História Clube dos Perdidos - Sasusaku - Naruhina - Saino - Infidelidade

Hinata

Depois de receber aquela notícia, ficamos na expectativa de poder ver a Ino naquele mesmo dia. O clima era totalmente diferente do dia anterior, agora estava tudo mais ameno, mais colorido de novo. Melhor que isso só quando a Ino acordar.

- Será que não vão nos deixar ver a Ino nem um pouquinho? - perguntei com o coração acelerado de tanta ansiedade. Estávamos na sala de espera ainda.

- Não quero ser estraga prazer, mas é provável que não. - Sasuke respondeu - Apesar dela já estar estável, acabou de passar pela transfusão.

- Verdade, né? - concordei desanimada.

- Que horas disseram que o médico dela chegaria mesmo? - Sai perguntou, também parecendo impaciente.

- Já era pra ter chegado. - Sasuke respondeu olhando as horas no celular.

- Gente, não temos do que reclamar. - a Sakura estava andando de um lado pro outro com um sorriso enorme no rosto - Depois do que a Ino passou, ela conseguiu sobreviver e agora é só uma questão de tempo pra ela acordar e se recuperar completamente. Sério, tô me sentindo muito melhor agora.

- Nem me fale, eu também. - Naruto completou - Eu não tava nem dormindo direito.

- O pior já passou. - Sai disse sorrindo. O sorriso dele é bonito e difícil de ver. Ele só sorri pra valer quando está feliz de verdade - Agora só nos resta continuar esperando e nos prepararmos pra cuidar bem dela quando chegar a hora.

- Sim. - Sasuke se aproximou mais de nós - Gente, pode parecer a pior hora pra isso, mas acabei de lembrar de uma coisa. Tanta coisa tem acontecido que até esqueci.

- O que, Sasuke-kun? - Sakura fez cara de curiosa.

- Tem um feriado chegando e eu já combinei com minha mãe e meu irmão de passar lá em casa. - ele começou a explicar - Claro que eu não tô com cabeça pra ficar festejando, acho que ninguém aqui tá, mas pensei da gente passar junto. Vocês já fizeram planos?

- Nem perguntei pros meus pais, mas eles costumam sempre viajar. - Sakura deu de ombros.

- Bom, no meu caso nem preciso falar, né? - olhei bem óbvia pra eles - Tô livre.

- Nem pensar que eu vou ficar com o meu avô. Você já conhece ele. - Sai falou olhando pro Sasuke e ele balançou a cabeça em sinal de concordância.

- E você, Naruto? - Sasuke perguntou.

- Hm... - Naruto estava pensativo com a mão no queixo - Meus pais querem que eu vá pra casa. Arrumaram folga no trabalho com muito custo só pra isso.

- Putz... - Sasuke reclamou.

- Mas por que vocês não vêm também?? - Naruto olhou pra gente entusiasmado - Eles iam adorar. Principalmente você, Hinata! - ele olhou pra mim.

- Eu? - fiquei surpresa.

- É! - ele sorriu - Eles adoraram você, poxa.

- Ah... - fiquei sem palavras. Eu nem sabia disso - B-Bom, se todo mundo for eu vou...

- E então, gente?? - Naruto voltou a olhar pro pessoal.

- Eu prefiro ir pra casa do Naruto! - Sakura falou de prontidão.

- E por que? - Sasuke olhou bem sério pra ela.

- É que... - ela corou - Eu não me sentiria muito à vontade perto da sua família, Sasuke-kun.

- Relaxa, nem ele se sente à vontade perto da família dele. - Sai tirou sarro, e o Naruto riu.

- Você sabe que agora que é minha namorada em algum momento vai ter que conhecer minha família, não sabe? - Sasuke continuou olhando pra Sakura.

- Eu sei, Sasuke-kun... - ela sorriu pra ele - Mas podemos esperar mais um pouco? Por favor...

- Rum. Tá bom. - Sasuke fechou a cara.

- Ah, sério? - os ombros da Sakura caíram e ela foi até ele com um abraço - Ficou bravo?

- Não. - ele virou a cara.

- Então me dá um beijo. - ela mordeu os lábios sorrindo pra ele.

- Não. - ele continuou com a cara virada.

- Anda logo, vai. - ela virou o rosto dele.

- Não quero. - ele esboçou um sorriso.

- Mas eu quero... - ela deu um selinho nele, depois outro beijo rápido. Ele riu de leve e ela continuou insistindo, até que começaram a se beijar de verdade. Nós três só ficamos olhando. Sem que eles notassem, já estavam praticamente se engolindo, dando o maior beijão.

- Hm-hm... - pigarreei e o casalzinho acordou pra vida.

- Ah, foi mal, gente. - Sakura sorriu, limpando os lábios do Sasuke e os dela.

- Vocês podem dormir lá, tem espaço de sobra! - Naruto voltou a falar, parecendo ainda mais animado - Podemos fazer uma resenha, só nós.

- E seus pais? - Sakura perguntou.

- Eles não ligam, são muito de boa. - Naruto respondeu - E então, tá confirmado?

- Por mim sim. - Sakura sorriu.

- Idem. - Sai falou logo em seguida.

- Posso ir também... - falei com receio, ainda sem acreditar que eu ia pra casa do Naruto.

- Eu vou ver ainda. - Sasuke parecia preocupado - Não sei se vou poder. Meu pai tá me infernizando desde que terminei com a Karin e eles já planejaram um jantar e tudo mais.

- Sério...? - Sakura desfez o sorriso - Seu pai foi contra o término...?

- Nem se preocupa com isso. - Sasuke olhou pra ela - Meu pai é contra qualquer coisa que eu queira fazer por conta própria.

- Ah, mas não tem problema, Sasuke. - Naruto parecia tranquilo - Você faz uma média lá só pra ele não encher o saco e depois vai pra minha casa ficar com a gente.

- Ué, não vai ficar muito corrido? - questionei.

- Nada. - Naruto sorriu - A casa do Sasuke fica à dez minutos da minha de carro.

- Caramba, super perto! - ergui as sobrancelhas.

- Beleza. - Sasuke falou, ainda sério - Vou ver o que posso fazer.

- Então fechou! - Naruto comemorou - Vou avisar meus pais.

Logo depois do Naruto falar, o Sai ficou sobressaltado e começou a andar. Não entendi bem até olhar melhor e ver que o médico da Ino tinha acabado de entrar no hospital. Sai foi até ele afobado.

- Boa tarde! - Sai cumprimentou.

- Ah, boa tarde... - o médico até se assustou um pouco.

- Estávamos esperando o senhor. - Sai continuou - Queremos saber se podemos ver a Ino. Soubemos que ela já foi transferida pro quarto.

- Entendo... - o médico se ajeitou um pouco, ainda estava com uma pasta na mão e sem o jaleco, e nós já estávamos em volta dele. A ansiedade era tanta que nem percebemos a indelicadeza.

- Desculpa, doutor... - falei meio sem jeito - É que estamos muito ansiosos. O senhor entende, né?

- Claro, claro... - ele era muito gentil - Olha, ela realmente está estável agora, mas ainda é cedo pra vocês entrarem lá.

- Droga... - Sai lamentou, baixando o olhar. Na verdade todo mundo fez cara de enterro.

- Mas... - voltamos a olhar pro médico com expectativa - Vocês podem ver ela de longe.

- Jura?? - meus olhos até se abriram mais junto com um sorriso.

- Sim. - o médico sorriu pra gente - Podem vir comigo.

Nós seguimos o médico parecendo um grupo de criancinhas empolgadas numa excursão. Quanto mais perto ficávamos do quarto, mais forte meu coração batia. Chegamos no quarto, que apesar de não ser UTI, ainda era um lugar de tratamento especial. Paramos na frente de uma janela de vidro, que estava coberta por uma persiana.

- Vocês podem ficar aqui. Eu vou abrir por um instante, e por enquanto vai ser só isso. Daqui há alguns dias vocês vão poder entrar no quarto e interagir com ela, ok? - o médico explicou, e nós assentimos.

Dava pra sentir a ansiedade de todo mundo. Ele entrou, fechou a porta e devagar começou a abrir a persiana. Soltei o ar bem forte pra controlar o frio na barriga. Ficamos todos estáticos de olhos arregalados naquele vidro. Aqueles segundos em que a persiana demorou pra abrir foram os mais longos da minha vida. Quando finalmente abriu tudo, a Ino apareceu diante dos nossos olhos... Comecei a chorar e a sorrir ao mesmo tempo.

Ela estava com a cabeça encostada no travesseiro e o rosto inclinado na nossa direção. Um dos braços estava com acesso, e o outro estava livre, caído um pouco acima do abdômen. Ela estava coberta até a cintura, vestida com a roupa de hospital e tinha uma faixa enrolada a partir da testa, como se fosse até um acessório, tipo um chapéu. O rosto dela estava intacto, sem arranhões, e a face estava toda relaxada. Não parecia inconsciente, parecia que estava simplesmente dormindo mesmo... E continuava linda.

- Olha só pra ela... - Sai comentou com a voz embargada, sorrindo com os olhos marejados. Eu nunca tinha visto aquela emoção no olhar dele - Nem parece que acabou de sair da UTI. Continua tão perfeita.

- Ela é tão linda... - Sasuke falou tocando no vidro, de forma séria mas com os olhos brilhando.

- Será que ela tá sonhando com alguma coisa? - Naruto perguntou com um sorriso bobo e emocionado no rosto.

- Espero que acorde logo. - Sasuke respondeu.

- Ela fica linda até com a cabeça enfaixada, essa cachorra... - Sakura riu enquanto chorava ao mesmo tempo - Se fosse em mim eu ia ficar parecendo uma múmia.

- Na Ino fica parecendo um adereço. - acrescentei, sentindo uma emoção e felicidade tão grandes que pareciam querer estourar meu peito.

- É tão difícil olhar sem poder tocar nela... - Sai comentou, soltando o ar - Mas só isso já me deixa muito feliz.

Mantivemos os olhos naquele vidro como se nossas vidas dependessem disso. Só poder olhar pra ela, mesmo que por um breve momento, já aquecia meu coração. Era a constatação literal que eu precisava de que a Ino ainda estava com a gente sim, de que não perdemos ela.

O médico então voltou a fechar a persiana. Não perdemos nenhum segundo que pudemos aproveitar enquanto a Ino ainda aparecia naquele vidro.

Cheguei perto do Sai e ele me abraçou sorrindo. Foi um abraço longo e aquecedor, minhas lágrimas molharam a roupa dele. Todos ficamos silenciosos por um instante digerindo aquela sensação. Quase perdemos um pedaço de nós, então ver a Ino ali em segurança ao nosso lado, viva, nos lembrava que também estávamos vivos. Naquela hora eu senti mais do que nunca que, independente do que acontecesse, eu sempre teria forças pra me manter de pé enquanto estivéssemos juntos.

Voltamos pra recepção mas não vimos mais o senhor Yamanaka. Ele foi atender uma ligação e não voltou mais. Esperamos um pouco só pra agradecer, mas como ele não apareceu, fomos embora.

Ficamos um tempo no jardim, aproveitando pra sorrir um pouco depois de tanto caos. Não que as coisas já estivessem perfeitas, mas pelo menos já tínhamos um grande alívio. Agora podíamos nos concentrar numa coisa muito importante.

- Alguém sabe se tem alguma novidade no andamento das investigações? - Naruto perguntou brincando com a grama aonde estávamos sentados.

- Não sei de nada. - Sai respondeu.

- Será que eles estão mesmo se esforçando nisso? - Sasuke observou - Não é tão difícil chegar num suspeito, é só interrogar alguns alunos. Eles chegariam rápido na Tsuchi.

- Verdade, é estranho eles ainda não terem feito isso. - concordei - Essa historinha de que alguém invadiu a Kage não vai colar por muito mais tempo.

- Parece que eles querem abafar o caso pra não prejudicar essa merda de escola. - Sakura disse bem séria.

- Você podia conseguir algumas informações, amiga. - pensei no óbvio.

- Eu? - ela me olhou sem entender.

- Claro, meu anjo. - sorri, bem óbvia - Você consegue arrancar qualquer coisa do diretor. Ele vai te falar.

- Hm, é verdade. - Sai apoiou a ideia.

- Opa, podem parar. - Sasuke falou bem sério - Isso não é necessário. Podemos conseguir as informações de outro jeito.

- Ah é? Como? - Naruto perguntou desafiando - A gente só ia perder mais tempo, Sasuke.

- Sim. - Sai acrescentou - Bastam cinco minutos na sala do diretor que a Sakura consegue as informações que precisamos.

- Não interessa. - Sasuke permaneceu irredutível - Ela não vai.

