tô com uma saudade apertada de ir dormir bem cansado e de acordar do teu lado pra te dizer que eu te amo. Que eu te amo demais...”
— Eu amo você. — sussurro sobre seus lábios e ela sorri antes de voltar a me beijar.
Emma desce com os beijos por meu colo, e ao se dar conta de que não conseguiria alcançar o que queria, segurou a barra de meu moletom e o retirou de meu corpo. Minha esposa abriu um enorme sorriso ao notar a ausência de sutiã e logo começou a massagear meus seios com as duas mãos.
Ela se aproximou e seus lábios foram direto para o meu pescoço, onde ela chupava e dava algumas mordidinhas, arrepiando-me inteira. Seus dedos ‘beliscavam’ meus mamilos e aquilo me fazia gemer de forma manhosa. Segurei em sua nuca e a trouxe de volta para minha boca.
Nosso beijo estava mais apressado e nossas mãos passeavam por todos os lados em que conseguiam alcançar. Emma começou a ondular o quadril e sua intimidade passou a roçar em minha coxa.
— Amor... — falo manhosamente e ela continua me beijando. Seguro sua cintura e ajudo-a com o movimento sensual que seu quadril realiza sobre mim. Ela chupa minha língua de forma lenta e puxa meu lábio inferior para sua boca ao finalizar.
Olha-me nos olhos e segura a barra de sua blusa para livrar-se dela. Mas, quando retira a peça e faz menção de desabotoar o sutiã, o som de Marco tossindo ecoa pela babá eletrônica e nos assusta. Olhamo-nos antes de começarmos a rir.
— Agora temos um filho... — ela diz e eu a abraço, trazendo-a para perto de mim. Beijo-a lentamente, antes de ela sair de cima de mim e vestir sua blusa novamente. — Vamos escovar os dentes... — acompanho-a até o banheiro e escovamos os dentes juntas.
Apago a luz, sigo até a cama e retiro a prótese. Ela dá uma olhada em meu coto quando retiro as meias que o envolvem dentro da prótese.
— Está perfeito! — exclama sorrindo e se deita de lado, virada para mim. Enquanto olho umas mensagens no celular, ela acaricia minha barriga e se aproxima um pouco mais.
Bloqueio a tela do aparelho, me deito melhor para abraçá-la e aconchegá-la em meu peito para que pudéssemos dormir. Minha esposa deita a cabeça em meu ombro esquerdo, após beijar minha bochecha.
— Boa noite! — viro-me o suficiente para retribuir os beijos que ela havia me dado.
— Boa noite! — exclama e aperta um pouquinho mais dos braços ao meu redor.
♥
Acordo com o chorinho de Marco. Através da babá eletrônica, vejo que Emma já está com ele. Ela ninava-o, mas nada dele parar de chorar. Então, resolvo ir até lá para tentar ajudar de alguma maneira.
Levanto-me de uma só vez e só me lembro que estava sem a prótese quando meu corpo se chocou com força contra o chão. Bati a testa e senti uma forte pressão na cabeça.
— Regina? — ouço a voz de Emma e o choro de Marco mais próximo. — Meu amor? — ela anda pelo quarto e se assusta ao meu vê no chão. — O que aconteceu?
— Esqueci que estava sem prótese, senti a perna e acabei me levantando com tudo. Foi falta de atenção, eu sei... — lamento. — Por que ele está chorando tanto?
— Acho que é cólica. Já dei o remédio e logo passa... Meu amor, não é culpa sua que tenha caído. É normal ainda sentir o membro, você sabe. — coloca nosso filho em nossa cama e vem me ajudar.
— Você não pode pegar peso!
— Shhhhh! — puxa-me delicadamente e logo me sento na beirada da cama. — Deu um galo aí na sua testa, meu amor... — para em minha frente e faz um carinho em minha testa, antes de depositar um beijo carinhoso naquela região. — Vou buscar uma água pra você.
— Não precisa. Eu estou bem... — respiro fundo e seguro uma de suas mãos, impedindo-a de sair.
Ajeitei-me melhor na cama e coloquei Marco ao meu lado. Fiz algumas massagens em sua barriguinha e logo liberou alguns gases e foi parando com o chorinho.
— Mamãe é a melhor! Não tem jeito, meu filho. — diz Emma, beijando minha bochecha. — E nós já entendemos que você prefere dormir aqui.
— E nós também preferimos que você durma aqui, meu amor. — sussurro e beijo sua cabecinha. Ao perceber certa agitação dele, Emma dá um pouquinho do peito e ele volta a dormir.
“Você é assim, um sonho pra mim e quando eu não te vejo. Eu penso em você, desde o amanhecer, até quando eu me deito. Eu gosto de você e gosto de ficar com você. Meu riso é tão feliz contigo! O meu melhor amigo é o meu amor...”
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