História Conjunto de One Shots - Heartbreak Girl

 

''I dedicate this song to you the one who never sees the truth, that I could take away your hurt...'' 

Ouço meu celular tocar em cima da cômoda e tateio a mesma em busca do aparelho. Quem é o infeliz que resolve ligar pra alguém em pleno domingo ás onze da noite? 

_ Alô - Digo com a voz embargada pelo sono. 

_ Oi Laur, estava dormindo? - Meu sono se dissipa assim que ouço a voz da minha garota. 

_ Sim, quer dizer, não. Bom, eu tinha acabado de me deitar. - Sei que estava mentindo e que já havia ido dormir há algum tempo, mas ela não precisava saber. 

_ Óh, me desculpe. Nós falamos amanhã então, tchau. - Só então percebo que seu tom de voz estava diferente do que era acostumada a ouvir. 

_ Hey, espera. - Peço antes que desliga-se - O que aconteceu? 

_ Nada Laur, volte a dormir. Nos falamos amanhã. - Tentou desligar novamente, mas a impedi. 

_ Camila você não me engana. O que aconteceu? 

_ É que... Bom, é que... - Ela não precisava falar mais nada, já sabia o que havia acontecido. 

_ Foi o Scott novamente, não foi? - Ouço seu suspiro do outro lado da linha. 

_ Ele terminou comigo, disse que não me amava mais e que estava envolvido com outra. 

_ Como é que é?! - Como aquele cafajeste pode fazer isso com ela? 

_ Ele... Ele... Óh Lauren, eu não... - Ela não precisava dizer mais nada, pois sabia que estava precisando de mim. 

_ Onde você está? 

_ Em casa, no meu quarto pra ser mais exata. 

_ Estou indo pra ai.

_ Não Laur, está tarde, amanhã temos escola e...

_ Você não está bem, não adianta negar porque te conheço, estou indo pra ai. Por favor, não faça nenhuma besteira.. 

_ Tudo bem. 

_ Chego em no máximo vinte minutos. Tchau e te amo. 

_ Também te amo. - Diz e finaliza a chamada. 

Retiro meu pijama rapidamente e troco de roupa, pego as chaves do meu carro que estavam em cima da escrivaninha e desço as escadas.  

_ Onde vai mocinha? - Mamãe pergunta ao me ver descendo as escadas apressada. 

_ Na casa da Camz. - Não precisava mais de nenhuma explicação. 

_ Ela teve problemas com o namorado novamente? - Assinto e ela me lança um sorriso. - Ela não toma jeito, não é?! 

_ Você a conhece, mamãe, sabe que não. - Digo já me encaminhando em direção a porta. 

_ Sorte que ela tem você como amiga, apesar de você querer algo a mais do que amizade, não é mesmo Michelle? - Reviro os olhos. Ela e sua mania insuportável de me chamar pelo segundo nome. 

_ Mamãe, já conversamos sobre isso. - Digo abrindo a porta. 

_ Desculpe-me - Pede, mas sei que é só da boca pra fora. - Diga a ela que mandei um beijo, e por favor, se for dormir lá, avise. 

_ Tudo bem, mamãe. Amo você. 

_ Também te amo filha. - Ouço e então saio porta afora indo até meu carro que estava na garagem. 

Adentrei meu automóvel e de imediato o liguei, dando ré e saindo da garagem de minha casa, indo em direção a casa da Camila. 

Creio que não me apresentei. Bom, meu nome é Lauren Michelle Jauregui, moro na cidade de Stamford, no estado de Connecticut,  tenho 18 anos, estou cursando o ultimo ano do ensino médio. Camila Cabello, a garota na qual já citei o nome antes, é minha melhor amiga e por quem eu tenho uma paixão secreta, mas sinceramente só é secreta pra ela, porque quase todo mundo sabe. 

Somos amigas desde o jardim de infância, nossas famílias se conhecem e bom, é aquele clichês que vocês já sabem de cór e salteado, nossos pais são melhores amigos e sempre têm alguma coisa que une as duas famílias nos fins de semana, seja um churrasco ou uma viajem a laser. O único diferencial nisso é que eu sou completamente apaixonada pela filha do Senhor e Senhora Cabello.  

Como eu descobri isso? Bom, posso lhe garantir que não foi no jardim de infância e sim no começo do ensino médio. Isso aconteceu quando ela arrumou o primeiro namorado, William Pattinson. Posso ser sincera? O cara era o maior babaca, deixava ela de lado para jogar futebol com os amigos. Que tipo de cara deixa a namorada, que alias é uma gata para sair correndo atrás de uma bola com um monte de homem? É uma coisa tão escrota. 

Felizmente o namoro deles só durou três meses. Eu poderia dizer que fiquei triste pelo fim de namoro dos dois, mas a verdade é que quando soube, desci escorregando sentada o corrimão das escadas de minha casa, enquanto cantava ''Oh Happy Day''.  

Mas alegria de pobre sempre dura muito pouco. O status de solteira de Camila Cabello não durou muito, um mês depois ela já estava com outro cara. Outro babaca, mas isso não vem ao caso agora. 

Bom, mas a verdade é que aquela garota me tirava o juízo e o sono, e não, não é no sentido conotativo da palavras, ela realmente conseguia fazer isso. A única também.  

Mas para a minha felicidade, ou não, todos já sabiam que eu era louca por ela. E quando eu digo todos, não estou sendo modesta. Esse todos incluem Dinah, que é uma amiga nossa, minha irmã mais nova Taylor, meus colegas de classe, meus pais e até mesmo o Senhor e Senhora Cabello, dá para acreditar?! Só quem não parecia perceber, e é quem deveria perceber isso é a Camz, para a minha desgraça. 