- Oi, eu ainda tô aqui. - Sakura levantou a mão, irônica - Sou eu quem decido isso.

- Então tá querendo fazer isso? - Sasuke olhou pra ela estreitando os olhos.

- Não vejo problema. - ela deu de ombros.

- E como pretende arrancar informações dele? - Sasuke questionou num tom sugestivo.

- Eu não vou pagar um boquete pra ele, se é isso que tá pensando. - ela falou rindo. Mal ela terminou de falar e o Sasuke arregalou os olhos e segurou no braço dela.

- Nunca mais repete isso!! - ele levantou a voz e ela ficou quieta, sem ação.

- Sasuke, calma. - cheguei perto e toquei de leve o ombro dele, que soltou o braço da Sakura e desviou o olhar em seguida.

- Eu tô calmo. - ele respondeu soltando o ar, e eu voltei pro meu lugar. Houve uma pequena pausa dramática até ele voltar a olhar pra rosada - Sakura, eu queria...

- Seu imbecil! - ele tentou tocar nela, mas ela o repeliu. Quando vi os olhos dela saquei que estava furiosa - Quem você pensa que é pra dizer o que eu vou ou não fazer?!

- Eu não tô tentando te dizer o que fazer. - ele pareceu surpreso com essa reação dela, mas tentou se manter firme.

- É claro que tá! - ela retrucou - E ainda segura meu braço desse jeito...

- Sakura, me desculpa! - ele ficou sobressaltado e tentou tocar nela de novo - Te machuquei?

- Claro que não. - ela falou em tom de deboche, ainda nervosa - Eu só fico puta com a sua audácia em tentar me dar ordens, seu idiota.

- Não quero te dar ordens, cacete! - ele franziu o cenho - Mas você sabe como eu me sinto em relação ao Kakashi e ainda faz uma piadinha dessas... Porra, você sabe que aquele cara não desperdiçaria uma oportunidade de se aproximar de você de novo.

- E daí?! - pois é, eles estavam tendo uma briga bem na nossa frente, como se nem estivéssemos ali. Só ficamos observando - Não é porquê ele quer que significa que vai conseguir.

- Mesmo assim me incomoda.

- Sasuke, entende uma coisa... Se eu quisesse te trair, já teria feito isso. Se eu quiser te trair agora, eu faço isso sem nem deixar você saber, e você nunca conseguiria me impedir. - ele saltou os olhos de novo. Ficou em silêncio por um longo tempo, deixando todo mundo confuso.

- Tudo bem. - ele disse se levantando.

- Tudo bem? - ela perguntou olhando pra ele.

- Sim. Não vou te impedir. - o tom de voz dele estava controlado e a expressão dele era difícil de decifrar. Tive um mal pressentimento.

- Ah, que isso, gente? - me levantei tentando sorrir e falar num tom leve - Vocês não vão ficar brigados por uma bobagem dessas, né?

- De jeito nenhum. - Sasuke respondeu num tom que foi duro demais - Não estamos brigados.

- Sasuke-kun... - Sakura levantou também, parecendo aflita - Tá tudo bem mesmo...?

- Sim. Me desculpa por tentar interferir nas suas decisões. Não faço mais isso. - Sasuke respondeu olhando pra ela com cara de paisagem.

- Tá falando sério? - ela chegou perto dele.

- Sim, muito sério. - ele respondeu, deixando claro que tinha alguma coisa errada sim. Logo depois ele saiu sem olhar pra ninguém - Vejo vocês depois.

A Sakura parecia perdida. Ficou olhando até ele sumir da nossa visão. Os meninos se levantaram também e ficamos quietos. Fiquei olhando pra Sakura ali parada e fui ficando cada vez mais agoniada.

- Vai atrás dele! - não aguentei e falei pra ela.

- Não vou atrás dele. - ela respondeu cruzando os braços tentando parecer indiferente, embora estivesse claramente tensa.

- Você percebeu que ele não tá bem, né?? - questionei, impaciente.

- Ele disse que tá tudo bem... - nem ela parecia acreditar no que tava falando.

- É óbvio que ele mentiu, Sakura! Vai atrás dele, não deixa as coisas assim. - levantei um pouco a voz e ela franziu o cenho.

- Eu não tenho que carregar o peso das inseguranças dele, Hina. - ela rebateu.

- A questão não é essa! Ele ficou chateado, Sakura. Talvez até magoado. Se você se importa com ele, tem que consertar as coisas. - pra mim isso parecia muito óbvio, mas pra Sakura parecia difícil de entender.

- Você viu, ele queria decidir por mim! - ela estava com a voz embargada e nervosa.

- Ele só queria evitar que você fizesse algo que ele sabe que deixaria ele mal, não é nada do outro mundo. Sakura, você tá num relacionamento agora, tem que aprender a ceder um pouco, senão vai perder ele! - falei ainda mais alto.

- Depois eu resolvo. - ela desviou o olhar.

- Agora! Resolve isso agora! - aquela atitude dela começou a me irritar muito.

- Hina, o que deu em você?! - ela estreitou os olhos pra mim. Eu não tinha a resposta pra essa pergunta.

- O Sasuke aguenta muito de você, essa que é a verdade! - pronto, falei.

- Quê?! - ela saltou os olhos.

- Você tá sempre querendo ficar por cima dele, Sakura. Desse jeito você vai estragar tudo!

- Tudo o que?? Isso é problema meu, né?! - ela deu um passo na minha direção.

- Sakura... - Sai tocou no ombro dela e ela olhou pra ele - Não é problema só seu.

- O Sasuke vai acabar se cansando de você... - ok, acho que peguei um pouco pesado.

- Vai você atrás dele então já que tá tão preocupada... - ela me encarou com ressentimento, o que fez meu coração dar uma pontada.

- Quer saber? - dei de ombros, segurando o choro - Eu vou mesmo.

- Não, Hinata... - Naruto tocou no meu braço, foi rápido, muito rápido, talvez menos de um segundo, mas o suficiente pra me dar um choque.

- Sai de perto de mim! - me virei assustada pro Naruto, foi automático.

Saí correndo de lá sem olhar pra trás. Tanta coisa de uma vez, tantos sentimentos e medos misturados. Eu me sentia como uma tomada tendo que conduzir milhares de fios de eletricidade e não conseguindo dar conta. Eram fios demais, sentimentos demais, e intensos demais pra conseguir lidar. Acho que não era só eu que estava assim.

Fiz exatamente o que disse que faria e fui pro quarto do Sasuke. Bati na porta me sentindo estranhamente nervosa, e ele não demorou pra abrir. Parecia abatido e decepcionado.

- Nossa, eu sei que você preferia que fosse a Sakura, mas pelo menos disfarça. - falei sem jeito, olhando pro lado.

- Não, é o contrário. Tô aliviado que não seja ela. - ele falou num tom muito mais afável do que o que estava usando momentos antes e me puxou pra dentro, fechando a porta em seguida - O que foi?

- Fiquei preocupada. Você tá bem? - me sentei na beirada da cama e ele se sentou de frente pra mim.

- Tô... - ele falou com a voz quase inaudível.

- Sasuke, por favor, não mente pra mim.

- Às vezes parece que ela não se importa. - ele confessou.

- Ela se importa, Sasuke. - me senti mal em ver ele daquele jeito.

- O que eu sou pra ela afinal? Aquilo que ela falou sobre o Kakashi, mesmo na "brincadeira"... Isso não é coisa que se diga.

- Sasuke, me desculpa. Eu não devia ter sugerido que ela falasse com ele. Foi uma ideia idiota.

- A ideia não é idiota, Hinata. Só me incomoda. Eu não consigo aceitar que aquele cara ainda esteja trabalhando aqui depois do que aconteceu. A Sakura devia ter nojo só em chegar perto dele, devia odiar ele.

- Você acha que ela não odeia?

- Acho. Ela com certeza ficou com raiva dele mas não odeia. Talvez o lance que ela teve com ele tenha sido mais intenso do que eu imaginava.

- Não foi. - falei isso com toda certeza do mundo - Isso é paranóia sua. Mas eu entendo que você se sinta assim.

- Eu queria poder apagar todo o passado da Sakura. - ele soltou o ar - Tirar da mente dela todas as lembranças das vezes em que ela ficou com outros homens. Só em imaginar outro cara tocando nela e ela gostando... Nossa, eu sou muito idiota mesmo.

- Não fala assim...

- Eu sou egoísta, mesquinho. - a voz dele mudou e meu coração ficou apertado - Eu sei que fiz merda hoje, não quero decidir por ela, não quero interferir na liberdade dela... Mas eu sei que o Kakashi não desistiu, eu sinto. O que ela disse é verdade, sobre poder me trair se quiser e eu não conseguir fazer nada pra impedir, eu sei disso muito bem! Eu sei que se ela quisesse, que se pelo menos uma parte dela dissesse "sim" pro Kakashi, eu não poderia fazer nada. Então existe mesmo a possibilidade de alguém roubar ela de mim, isso é concreto, é real, e me deixa doente...

- Chega, Sasuke! - segurei o rosto dele e ele me olhou surpreso - Pára de se corroer com esses pensamentos! Nada disso vai acontecer.

- E se acontecesse algo assim, Hinata? Já imaginou...?

- Você e a Sakura estão bem, foi só uma briga boba.

- Não tô falando só de mim e da Sakura. - ele se aproximou - E se um de nós se interessasse por uma pessoa de fora e se afastasse do grupo?

- Não tem nada a ver, Sasuke. - forcei um sorriso - Dá muito bem pra se envolver com alguém sem se afastar dos amigos.

- Não, Hinata, não é assim. - ele ficou mais sério - Se um de nós se distanciar o grupo inteiro estremece. O que aconteceu com a Ino serviu pra mostrar isso.

- Olha, eu nunca me afastaria de vocês, posso falar por mim... - desviei o olhar.

- Por que tá falando assim? - ele franziu o cenho.

- Assim como?

- Parece que já tá tentando se justificar... - ele ergueu as sobrancelhas de repente - Ah, já entendi.

- Entendeu o que?

- A Sakura comentou que você conheceu um cara. - ele falou num tom de cobrança.

- É verdade, mas nem tenho falado com ele.

- Por que deu abertura pra ele?

- Porque eu quis. - falei como se fosse óbvio - O que é que tem de mau?

- Tudo.

- Sasuke, eu já disse que não vou me afastar de vocês...

- Mentira. - ele falou por cima de mim - É mentira sua.

- Não é mentira!

- Tá fazendo isso só pra punir o Naruto, não é? Pára com isso, Hinata.

- Meu mundo não gira em torno do Naruto! - fiquei brava e me levantei - Além do mais, eu sou solteira e posso dar mole pra quem eu quiser.

- Não pode, não! - ele se levantou também.

- Do que tá falando?!

- Você trairia todos nós só pra se vingar do Naruto...? - ele chegou bem perto e ficou colado em mim.

- Eu... O que? Trair...? - fiquei atordoada.

- Você sabe o que eu quero dizer.

- Sasuke, até agora há pouco a gente tava falando da Sakura, lembra? Não quero falar dessas coisas...

- Eu quero falar, e agora eu quero saber uma coisa. - ele me fitou de um jeito imponente.

- O que?

- Aconteceu alguma coisa entre você e o Sai? - meu coração acelerou.

- N-Não... Não aconteceu nada demais...

- Nada demais? Então aconteceu alguma coisa mesmo. O que rolou? Me fala.

- Nada...

- Hinata, ontem à noite eu trombei o Sai e ele comentou que ia dormir no seu quarto pra não te deixar sozinha. Ele quase partiu pra cima até de mim... Me parece impossível que não tenha tentado nada com você também.

- O que? Como assim? O que ele fez?

- Não vem ao caso. Responde logo o que eu perguntei, Hinata. Rolou ou não alguma coisa entre vocês?

- Não rolou nada, ele só... - hesitei pra falar.

- Ele só o que?

- Ele... - parei por um momento só pra lembrar exatamente da cena, o que foi muito agradável - Ele ficou em cima de mim e beijou meu pescoço, meu peito, sentiu meu cheiro...

- Só isso?

- Sim, foi só isso.

- E você não parou ele? - ele parecia estar me analisando.

- Não, foi ele quem parou de repente.

- E como você se sentiu?

- Eu gostei na hora, mas agora... Sei lá, eu tô me sentindo confusa, estranha. Sasuke, eu não quero mais falar disso. - olhei pra ele em tom de súplica.

- Tudo bem, não vou mais falar. - dizendo isso, ele segurou meu rosto e me beijou, o que me pegou de surpresa. Eu acabei reagindo e empurrei ele.

