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História Cavalo de Fogo - Muito além de Dar-Shan - Prólogo


Escrita por: Baltar

Notas do Autor


Essa é uma história é uma fanfic reinventada por mim. Os nomes das personagens se manterão originais, contudo, como a história tenta se envolver de uma forma mais crível possível quando acontece no mundo dos humanos, a história pode haver mudanças pesadas que abordem assuntos pesados como violência e drogas. No caso do mundo de Dar-Shan, esse será retratado de forma fantástica que podem conter expressões mais sombrias dependendo do arco da história ou da personagem focada.

Capítulo 1 - Prólogo


 Era uma vez, uma dimensão diferente da nossa que possui um reino tão belo e vasto quanto sua imaginação puder criar. Seu nome é Dar-Shan. Nesse reino centenas de criaturas convivem em harmonia com os humanos e juntos seguem suas vidas num relacionamento sincero, simbiótico e próspero que foi atingido a custo de muitas guerras e diplomacia. Nesse lugar a magia é intensa e se torna a principal fonte de vida para todas as raças. O poder mágico em Dar-Shan é para seus habitantes tão importante quanto a ciência é para os humanos no planeta terra.

Durante séculos os cavalos foram as criaturas que mais se aproximaram dos humanos. O grande poder que juntos compartilhavam os ajudavam a suportar os problemas e aflições que os tempos de guerra trouxeram. E durante centenas de anos criaram um elo de amor e amizade que superava qualquer sentimento sombrio. Essa dualidade se transformava tão intensa que para cada humano há um cavalo que lhe sirva como companheiro e amigo fiel. A convivência entre humanos e cavalos é chamada até os dias de hoje de Código de Carrossel. Isso lhes deram uma grande vantagem em população e território. Algumas criaturas contestam até hoje esse código, mas se mantém caladas diante da nova diplomacia do reino. Outras, mais acostumadas com essa harmonia, usufruem dos benefícios que as duas raças podem conceder. E isso era o bastante para a paz de Dar-Shan se manter intacta.

Até agora…

 

***

 

Cavalo de Fogo tornou-se o mais poderoso dos equinos em Dar-Shan. Quando ainda era um potro encontrou na pequena princesa Sarana sua fonte de amor, amizade e poder. Juntos firmaram o Código de Carrossel. Com o tempo, Cavalo de Fogo viu sua pequena Sarana tornando-se adulta e seus pais se refugiando na Colina dos Sábios, o lugar para onde os reis e rainha vão quando decidem descansar pra sempre. Essa prática é o que mantém a magia de Dar-Shan acesa e é chamado de Ciclo Real. O Cavalo de Fogo agora era montaria de uma rainha.

Depois de alguns anos de um reinado bem-sucedido o cavalo púrpura da rainha pôde enfim conhecer um homem ao qual a rainha amasse verdadeiramente. E foi numa viagem diplomática entre reinos que Cavalo de Fogo conheceu Kevin, o príncipe de Lastoria, e Prata Celada, sua égua no Código de Carrosel.

A felicidade explodia no reino, finalmente a magia do trono seria completada. Depois de anos, Dar-Shan voltaria a ter um rei e uma rainha iniciando o quadragésimo primeiro ciclo.

Prata Celada e Cavalo de Fogo tornaram-se membros da mesma família.

 

***

 

Nem todos estavam felizes com o novo título do príncipe Kevin. Colocar um homem na sua frente na linha de sucessão ao trono foi demais para Diabolyn, irmã mais nova de Sarana. Um rei a mais no seu caminho.

E como se já não bastasse o homem intruso violando o que ela tinha por direito, Sarana ficou grávida um ano depois do casamento. Mais uma parede em sua tão almejada sucessão ao trono. Isso era irritante. Mas nem tudo estava perdido.

Com uma gravidez complicada, Sarana adoeceu muito durante a gestação. Diaboyn contava com a morte da irmã durante o nascimento da criança intrusa. Assim, sua única missão seria destronar o rei usurpador que nem era cidadão de Dar-Shan. No entanto, não esperava que a irmã sobrevivesse ao parto e sua ambição ao poder lhe subiu a cabeça. Explodiu em raiva ao saber que tanto sua irmã e sobrinha sobreviveram. Sarana ainda não tinha se recuperado muito bem, mas a criança estava gozando de uma saúde e vitalidade. Diaboyn era só ódio por dentro.

Maldita criança!