Ela me ligava todas as vezes que algo relacionado ao namoro acontecia. Para mim já era algo comum e previsível, era sempre assim: Ela terminava um relacionamento e era eu a primeira pessoa pra quem contava.  

Ela sempre estava namorando, pelas minhas contas esse era o oitavo namorado dela e não, ela não é daquelas adolescentes putas que sai pegando todo mundo. 

Acontece é que ela tem um defeito, bom, para alguns é defeito, para mim é uma qualidade um pouco defeituosa. Camila acredita no amor verdadeiro. Por isso sempre que termina um relacionamento logo se envolve em outro, pensando que será diferente. Nunca é. 

Mas não é esse defeito dela que me irrita, na verdade não é nem ela que me irrita e sim os caras que namora. Você deve estar pensando que estou dizendo isso apenas porque sou apaixonada por ela, não é?! Bom, talvez em parte seja por isso, mas não é totalmente. 

O que me irrita, o que realmente me irrita nos caras que ela namora, é que eles simplesmente não percebem o quão maravilhosa ela é. Eles olham apenas a aparência dela, o que posso lhe garantir, o elogio ''perfeita'' se torna simples perto da beleza que aquela garota de 17 anos tem. Para dizer tudo o que amo naquela garota, posso começar pelo mais básico, bom, básico para os outros, mas para mim... 

Uma das coisas que me chama atenção nela é o sorriso, ah aquele sorriso poderia derreter o coração mais frio que existe na face da terra. Seu cabelo castanho, que cai em cascata pelos ombros, juro que nunca fui fã de cachos, mas os delas faz com que eu abra uma exceção. Os lábios dela, carnudos como nunca havia visto antes, sempre tive um imenso desejo de prová-los. Seus olhos castanhos cor de avelã me faz perder a sanidade e mergulhar nos pensamentos mais impuros apenas por encara-los por um curto espaço de tempo. E o seu perfume, já mencionei o fato de que nem o odor das rosas mais puras se comparam ao cheiro viciante do perfume que é exalado de seu corpo? Se não, me desculpe, mas é que ela tem tantas qualidades que... Bom... Creio que não preciso terminar a frase. 

Mas isso que falei há pouco são qualidades físicas, eu ainda não mencionei nada em relação a sua personalidade forte. Ela é a pessoa mais cara de pau e ao mesmo tempo a mais sincera que já conheci. 

Sabe aquela pessoa que quando o professor fala: ''Quem tiver com vontade de sair da sala, pode levantar e ir pra fora'' levanta e sai?! Não, provavelmente não, quase ninguém faz isso. Mas pode apostar, Camila Cabello faz! Por tal atitude já tem duas advertências e três suspensões em sua ficha estudantil.  

Mal criada? Não, posso lhe garantir que o tio e a tia Cabello lhe deram muita educação. Eu optaria por chama-la de ousada. Mas não é só nisso que se baseia o caráter dela. Ela é aquela amiga que está sempre ali, disposta a lhe defender, tanto que já se envolveu em duas brigas para me defender de algumas garotas que estavam me perseguindo.  

E em relação sua sinceridade?! Bom, vou lhe contar uma coisa, mas que fique somente entre nós, ok?! Ela não poderia fazer parte da politica, ela não sabe mentir direito, sua sinceridade ultrapassa limites. Deve ter sido por isso e por outros vários motivos que me apaixonei perdidamente por ela. 

Não demorou muito para chegar em sua casa,  pois ficava apenas há quinze minutos da minha. Estacionei o carro na vaga vazia que havia em sua garagem e tranquei o mesmo caminhando até a porta e tocando a campainha, não demorou muito para que a porta fosse aberta.  

_ Oi Lolo - Cumprimentou com um sorriso fraco. Notei que seus olhos estavam vermelhos, não acredito que ela chorou por causa daquele idiota. 

_ Vem cá - Puxei-a para um abraço apertado, ela não relutou, dificilmente relutava em receber abraços meus, então apenas deitou a cabeça em meu ombro e chorou. 

_ Ele... Ele - Tentou dizer, mas não deixei. 

_ Ele é um babaca, não sabe o que perdeu deixando uma garota como você para ficar com uma vadiazinha qualquer. - Tentei conforta-la dando leves tapinhas em suas costas. - Você é linda e ele um idiota, quem perdeu foi ele e você somente ganhou. 

_ Mas... - A interrompi separando o abraço enquanto a olhava. 

_ Não tem mas. Olhe nos meus olhos e responda: quem é que perdeu? - Perguntei a mesma coisa que perguntava sempre que acontecia isso. 

_ Ele. - Dei um sorriso e limpei as lagrimas de seu rosto. 

_ E o que irá acontecer agora?  

_ Eu irei sorrir e mostrar que sou superior a ele. 

_ E por quê? - Faço a terceira e ultima pergunta do meu questionário pós termino de namoro. 

_ Porque uma mulher não precisa de homem pra ser feliz. - Sorrio satisfeita e a abraço novamente. 

_ Muito bem. - Separo o abraço. - O tio e a tia ainda estão viajando? 

_ Sim, só irão voltar na terça. - Assinto e pego sua mão puxando-a pela casa. - Pra onde está me levando? 

_ Para a cozinha, estou com fome e sou capaz de apostar que você não comeu absolutamente nada nas ultimas horas. - Ela me olha e sorri sem jeito. 

_ Você me conhece tão bem... - ''Isso porque te amo'' é o que penso. 

_ Isso porque sou sua melhor amiga. - É o que eu realmente falo. 