- Sasuke, por que tá fazendo isso?? - minha respiração estava acelerada.

- E qual o problema? - ele pareceu surpreso e um pouco indignado com a minha reação.

- Isso é confuso. - cobri o rosto rapidamente, depois passei por ele indo até a porta - Olha, depois a gente se fala.

- Aonde você vai?

- Pro meu quarto. - abri a porta sem olhar pra trás, mas quase que ao mesmo tempo ela se fechou de novo na minha frente. Senti a respiração do Sasuke atrás de mim enquanto ele segurava a porta.

- Você não teria impedido o Sai, teria...? Se ele não tivesse recuado vocês teriam ido até o fim. - não consegui responder. Eu não sabia o que fazer - Você não negou, então é verdade.

- Por que tá pensando nisso agora? - minha voz saiu falha - Você nunca prestou muita atenção em mim...

- Hinata! - ele me virou de frente pra ele num movimento rápido e me cuspiu fogo com o olhar - Por que acha isso?

- Eu não tô reclamando nem nada, só é uma coisa que eu acho... - meu rosto estava fervendo e eu tinha dificuldade em olhar diretamente pra ele.

- Por que?? - ele insistiu.

- Ah, não sei... Você sempre pareceu mais entrosado com a Ino, mas isso é normal, não tem problema...

- E você com o Sai. - olhei imediatamente pra ele.

- Isso não significa que... - de repente minha boca parou o que ia falar. Ele ficou me encarando com curiosidade e expectativa.

- Continua o que ia dizer. - o tom de voz dele ficou mais ameno. Eu baixei o rosto, mas ele tocou meu queixo e me fez olhar pra ele de novo - Eu quero cuidar melhor de você a partir de agora, Hinata.

- Obrigada Sasuke, mas não se preocupa. - minha tensão aumentou e eu quis sair dali - Eu já vou. Até mais.

- Você não vai pra lugar nenhum. - ele me segurou pela cintura e me puxou pra perto, me beijando de novo, mas dessa vez de forma ainda mais intensa. Diferente de antes, não consegui escapar e correspondi, entrelaçando o pescoço dele.

Aquele beijo começou a me deixar sem ar, um calafrio passou por todo meu corpo e o momento parecia cada vez mais insano. Era impossível não me sentir atraída pelo Sasuke, tudo nele era uma tentação, desde a voz grave e impostada, até o olhar sério e intimidador. Cada vez mais eu me dava conta do tamanho do meu sentimento, e quanto mais eu percebia, mais medo sentia. Já é difícil gostar de uma só pessoa, imagina de cinco... Esse pensamento, em meio à tantos outros que se misturavam na minha cabeça, começou a me deixar muito ansiosa e aflita. Bateu uma sensação ruim e afastei ele de novo com um empurrão.

- Desculpa, Sasuke. Eu não consigo. - soltei o ar com força e levei uma das mãos ao rosto.

- Hinata, se você tem algum problema comigo me fala de uma vez. - ele fechou a cara e a voz saiu levemente alterada.

- Quê?! Não tenho nenhum problema com você.

- Então por que isso?? Por que comigo você não consegue? - ele deu passos na minha direção voltando a se aproximar.

- Tá fazendo isso porque tá ressentido com a Sakura? - questionei de um jeito desafiador e ele estreitou os olhos pra mim.

- Não é por isso.

- É por que então? - ele só me encarou sem responder. Houve uma pausa dramática.

- Por que tá fugindo de mim, Hinata? Você não quer...? - ele abraçou minha cintura de novo com um dos braços.

- Me solta, Sasuke... - minha voz quase não saiu. Virei o rosto agoniada, pois eu sabia que se olhasse nos olhos dele só por mais um segundo seria meu fim.

- Por que só comigo você faz assim, hein...? - ele começou a falar de forma arrastada, encostando os lábios no meu rosto e no meu ouvido.

- Sasuke...

- Por que o Naruto e o Sai podem te tocar e eu não? Isso não me parece justo...

- N-Não é assim, eles também não... Eles não...

- Mentirosa... Tá brincando comigo, não tá? Igual você faz com o Naruto...

- Não, Sasuke... Eu...

- Por que o Sai pode...? Você gosta mais dele do que de mim, né? - eu estava de olhos fechados, com o corpo todo amolecido enquanto ele falava com a voz ainda mais grave que o normal.

- Não diz isso...

- É verdade. Você ia deixar ele possuir você, não ia? Por que eu não posso? Isso me chateia...

- Eu não gosto mais dele do que de você, Sasuke... - ele segurou minhas costas enquanto meu pescoço caía. Então ele aproveitou pra beijar, lamber e sentir o gosto da minha pele por ali como quis. Me senti sendo devorada e seduzida por um vampiro.

- Então me mostra.

- Você não acredita em mim?

- Olha pra mim. - abri os olhos receosa e devagar direcionei o olhar pra ele. Naquele instante eu fui engolida - Não vou acreditar até você me provar.

- E c-como eu faço isso...?

- Quero que você me diga em palavras tudo que o seu corpo já tá me dizendo.

- E o que é?

- Você sabe. - ele encostou a testa na minha e me segurou com mais firmeza. Os olhos dele não se desviaram dos meus e eu me senti deliciosamente indefesa. Antes que eu percebesse, a mão dele estava embaixo da minha saia, e ele passou sem nenhum pudor pela minha boceta sentindo a umidade da minha calcinha. Nessa hora, os olhos dele saltaram de leve - Nossa...

- Você nunca me tocou assim, Sasuke...

- E você gosta do meu toque?

- Uhum... - minha respiração ficou pesada e minha voz ainda mais aguda que o normal.

- Posso continuar...? - ele esfregou com mais vontade e eu gemi mordendo o lábio. Olhei rapidamente pra baixo e pude ver o pau dele bem duro dando seta. Não aguentei e apertei com força. Ele soltou o ar e a voz ficou ainda mais grave e rouca - Ahh caralho, Hinata...

- Não era em nada disso que eu tava pensando quando vim até aqui, Sasuke... - minha boca falava essas palavras, mas minha mão não desgrudava do pau duro e molhado dele.

- Não mente, Hinata. Você só veio aqui pra isso... - ele também não tirava a mão de mim.

- Não foi...

- Foi sim...

- Nã...

- Sua safada... Cachorra... - ouvir ele falar assim foi como sentir ele me fodendo com a voz. A necessidade tomou ainda mais conta de mim e o receio também.

- Sasuke, isso que a gente tá fazendo... Será que...

- A única coisa que vai me impedir de te comer agora vai ser a sua recusa... Mais nada.

- Eu não consigo recusar!

- Então vem cá! - ele me ergueu e rapidamente me jogou na cama. Em seguida rasgou minha blusa, arrancando todos os botões e deixando meu sutiã azul marinho à mostra - Eu não vou mais me segurar pelo Naruto... Agora você vai ser minha também, Hinata.

- Se segurar pelo Naruto...? - ele não falou nada, só tirou meus seios de dentro do sutiã e caiu de boca neles. Meu corpo inteiro reagiu e eu comecei a me mover enquanto gemia. Movimentei o quadril pra sentir o pau dele roçando em mim e ele fez o mesmo.

- Não posso esperar mais...

- Tudo bem, Sasuke... - falei baixinho no ouvido dele - Se você quiser me foder... Você pode.

Acho que era isso que ele disse que queria ouvir. Na mesma hora ele usou as duas mãos pra tirar minha calcinha. Cada movimento nosso era feito de forma rápida e necessitada, o tesão era tão grande que meu corpo parecia uma bomba relógio. Minha mente estava uma confusão, mas eu sabia que queria muito meter com o Sasuke. Se ele parasse naquele momento, meu corpo entraria em colapso.

A sensação era de êxtase misturado com alívio, como se eu finalmente estivesse obtendo algo que eu queria há muito tempo. Embora eu nem tivesse consciência de que estive esperando por aquilo, quando aconteceu, minha mente clareou de um jeito inesperado e desenhou o quadro de forma explícita pra eu ver.

Comparado ao do Naruto, o toque do Sasuke era até bem suave, mesmo que não parecesse olhando pros dois de fora. Experimentar o jeito do Sasuke de envolver alguém foi delicioso, então a felicidade que eu senti em meio à todo aquele caos foi inevitável. Na hora que o Sasuke colocou o pau pra fora eu não contive o sorriso de satisfação. Eu queria ele dentro de mim me abrindo.

- Você tá me deixando louco, Hinata... - o rosto do Sasuke estava avermelhado enquanto ele me encarava, já sem camisa e pronto pra terminar o que começou - Eu não vou mais conseguir te tratar do mesmo jeito depois. Você tá pronta pra isso?

- Não importa se eu tô pronta... - puxei o rosto dele pra perto e beijei, passando a língua pra sentir toda a pele dele - A minha boceta tá pulsando pelo seu pau, Sasuke... Se você não me foder agora eu vou ter que me masturbar muito depois. Você não teria coragem de me deixar assim, teria...?

- Que putinha mais meiga que você é... - ele falou com a voz mais baixa, já se encaixando na minha entrada - Esse seu jeitinho me deixa mais excitado ainda. Não pense que essa vai ser a última vez que vou meter em você...

- Não vai? - provoquei.

- Sente isso... - ele começou a colocar e meus olhos saltaram. Ver a expressão no rosto dele enquanto ele se encaixava dentro de mim foi insano - Entrou.

- Isso tá mesmo acontecendo...? - gemi com a voz falha.

- Isso é surreal... - ele fechou os olhos e começou meter devagar, me fazendo sentir como o pau dele era gostoso - Mas é bom pra caralho...

Agarrei o quadril dele com as pernas, e as costas dele com os braços. Cada vez ele socava mais fundo, me fazendo gemer mais alto. Minha visão estava turva, meus músculos se mexiam involuntariamente, e o barulho dos nossos corpos se batendo me fazia sentir ainda mais indecente. Eu mal podia acreditar que estava trepando com o Sasuke. Sempre achei que se fosse me envolver com algum dos meninos além do Naruto, seria com o Sai, pelo menos num primeiro momento. Quanto mais ele metia, mais eu queria.

- Isso! - gemi no ouvido dele - Mais forte!

- Quer mais, quer? - ele intensificou - É assim que você gosta, cadela?

- Isso... Eu quero mais... Me fode mais forte!

- Puta! - ele apoiou os braços no colchão e olhou pra mim, acelerando ainda mais o ritmo - Que gostosa!!

- Você faz tão gostoso, Sasuke!

- Eu tô quase... - ele falou com a voz mais trêmula, separando os lábios e erguendo as sobrancelhas.

- Assim você vai acabar gozando dentro...

- Caralho, você é tão quente e apertadinha... - ele tirou bruscamente o pau de dentro da minha boceta, fazendo ela pulsar muito. Acabei revirando os olhos e ficando trêmula. Ele então se ajoelhou e levantou meu tronco com uma das mãos - Vem cá. Faz um carinho nele... Vou dar uma porra bem quente pra você se esbaldar.

- Eu quero! - imediatamente eu comecei a masturbar ele, aproveitando pra lamber e apertar bem aquela rola deliciosa - Goza pra mim, Sasuke... Por favor...

- Continua... - ele abriu a boca mantendo uma expressão de prazer maravilhosa, enquanto me olhava "trabalhar" pra ganhar meu prêmio - Isso... Continua, não pára! Eu tô quase gozando...

Senti ele esquentando cada vez mais na minha mão, e a necessidade só aumentou. Olhei pro rosto do Sasuke e vi nele uma expressão inédita que me fez sentir um prazer quase indescritível. Ele era sempre tão sério, com a cara fechada, então ver aquele olhar agonizante nele me envaideceu. De repente os olhos dele se arregalaram e ele segurou meu cabelo. Eu sabia que ia vir, então já abri a boca pra receber... Senti a porra do Sasuke me sujar, e aproveitei tudo daquele momento. Então é esse o gosto que a Sakura sente sempre? O gosto do Sasuke... Doce e viciante. Ver a porra ser espirrada pra minha boca me deixou ainda mais entregue, além de olhar pro Sasuke. Agora eu sei como ele fica quando goza, e isso vai ficar tatuado na minha mente. A visão do jato quente saindo do pau de um cara que você gosta não é algo que sai fácil da sua mente.

Depois que bebi tudo, ele se inclinou e me beijou... Um beijo lascivo com cheiro de sexo. Em seguida ele se deitou e me puxou pra ele. Fiquei com a cabeça apoiada no peito dele enquanto ele me abraçava. Estava conhecendo um lado novo do Sasuke.

- Eu ainda não acredito que a gente fez isso. - comentei, acariciando o abdômen dele.

- Nem eu.

- Sasuke, o que você acha que a Sakura vai...