 

***

 

Sarana amamentava sua filha carinhosamente embalando a criança numa canção. Os longos cabelos loiros esparramavam-se sobre o bebê e eram como delicados fios de ouro. Cantava-lhe a Canção do Anoitecer, uma cantiga de ninar tão antiga quanto o próprio reino de Dar-shan. O incensário perfumava o quarto numa doce fragrância noturna. A mãe cantava sobre os cavalos, os seres mais próximos aos homens no reino, os melhores amigos. Então começou a cantarolar uma canção que ela mesma havia criado para o Cavalo de Fogo, o seu maior companheiro. Sara cochilou no acalanto dos braços da Rainha. Satisfeita e serena, a princesinha dormia profundamente entre os lençóis.

Alvinar, o mago conselheiro de Sarana, fazia sua última oração noturna para a saúde da Rainha e da princesa. O conselheiro trocou o incensário e saiu sorrateiro do quarto despedindo-se com um rouco “boa noite, minha rainha”.

Sarana sorriu para Alvinar e continuou embalando sua filha na mesma canção.

– Sua voz é tão suave… Desse jeito até eu quero dormir em seus braços. – Era o Príncipe Kevin que entrou no quarto com um sorriso gostoso nos lábios e todo bobo ao ver sua mulher e filha juntas.

Os olhos castanhos de Kevin brilhavam. Ajoelhou-se no pé da cama para receber um afago em seus cabelos negros.

– Deixa de ser egoísta, Kev, eu canto pra você todas as noites.

– Isso é verdade, meu anjo. Eu não posso competir com esse pedacinho de céu mesmo. Posso ouvir mais um pouco? Até fiquei com ciúmes do Cavalo de Fogo.

– Vai me dizer que você não canta para a Prata Celada? Vocês são tão próximas quanto eu e o Cavalo de Fogo. Eu também deveria ter ciúmes da Prata Celada, Kev?

– Não, meu anjo. Mesmo porque a minha fiel amiga gosta mais de você do que de mim. Todo mundo gosta muito mais de você… Eu também!

Sarana sorriu e deu um longo beijo em seu marido. Kevin deitou-se ao lado de Sara. A pequena princesinha de olhos azuis ficou no meio dos pais e dormia gostoso entre os lençois. Sarana cantou mais um pouco para seu amado. Por um momento a família ficou em silêncio, desejaram que o tempo parasse naquele momento e que esse aconchego jamais desaparecesse.

A lua atingia seu ápice e o céu de Dar-Shan estava coberto com uma manta de estrelas.

– Amanhã mostraremos nossa filha, Kev. – sussurrou Sarana – Estou ansiosa e muito triste em não poder ajudar em nada.

– Não se preocupe, meu anjo. Eu e Alvinar tomaremos conta de tudo. Eu preciso de você com saúde o mais rápido possível. Mesmo eu sendo rei, seria cruel lhe afastar dos serviços reais, você sempre será a rainha que eles tanto amam. Afinal, antes de nos casarmos, você foi a melhor rainha que Dar-Shan conheceu, eles realmente te amam, é sério! Você conseguiu sobrepor até mesmo o nome de seu falecido pai. Que as estrelas o ilumine no céu.

Kevin e a Rainha beijaram a ponta do dedo indicador e levaram o dedo pra cima num sinal de respeito. Em Dar-Shan costumava-se fazer esse gesto quando os mortos eram citados.

– Papai foi um grande homem. – disse Sarana nostálgica.

– Seu pai foi um grande homem porque tinha uma grande mulher lhe acompanhando em sua jornada. Nesse caso, você continuará sendo a Rainha que governará Dar-Shan e eu serei o grande homem que lhe acompanhará eternamente nessa jornada. Você será pra sempre a minha fortaleza. O meu anjo.

– Te amo, Kev…

– Eu amo mais…

Os dois riram.

– Canta mais pra gente? A Sarinha quer ouvir mais…

Sarana sorriu e abraçou seus tesouros com carinho. Kevin acabou cochilando embalado pela canção da rainha.

 

***

 

– DEMÔNIOS! CRIATURA NOJENTA! CRIANÇA MALDITA! – Berrou Diabolyn em seu quarto derrubando suas próprias coisas.

– Calma, minha senhora! Ai minha Dar-Shan, os outros vão ouvir! - disse Dweedle assustado.