_ Não poderia ter uma melhor. - Dessa vez sou eu quem sorrio sem jeito. 

_ Você já tomou banho Senhorita Cabello? - Ela balança a cabeça de forma negativa. - Pois então vá agora, onde já se viu uma moça de 17 anos ficar até uma hora dessas sem tomar banho. 

_ Jauregui, ás vezes você é pior que minha mãe. 

_ Pois saiba que sou uma mãe muito gostosa. - Sua gargalhada ecoa pelo ambiente.   

_ E humilde também. - Acrescenta. 

_ Vai tomar um banho, vou fazer um lanche e já levo para o seu quarto.  

_ Você irá dormir aqui? 

_ Você quer que eu durma aqui? - Questiono indo até a geladeira e retirando de lá um pequeno pote com mussarela, colocando-o em cima da mesa. 

_ Não estou muito afim de dormir sozinha hoje. - Diz pegando um pedaço do queijo do pote e comendo-o logo em seguida. - Pode dormir aqui hoje? 

_ Não mexa com comida enquanto suas mãos estiverem sujas. - Repreendo-a fazendo-a me fuzilar e pegar mais um pedaço do queijo. - Você é muito porca ás vezes sabia? 

_ Também te amo Lolo - Dou de língua. - Ainda não respondeu minha pergunta. 

_ Sim, posso dormir aqui, mas preciso que ligue para minha mãe e informe, pode aproveitar e pra ela avisar a Taylor para levar meu material amanhã? 

_ Pode deixar, mi amore - Deu um rápido beijo em minha bochecha, subindo logo em seguida as escadas que davam acesso ao segundo andar.  

Aquela menina era louca, mas era isso que a fazia ser perfeita. 

Continuei fazendo o lanche, um misto quente para ser mais exata. Como eu frequentava aquela casa desde a minha infância, sabia onde ficava praticamente tudo, podia e tinha a liberdade de mexer nas coisas. 

Terminei o misto quente e subi as escadas com um prato contendo o lanche e dois copos descartáveis em uma mão e uma jarra contendo um suco natural, na qual havia encontrado na geladeira, na outra. Creio que seria de acerola apenas pela cor.  

Adentrei o quarto de Camz que já era familiar para mim, deixei as coisas em cima do criado mudo e sentei-me na cama ligando a TV que estava fixa na parede. 

_ Lauren, se não te conhecesse há anos, diria que você é a pessoa mais folgada do mundo. - Comentou aparecendo na porta do banheiro que ficava em seu quarto, apenas de calcinha box e regata. Se ela soubesse o efeito que aquela visão causava em mim colocaria uma roupa o mais rápido possível. - Para de babar enquanto olha o meu corpo, isso é constrangedor. 

_ Eu não estou babando enquanto olho para o seu corpo - Tentei me defender. 

_ Esse misto quente parece estar bom. - Comentou me ignorando totalmente enquanto olhava de forma cobiçada para o lanche que estava no prato. 

_ Não precisa comer o lanche com o olhar, pode pegar na mão se quiser. - Comentei rindo, fazendo-a me fuzilar com o olhar, mas ainda assim pegando o lanche e dando uma mordida. 

_ Meu Deus, Laur, esse lanche está dos deuses - Elogiou enquanto dava mais algumas mordidas. - Cara, se você abrisse um restaurante, eu comeria lá todos os dias. 

_ Vou adicionar gastronomia na minha lista de possíveis faculdades. - Pego o meu lanche e mordo o mesmo. Estava realmente bom.  

Após terminarmos de comer, deitamos em sua enorme cama enquanto assistíamos TV. Camila estava deitada em meu colo enquanto eu fazia cafuné na mesma. 

_ Camz posso lhe fazer pergunta? 

_ Mas Lolo, você acabou de fazer. - Reviro os olhos - Mas como sou uma boa amiga deixo você fazer outra. 

_ Você e o Scott não...  Vocês não... - Apesar de já ter feito aquela pergunta diversas vezes, ainda ficava sem jeito de faze-la. 

_ Se a gente transou? - Assinto - Não Jauregui, nós não transamos. - Respiro aliviada. - Você sabe muito bem que eu só irei pra cama com alguém após seis meses de namoro, no mínimo ainda. 

_ Eu sei disso. - Confirmo. - Mas só estou perguntando para ter certeza. 

_ Laur, você é minha melhor amiga desde o jardim de infância, quando eu transar com alguém, você será a primeira a saber. 

Sinto um calafrio percorrer meu corpo só de imaginar ela se entregando a outro alguém que talvez nem a amasse tanto assim e que a abandonaria no dia seguinte. 

_ Acho melhor dormirmos - Digo para afastar os pensamentos de minha cabeça - Amanhã temos aula e... 

_ Você deveria arrumar um namorado e quem sabe ser menos nerd. - A fuzilo com o olhar. - Não me olha assim não, eu sou sua amiga, estou lhe dando um conselho. 

_ Não tenho tempo para namorar, falta somente quatro meses para acabar as aulas e com isso sairmos do ensino médio, ainda não fui aprovada em nenhuma universidade e... - Sou interrompida por seu dedo indicador em meus lábios. 

_ Pelo amor de Deus garota, ainda falta quatro meses para terminarmos o ensino médio, para de se preocupar com esse lance de faculdade agora, por favor.  

_ Não têm como eu não me preocupar, é o meu futuro que está em jogo. 

_ Não, é a sua paciência e a minha também que está em jogo, controle-se. - Respiro fundo, ela sorri com o ato. - As universidades estarão cometendo um erro terrível se não te aceitarem nelas. 

