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História Cavalo é melhor do que gente - Um - Confidências no estábulo


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, gente!

Então, essa fanfic estava salva e guardadinha nos meus arquivos do Google Drive desde junho do ano passado. Ela é pequenininha (apenas quatro capítulos) e já está concluída, eu só não estava com muita coragem para postar...

A ideia veio quando assisti "Frozen 2" e o Kristoff, que está vivendo inseguranças no amor, canta com seu amigo, a rena Sven. Como em Shingeki no Kyojin não temos renas e sim cavalos, vamos de cavalos, kkkkkkkkk
E, sim, o cavalo do Jean é inspirado (ou plagiado, vocês decidem) no Maximus, o cavalo da Rapunzel de "Enrolados" <3

Decidi postar porque amo o Jean, amo o Armin, amo o ship jearmin/jeanaru e ONTEM FOI MEU ANIVERSÁRIO, ENTÃO QUIS COMEMORAR AQUI COM VOCÊS, TRAZENDO ESTA FIC ESTRANHA E DE CONTEÚDO DUVIDOSO hauhauhauhau

Jean, Sasha, Connie e até Armin às vezes falarão palavras erradas ou com regionalismos. Isso é proposital.

Arte da capa: créditos ao fanartista!

Perdoem possíveis erros e boa leitura!

Capítulo 1 - Um - Confidências no estábulo


Fanfic / Fanfiction Cavalo é melhor do que gente - Um - Confidências no estábulo

 

Aquela quarta-feira reservava uma surpresa inusitada para três integrantes do 104º Esquadrão.

Eram menos de quatro horas da tarde quando um carrancudo Jean Kirschtein passou por um dos corredores do quartel, dizendo que era o seu dia de tratar dos cavalos. Ao sair das vistas dos demais cadetes, Sasha Braus e Connie Springer se acotovelaram, rindo, e saíram logo após o seu amigo de rosto anguloso.

— Aposto um pão que hoje tem poesia! — comentou a soldada à meia voz, andando ligeira atrás do amigo de cabeça raspada.

— Pois eu aposto a carne da minha janta que ele vai é cantar uma daquelas músicas malucas — respondeu ele.

A bulha atraiu Armin Arlert, que já havia terminado suas tarefas do dia (ele geralmente ficava responsável por auxiliar o soldado Moblit Bernard com a organização dos registros da Tenente Hange Zoe, no escritório dela) e se sentara junto a uma viga, distraído com os pardais. O que estaria acontecendo?

— O que foi, gente? — perguntou ele a Sasha, antes que ela sumisse de suas vistas. Ela, contudo, lhe fez um monte de sinais com as mãos para que ficasse calado e a acompanhasse.

O cadete loiro se levantou em silêncio, discretamente, e saiu do pátio. Viu que a dupla ia ao estábulo, rindo e cochichando, então procurou andar mais depressa para alcançá-los.

— Vem logo, Armin — chamou-o Connie, com pressa. — Vem ver uma coisa que a gente descobriu.

— Sabia que o Jean tá ficando, ó — e Sasha fez um gesto de “doido” com o dedo ao lado da cabeça. — Tá ficando “pancada”... Falando co’os bicho!

— Quê?! Como assim?! — inquiriu Armin, bastante confuso.

— Ele vem bem antes da hora pro estábulo pra ficar batendo papo com o Max — explicou Springer, falando mais baixo para não chamar atenção. — O cavalo dele. Ele passou a chamar de Max, igual quando a gente bota um nome num cachorro.

— Então ele colocou nome no cavalo, é? — ecoou Armin, enquanto dizia a si mesmo: “Ele fez o mesmo que eu...”.

O loiro se pegou às voltas com uma lembrança. Menos de duas semanas atrás, ele e Jean estiveram colocando os animais nas baias após uma viagem que a Tropa tinha feito a Stohess; Armin apeara de sua égua puro-sangue inglesa e lhe fez um afago na crina, sem notar a atenção do colega sobre si.

— Até amanhã, Grethe. Não fique magoada comigo pelos meus excessos, tá? Acho que acabei abusando da sua boa vontade e te forcei a correr demais. Cê é um docinho.

— Tá falando com quem, Armin? — indagou Jean, arqueando uma das sobrancelhas.

A voz de Kirschtein estava irregular com as mudanças hormonais provocadas pela adolescência e seu rosto comprido padecia com a acne; ele morria de vergonha do fato, o que o fazia se manter mais calado entre seus companheiros de farda. Armin, por sua vez, tinha uma pele sedosa e sem marcas, a voz ainda conservava um timbre infantil e seu crescimento era bem lento. Era o menor do grupo.