Dweedle era alto, porte atlético. Trajava roupas azuis que combinavam com os vestidos de Diabolyn e um chapéu de palha ornado com pérolas.

– Não me importo mais, Dweedle. Aquela criaturinha asquerosa realmente nasceu. Quem diria que minha irmãzinha debilitada sobreviveria ao parto, demônio! Devia ter morrido aquelas duas! – Diabolyn arremessa uma caixa de joias e quase atinge em cheio Dweedle. Os ornamentos se espalham no quarto.

Um longo cabelo preso num rabo de cavalo e um vestido azul delineava perfeitamente o corpo da irmã de Sarana. O batom vermelho intenso brilhava em seus lábios.

– Que morram essas duas! – berrou Diabolyn.

– Shiiiu, fale mais baixo, minha senhora!

– Cala a boca, seu asno! Se me mandar ficar quieta mais uma vez, eu mando arrancar-lhe todos os dentes com coices de cavalo!

– Mas você precisa ter calma, você…

Dweedle recebe um soco direto no estômago. E assim que ele se curva pra baixo urrando de dor, Diabolyn dá-lhe uma joelhada que faz seu nariz sangrar.

– Ai, que ódio! Sujou meu vestido!

O mordomo de Diaboyn se levanta com dificuldade e limpa o rosto na camiseta. Seu nariz queimava de dor. Decidiu ficar em silêncio antes que apanhasse mais.

Diabolyn desamarrou o longo cabelo negro e se jogou na cama. Os fios se esparramaram como se fossem uma manta escura misturando-se com seu vestido de seda azul. Os olhos negros lacrimejavam em cólera.

– Minha última cartada está nas mãos daqueles dois soldados idiotas. – disse ela com os dentes cerrados e olhando para o teto. – Eu preciso me livrar da minha irmã e daquele usurpador ao mesmo tempo. Não vou me curvar perante um rei estúpido como ele. Se aquele paspalho do Kevin tornar-se rei, ficará mais difícil eu conseguir me tornar rainha aqui em Dar-Shan. Isso é tão injusto!

– Minha senhora, será que os nossos…

Antes que Dweedle pudesse completar a frase alguém bate desesperadamente na porta do quarto de Diabolyn.

– São eles? – especula Dweedle.

– Quem é? – Diabolyn resmunga e se levanta correndo da cama.

– É o Nex, minha senhora. – berrou a voz esganiçada do outro lado.

– E o Bludusky também! – completou o outro de voz grossa complementando o grito.

Diabolyn correu abrir a porta, olha pra um lado e depois para o outro, apenas os guardas de sempre estavam do lado de fora vigiando aquela área. Recolheu os dois pra dentro a ponta pés.

Nex e Bludusky entram no quarto gemendo.

– Eu disse para serem mais discretos, seus imbecis! Argh!

– Você disse que era pra gente vir correndo assim que encontrássemos a gruta, ora bolas. - respondeu Nex.

– Sim, seus idiotas! Mas não eram pra ficar gritando na porta do meu quarto como duas galinhas cacarejando. Sorte todo mundo estar no quarto da rainha babando em cima daquela criaturinha asquerosa.

– Então sua sobrinha nasceu, é? – perguntou Bludusky.

– Minha sobrinha, não, debiloide! Aquilo é um pedaço asqueroso da minha irmã que eu devo eliminar. E então, seu asno? Descobriram alguma brecha para a Gruta?

Nex e Bludusky foram contratados por Diabolyn como guardas pessoais. Nex com sua pele bem clara, quase rosa, era baixo, mas possuía agilidade e velocidade. Com cabelos brancos e espetados. Bludusky alto e forte com os músculos rasgando suas camisas. Não tinha cabelo. Apesar de ser brincalhão, nunca relaxava o cenho, mantendo sempre sua cara de mal. Os dois vestiam armaduras palacianas diferenciadas pelo símbolo de Diaboyn no peito.

– Seguimos o velho Jeomar pra dentro da Floresta das Almas, sabe como é? E descobrimos que durante a apresentação da princesa ao povo a Gruta terá a metade de guardiões que normalmente impedem a entrada. – Nex conta empolgado.

– Nex, e como iremos entrar?

– Não sei, ora bolas. A gruta possui magia forte, tem magia Sinti pra todo o lado. Se tentássemos criar uma abertura…

– Com certeza isso ativaria as armadilhas dos Sintis e então Jeomar nos faria em picadinho e depois nos jogaria de comida para as gárgulas, tá de brincadeira, né? - completou Bludusky.