_ Obrigada. - Ela se ajeita em meu colo e me abraça pela cintura. 

_ Somos amigas, se uma perder a calma cabe a outra mantê-la. - Dizendo isso se levanta e vai em direção ao banheiro - E além do mais, se nada der certo a gente casa. 

Me surpreendo com sua frase, olho para a porta do banheiro que neste momento está trancada. 

_ Isso é uma promessa Senhorita Cabello?. 

_ Isso é um plano para o futuro Jauregui... Para o futuro. - Diz em tom elevado para que eu pudesse ouvir. 

Acabamos dormindo algum tempo depois, ou melhor, ela dormiu. Eu permaneci durante mais algum tempo olhando-a enquanto a serenidade e tranquilidade tomava conta de seu corpo adormecido. Se ela soubesse o quanto a amava, jamais teria feito aquele ''plano'' para o futuro.

 (...)

_ Adivinha quem irá dar uma festa nesse fim de semana? - Dinah questiona totalmente alegre assim que nos vê no corredor do colégio perto dos nossos armários.  

_ VOCÊ? - Camz praticamente grita surpresa, me assustando. 

_ EXATAMENTE! - As duas começam a gritar e comemorar de um jeito estranho. Eu apenas observo a cena. 

_ Seus pais por acaso deixaram? Ou melhor, eles sabem disso? - Questiono pela primeira vez. 

_ Michelle, por quê você tem que ser tão estraga prazer? - Uma coisa sobre a Dinah: Ela sempre me chama pelo segundo nome apenas por provocação. - Meus pais não sabem da festa e nem saberão. Eles irão viajar na sexta feira e só voltarão na segunda de manhã, não é o máximo? 

_ Totalmente - Digo sem animo algum. 

_ Você irá na festa, não irá Lolo? - Camz questiona ficando de frente para mim. 

_ Eu tenho que estudar, há algumas matérias nas quais eu não estou conseguindo entender e.... 

_ Isso é impossível - Dinah me interrompe e juro que naquele momento poderia estrangula-la. - Não há sequer uma matéria na qual você não tire a melhor nota da sala. 

_ Talvez eu tenha que ajudar meu pai. - Tento mais uma desculpa. 

_ Lolo, por favor, se eu conversar com o tio Mike tenho certeza de que ele irá deixar. - Okay, essa desculpa também não colou. 

_ Eu não sei, não... - Passo a mão pela nuca em sinal claro de nervosismo. Sinal que não passa despercebido por Mila, que dá um pequeno sorriso. 

_ Michelle, para de inventar desculpas. 

_ Talvez eu possa dar uma passadinha por lá depois que terminar de estudar. 

_ Perfeito! - Camz bate as mãos como uma perfeita criança. Não me julguem por ser tão fraca, não conseguia resistir a ela. 

_ Vamos, a aula já irá começar. - Digo pegando meus livros no armário. 

_ Quando as pessoas estão apaixonadas, elas se tornam completamente otária - Dinah sussurra em meu ouvido. 

_ Vá se foder! - Coloco meus livros dentro da bolsa e seguro a mão de Camila, que me olha sem entender - O Scott está logo ali na frente. - Faço sinal com a cabeça e ela olha na direção apontada. O garoto de estatura mediana e cabelos castanhos estava atracado com uma loira de saia mais curta que a palma da minha mão, assim que nos viu, parou de beijar vulgo comer a garota e nos encarou. - Ignore, você é melhor do que eles. 

_ Sempre soube que você e a Lauren tinham um caso. - Scott provoca assim que passamos por eles.  

_ Mila ignore, você é melhor do que eles, por favor, ignore - Peço em tom baixo. 

_ Conseguiu o que queria, não é mesmo Jauregay?! 

_ Mila ignora, eles apenas... 

_ Pelo menos ela tem mais pegada do que você. E não brocha na hora H. - Porra Camila, porra. 

Um coro de ''uhhh'' se estendeu pelo corredor do colégio, ao encarar Scott pude ver seus olhos arderem em brasa de tanta raiva.
Convenhamos, você pode chamar um garoto de gay, dizer que ele não é tão macho assim, mas dizer que ele ''brocha'' na hora H é o mesmo, ou até pior, que dizer que ele tem o amiguinho pequeno, se é que me entendem. 

_ Sapatões. 

_ Como é que é? - Camz soltou minha mão e caminhou em sua direção até ficar frente a frente com ele. - Repete. 

_ Sapatõ... - Ele não terminou a palavra, antes que pudesse Camz desferiu um soco em seu rosto. 

_ Karla Camila Cabello e James Scott Linchter na minha sala agora! - A voz grossa do diretor ecoou pelo corredor fazendo com que todos tremessem dos pés a cabeça. Quando ele chamava algum aluno em sua sala só poderia significar uma coisa: Encrenca. 

_ Não se preocupe, me livrarei dessa assim como em todas as outras vezes. - Camz sussurrou em meu ouvido assim que passou por mim. 

_ E o resto de vocês vão para a sala de aula, pois seus professores já estão a espera. 

Sim, eu estava com medo. Camz iria ter sua ficha marcada mais uma vez e tudo por culpa daquele imbecil. Quem era ele para dar adjetivos preconceituosos para mim e minha... Amiga.  

_ Jauregui, fique tranquila, a Mila sempre escapa dessas enrascadas. Sempre. 

Dinah disse enquanto caminhava ao meu lado em direção a sala de aula. Ela tinha razão, Mila sempre conseguia amenizar seus castigos de um jeito ou de outro, caso contrario já teria sido expulsa por tantas encrencas na qual se meteu. 