- Não se preocupa. - ele interrompeu - Eu sei que ela vai entender. Eu e ela conversamos sobre isso com o Naruto ontem. Até estávamos na dúvida se você e o Sai também se sentiam assim... Mas depois de hoje eu já sei que sim.

- Então isso tá mesmo acontecendo... - levantei a cabeça e me virei pra olhar pra ele - Isso parece divertido mas me dá medo.

- Medo?

- Sim. Esse é o tipo de sentimento que a gente é ensinado a acreditar que não existe. Dizem que amor de verdade a gente só sente por uma única pessoa, o resto é só desejo.

- Se eu fosse guiar a minha vida baseado só no que me ensinaram a acreditar que era certo e errado, eu nunca teria feito nem metade das coisas que eu quis fazer.

- E tem alguma coisa que você queira fazer que ainda não fez?

- Tem sim... - ele desviou o olhar por um instante - Mas tudo que eu quero e não quero envolve vocês. Minhas vontades, minhas emoções e meus planos giram em torno de vocês.

- Comigo também é assim. - me sentei de frente pra ele - Mas eu não quero me magoar mais.

- Tá falando do Naruto, né? - ele sentou também, se apoiando na cabeceira.

- Sim. - soltei o ar.

- Hinata, eu não quero menosprezar seus sentimentos, mas por que você não esquece o que aconteceu? - olhei surpresa pra ele - Tá na cara que o Naruto ficou mal em ter te magoado, além disso, ele nem tá andando mais com a Konan.

- Konan? É esse o nome dela...? - só de lembrar da imagem dessa garota meu estômago ficou embrulhado.

- É sim. Ela é só uma amiga do Naruto, ele não gosta dela como namorada ou coisa assim.

- Eu não acredito que ele goste de mim desse jeito também.

- Você sabe que ele gosta, Hinata.

- Eu ainda não ouvi isso dele, Sasuke. - ele me olhou confuso - Ele chega perto de mim, me toca, fala que eu sou dele, mas é só isso... Ele nunca me disse com todas as palavras que gosta realmente de mim, que está apaixonado por mim. Não é estranho?

- Hm... É.

- Acho que tudo é um jogo pra ele, só isso. O que ele sente por mim não é nada concreto como o que você sente pela Sakura, ou o que o Sai sente pela Ino.

- Hinata... - ele pegou na minha mão - E se eu te dissesse que eu gosto de você assim?

- Eu também gosto de você, Sasuke... - sorri meio sem jeito - Mas você é namorado da Sakura, e eu sei que ela é a pessoa mais importante pra você. Eu queria... - desviei o olhar - Eu queria ser a pessoa mais importante também... Pra ele.

- O Naruto já admitiu que sente alguma coisa especial por você, Hinata. Ele só é idiota.

- Pode ser, mas eu não vou ficar sentada esperando ele parar de ser idiota.

- Não tá pensando em sair com aquele cara não, né? - ele franziu o cenho.

- Eu não vou me fechar pra ninguém, Sasuke.

- Mas não é ass...

- Agora chega desse assunto, por favor. - soltei o ar e levantei, me vestindo rapidamente. Ele fez o mesmo.

- Hinata...

- Hm?

- Eu não sei direito como as coisas vão ser de agora em diante... - ele deu alguns passos na minha direção enquanto sorria - Mas eu não vou esquecer o que rolou aqui hoje.

- Foi incrível. - sorri ajeitando o cabelo, sentindo um frio na barriga.

Estávamos sorrindo um pro outro quando fomos surpreendidos com a porta do quarto abrindo. Olhamos pro lado e a Sakura estava lá. Ela parou com a mão na maçaneta olhando pra nós dois por um instante, em seguida o olhar dela foi direcionado só pra mim.

- Não sabia que ainda tava aqui. - ela me disse num tom de voz normal, mas me olhando com estranheza.

- Eu já tô indo. - senti meu coração começar a acelerar e um pequeno nó se formou no meu estômago.

- Vocês estavam fazendo o que? - ela entrou fechando a porta. Eu e o Sasuke nos olhamos por um momento... Fiquei sem saber o que responder. Ele disse que ela entenderia, mas eu não conseguia pensar numa forma de dizer pra ela o que tinha acabado de acontecer. Comecei a ficar inquieta.

- Conversando, ué. - foi o que o Sasuke respondeu, com a voz bem menos grave que o normal.

- Conversaram bastante, hein. - ela franziu o cenho.

- É... - foi só o que eu consegui verbalizar.

- Bom... - ela olhou brevemente em volta - Aconteceu uma coisa engraçada. Um grupo de meninas veio nos agradecer, acreditam?

- Agradecer? - Sasuke estranhou.

- Sim. - ela sorriu - Sobre o dia que ajudamos a faxineira depois que um babaca tinha derrubado lixo onde ela tava limpando, alguma coisa assim.

- Ah sim... - sorri, me lembrando da ocasião - Você e o Sasuke não estavam. Eu lembro que colocamos o cara pra correr.

- É, os meninos me contaram. - ela continuou - Elas vieram agradecer e dizer que não é a escola inteira que nos odeia. Aliás, que a maioria não nos odeia. Viramos uma espécie de justiceiros agora.

- Por essa eu não esperava. - Sasuke comentou.

- Pois é, eu também não. - a rosada riu, falando normalmente - O Naruto bobão fez questão de dizer pra elas o nome do nosso grupo. Elas com certeza vão espalhar. Vamos ficar ainda mais famosinhos.

- Isso é bom. - comentei.

- É sim. - ela respondeu, mas de repente começou a desfazer o sorriso ao mesmo tempo em que juntava as sobrancelhas. Ela estava olhando pra mim, mas não pro meu rosto, e sim um pouco mais pra baixo - Hina, sua blusa tá com alguns botões abertos. Seu sutiã tá aparecendo.

- Ah... - comecei a abotoar imediatamente, aproveitando pra ajeitar minha roupa. A ansiedade começou a tomar conta de mim - Nossa, nem percebi.

- Hm. - ela olhou pro Sasuke - A sua também, Sasuke-kun. Vocês estão com calor ou coisa assim...?

- Não. - Sasuke desviou o olhar abotoando a blusa também. Quando notei que ele também estava inquieto só fiquei pior - Olha Sakura, eu tô querendo ficar sozinho agora... Se não se importa.

- Hm... - ela fez uma pausa longa estreitando os olhos pra ele - Tudo bem. Eu vim porque fiquei mal pela nossa briga, mas já que você quer continuar brigado eu vou embora.

- Não quero continuar brigado. - ele falou de um jeito que fez ela torcer os lábios, estranhando mais ainda - Eu só... Só tô cansado mesmo. Depois a gente conversa sobre o que aconteceu, pode ser?

- Bom, eu já vou. - falei quase que no desespero, indo apressadamente pra porta, mas quando passei pela Sakura ela me parou.

- Espera. - ela colocou o braço no meu caminho e eu parei. Simplesmente não consegui olhar pra ela - Você tá bem? Parece estranha...

- Eu tô bem. - respondi ainda com a cabeça baixa.

- Eu ia falar com você mais tarde, mas já que está aqui... - ela me virou de frente pra ela, mas eu ainda fugi do olhar - Amiga, eu queria me desculpar pelo jeito como falei com você. A gente não pode ficar brigando justo num momento como esse.

- Não se preocupa, tá tudo bem. - senti minha voz tremer - M-Me desculpa também... Agora eu vou pro meu quarto.

- Hina, o que você tem? - ela perguntou com impaciência.

- Nada...

- Mentira, tem alguma coisa assim. - ela me conhece muito bem - O que tá rolando aqui...?

- A gente tava falando do Naruto. - Sasuke falou e ela olhou pra ele.

- É... - continuei - Eu só estou um pouco triste, quero ficar sozinha.

- Tá triste por causa do Naruto? - Sakura perguntou, parecendo nem um pouco convencida.

- Isso. Eu quero ir pro meu quarto... - respondi.

- Espera um pouco, Hina. Eu vou com você já que o Sasuke não quer falar comigo agora. - ela falou em tom sarcástico. A tensão era paupável e eu queria fugir dali.

- Depois conversamos. - olhei brevemente pro Sasuke e pude ver a aflição no rosto dele. Era óbvio que ele não queria que a Sakura fosse embora e só estava dizendo aquilo pra nos tirar daquela situação. Nem era pra isso ser uma "situação" afinal.

- Tá bom... - o olhar da Sakura ficou um tanto assustador. Ela mirou na minha direção mas eu rapidamente desviei. Ficamos um longo tempo em silêncio, até ela voltar a falar - Sabem o que eu tava pensando?

- O que...? - Sasuke perguntou sem se mover.

- No quanto eu sou feliz por ter vocês na minha vida. - as palavras eram doces mas soaram como o corte de uma navalha - É tão raro existir essa conexão que a gente tem. Nós confiamos uns nos outros acima de tudo e não tem nada que possa quebrar essa confiança. Não concordam?

- Sim... - respondi.

- Concordo. - Sasuke respondeu em seguida.

- Podíamos aproveitar essa resenha na casa do Naruto pra conversarmos abertamente sobre tudo, né? - ela falou indo até a cama e se sentando. Olhou e passou a mão pelos lençóis franzindo o cenho, depois fitou o Sasuke - Sasuke-kun... Seus lençóis estão úmidos. É melhor trocar.

- Eu vou trocar. - ele continuava olhando pra ela, mas de um jeito recluso.

- E também... - ela se levantou e foi até ele devagar. Parecia que o chão tremia a cada passo que ela dava. Ela passou rapidamente a mão pelos cabelos dele - Seu cabelo tá um pouco molhado de suor. Você não é de suar à toa...

- Sakura... - ele olhou pra ela como se implorasse por alguma coisa, mas ela continuou encarando ele impassível.

- O que? - ela perguntou num tom de voz autoritário e raivoso. Eles ficaram em silêncio se olhando. Senti meu coração acelerar ainda mais. A rosada então começou a vir na minha direção e parou na minha frente - Hina...

- O que...? - minha voz saiu quase inaudível enquanto eu olhava pro lado. Ela me tocou suavemente no queixo e me fez olhar pra ela. Dessa vez não pude fugir.

- Olha pra você... - ela começou a acariciar meu rosto. O olhar dela foi ficando melancólico e úmido. A voz dela saiu com um tom de ressentimento que ficou dolorosamente claro pra mim - Você é tão linda... Ele não resistiu, né?

- Sakura... - senti que ia chorar - Do que... E-Eu não sei do que você tá f...

- Não. - ela interrompeu, deixando cair uma lágrima que ela imediatamente limpou - Não, Hina. Não faz isso... Não faz isso comigo. Não você...

- S-Sakura... - um desespero começou a me tomar e meu rosto esquentou.

- Olha pra mim e diz a verdade. - ela olhou fundo nos meus olhos.

- Sakura... - Sasuke chamou mas ela não olhou pra ele.

- Cala a boca. - ela falou na direção dele sem deixar de olhar pra mim - E então... Você ficou tão preocupada que veio até aqui pra consolar, não foi?

- Não foi assim, eu juro... - comecei a falar de forma descompassada.

- Fala logo que você veio aqui e transou com ele! - ela gritou, com os olhos marejados. Olhei pro Sasuke e ele estava de olhos saltados, parecendo tão confuso e agoniado quanto eu - Anda, fala!

- Amiga, por favor... - o choro veio junto com a vergonha.

- Eu quero ouvir da sua boca. Fala... - ela insistiu, embora eu tentasse ficar em silêncio - Fala logo! Admite que você transou com o meu namorado, Hinata... Fala!!

- Sim! - gritei de volta, e ela deu um passo pra trás. Fiquei sem chão - Eu admito... Eu transei com ele.

- Eu soube no momento em que abri essa porta e olhei pra vocês... - ela se virou e cobriu o rosto. Depois ela levantou o rosto e olhou pra nós dois - Por que tentaram ficar me fazendo de idiota?! Vocês acham que eu sou burra??

- Sakura, é claro que eu ia te contar isso... - Sasuke tentou tocar nela, mas ela o empurrou com força.

- Seu filho da puta! - ela gritou, o que nos assustou ainda mais - Ia me contar quando?!

- Amiga, eu só não sabia como dizer isso pra você assim do nada... - tentei me explicar - Eu não sabia o que você ia achar...

- Eu acho que você é uma vadia mentirosa... - quando ela falou isso eu congelei. A Sakura nunca tinha me olhado daquele jeito. Naquele momento eu me dei conta do que tinha feito, do quanto tinha magoado minha amiga, e senti meu peito ser esmagado.