— Com a Grethe... É assim que eu chamo a minha amiguinha — respondeu Arlert, olhando com carinho para o animal, que era uma fêmea acinzentada e serena.

— O meu cavalo não tem nome não.

— Como assim, Jean? Você é uma das pessoas aqui que mais zela pelo cavalo!

— Bem, é verdade. Eu realmente gosto muito de animais e adoro esse garotão aqui, só nunca pensei em botar um nome nele. É um cavalo, não um cachorro.

— Poxa, não pense desse jeito. Os pobrezinhos já têm que aturar a gente expondo eles ao trabalho pesado e aos perigos com os titãs... Se podemos tratá-los melhor, por que não? Um pouco de amor vai fazer bem pra eles.

— É, realmente vai fazer muuuita diferença pro bicho, né? — foi a resposta sarcástica do mais alto, que geralmente resmungava muito contra as condições de trabalho a que eles eram submetidos.

— Claro que vai, Jean. O amor faz a diferença em tudo na vida... Quando damos amor, recebemos amor, é uma lei da natureza. Dê amor a um animal ou a uma planta e você vai sentir que a natureza te retribui de alguma forma... — e o rapazinho, já meio vermelho, deu um pequeno suspiro, passando a encarar seu colega, que do nada enrubesceu também. — E eles são ótimos ouvintes, os cavalos. Eles não te interrompem, não te julgam e não espalham seus segredos.

— É... Você tem razão, como sempre. Tá certo de novo, pra variar — murmurou Kirschtein, com um nítido ressentimento na voz, e se afastando rapidamente da baia.

Armin piscou algumas vezes, sem compreender a raiva súbita do amigo; Jean era rabugento e brigão, mas jamais havia descontado seus problemas sobre o loiro. A bem da verdade, o loiro gostava muito de estar com aquele rapaz de rosto anguloso e considerava uma das melhores amizades que fizera. Eles passavam horas conversando — ou melhor, Armin falava sobre um milhão de assuntos e Jean o ouvia de bom grado.

Ocasionalmente, Kirschtein ia além e fazia discretos cafunés na cabeleira loira do garoto mais baixo, ou afagava brevemente seus ombros. Arlert se sentia extremamente confortável com aqueles toques e às vezes gastava mais do seu tempo livre com Jean do que com Eren, que era seu melhor amigo.

— Jean, tá tudo bem?

— Claro, por que eu não estaria?

— É que eu pensei que...

— Sim, você acertou de novo, Armin. Eu tô morto de cansado, sujo, fedorento e sem tempo pra conversa fiada. Agora feche direito essa bosta de porteira, enquanto eu vou rompendo pro quartel.

Chocado e triste com a rispidez de Jean, Armin optou por se manter mais distante e não o procurou mais. Não era justo ser tratado daquela forma, porém Arlert deduziu que talvez o colega precisasse apenas de um tempo para colocar as emoções em ordem.

"Então ele levou a sério o que eu disse. talvez esteja sendo uma experiência boa pra ele, então não vai fazer mal eu dar uma olhadinha...", conjecturou o soldado loiro.

Os três se colocaram atrás do estábulo, que era bem grande. Sasha e Connie já tinham uma noção aproximada da localização da baia do cavalo de Jean, de forma que conseguiam ouvir nitidamente a voz do colega. E de fato Jean estava narrando seu dia para o seu amigo de quatro patas, que era um grande cavalo andaluz branco e de farta cauda.

— E então ela me deixou falando sozinho e foi andando atrás da Ymir, acho que aquelas duas têm alguma coisa... Basta a Ymir passar por perto pra Christa ficar toda “coisada”. Pode crer, Max! Sinto cheiro de couro!

— “Cheiro de couro”? Ô idiota, claro que aqui tem cheiro de couro, é um estábulo... — cochichou Connie, que não entendera o comentário.

Shh! Quieto! Eu te explico depois — fez Sasha. Armin, ao lado deles, continuou em silêncio.

— E se eu te contar que descobri que o pé da Mikasa é maior do que o meu? Parece mentira. Ela é linda e toda gostosinha, mas aqueles pés são um absurdo. Por isso que ela usa os coturnos que o Comandante Erwin tinha mandado fazer pra ele e ficaram estreitos.

— Armin, é verdade isso? — indagou Sasha. — Quanto ela calça?

— 42 — sussurrou o loiro.

— Eita budega! — fez a garota, espantada.

— Agora essa é de cair o furico da bunda. Cê acredita que o maluco suicida saiu correndo do banheiro esses dias por causa do Reiner? Disse que ele chegou lá do nada, conversando uns assuntos nada a ver... Mas parece que na verdade o Reiner queria espiar o "titãzinho" do Eren.