A primeira aula foi um tédio. Aula de álgebra na primeira aula em plena segunda feira era algo que não desejaria nem para o meu pior inimigo. A segunda aula foi inglês, uma das minhas matérias favoritas, mas ainda assim continuava sendo tediosa. A terceira aula, literatura, não fez com que meu tédio diminuísse. Comecei a pensar que talvez não fosse a aula que estivesse tediosa, até porque inglês e literatura sempre foram minhas matérias favoritas, mas sim eu que estava tão ansiosa para saber o que havia acontecido com Camz, já que até então ela não havia voltado, que não conseguisse prestar atenção em nenhuma aula. 

Enfim o intervalo chegou, assim que ouvi o sinal tocar praticamente corri em direção ao estacionamento do colégio para tentar encontrar com Camz, uma vez que sempre passávamos o intervalo conversando encostadas em meu carro. 

Seria algo surpreendente caso eu dissesse que meu coração errou uma batida ao vê-la encostada no capô do meu carro enquanto mexia em algo no celular? Não? Que bom, pois meu coração errou várias batidas e não somente uma. 

_ Fiquei preocupada. - Disse assim que me aproximei e tive meu corpo puxado contra o seu para um abraço apertado. - Aconteceu algo? Qual punição você teve? 

_ Nenhuma. - Disse simplesmente após me soltar e guardar o celular. 

_ Como assim nenhuma? 

_ Laur, eu sempre me livro desses tipos de punições, o diretor me ama.  

_ Mas... Mas... - Eu não podia acreditar naquilo. Camila dá um soco na cara do Scott e sai sem qualquer tipo de punição. Começarei a socar a cara de algumas pessoas também. - Mas e o Scott? 

_ Ele iria ser expulso por conta da ''homofobia'', o diretor ouviu ele nos xingando e tal... Mas após ele chorar igual um bebê pedindo que por tudo que é mais sagrado que não o expulsasse, caso contrario o pai o mataria, o diretor resolveu dar apenas uma suspensão de quatro dias. 

_ Então por quê você não voltou para a aula? 

_ Não estava afim... - Diz dando de ombros. - Há coisas um pouco mais importantes do que estudar. 

_ Do tipo? 

_ Combinar os detalhes da festa que Dinah dará na casa dela. 

_ Camila Cabello, você não existe! - Digo em meio a risadas. 

_ Vamos Lolo, vamos viver a vida como se fosse nosso ultimo dia. - Me virei de costas para ela e a mesma subiu em mim.  

Era uma coisa nossa entende?! Sempre que Camz dizia aquela frase era como se fosse nosso código para ''vou subir em suas costas, Lauren'', e assim saiamos por andando, com ela em minhas costas enquanto gritava e cantava para todo mundo ouvir. 

_ Você é louca Cabello. 

_ Eu sei, e isso não é divertido? 

_ Extremamente! 

 (...)

A semana passou rápido. Eu e Camz não assistimos as ultimas aulas naquele dia, apenas saímos do colégio e fomos a um MC Donald's. Mas nos outros dias nós duas estávamos lá para assistir as aulas, quer dizer, eu assistia as aulas, Camz trocava sms e bilhetinhos com Dinah. 

_ Você não irá na festa da Dinah? - Taylor questiona após abrir a porta do meu quarto sem nem sequer bater. 

_ Existe uma coisa chamada porta, e quando ela está fechada costumamos bater nela e pedir autorização para entrar, do tipo: ''Toc-toc, Laur posso entrar? Sou eu, a Taylor'', ai eu responderia ''Sim Tay, pode entrar''. 

_ Me poupe. 

_ Estou ocupada demais estudando, não posso ir a essa festa. 

_ Fiquei sabendo que o Scott estará lá... - Taylor diz como quem não quer nada. - Disseram que ele quer vingança por ter sido chamado de brocha. 

A menção do nome e a palavra ''vingança'' me deixaram atenta. Taylor sabia que qualquer coisa relacionada a Camz me deixaria em estado de alerta. 

_ Mudei de ideia, irei a essa festa. 

Rapidamente me levantei da cama e guardei meus livros e cadernos, indo até o guarda roupa e pegando minha roupa favorita, calça jeans com alguns cortes na coxa, regata branca e minha jaqueta preta, além é claro do meu amado coturno, e indo até o banheiro. 

_ Posso ir junto? 

_ Não. 

_ Droga. 

_ Olha a boca mocinha. 

 (...)

Trinta minutos depois eu já estava pronta. Já se passavam das onze da noite, então a festa provavelmente estaria começando agora. 

_ Mamãe e papai, irei a festa da Dinah. Não tenho horas para chegar, caso não volte hoje é porque dormi na casa da Dinah ou da Camz, mais provável que seja na casa da Camz. 

_ Preciso dar todas as recomendações?  

_ Nada de bebida alcoólica, drogas e sexo sem a devida proteção, jamais aceitar bebidas de estranhos e nunca dirigir alcoolizada. - Sorrio satisfeita, sabia de cór e salteado todas as orientações dos meus pais. 

_ Está faltando algo. 

_ E acima de tudo, amo vocês. 

_ Muito bom. - Meu pai me deu um beijo na testa e logo em seguida minha mãe. - Divirta-se e cuide da Mila. 

_ Eu sempre cuido Papai, nem precisa pedir! - Pisco para ele e saio de casa rumo ao meu carro. 

 (...)

_ Olha quem está aqui! - Dinah diz surpresa e me abraça meio desajeitada devido estar com um copo de bebida na mão. - MILA, A JAUREGUI VEIO. - Grita devido a musica alta. - Quer uma bebida? 