- Sakura, não fala com ela desse jeito! - Sasuke levantou a voz e se aproximou - Fui eu que provoquei tudo. Ela queria embora mas eu insisti... Pode descontar em mim.

- Não importa quem começou! - ela gritou de novo - Sabem o que mais me dá raiva? É vocês tentarem me fazer de idiota com esse teatrinho tosco!

- Sakura... - a voz do Sasuke saiu trêmula - Desculpa por tentar esconder. Mas... Eu sei que você pode entender... Você mesma me disse pra gente não fugir dos nossos sentimentos, lembra?

- Isso não significa que eu vou adorar ver você na cama com outra depois que a gente brigar, seu imbecil... - ela pareceu ficar com mais raiva ainda.

- Por favor, me perdoa... - comecei a soluçar, me senti um lixo. Passou pela minha cabeça que foi a maior idiotice sucumbir à esses sentimentos. Em que mundo isso daria certo? No fundo ninguém consegue aceitar uma coisa assim.

- Por que tá chorando?! - ela questionou, soltando uma risada rápida - Eu quem devia chorar. Minha melhor amiga me ferra e depois chora...

- Amiga, e-eu não quis... P-Por favor... - não consegui conter o choro mesmo depois do que ela falou.

- Vocês que se fodam. - ela abriu a porta e saiu dali com pressa.

- Sakura!! - tentei ir atrás dela mas o Sasuke me segurou pelo braço.

- Deixa ela, Hinata. - olhei pra ele e vi que os olhos dele estavam abatidos - Não vai adiantar ir atrás dela agora. A gente tem que esperar ela se acalmar.

- Foi uma péssima ideia, Sasuke... - continuei chorando sem parar - Isso que a gente fez foi horrível! Ela nunca vai me perdoar, nunca!

- Não foi horrível e eu não retiro nada do que eu disse. - ele segurou meu rosto - Eu ia contar logo pra ela, mas isso dela aparecer aqui bem na hora me pegou de surpresa. Acho que ela ficou chocada demais pra raciocinar, mas ela não vai ficar com raiva pra sempre. Eu já conheço ela o suficiente pra saber.

- Você viu o jeito como ela olhou pra mim? Ela tá me odiando, Sasuke... A gente nunca se desentendeu assim.

- Em nenhum momento ela te mandou não chamar ela de "amiga" ou coisa do tipo, mesmo no ápice da raiva. Reparou nisso? - eu não tinha reparado - Ela não odeia você.

- Espero que tenha razão. - limpei um pouco o rosto e fui até a porta - Eu preciso ficar sozinha agora.

- Vai dar tudo certo, não se preocupa. - assenti e saí de lá tentando acreditar que isso era verdade.

Mandei várias mensagens pra Sakura pelo resto do dia e ela não me respondeu. Fui pro quarto dela mas ela não estava lá. Minha ansiedade estava me matando, eu não sei como não surtei. Tinha medo de que ela considerasse aquilo uma traição e a nossa relação ficasse comprometida pra sempre.

Por outro lado, só de lembrar do Sasuke... Foi gostoso demais. Agora não vou mais conseguir olhar pra ele como sempre. Toda vez que eu olhar ou interagir com ele, vou me lembrar daquela expressão que ele fez quando tava delirando. Não posso negar que foi muito divertido, eu nunca teria conseguido dizer "não".

No dia seguinte, me arrumei normalmente e desci. Matei praticamente todas as aulas nos últimos dias, então precisava recuperar. Além disso, talvez me ajudasse a esquecer um pouco o que aconteceu. Só de pensar na Sakura me dava vontade de chorar.

Passei apressada pelo corredor porque já estava atrasada, e acabei esbarrando numa garota. Tanto o meu material quanto o dela foram pro chão, foi um mico. Me ajoelhei e comecei a recolher.

- Me desculpa! - falei, juntando as coisas dela com pressa.

- T-Tudo bem... - a voz dela era tão fininha e baixa que parecia até um ratinho. Fora que ela nem me olhou praticamente.

- Aqui. - sorri, entregando os livros dela, já de pé - Desculpa mais uma vez, eu nem te vi.

- Eu que peço desculpas. - ela estava com as bochechas coradas e uma expressão de medo. Ficava agarrada nos livros como se eles fossem proteger ela.

- Bom, então tchau. - dei de ombros e me virei. Depois de alguns passos eu percebi um silêncio total, então olhei pra trás e vi que ela ainda estava parada na mesma posição - Precisa de ajuda?

- Han? - ela me olhou surpresa e parecendo até assustada - Ah... Eu...

- Tá perdida? - não sabe falar, meu anjo?

- S-Sim. - ela respondeu baixando o olhar. Soltei o ar. Eu já estava atrasada mesmo.

- Você é nova aqui? - voltei a me aproximar dela. Ela respondeu acenando positivamente com a cabeça - Pra que aula você vai?

- Ehh... - ela pensou por um momento e pegou uma folha de dentro do fichário dela. Era o cronograma de aulas.

- Ah, estamos indo pra mesma aula. - sorri, devolvendo o papel pra ela - Vem, eu te levo até lá.

- Sério? - ela ergueu as sobrancelhas parecendo uma criança.

- Claro. Vamos... - toquei rapidamente nas costas dela e ela tremeu, então eu tirei a mão na mesma hora. Levei até um susto - Desculpa.

- Tudo bem. - ela veio andando do meu lado, ainda com a cabeça baixa e aquela linguagem corporal de derrota.

- Me desculpa perguntar mas... Você tá bem? - ela olhou pra mim - Parece que tá passando mal. Se quiser posso te levar pra enfermaria.

- Eu tô bem... É que hoje é meu primeiro dia aqui. Eu só tô nervosa com a escola nova.

- Ah, tenho certeza que você vai adorar a Kage. - sorri, tentando amenizar a situação pra ela - Eles são rígidos com algumas coisas mas é muito legal estudar aqui.

- V-Você... - ela limpou a garganta antes de continuar - Você estuda aqui há muito tempo?

- Sim, há anos.

- Será que vou ser advertida no meu primeiro dia por esse atraso?

- Não, relaxa. Eu posso ser advertida, mas você não. Você é aluna nova, então eles entendem.

- Que bom. - ela respirou aliviada. Parecia realmente nervosa.

- É aqui. - chegamos bem rápido na sala de aula e ela fez cara de susto de novo - Não passou muito tempo da aula. Vamos conseguir pegar a matéria.

- Espera... Não quero entrar agora.

- Não quer? Por que?

- Todo mundo vai olhar, eu não gosto disso... Sou muito tímida.

- Se você não entrar vai perder a aula.

- Eu sei... Depois eu recupero. Não quero entrar agora no meio da aula.

- Bom, tudo bem, você quem sabe. Eu vou entrar, tá bom? - coloquei a mão na maçaneta, mas ela pegou no meu braço.

- Espera! - ela tava me olhando com súplica - Será que... V-Você pode... Esperar aqui fora comigo...? Só até a primeira aula acabar.

- Olha... - fiquei um pouco desconfortável - É que eu preciso assistir essa aula...

- Por favor! Por favor... - a voz dela ficou embargada - Eu não quero ficar aqui sozinha.

- Ah... - soltei o ar - Tá bom. Eu espero com você.

- Jura?? - ela esboçou um sorriso.

- Sim, eu já tô encrencada mesmo. - dei de ombros.

- Obrigada! - do nada ela me abraçou. Levei um susto mas ri - Como se chama?

- Hinata Hyuuga. Prazer.

- O prazer é meu, Hyuuga-san.

- Não precisa de tanta formalidade não. Pode me chamar de Hinata.

- Hina-chan! - ela sorriu. Achei ela esquisita, mas engraçada. Ela é toda introvertida e do nada fica super sociável. Não liguei muito. Cumpri o que falei e fiquei lá com ela até o final da aula. Não estava faltando muito tempo mesmo.

Sakura

Saí pisando duro do quarto do Sasuke-kun, fervendo de raiva daqueles dois. Tava escrito "trepamos" bem na testa deles e mesmo assim eles tentaram fingir que não aconteceu nada. Me pergunto quanto tempo eles ainda pretendiam ficar mentindo pra mim.

Eu admito que imaginei que algo assim aconteceria em algum momento, mas quando eu vi os dois interagindo na hora que abri a porta, foi mais estranho do que eu achei. Eu tinha acabado de me desentender com os dois... A sensação foi como se eles tivessem se unido "contra" mim. Não foi ciúmes por eles terem transado, foi mais complexo que isso.

Se eles forem fazer isso sempre que ficarmos brigados, talvez chegue o momento em que eles não precisem mais fazer as pazes comigo.

Do alto desse meu egoísmo eu corri até o meu quarto pra me trocar. Precisava extravasar, pensar um pouco. Vesti meu top e short de ginástica e fui pro ginásio. Tava vazio, ainda bem. Depois de me aquecer, peguei um par de luvas e comecei a socar o saco de pancadas. Isso sempre me fez muito bem, é a melhor terapia. Nem percebi a hora passar.

- Não achei que te encontraria aqui à essa hora. - me assustei com a voz do Kakashi sensei ecoando no ginásio. Ele apareceu com uma regata larga e calça de ginástica também.

- Veio fazer o que aqui? - perguntei com um ar enorme de antipatia.

- Treinar, como sempre faço. - ele começou a enfaixar os dedos.

- Desde quando você treina? - sorri irônica.

- Te faço a mesma pergunta.

- Bom, hoje você vai ter que treinar em outro lugar. Eu cheguei primeiro. - estiquei o corpo rapidamente e reparei que ele me mediu.

- Você precisa da permissão do professor pra treinar fora do horário de aula, e mesmo com a permissão, esse horário é contra todas as regras. Você pode sair daqui com uma suspensão, ou eu posso fazer vista grossa e deixar você continuar, mas tendo que aturar a minha presença. O que você prefere?

- Já entendi. - bufei e voltei ao que tava fazendo.

- Tá fazendo isso errado. - ele falou depois de alguns minutos.

- Que? - parei e fiz cara feia pra ele.

- Sua postura tá toda errada. - ele veio na minha direção.

- E você entende de boxe por acaso?

- Entendo de vários tipos de luta.

- Você? - dei risada.

- Se duvida pode me enfrentar.

- Tá me desafiando?

- Tô, por que? Tá com medo? - maldito espertinho.

Fui pra cima dele na hora. Tentei acertar um soco mas ele desviou com facilidade, mesmo com o elemento surpresa. Tirei as luvas e tentei de novo, mas novamente ele desviou. Continuei tentando sem sucesso. Eu gastava bastante energia enquanto ele mal se mexia, foi humilhante. Ele ficou na defensiva o tempo todo, até segurar meu antebraço e rapidamente me virar e me imobilizar.

- Bom, você tentou. - ele disse antes de me soltar.

- Até que eu não fui tão ruim.

- Realmente você não foi. Ainda tem que melhorar um pouco pra ficar ruim, por enquanto você tá péssima.

- Ah, vai à merda. - reclamei mal humorada e ele riu.

- Eu posso te treinar se você quiser.

- Vai sonhando. - fui até a torneira e joguei uma água no rosto. Em seguida ele mesmo me jogou uma toalhinha.

- Eu tô falando sério, Sakura. Posso te ensinar a lutar direito, você aprenderia a se d...

- A me defender? - interrompi - Seria bom. Vai que tem algum tarado nojento me seguindo por aí... - ele soltou o ar e baixou o rosto por um momento, depois voltou a me olhar, bem mais sério dessa vez.

- Desculpa ter escondido isso de você.

- Você não tem que se desculpar por ter escondido o que fez, e sim por ter feito.

- Eu não tive escolha, Sakura. - ele deu alguns passos na minha direção e eu recuei.

- Não acredito em você.

- Eu queria te contar, mas eu não podia.

- Por que se aproximou de mim? - a sensação de raiva foi voltando - Como você teve coragem de me deixar fazer todas aquelas coisas com você como se você fosse... Sei lá... Normal?!

- Eu fui fraco! Eu sei que eu não devia ter me aproximado daquele jeito de você, mas eu não resisti.

- Há quanto tempo você queria aquilo?

- Muito tempo.

- Você me dá nojo... Eu tenho nojo de você!

- Não. - ele foi se aproximando de mim - Não tem.

- Eu odeio você... - falei com a voz mais baixa, sentindo um nó na garganta.

- Não, não odeia... Você gostaria de odiar.

- Por que? - perguntei o que tanto me afligia. Essa história com o Kakashi sensei é uma coisa que me perturba o tempo todo, e que eu procuro sempre a melhor forma de esconder ou deixar pra lá - Eu confiava em você, eu te admirava! Tem ideia do que eu senti quando descobri o que você fazia?!