– Não tem problema. Se a Gruta da Escuridão tiver a metade de guardiões, isso vai me facilitar a vida. Eu preciso dos Espectros! Eu preciso daquele poder! Eu mesmo posso fazer isso sozinha e entrar naquele lugar. Não preciso de vocês inúteis.

– Mas como vai enfrentar aquela magia, minha senhora? Os Sintis são os mais poderosos guardiões do reino, eles lidam com a escuridão há centenas de anos. E são os únicos que possuem o poder direto de Dar-Shan, vai virar churrasquinho deles. Enquanto a rainha tiver viva, o poder deles é ilimitado.

– Ora Nex, não subestime a minha magia. Acha mesmo que eu não teria um plano B? Todos estão preocupados protegendo a princesinha no castelo. É o melhor momento para pegar de surpresa aqueles guardiões. Eu já dobrei o Jeomar uma vez quando era criança, posso fazer isso uma segunda vez. Se eu sei o que aquela gruta guarda, foi graças a minha perspicácia quando criança. Eu sonho com aquelas faces todas as noites.

– O mesmo truque não funciona duas vezes com o mesmo mago. – Disse Dweedle.

Nex e Bludusky arregalaram os olhos.

– O que você disse, Dweedle? – Diabolyn sentiu-se desafiada.

Os olhos de Dweedle e Diabolyn se encontraram. Pela primeira vez o mordomo duelava por atenção.

– Fale o que tem em mente, mordomo…

Dweedle sentou-se na cama e seu olhar perdeu-se em pensamento.

– Minha Rainha precisa de um plano mais elaborado. Você precisa matar o Kevin antes de liberar a magia da Gruta, minha rainha.

Diabolyn gostou de ser chamada de Rainha. Esboçou um pequeno sorriso.

– E qual a diferença de matar minha irmã ou o marido dela, seu asno? A ordem não altera os fatores, queridinho. Eu preciso dos dois mortos ao mesmo tempo!

– Majestade, veja bem. Se você matar a rainha Sarana antes de matar o rei Kevin, você vai criar uma motivação enorme para o príncipe. Todos vão querer que ele seja rei de qualquer jeito. Ele é forte, saudável e muito poderoso. Se você matar Sarana agora e deixar Kevin vivo, você poderá criar um monstro. E um Rei com o coração ferido pode se tornar um dos guerreiros mais poderosos que você já viu. O ódio alimenta o poder. Kevin pode se tornar seu maior pesadelo. Porém, se você matar Kevin logo de cara, a rainha Sarana não tem poder e nem saúde pra lhe enfrentar. Será muito fácil meter uma adaga no coração da Rainha e depois lidar com o poder da Gruta. Aí, depois de ambos mortos, é só livrarmos da criança. Com a morte de Kevin a rainha fica indefesa. E quando Sarana morrer, Jeomar não terá poder suficiente para te enfrentar. A quebra repentina de um ciclo vai abalar a magia de Dar-Shan.

Diabolyn respirou fundo e digeriu com calma as informações de Dweedle.

– Pode dar certo… – Diabolyn respirou fundo mais uma vez.

– Nossa Dweedle, odeio admitir mas você é um gênio, maluco! Você é o cara! – Bradou Bludusky.

– Ora bolas, mas tem um furo nesse seu plano, seu metido. – disse Nex com a mão no queixo.

– Não existe furo. É simples e direto. – contestou Dweedle

– Eu não estou querendo ser rude, mas, minha senhora… Não vai ser fácil derrotar o príncipe Kevin numa luta direta, ora bolas. E mesmo que você consiga, terá de enfrentar Sarana e depois Jeomar. Acha que mesmo moribunda a rainha não vai te enfrentar pra defender a cria?

– Entendi sua preocupação, Nex. Mas acho que eu tenho uma ideia e pode dar certo… – Dweedle olhou no fundo dos olhos de Diabolyn.

– Vocês, homens irritantes… Deixo o plano em suas mãos. Deem-me Dar-Shan e eu vos contemplarei!

 

Naquela noite a única coisa que ecoou nos corredores do palácio real foram as gargalhadas de Diabolyn e o choro da pequena Sara.  


Notas Finais


Espero que com essa fanfic você possa se divertir e de fato conhecer completamente uma história que tem cativado muitas crianças há mais de trinta anos!


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