_ Um refrigerante, por favor. - Dinah solta uma risada alta e me olha. 

_ Vou lhe trazer um copo de vodka. 

_ LOLO! - Vejo uma Camila correndo em minha direção e apenas tenho tempo pra me posicionar para pega-la no colo. - Você veio. 

_ Eu disse que iria vir, pequena. - Camz enche meu rosto de beijos e... Ah como eu gostaria que esses beijos fossem em outro lugar. 

_ Aqui está sua bebida. - Dinah me entrega um copo vermelho com um liquido transparente assim que ponho Camz no chão. - Aproveite a festa. 

_ Essa festa está realmente cheia. - Digo observando a minha volta, uma musica alta e dançante tocava na sala, fazendo com que diversos corpos adolescentes se movimentassem ao som da batida. 

_ Uma festa dada por Dinah Jane e Camila Cabello jamais estará vazia Mi amore. - Camila disse um pouco exaltada, e só então pude sentir o seu hálito de álcool. - Venha, irei lhe apresentar alguns amigos. 

QUARENTA MINUTOS DEPOIS... 

Ok, eu estava sozinha havia uns quinze minutos. Camz informou que iria até a cozinha pegar mais bebida e desde então desapareceu. E só pra constar, eu não bebi nenhum tipo de álcool. 

_ DJ, você viu a Mila por ai? - Questiono assim que vejo minha amiga passar por mim. 

_ Está procurando pelo amor perdido Michelle? - Fecho o cenho, pelo seu tom de voz pude perceber que ela estava totalmente bêbada. 

_ Dinah, onde ela está? - Pela minha expressão creio que ela se deu conta de que não havia gostado do comentário. 

_ Eu a vi subindo para o segundo andar junto com o Scott, mas não sei se... 

Aquilo era mais do que eu precisava saber, assim que ouvi o nome do garoto ser mencionado meu coração disparou, minha garota estava em perigo. 

_ Vocês viram a Camila? - Questiono para alguns garotos parados na escada. Eles apenas apontaram para cima. - Mila? - Chamo por seu nome e não escuto nada em resposta. - Mila? - Adentro um corredor repleto de portas, meu coração se aperta ao pensar que... - Mila? 

_ Socorro... 

Ouço um pedido um pouco baixo devido a musica que vinha do primeiro andar. Me desespero e começo a abrir todas as portas ali presentes. Banheiro, vazio. Quarto de hospedes, vazio. Sala de jogos, vazia. Até que chego na ultima porta e tento abri-la, fechada. 

_ CAMZ? 

_ SOCORRO! - Dessa vez consigo ouvir claramente a voz da garota, era a minha pequena, era a minha Camz. - Me solta, por favor, me solta. 

_ CAMZ? 

_ LAUREN SOCORRO, ME AJUDA, POR FAVOR. - Tento abrir a porta mais uma vez e não obtenho sucesso. - Me larga seu nojento! 

O pânico tomou conta de mim. Me afasto da porta e encosto da parede oposta. 

_ Aquelas aulas de judô que fiz na infância deverão me ajudar pelo menos em alguma coisa. - Sem perder tempo me lanço contra a porta. Não consegui abri-la, mas a mesma balança violentamente. - De novo. 

Minha segunda investida foi mais bem sucedida, pois a porta se abriu totalmente. 

_ LAUREN! - Ao adentrar o quarto e olhar para a cama, me deparo com a pior cena que já poderia ser presenciada. Uma Camila totalmente em pânico e com roupas rasgadas me olhava com desespero e temor, por cima dela se encontrava um Scott semi nu tentando abusa-la. 

_ Saia de cima dela agora! - Ao ouvir minha voz, Scott se virou para trás e me encarou, um sorriso pervertido surgiu em seus lábios. 

_ Sempre quis fazer ménage. 

_ Sempre quis quebrar sua cara! 

Avanço para cima dele e com uma força que acreditava ser incapaz de possuir, o pego pelo pescoço e o derrubo no chão, pouco me importando se aquilo o machucaria, pois naquele momento eu queria mata-lo. 

_ Lauren, para, por favor! - Camila suplica enquanto acerto diversos socos na face do homem que um diz foi seu namorado. - Lauren, por favor. 

_ Você sempre quis ser homem de verdade, não quis? - Não precisava me ver no espelho para saber que meu olhar era de pura raiva e ódio. - Sempre quis ter a minha garota, não é? 

_ Lauren... 

_ Irei fazer você engolir seus dentes, pode apostar que jamais irá tocar numa garota novamente sem que ela permita. - Meus socos em sua face estavam cada vez mais fortes, minha mão estava coberta de sangue, mas não era o meu. - SE APROXIME DELA MAIS UMA VEZ, E PODE TER ABSOLUTA CERTEZA DE QUE NÃO ACORDARÁ MAIS! 

Olho ao redor a procura de Camz, a encontro chorando no canto da cama. Olho para as minha mãos e só então me dou conta da quantidade de sangue. 

_ Me... Me perdoe... - Pede, caminho até ela e a pego no colo. 

_ Vamos embora daqui minha pequena... Esse lugar não é pra você. 

Saio do quarto e desço as escadas com todos olhando para nós. Camila estava em meu colo, com as pernas entrelaçadas em minha cintura e a cabeça deitada em meu ombro, chorando copiosamente.  
Passo por Dinah que mesmo bêbada, me olha sem conseguir entender nada, assim como todos presente no local. 

_ Lauren, suas mãos... - Apenas balanço a cabeça em um pedido mudo de ''não me pergunte nada, não agora''. 