- Eu quero te contar tudo, te explicar. Talvez você não me perdoe mesmo assim, mas pelo menos vai me entender.

- Por que você só fala as coisas pela metade?! - alterei a voz e senti o rosto esquentar - Me conta logo o que tem pra contar!

- Ainda não.

- Então quando?? - cobri o rosto e comecei a chorar. Simplesmente fui tomada, não consegui evitar. Me senti uma idiota mas foi assim.

- Sakura, vai ficar tudo bem... - ele chegou perto de mim e me envolveu com os braços.

- Não vai, tá tudo uma merda... - continuei com as mãos no rosto - Tá tudo uma merda, Kakashi sensei...

- Por favor, não fica assim... - ele falou baixo no meu ouvido - Ver você chorar me dói muito, Sakura.

- Uma das pessoas que eu mais amo tá presa numa cama de hospital, minha amiga e meu namorado não precisam de mim, tá tudo uma merda! - tirei as mãos do rosto aumentando a voz - Eu só queria que as coisas voltassem ao normal...

- Você brigou com o seu namorado?

- Notícia boa pra você, né? - empurrei ele.

- Sakura, você ama mesmo aquele garoto?

- Muito. Não é a primeira vez que me pergunta isso. Não acredita?

- Eu só queria achar uma pista, por menor que fosse, de que você tá se enganando. Ou de que pelo menos sente alguma coisa por mim.

- Você não vai achar essa pista nunca, não importa quantas vezes me pergunte. - respirei fundo e comecei a enxugar as lágrimas.

- Eu vou continuar procurando por essa pista, Sakura.

- Por que insiste tanto? Você pode ter a mulher que você quiser.

- Se eu pudesse mesmo, você já seria minha. - o olhar dele era lascivo e me trazia nostalgia da época em que ele chegou na Kage. Naquela época eu não via ele como um louco obcecado.

- Você não bate bem, Kakashi sensei. - soltei o ar.

- Sakura... - ele se aproximou com tudo pegando na minha cintura. Ele era mais forte que eu, então eu não pude tirar as mãos dele de mim - Eu te amo.

- Pára com isso... - virei o rosto pra que ele não alcançasse minha boca, mas ainda assim continuei sentindo o hálito quente dele tocar minha pele.

- Te amo demais! Eu sou completamente louco por você!

- Não diz essas coisas...

- Mas é verdade! Eu amo você...

- Então me prova. - ele me olhou surpreso.

- Como?

- Tem uma coisa que eu preciso saber.

- O que é?

- O que você sabe sobre as investigações do caso da Ino?

- Ah não, Sakura... - ele desviou o olhar.

- Eles já chegaram em algum suspeito? Descobriram alguma coisa?

- Não posso contar. Não era nem pra eu saber, isso é muito sigiloso.

- Kakashi sensei, nós sabemos quem foi.

- Sabem? - ele franziu o cenho.

- É muito óbvio. Por que não interrogaram ela ainda?? Kakashi sensei, tem alguma coisa errada nisso...

- Você tá supondo demais, Sakura.

- Eu sinto! - comecei a ficar muito agoniada - Kakashi sensei, por favor, eu preciso da sua ajuda! Preciso da sua ajuda pra punir quem tentou matar a Ino.

- Você tem noção do que tá falando?? - ele me soltou - Sakura, não se mete nisso! Deixa a polícia cuidar disso. É perigoso demais.

- Alguém tentou matar a Ino! Como eu posso não me meter?!

- Justamente por isso! Se tem uma pessoa na Kage capaz disso, temos que tomar todo o cuidado possível. Que droga, não era nem pra gente estar falando sobre isso aqui...

- Por favor, me fala... Eu sei que você sabe bastante, Kakashi sensei. Por favor...

- Sakura, eu te dou o que você quiser, faço o que você quiser, mas não me pede isso.

- Eu tô implorando, Kakashi sensei... Por favor... Eu posso confiar em você de novo.

- Não brinca comigo, Sakura. - ele pareceu irritado e se virou, então eu segurei ele pelo pulso.

- Não tô brincando! Kakashi sensei, eu preciso de você. Por favor, me ajuda.

- Que droga... - ele soltou o ar levando as mãos ao rosto.

- Kakashi sensei, eu não quero brincar com os seus sentimentos... - ele voltou a olhar pra mim. Me aproximei e toquei o rosto dele - Mas eu vou fazer isso se me ajudar a conseguir o que eu preciso...

- Você tem muita coragem pra dizer isso na minha cara...

- Eu sou honesta, Kakashi sensei. - me aproximei mais passando as mãos pelo peito dele. Era a minha súplica, e eu sei que ele entendia.

- Essa sua honestidade me assusta.

- Mas você gosta... - falei com a voz mais baixa, e ele me abraçou. Dizer que eu odiei isso seria mentira.

- Essas informações não podem cair em mãos erradas. Você tem que prometer que não vai agir sem falar comigo, Sakura. Esse assunto é muito delicado. - ele continuou abraçado à mim.

- Tá bem, eu prometo.

- Eles não investigaram muito mas já estão apontando um suspeito.

- Quem?

- O namorado dela. - meu coração disparou e eu parei o abraço, assustada.

- O Sai?! Por que??

- É isso que eu quero saber. Eles não deram nenhum motivo concreto pra isso.

- Então agora eles vão começar a montar um circo pra culpar o Sai, é isso?!

- Provavelmente.

- Que bando de filhos da puta! - esbravejei, sentindo um calafrio na espinha.

- Eu tô cuidando disso, mas pra que eu consiga fazer meu trabalho, você tem que cumprir sua promessa e manter segredo sobre isso.

- Seu trabalho? - fiquei confusa.

- Não abre a boca sobre isso, Sakura. - ele falou com tanta seriedade que me deu medo - Me prometa.

- Prometo, prometo. Tudo bem, eu entendi... - fiquei atordoada.

- Preciso que confie em mim.

- Eu confio. - ele sorriu quando eu disse isso - Kakashi sensei, eu preciso ir...

- Tá bem. - ele pareceu desapontado.

- Boa noite. Obrigada por me contar isso. - dei um beijo no rosto dele e saí apressada.

O agradecimento foi de coração. A informação que o Kakashi sensei me deu é muito séria. Agora que sei disso, preciso apressar todo mundo pra que bolemos logo um plano pra pegar a verdadeira culpada. Eu vou dar um voto de confiança pro Kakashi sensei. Por mais que tudo esteja contra ele, minha intuição me diz pra confiar.

Só em imaginar o Sai sendo apontado como culpado por esse crime, meu coração dói. Isso não faz sentido, ele tem um álibi, tava com a gente quando atacaram a Ino. Não tem como uma acusação contra ele se sustentar, certo? Principalmente quando a Ino acordar e contar quem foi. Tem uma armação perigosa por trás disso e precisamos descobrir. Agora sei que vai ser bem mais perigoso do que eu imaginei.

Fui pro meu quarto tomar um banho, mas não consegui ficar lá. Meu coração tava apertado demais. Eu precisava me resolver com o Sasuke-kun, com a Hina, mas depois de conversar com o Kakashi sensei, eu tinha uma necessidade ainda maior do que essas. Com uma pontada no peito que ficou forte demais, eu fui bater na porta do quarto do Sai. Ele demorou um pouco pra abrir. Quando apareceu tava sem camisa, com a calça do pijama e uma toalha na cabeça secando o cabelo. Pareceu surpreso quando me viu.

- Sakura, oi! Tá tudo b... - cortei a fala dele com um abraço. Voei no pescoço dele já chorando, sentindo meu coração explodir. Ele empurrou a porta pra que ela se fechasse e me abraçou de volta - Ei... O que foi? O que aconteceu?

- Não vai embora nunca, Sai! - eu soluçava no ombro dele, agarrando o corpo dele com todas as minhas forças como se uma ventania estivesse tentando levar ele de mim - Por favor, prometa que nunca vai abandonar a gente! Não deixa ninguém te separar da gente, Sai, por favor, por favor, por favor...

- Sakura... - ele devagar nos afastou minimamente só pra poder olhar pra mim.

- Por favor, por favor, por favor, por favor... - eu chorava tanto que a minha visão até ficou embaçada.

- Sakura, do que você tá falando? - ele me olhou com preocupação, mas eu só sabia chorar.

- Não quero te perder, Sai... - foi louco o jeito como eu me dei conta disso.

- É claro que eu nunca vou me separar de vocês, Sakura... Por que tá falando assim? O que acont... - beijei ele. Eu tava me sentindo meio tonta, senti que ia cair, que meu corpo ia desabar, então pareceu que beijar ele seria meu alicerce... E foi. Ele se surpreendeu, mas logo o corpo dele respondeu e ele se entregou ao beijo. Senti meu corpo ficar dormente, e uma calma misturada com euforia tomou meu coração. Pensei que talvez fosse esse mesmo sentimento que tenha feito o Sasuke-kun e a Hina se fundirem também.

- Sai... - parei o beijo pra falar. Ele me olhava com os olhos saltados, parecendo não acreditar.

- O que foi isso, Sakura...? - ele falou com a voz rouca, ainda segurando meu rosto.

- A gente precisa de você, Sai. - nem sei como eu consegui falar já que eu ainda tava sem ar - A Ino precisa de você. Eu preciso de você...

- Não quer me contar o que aconteceu? - ele acariciou meu rosto com suavidade.

- Não aconteceu nada... - um nó gigante se formou na minha língua quando eu menti pra ele. O choro voltou a se descontrolar.

- Dorme aqui comigo hoje. - ele me olhou de um jeito que nunca tinha olhado antes.

Beijei ele de novo, fazendo a gente quase desmaiar pela falta de ar. Beijar ele me acalmou. Eu descobri o quanto era bom sentir a saliva dele se misturando com a minha enquanto nossos lábios se sugavam. Meu corpo queimava, mesmo com um único beijo, com um único toque... Que sentimento cativante e irresistível.

Eu dormi com ele, abraçada, e percebi porque a Ino se apaixonou. Eu não transei com o Sai, apenas dormimos. Agora eu conseguia entender o Sasuke-kun, conseguia entender a forma diferente como ele me amava e como amava a Hinata. Essa percepção me fez sorrir.

Eu carregava comigo uma informação muito importante que me deixava apavorada. Não importa o quanto eu seja durona, naquele momento eu tava me borrando de medo pelo Sai. Eu soube que iria até o fim do mundo pra proteger ele.

Sasuke

Tentei falar com a Sakura o dia todo mas ela não me atendeu. Eu não tava preparado psicologicamente pra ser dispensado por ela de novo, então decidi não procurar por ela no prédio. O que eu argumentaria com ela? Eu não podia dar explicações, o que aconteceu, aconteceu. Eu teria essa conversa com a Sakura quando ela estivesse pronta. Eu amo muito essa mulher, mais do que tudo, mais do que qualquer um, então não é fácil dar esse espaço. Mas é preciso.

Tomei meu banho e fiquei no meu quarto. Eu gosto de ficar sozinho, me ajuda a pensar. Pensei em todos os assuntos pendentes, como o mau caráter do pai da Hinata, o ex namorado desprezível da Ino, e claro, a psicopata da Tsuchi que é a nossa suspeita número um. Eles simplesmente sumiram da minha vista. Quando gente assim desaparece, coisa boa não é. Eu tô com essa pulga atrás da orelha já há um tempo.

- Eaí? - tomei um puta susto quando o Naruto entrou no quarto.

- Não bate mais antes de entrar, imbecil?

- Foi mal. Esqueci. - ele falou num tom bem cínico e riu - Tá fazendo o que?

- Nada. Só pensando.

- Em que? - ele sentou numa cadeira de frente pra cama e esticou as pernas apoiando os pés no criado mudo.

- Muitas coisas. - cobri o rosto, cansado.

- Tipo o que?

- Você tem visto a Tsuchi?

- Não. Nem ela e nem a Samui.

- Não é estranho elas sumiram logo depois da Ino ser atacada?

- A gente meio que já sabe que foi a Tsuchi, então não é estranho. Óbvio que ela tá tentando se esconder. A Samui deve estar dando cobertura, sei lá.

- A Samui dando cobertura? - tirei o braço do rosto e olhei pra ele - Você acha que a Samui se meteria numa coisa assim com a Tsuchi?

- Acho. - ele falou com toda a simplicidade do mundo, embora fosse uma coisa séria.

- Tsc, tô com um péssimo pressentimento.

- Eu contratei um segurança.

- Quê?! - fiquei surpreso.

- Bom, não fui eu diretamente, foi meu pai. Pedi pra ele contratar um segurança particular pra vigiar o quarto da Ino no hospital.

- Você fez isso quando? - me sentei.