— “Titãzinho”? — foi a vez de Connie questionar. — Ow, que “titãzinho”? Ah, não — e subitamente o soldado entendeu e levou as mãos à cabeça, assombrado. — Será que foi por isso que o Floch saiu do banheiro esses dias com raiva, dizendo que iria passar a mijar no mato? Mas o que será que tem na cabeça do Reiner pra ele espiar o bilau dos outros?

— Acorda, Connie — interveio Sasha. — O Reiner gosta é de homem!

— Mas e aquela coisa dele com a Christa? — indagou Springer, mais confuso ainda. Timidamente, Arlert deu seu palpite, tentando se manter neutro:

— Então, Connie... Existe gente que gosta de homens e de mulheres, sabe...?

— Pois eu não sou assim não, homem pra mim é só amizade — retrucou Connie. — Como disse a Hange-san esses dias, eu sou he-te... He-te...

Heterossexual, Connie — completou Armin.

— É, isso aí. Eu sou heterossexual e a Sasha é comidassexual. Acertei?

Cês fala demais, cacete, dá pra fazer silêncio? — brigou a garota. — O Jean continua encucado co’o tamanho do negócio.

— O meu ficou bem maior no último ano — confidenciava Jean, subitamente com um pouco de orgulho e logo deixando os ombros caírem, desanimado. — Apesar de que o Eren não tem o mesmo problema de espinhas que eu, Max. Adianta ser pauzudo e ter uma cara feia como a minha? Ninguém vai querer namorar comigo.

— Pior que ele tem um rolão mesmo, eu já vi — reclamou Connie, sem notar que seus colegas estavam com vergonha. — O meu, além de pequeno, quase não tem pelo. E o seu, Armin?

— Eu não tenho um único pelo, nem no saco, nem nas axilas... Sou todo “inho”: baixinho, lisinho e com um pintinho! Isso é um desastre... Acho que isso deve ser algum problema de saúde — lamentou-se Arlert.

— Eu não precisava ouvir isso — resmungou Sasha, constrangida no meio dos dois amigos. Connie não percebeu e disparou:

— E você, Sasha? Cê já tem pelo no...

— Connie, eu sou uma mulher! — explodiu a garota. Armin revirou os olhos, sussurrando um “que vacilo, hein, Connie?”. Sem graça, Springer tentou se redimir:

— Desculpa, Sasha! Eu esqueço que cê é mulher!

— Como assim “esquece”?!

— É que cê anda tanto comigo e a gente se entrosa tão bem que eu às vezes acho que cê é tipo um irmão mais velho pra mim.

— Vou tentar ouvir isso de “irmão mais velho” como elogio, mas esquece esse assunto aí de cabelo não sei onde. E se cê tem dúvida, é só conversar com a Hange-san que ela explica tudo. Agora vamo continuar ouvindo o maluco ali, que eu quero é ganhar a aposta! — dissertou Sasha, botando uma pedra no assunto.

— E a Mikasa não esquece aquele retardado idiota... Ele caga pra ela — prosseguia Jean, meio triste. — E ela não liga pra mais ninguém. Bem, ela se importa com o Armin, mas... O Armin é impossível de ser ignorado, sabe? Então, como eu ia dizendo...

— Quê?! — fez o loiro, sem entender nada. — Mas se é assim, por que ele tá me ignorando?!

— Tô dizendo... — retrucou Sasha, empertigada. — Aquele viado do Jean tá ficando biruta. Ei, escuta, gente!

Os soldados se calaram ao ouvir a voz do colega que tentava cantar. Connie ergueu as mãos para o céu, num gesto de raiva, e Sasha fez caretas para ele.

— Perdi minha janta! — lamentou-se Springer.

— Perdeu mesmo — volveu Braus, implacável. Ambos se levantaram para voltar, afinal já haviam resolvido a questão da aposta. Arlert, contudo, permaneceu imóvel. — Ô Armin, cê não vem?

— Vai ficar ouvindo o maluco? Ele canta mal que só a desgraça — acrescentou o careca, com ares de quem já tinha ouvido as melodias desentoadas de Kirschtein.

— Ah... Eu quero ouvir mais um pouco — murmurou Armin, forçando um sorriso. — Vou ouvir mais dessa conversa, ãhn... Engraçada, hehe.

— Então tá, só não deixa ele te pegar aí. Ô Sasha... Menina também tem pelo lá “naquele lugar” ou é só homem que tem?

— Depois eu te explico, Connie...