Rapidamente ela entende e caminha ao meu lado até o carro, pega as chaves que estavam no bolso da minha jaqueta e o destranca, abrindo a porta do carona para que eu pudesse colocar Mila no banco. Assim faço, após prender o cinto, fecho a porta e olho para Dinah. 

_ Eu irei explicar tudo, mas não me peça para explicar agora. Eu preciso cuidar dela. 

_ Cuide bem dela, você é a única que pode fazer do jeito certo. 

Me limito a assentir e adentro o meu veiculo, ligando-o e saindo dali em seguida. 

O caminho foi silencioso, com exceção dos suspiros baixos vindos de Camz devido ao choro. A cada lágrima que eu via escorrer por seu rosto, meu coração se apertava cada vez mais. 

_ Mas o que foi que... - Minha mãe exclama ao me ver parada na porta com Mila em meu colo ainda chorando. 

_ Por favor mãe, sem perguntas. - Ela apenas assente e eu adentro minha casa recebendo olhares do meu pai e irmã enquanto subia as escadas rumo ao meu quarto. - Hey pequena? - Chamo por Camz após deixa-la sentada na minha cama enquanto eu ia buscar uma troca de roupas para ela. - Eu irei lhe dar um banho, minha mãe está preparando um chá para que você possa se acalmar. Não se preocupe, já liguei para a tia Sinu e avisei que você iria dormir aqui.  

_ Eu... Eu... - Tenta falar, mas as lágrimas voltam a invadir seu rosto. A abraço de imediato. 

_ Shiii... Vai ficar tudo bem, minha pequena, vai ficar tudo bem, eu estou cuidado de você. Sempre irei cuidar. 

Após ajudar Camz a tomar um banho quente, e de certa forma relaxante, lhe entreguei uma xícara de chá mate que minha mãe havia feito e esperei que ela bebesse para só então a colocar debaixo das cobertas e me deitar junto a ela. Era uma noite um pouco fria, então como sempre acontecia quando dormíamos juntas, Camz se aconchegou em corpo e colocou o rosto na curva de meu pescoço, enquanto eu fazia alguns carinhos em suas costas. 

_ Eu sou uma idiota por ter deixado aquele imbecil relar o dedo em mim. 

_ Não pequena, você não é nenhuma idiota, ele quem não vale um prato de comida. Você é linda, e eu irei lhe proteger sempre. 

_ Lolo, por que você se importa tanto comigo? 

_ Não é isso que as melhores amigas fazem?! Elas se importam uma com a outra. 

_ Não Lolo, porque você cuida tanto de mim? - Seu olhos me encaravam intensamente, aquele era um dos momentos que por mais que você quisesse mentir, não conseguiria. 

_ Porque eu te amo. 

Sabe quando acontece algo tão surpreendente, mais tão surpreendente que você se questiona se aquilo é real ou não? Pois é, foi assim que me senti quando senti os lábios de Camz se chocarem contra os meus. 

De inicio me questionei se aquilo estava realmente acontecendo, mas após sentir sua língua invadir minha boca, não tive outra reação a não ser corresponder. 

O gosto de álcool ainda estava em seus lábios, mas quem se importava com isso agora? Camila Cabello estava me beijando, o momento em que passei noites sonhando havia finalmente acontecido. 

Separamos nossos lábios e não pude reprimir o sorriso que se formou em meus lábios. Ao finalmente abrir o olhos, percebi que Camz também estava com eles fechados. 

_ Seu beijo é bom... 

_ O seu é muito melhor.  

_ Se você não fosse minha melhor amiga, juro que te namoraria.  

_ Eu juro que você não iria se arrepender. 

_ Creio que precisamos dormir. 

_ Creio que não quero que isso termine quando eu acordar. 

_ Não irá. - Camz se aconchegou mais em meu peito e novamente colocou o rosto na curva do meu pescoço. - Eu te amo, Lolo. 

_ Eu te amo muito mais, Camz. 

(...)

_ Mãe, você viu a Camz por ai? - Questiono adentrando a cozinha. - Quando acordei ela não estava mais dormindo. 

_ Ela foi embora a pouco tempo querida, disse que precisava conversar com a mãe e com o pai. Deve ser algo importante. 

_ Provavelmente. 

Acontece que Camz nunca ia embora antes que eu acordasse, ela sempre dizia que gostava de ver meu sorriso pela manhã. 

_ Quer nos contar o que aconteceu ontem? - Meu pai questionou levando a xicara de café a boca. Levo a mão a nuca devido o nervosismo. 

_ Posso contar quando estiver preparada? Isso não envolve somente a mim. - Meu pai apenas assentiu. - Obrigada. 

_ Espero que tenha uma boa desculpa por ter chegado com uma Camila chorando e o estofado e volante do seu carro cheio de sangue, caso contrário irei tira-lo de você por tempo indeterminado.  

_ Eu tenho mamãe, pode apostar que tenho. 

Meus pais sabiam que qualquer que fosse o motivo, seria um bom motivo, pois a confiança que eles depositavam em mim era surpreendente. Talvez pelo fato de que eu nunca havia me envolvido em qualquer tipo de briga, nem usado drogas, nem chegado bêbada em casa ou qualquer outro tipo de coisa. Digamos que eu era ''a filha ideal'', minhas notas escolares podem comprovar isso. A única coisa que poderia fazer com que minha família ficasse ''contra'' mim, era minha preferencia sexual, mas nem com isso eles pareciam se importar, pelo contrário, até me apoiavam em relação a Camila. 

(...)