- Hoje. O cara já tá lá. - ele falou como se não fosse nada.

- Naruto, você teve essa ideia sozinho? Por que não avisou?

- Eu só fiz, Sasuke. A Tsuchi sumiu, o tal do Gaara sumiu... Eles são os principais suspeitos, né? Fiquei preocupado sem saber por onde eles andam, se estão tramando alguma.

- Também fiquei preocupado, mas...

- Mesmo que não tenham sido eles, seja lá quem for que tentou matar a Ino, não conseguiu o que queria, então não vai desistir. Temos que proteger a Ino.

- Caramba, mandou bem.

- Não fiz nada demais, você só tá surpreso porque isso partiu de mim. - ele ficou mais sério - Eu sei que todo mundo me acha um idiota, mas eu não sou.

- Você é idiota, mas quando quer, até que consegue ser inteligente. - ri rápido da cara dele mas ele continuou sério - É bom saber que a Ino tá mais protegida.

- E tá mesmo. Eu sei que o meu pai não contrataria qualquer incompetente. - o Naruto dá dessas às vezes. Ele age por conta própria e toma uma atitude num momento crítico, sem nenhum alarde. Dá a impressão de que ele sempre tem uma carta na manga. É uma virtude que eu admiro nele.

- Hm, isso é um alívio. - me acomodei na cama de novo e fechei os olhos, soltando o ar e relaxando. Pelo movimento da cama pude perceber que o Naruto deitou do meu lado. Ele ficou em silêncio por um bom tempo, o que começou a me irritar - Tsc.

- Que foi?

- Se tem alguma coisa pra falar, fala.

- Não tenho nada pra falar não.

- Hm. - continuei de olho fechado, mas contei até 3, e fui certeiro.

- E então, Sasuke... - não falei? - Como foi?

- Como foi o que?

- Transar com a Hinata. - abri os olhos rápido. Ele tava sério, com um olhar indecifrável. Me sentei soltando o ar.

- A Sakura te contou?

- Não. - ele respondeu se sentando também, mas sem olhar pra mim.

- Como soube?

- Eu soube agora.

- Agora? - fiquei confuso.

- É. - ele se levantou e deu alguns passos pra outra beirada da cama, ficando de frente pra mim - Já contei pelo menos uns três fios do cabelo da Hinata aqui...

- Isso não quer dizer nada...

- Fora que o cheiro dela tá impregnado nesse quarto! - ele levantou a voz e fez uma expressão de raiva.

- Naruto, eu ia te contar! - me levantei, ainda sem acreditar que tava passando pela mesma coisa de novo no mesmo dia.

- Ela tava estranha mesmo na hora que disse que viria atrás de você... Preocupada até demais.

- A gente não combinou nem planejou nada, só rolou. Eu não pude me segurar e ela também quis, então...

- Vai à merda, Sasuke! Tá falando isso pra se gabar?

- O que?! Me gabar??

- É, se gabar! Você sabe muito bem como a Hinata tem agido comigo.

- E daí?

- Ela tá distante, tá magoada, me evita o máximo que pode. Na última vez que toquei nela, ela me afastou, recuou, pediu pra eu parar. - ele pareceu um pouco triste ao mencionar isso - Mas com você ela quis!

- Então é esse o problema, idiota? - levantei a voz também - Você tá competindo e não quer perder pra mim, né?!

- Eu nunca perderia pra você!

- Você sempre perdeu pra mim, Naruto! Em tudo, desde que a gente era moleque. Por isso acabou inventando essa rivalidade tosca.

- Se essa rivalidade existe é por culpa sua, que sempre se fez de superior, como se fosse melhor que todo mundo!

- Eu nunca agi assim, isso é coisa da sua cabeça.

- Eu nunca me incomodei muito com isso Sasuke, de verdade... Mas agora você envolveu a Hinata.

- Eu não fiquei com a Hinata por causa de uma rivalidade infantil!

- Então foi por quê então?!

- Porque eu gosto dela! - a face dele congelou por um momento.

- Não mais do que eu, Sasuke... - a voz dele ficou mais baixa.

- Eu sei, Naruto. Mas a Hinata não sabe disso. Ela acha que tudo é um jogo pra você, que ela não é especial pra você. Ela tá sofrendo com isso, cara...

- Eu sei! Eu já me decidi, Sasuke.

- Decidiu o que? - me aproximei.

- Eu tenho sido um fraco e por isso magoei ela. - ele levou uma das mãos ao rosto, soltando o ar com força - Eu sinto que ela tá cada vez mais distante de mim, cada vez fica mais fácil pra ela ficar sem mim, e eu sou egoísta demais pra deixar isso continuar assim. Eu não quero que ela deixe de me querer, de precisar de mim... Não posso deixar ela solta mais, Sasuke. Alguém pode vir e roubar ela...

- Isso, Naruto! É exatamente o que eu penso. Até que enfim você se ligou.

- Eu... - ele tirou uma coisa do bolso - Eu comprei isso.

- Comprou isso pra Hinata? Quando? - era uma caixa pequena de veludo preta, com um anel de compromisso dentro. Fiquei surpreso e feliz.

- Há alguns dias, mas eu ainda tava me decidindo.

- Por que tanta demora, Naruto?

- Você sabe porquê. - ele fez um olhar sugestivo pra mim - Mas eu tô cansado de ficar preso no passado.

- Foi bom você ter tomado essa decisão agora. Mais um pouco e provavelmente a Hinata te escaparia de vez.

- Por que acha isso? - ele olhou curioso pra mim - Ela te disse alguma coisa?

- Disse.

- O que?? O que ela falou de mim??

- Hm... - fiz uma pausa - Não vou contar pra você.

- An?! - ele me olhou com raiva.

- Quando vai falar com ela?

- Amanhã. - ele voltou a relaxar o rosto e olhou pro anel - Tenho medo dela não me aceitar.

- Ela gosta mesmo de você, Naruto.

- Merda, eu tô nervoso! - ele começou a andar de um lado pro outro.

- Pára com isso.

- Tô me sentindo um adolescente.

- Bom, você não é bem um adulto mesmo.

- Pára de me zoar, Sasuke. - ele sentou na cama pensativo, e aos poucos começou a sorrir.

- O que foi?

- Eu tô feliz. - ele ergueu o rosto e olhou pra mim, ainda com um sorriso de felicidade genuíno - Me sinto pronto agora. Pronto pra ela.

- Isso é bom. - me sentei do lado dele - O que te fez decidir?

- Eu fiquei em choque com o que aconteceu com a Ino. Ela quase morreu. Percebi que algo que você ama pode deixar de existir... Não quis mais perder tempo. Além do mais, não gosto de ver a Hinata sofrer, isso me machuca também.

- Tô feliz por você. - toquei rapidamente o ombro dele e levantei - É um grande passo.

- Eu achei que nunca mais conseguiria fazer algo assim...

- Naruto, a Sawako era uma qualquer. Esquece que um dia conheceu aquela piranha.

- Credo, não fala o nome dela. - ele desviou o olhar.

- Boa sorte amanhã.

- Valeu.

- Agora, se não se importa, eu quero dormir. Vaza.

- Tá bom. Boa noite. - ele levantou com cara de deboche, mas quando pensei que ele ia sair, ele veio até mim - Só uma coisa...

- O que? - dei de ombros. Ele chegou perto, segurou meu rosto e me roubou um beijo. Pra mim foi um susto e eu empurrei ele na hora - O que tá fazendo, idiota?!

- Não posso? - ele me olhou de um jeito bem sério e desafiador. Fiquei nervoso sem entender.

- Não! - fui apressado pra porta e abri - Sai do meu quarto, quero ficar sozinho.

- Você tá sendo rude, Sasuke. - ele caminhou na minha direção e bateu a porta com força sem desviar o olhar.

- Que porra é essa, Naruto?? Vai acordar todo mundo! - fiquei ainda mais nervoso. O jeito dele tava muito diferente do que eu conhecia.

- Você não me respondeu ainda.

- O que?!

- Como foi transar com a Hinata? Você gostou? Se divertiu...?

- Você tá mesmo bravo por isso?! - inacreditável - Eu não tenho que contar nada pra você.

- Eu quero saber. - ele se aproximou mais enquanto eu dava passos pra trás.

- Foi bom sim, eu faria isso de novo mais um milhão de vezes... - ele me segurou pela camisa.

- Então você gostou, né?! Deve ter sido muito bom ver o rostinho dela quando tá excitada, não foi?

- Foi!

- Você devia me compensar por isso, Sasuke. - ele me empurrou na cama.

- Quê?! Mas que merda é essa que você tá falando??

- Desculpa, Sasuke... - ele simplesmente montou em cima de mim e tirou a camisa - É que você ainda tá com o cheiro dela.

- O que tá fazendo?? O que você quer?! - arregalei os olhos.

- Eu só quero sentir um pouco... - ele se inclinou e levou o rosto até o meu pescoço. Fiquei estático sem acreditar no que tava acontecendo. Ele beijou e lambeu meu pescoço, o que me causou um arrepio agoniante. Quando senti que ele tava duro, tirei ele de cima de mim e me levantei num movimento rápido.

- Naruto, eu não tô afim disso, beleza?!

- Você me deve. - ele se levantou também e eu fui andando até o outro lado do quarto.

- Te devo?

- Eu tava acordado quando você contou pra Sakura sobre o Sai ter ido pra cima de você.

- Ah... - soltei o ar - Então você ouviu...

- Ouvi. Inclusive a parte em que você disse que ficou excitado.

- Foi só o momento e não aconteceu nada.

- É, mas aconteceu uma coisa muito importante entre você e a Hinata hoje. - ele continuou vindo na minha direção.

- Naruto, o que você tem? Me diz o que tá te incomodando tanto porque eu ainda não entendi.

- Você não se importou quando o Sai se aproximou de você. Sabe o que eu vi hoje quando tava vindo pra cá? Passei pelo corredor do quarto do Sai, vi quando ele fechou a porta, e deu pra notar que a Sakura tava lá.

- A Sakura...? - saltei os olhos.

- Sim, e eles estavam abraçados. - não consegui falar nada. Fiquei pensando no que eles estariam fazendo sozinhos no quarto, se a Sakura ainda tava com raiva de mim e por isso foi dormir com ele... - Aí eu chego aqui e acabo constatando que você e a Hinata transaram... E pra piorar você fica todo assustado com a minha investida e tenta me expulsar do quarto.

- Não tô te entendendo.

- Me parece que vocês todos estão se entrosando e me deixando de fora! - ele levantou a voz e pareceu realmente chateado. Eu pude compreender o lado dele.

- A gente não tá te deixando de fora de nada, Naruto.

- O que você pensaria se estivesse no meu lugar? - ele se aproximou mais e ficou bem perto.

- Sei lá... - soltei o ar - Beleza, eu entendo que você se sinta assim, mas não devia. Você faz parte disso tanto quanto todo mundo.

- Então me prova.

- Não tenho que te provar nada.

- Você deve!

- Vai se foder!

- Você é um babaca arrogante, Sasuke... - ele se aproximou mais, ficando com o rosto quase colado no meu. Meu coração tava disparado pelo nervosismo e o susto.

- Você tá agindo estranho, Naruto... Amanhã você vai se entender com a Hinata e tirar essas merdas da cabeça.

- Amanhã ainda não chegou, e hoje eu tô aqui. Vai ser você mesmo, Sasuke.

- Eu mesmo o que?! - ele segurou meu rosto com firmeza e me beijou de novo. A língua dele entrou de forma agressiva na minha boca mudando o fluxo da minha respiração. Eu continuei de olhos abertos porque a ficha não tava caindo. Afastei minimamente minha boca mas ele continuava me perseguindo com a dele - Pára!

- Shh.

- Naruto! - ele continuou.

- Você não é mais fraco que eu fisicamente, Sasuke. Sabe que pode me fazer parar a qualquer momento. Por que não faz? - fiquei sem resposta de novo - Se você realmente não quisesse isso, já teria me impedido.

- Eu nunca... - eu sempre me senti no comando em relação ao Naruto e o Sai, mas naquele momento eu não tava me sentindo assim - E-Eu não...

- E pensar que você passou essa língua na pele dela... - ele continuava me beijando entre as falas - Quando eu fecho os olhos consigo sentir o gosto...

- Você enlouqueceu, Naruto.

- Isso é verdade. - ele levou uma das mãos até o meu pau e apertou, massageando em seguida, fazendo outro disparo de adrenalina passar pelo meu corpo.

- Seu... - minha voz falhava o tempo todo.

- Aqui, Sasuke. - ele pegou minha mão e levou pro pau dele, ainda por fora da calça - Me toca também...