E assim Connie e Sasha deixaram o soldado loiro para trás. Este, mais do que nunca, queria saber até onde Jean iria. Armin não o achava louco por ter escolhido o belo cavalo branco para ser seu confidente, só se sentiu um tanto ressentido e também ansioso por compreender o motivo da mudança brusca do colega. Então Arlert concentrou-se totalmente na voz de Kirschtein e as palavras da música que ele cantava atingiram-no como uma bomba:

— "Acho que é a primeira vez que eu não sei onde estou! Norte é Sul, lá é cá, sem você..." Aff, ‘taquipariu — e Jean parou para tossir e pigarrear, pois tinha escolhido mal o tom da canção e agora sua garganta protestava. — Deu ruim, deu ruim. Vou ter que achar o tom certo, Max. Espere aí. Hummm... "Eu, que sempre te guiei, já não sei mais onde estou... Os teus caminhos quero aprender...". Agora melhorou. Será que eu vou conseguir aprender a cantar, Max? Acho que nunca vou ter coragem de cantar isso pra ele.

"Ué! ‘Ele’?! O Jean está pensando em cantar uma música romântica pra outro cara?!", pululavam os pensamentos de Armin, que estranhamente começou a se sentir desapontado. Mas Jean não tinha terminado de falar:

— Eu sou tão azarado, Max. Você acredita que dá última vez que eu estive com Armin, ele começou a falar de amor e o bestalhão aqui maltratou ele? É que me deu um nervoso...! Tive até caganeira naquele dia.

O cavalo Max permanecia parado enquanto sentia seus pelos sendo escovados, olhando para seu companheiro humano com a serenidade típica de um equino que se sente bem cuidado.

Quanto a Armin, “serenidade” não era, nem de longe, a palavra adequada para definir seu estado. O rapazinho tremia, seus joelhos pareciam geleia e ele todo se desmanchava em ansiedade — aquela narrativa de Kirschtein tinha tudo a ver consigo!

— Ele me faz tão bem... — prosseguiu o rapaz. — Nem sei quando isso começou, já comentei com você que nem imaginava que eu poderia gostar de um cara. E você conhece o desgraçadinho, Max, ele é baixo e todo fofinho, daquelas pessoas que dá vontade de beijar o tempo todo, mas é um cara. Não era pra eu me apaixonar por um cara, mas aconteceu... E o mais difícil tem sido chegar perto dele e ficar... Duro! — e Jean suspirou. — Agora ele com certeza não vai mais querer se aproximar de mim. Acho que vou parar de aprender a cantar e jogar fora as poesias e desenhos que fiz dele. Se alguém descobrir, não vai ser legal. Tá, eu sei que se você falasse, iria dizer que eu não deveria desistir tão fácil, mas a vida de um ser humano é muito mais complicada do que parece. Cê já se apaixonou por alguma égua? Já sofreu de amor não correspondido?

— M-Minha deusa Ymir — murmurou Armin para si mesmo, já chorando horrores e escondendo a boca com as mãos para disfarçar o ruído de seus soluços.

Seu coração sensível se arrebentava de tanto palpitar. Jean era muito especial para ele; agora era o loiro que se encontrava aflito e angustiado com aquela novidade. Um garoto! Apaixonado por ele! E ele... Estava absurdamente feliz por saber da novidade!

— Ele gosta de mim, e eu... Quero muito receber esse amor!

E Armin Arlert decidiu intervir de alguma maneira.


Notas Finais


Música que o Jean está aprendendo e que deu inspiração à fic -
"NÃO SEI ONDE ESTOU" - https://www.youtube.com/watch?v=vl0SfYuxLpI

"Como assim o Jean conhece músicas da Disney naquela ilha isolada, Okaasan?"
- Mano, estamos falando de um universo fictício onde [SPOILER] o Armin é torrado e carbonizado pelo Titã Colossal, mas a calça dele continua intacta! Música da Disney é fichinha 😂😂😂

NÃO JULGUEM os personagens, gente! Todo mundo aqui é novinho e tem suas angústias sobre o corpo e talz #AdolescenteSofre

Não me julguem mal também, eu gosto do Connie kkkkkkk Já se queixaram que eu abuso da lerdeza dele, mas é que eu o vejo assim: um carinha devagar, mas muito legal e companheiro...

As informações meio bizarras (o tamanho do pé da Mikasa e a mania do Reiner de espiar os colegas pelados) são Canon, viu? O Isayama que disse isso em uma entrevista kkkkkkk

Na opinião de vocês, o que o Armin vai fazer pra se aproximar do nosso menino apaixonado da vez? ✨

Vamos que vamos, pessoal! Muito obrigada, desde já, a você que leu essa maluquice até aqui.
Próxima postagem: 31/05/2021.

Beijos da Mamãe @Okaasan


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