- Você... Por que você tá tão duro assim...?

- Você também tá, Sasuke. - ele parecia muito seguro no que tava fazendo, parecia... Livre. Tive inveja dessa postura, além do fato de que esse tipo de atitude inesperada do Naruto faz ele parecer muito foda.

- Não adianta... - correspondi ao toque e fui mais além, colocando a mão dentro da cueca dele - Você tá molhado.

- É claro que eu tô... - ele gemeu quando comecei a bater uma pra ele da forma como eu costumo fazer pra mim mesmo - S-Sasuke...

- Só tô te aliviando, só isso. - ele baixou a cabeça no meu ombro - Não era isso que você queria?

- Isso é bom... - a respiração dele mudou e a voz ficou ainda mais arrastada - Continua.

- Naruto, seu pau tá começando a pulsar e ficar mais quente na minha mão... - não tenho como negar a satisfação que senti - Você tá quase lá, não tá?

- Merda... - ele gemeu mais alto e de repente esporrou na minha mão.

- Gozou... - falei no ouvido dele - Essa foi rápida, hein?

- Cala essa boca, Sasuke. Você não tem que narrar tudo que acontece. - ele olhou pra mim e vi que o rosto dele tava meio corado... Me assustei com a forma como gostei.

Ele me beijou de novo, dessa vez mais ofegante, e eu correspondi. Era inacreditável fazer aquilo por mais que eu soubesse que aquele momento chegaria. Eu só não sabia se seria primeiro com o Naruto ou o Sai, nem como seria. Apesar do choque da situação, a confiança que eu tenho no Naruto prevaleceu e acabou transcendendo qualquer receio.

De repente, ele começou a me acariciar de novo lá embaixo. Soltei o ar e fechei os olhos. A sensação da mão dele me apertando era completamente diferente, acho que por ele ser homem. Parecia que a qualquer momento ele ia me quebrar.

- Sasuke, vou fazer uma coisa que a gente nunca fez... - ele salivou na minha frente e meu corpo leu a mente dele.

- Agora é você que tá narrando.

- Você colocou seu pau dentro dela hoje... - ele ainda tava pensando na Hinata, e eu também pensava em todo mundo enquanto fazia aquilo. Era inevitável - Isso me dá tanta inveja!

- N-Narut... - minha fala foi interrompida pela falta de ar quando a boca dele sugou meu pau - Caralho, você tá mesmo fazendo isso!

Ele começou a me chupar sem nenhum pudor. Aquilo era tão "vulgar" que me deixou ainda mais cheio de tesão. Mesmo se eu ainda tentasse negar, não teria como. Ele sabia muito bem como fazer, e parecia estar decidido a me fazer gozar também. O prazer chegou naquele nível em que a gente não se importa com nada além do sexo puro. Não demorou pra que eu chegasse no clímax.

- Naruto! - gritei, e ele parou e se levantou. Na hora que ele deu a última sugada e tirou a boca, o jato saiu. Fechei os olhos e extravasei o prazer que senti. Além do êxtase, tinha também aquela sensação de liberdade incrível, a melhor sensação que existe.

- Essa foi rápida também. - ele sorriu de um jeito vitorioso, mas eu continuei sério, ainda ofegante.

- Cala a boca.

- Sasuke, por acaso você tem aqui no seu quarto... - ele hesitou e olhou pro lado.

- O que, Naruto? Fala logo.

- Você tem... Lubrificante?

- Não... - eu realmente não tinha, mas também não tinha certeza se ia querer usar caso tivesse. Meu corpo estava todo dormente e minhas pernas tremiam só com o "pouco" que a gente fez. Imagina como seria se déssemos o próximo passo.

- Entendi. Sorte a sua. Dessa vez escapou.

- Não fala merda, Naruto. - ele riu, dessa vez do jeito que eu tava acostumado a ver. Depois me deu um abraço.

- Você e o Sai sempre foram meus melhores amigos, Sasuke. Por um tempo eu achei que via vocês como meus irmãos mas hoje eu sei que nunca foi assim.

- Será que teríamos percebido isso se não tivéssemos conhecido as meninas? - abracei ele de volta.

- Talvez nunca teríamos coragem pra admitir se elas não existissem na nossa vida. - ele parou o abraço e se afastou, voltando a se vestir - Vou pro meu quarto.

- Ok. - ele abriu a porta pra sair - Naruto...

- Que?

- Vê se cuida bem da Hinata dessa vez. Nenhum de nós pode preencher o espaço que ela ocupa em você, por mais que você nos ame.

- Eu sei disso. Vou cuidar dela. - fiquei satisfeito em sentir firmeza nas palavras dele.

Enquanto eu me arrumava pra descer, fui me preparando psicologicamente pro dia que viria. Eu não sabia como ia ser com a Sakura, não sabia o que poderia fazer caso ela ainda estivesse uma fera. Depois do que conversei com o Naruto fui dormir mais tranquilo, mas ainda faltava me resolver com a Sakura pra ficar em paz.

Quando cheguei na sala de aula, vi o Naruto, o Sai e a Sakura sentados juntos como sempre, mas estranhei a Hinata não estar lá. Fui até eles e me sentei ao lado da Sakura. Ela ficou me encarando e eu encarei de volta. Não sabia o que ela queria. A aula começou, o professor foi passando a matéria, mas eu não conseguia me concentrar. Como tava todo mundo quieto, eu peguei o celular, e discretamente enviei uma mensagem pra Sakura:

"Por favor, precisamos conversar."

O celular dela vibrou e ela se assustou. Quando leu a mensagem olhou pra mim estreitando os olhos. Disfarçadamente ela digitou a resposta:

"Não quero conversar com você."

Quando li soltei o ar. Tentei ser discreto pro professor não me chamar a atenção, mas fiquei inquieto. Olhei pra ela, mas não conseguia entender. Ela não parecia brava. Vi que ela começou a digitar outra mensagem e fiquei ansioso:

"Não quero conversar, quero transar."

Mas o que...? Quando li, não consegui disfarçar a cara de surpresa.

- Algum problema, Uchiha? - o professor questionou e eu olhei pra ele disfarçando ao máximo.

- Nenhum, professor. - respondi. Ele não pareceu convencido mas deu de ombros e continuou a aula.

Olhei pra Sakura e ela tava rindo da minha cara, com uma das mãos cobrindo o rosto. Sorri de lado pensando em como ela sempre faz isso comigo... Esse jeito dela é o que me cativa. A gente ainda precisaria conversar sobre o que aconteceu, mas pelo menos naquele momento eu soube que tava tudo bem, e a tensão que eu tava sentindo sumiu. Enviei outra mensagem urgente pra ela:

"Te amo."

Ela leu e sorriu. Em seguida olhou pra mim e desenhou um "também te amo" com os lábios, bem devagar. Incrível como ela consegue me deixar bobo. Foi feita pra mim, sob medida só pra mim.

Quando a aula acabou fomos pro corredor enquanto o próximo professor não vinha. Eu ia puxar a Sakura de canto, mas o tempo era muito curto, e além disso, demos de cara com a Hinata do lado de fora com cara de paisagem. Fomos todos até ela, que sorriu quando nos viu.

- O que tá fazendo aqui fora? - Sai perguntou.

- Tô fazendo companhia pra aluna nova. - ela respondeu normalmente, depois olhou pra Sakura apreensiva. Eu era o único que sabia porquê - Amiga, podemos conversar... ?

- Agora não. - Sakura respondeu num tom de de voz normal.

- Amiga... - Hinata parecia ansiosa.

- Depois. - Sakura interrompeu. A Hinata pareceu triste, então a Sakura sorriu - Tá tudo bem.

- Sério? - Hinata sorriu também e a Sakura assentiu.

- Então, cadê essa aluna nova? - Sai questionou olhando em volta.

- Foi no banheiro. - Hinata respondeu dando de ombros - Queria que eu fosse com ela, mas fiquei com medo de perder o próximo horário também por causa disso. Achei ela esquisita, meio grudenta.

- Hinata... - Naruto chamou e ela olhou pra ele do mesmo jeito distante de sempre. Ele olhou pra mim rapidamente e eu assenti, dando apoio pra que ele finalmente tomasse as rédeas. Ele colocou a mão no bolso e eu saquei que ele não queria esperar mais - Preciso falar uma coisa com você.

- O que você quer dessa vez, Naruto? - ela estreitou os olhos pra ele. A Sakura e o Sai ficaram olhando curiosos.

- Relaxa... É coisa boa. - Naruto sorriu pra ela de um jeito diferente, e ela ficou intrigada. Depois ele deu um passo na direção dela e tirou a caixa pequena do bolso. Ele ia mesmo fazer aquilo na nossa frente - Eu queria te dar uma coisa...

- O que? - ela olhou pra caixinha na mão dele. Quando viu que ele continuava sorrindo, com certeza ela entendeu. Deu pra notar pela expressão de expectativa e comoção no rosto dela - O que é isso, Naruto...? Isso é...

- Hinata, eu quero que você...

- Hina-chan! - Naruto foi interrompido por um grito feminino que chamou nossa atenção. Quando eu olhei, senti o chão derreter sob os meus pés... Como era possível? A pior coisa que poderia acontecer...

- Ah, oi... - Hinata levou um susto e olhou pra menina, que já tava do lado dela sorrindo e pareceu nem ter prestado atenção na gente - Você demorou.

- É que demorei pra achar o banheiro. - a garota respondeu, até finalmente se virar de frente pra nós. Quando ela fez isso, congelou. Seu rosto ficou vermelho e tomado por uma expressão de pânico, mais ainda quando ela mirou especificamente o Naruto. Ele estava parecendo uma estátua, em estado de choque, com os lábios separados e os olhos arregalados e marejados.

- Ah gente, essa é a aluna nova, Sa...

- Sawako...? - Naruto falou por cima da Hinata e ela estranhou, ainda mais porque ele tava olhando fixamente pra Sawako.

- Naruto-kun? É você mesmo...? - ela disse, também com os olhos marejados.

- Espera, vocês se conhecem? - Hinata perguntou mas eles continuaram em silêncio se encarando. Nossa, isso é ruim... Muito ruim. Deu pra notar que a perolada começou a ficar agoniada - Se conhecem de onde??

- Naruto! - Sai tocou no ombro do Naruto pra ver se ele acordava do transe. Ele balançou rapidamente a cabeça fechando os olhos por um segundo mas voltando a encarar a Sawako em seguida.

- Sasuke, essa é... - Sakura veio me perguntar.

- Sim, é ela. - respondi.

- Nossa, mas que merda... - Sakura verbalizou o que eu tava pensando. Olhei pra Hinata de novo e tava estampado na cara dela que ela sabia que tinha alguma coisa errada.

- Naruto-kun... - ela olhou pro Naruto e tocou o rosto dele - O que você tem?

- E-Eu... - ele tentou falar mas não conseguiu. A Sawako de repente saiu correndo dali como uma criança assustada - Espera!

- Naruto-kun! - Hinata segurou o Naruto pelo braço quando ele tentou sair. Os olhos dela já estavam transparecendo mágoa e a voz dela ficou embargada - O que tá acontecendo...? Termina o que você ia me dizer...

- Hinata, me desculpa... - ele baixou a cabeça e guardou a caixinha de volta no bolso. Eu e o Sai nos olhamos atordoados. Aquilo era o fim do mundo.

- N-Naruto-kun... - senti uma pisada no peito quando vi as lágrimas escorrerem no rosto da Hinata - Termina de me dizer... Por favor...

- Não posso... - ele baixou a cabeça e começou a chorar também - Não posso, Hinata... Me perdoa, mas não posso. Me desculpa!

- Naruto-kun... - ela falou consigo mesma, porque o Naruto já tinha se soltado dela e saído dali. Tentei segurar ele, mas o imbecil praticamente cegou.

O Sai correu e a abraçou a Hinata, que parecia em choque. Ela com certeza percebeu o que o Naruto desistiu de fazer... Não consigo imaginar como ela deve estar se sentindo. Falamos com ela, mas ela não respondeu. Ficou parada com os lábios levemente separados e os olhos inexpressivos, mas cobertos de lágrimas. Estava tão imóvel que me assustou... Senti um calafrio. Ela parecia uma boneca... Uma boneca derramando lágrimas. Os olhos dela ficaram perturbadores, e eu tive o pior pressentimento. Foi como se a Hinata de cinco minutos atrás tivesse sido assassinada. Eu não podia mais sentir a presença dela. Sei que parece loucura, mas eu li tudo isso no rosto dela, e com certeza o Sai e a Sakura também. A voz dela já era a de outra pessoa quando ela finalmente falou alguma coisa.

- Dessa vez eu não vou perdoar o Naruto.