Na segunda feira de manhã ao chegar no colégio, distribui sorrisos e ''bom dia'' a todos que passavam por mim, também não era para menos, a garota por quem eu era apaixonada havia me beijado. 

_ Michelle? - Sim, era Dinah. 

_ Bom dia, Dinah. 

_ Não irá me fuzilar por eu ter lhe chamado de Michelle? - Perguntou receosa. 

_ Não, pode me chamar do que quiser, hoje eu estou zen e extremamente feliz. 

_ Dormiu com o Bozó? 

_ Melhor, eu dormi com... 

_ Lauren, nós podemos conversar? - Aquela voz doce ecoou pelos ouvidos, me fazendo sorrir ainda mais. Me virei e a encontrei me olhando com um meio sorriso. 

_ Claro. 

Ela deu um aceno para Dinah e caminhou na minha frente, a segui quase que saltitando. 

Fomos até a quadra de esportes, pela manhã ela dificilmente era frequentada fora das aulas de educação física. 

_ Eu queria conversar com você sobre o que aconteceu sábado. 

_ Camz, se aquele cafajeste veio lhe atormentar novamente pode deixar que eu... 

_ Não, Laur, não é sobre o Scott que quero falar. 

_ Sobre o que é então? 

_ Sobre o beijo. - Poderia jurar que o sorriso que estava em meus rosto era de orelha a orelha. - Poderíamos esquecer o que aconteceu? 

Sabe quando você sente que está voando e então é como se alguém retirasse suas asas e você caísse em queda livre? Pois bem, Camila acabou de retirar minhas asas. 

_ Es... Esquecer? 

_ Sim, como se nunca tivesse acontecido sabe?! Somos melhores amigas, e creio que seria ruim para a nossa amizade se nos envolvêssemos como algo a mais. 

_ Eu... 

_ Você é minha melhor amiga Lauren. E bom, eu sou hétero, você também e dois héteros não se beijam não é?! 

_ É... 

_ Que bom que você entende Laur, não quero que nossa amizade de anos acabe por um simples beijo. Eu te amo, você sabe. 

_ Sei... 

_ Vamos, a aula já irá começar. - Senti seus lábios tocarem minha bochecha e então ela sair caminhando na minha frente, enquanto eu continuava estática. - Você não vem? 

_ Vou... 

Caminhei de forma automática até a sala de aula, acompanhada por minha amiga que falava sobre qualquer coisa que naquele momento eu não conseguia prestar atenção. 

Sentei no meu lugar e vi Dinah me encarar. ''Você está bem?'' Seus lábios pronunciaram sem qualquer emissão de som, assenti sem se quer me dar conta disso. 

O professor adentrou a sala e começou a dar sua aula de álgebra. 

''Somos amigas''

''Beijo bobo''

''Esquecer o que aconteceu''  

Enquanto as palavras passavam por minha mente, o ar começou a me faltar e minhas mãos a tremer, não demorou muito para que as lágrimas se acumulassem em meus olhos. 

_ Laur o que está acontecendo? - Dinah questiona preocupada. O meu modo automático me fazia perder o ar. - Professor a Lauren está passando mal. 

_ Lolo, olha pra mim. - Camz saiu de seu lugar e se ajoelhou em minha frente. - O que está acontecendo? 

_ Eu... Eu... 

_ Senhor Evans, por favor, chame a enfermeira - A voz do professor se fez presente. 

''Poderíamos esquecer o que aconteceu?'' 

_ Laur o que você está sentindo? - Dinah também se ajoelhou perto de mim. 

''Não quero que nossa amizade acabe por um beijo bobo''  

''Beijo bobo...'' 

''Beijo bobo...'' 

_ Eu preciso sair daqui. 

Sem esperar qualquer tipo de ajuda ou autorização, me levanto e saio meio desajeitada devido as pessoas que estavam em minha frente. 

_ Lolo o que aconteceu? 

_ Senhorita Jauregui, espere a enfermeira chegar. 

_ Eu preciso ir embora. 

Saio as presas da sala, sem dar qualquer tipo de atenção as vozes do professor, da Dinah e Camila que me chamavam preocupadas. Chego ao estacionamento sem nem me dar conta de como havia ido parar ali, talvez o meu modo automático soubesse exatamente onde me levar. 

Pego as chaves do meu bolso e destranco o carro, adentrando o mesmo e deu partida, saindo dali cantando pneu. 

Talvez nesse dia o caminho do colégio até minha casa tivesse diminuído ou eu quem pisei demais no acelerador, isso não importa agora. 

Estacionei o carro de qualquer jeito na entrada da garagem, e sai ás presas do mesmo, sem qualquer chance de conseguir abrir a porta sem que quebrasse a chave na tranca, apertei a campainha incansavelmente. 

_  Meu Deus, será que não pode esperar um momento somente para que... - Minha mãe se calou imediatamente ao ver meu estado. - Filha, o que aconteceu? 

Sem conseguir segurar mais, me jogo em seus braços e deixo as lágrimas banharem meu rosto. 

_ Amor, quem era na porta... Lauren? - Meu pai se aproxima de nós apressadamente e me abraça enquanto meu choro não cessa. - O que aconteceu meu amor? 

_ Ela me pediu pra esquecer... - O choro não permite que eu termine a frase. 

_ Quem te pediu isso meu amor? 

_ Ela... - Novamente a falta de ar se faz presente - Ela disse que foi um beijo bobo. 

_ Quem lhe falou isso, a Mila? - Assenti rapidamente, meus pais apenas trocaram um rápido olhar e não era preciso dizer mais nada. 

_ Como... Como ela... 

_ Shiii... Não fale mais nada, venha, iremos cuidar de você. 

Naquele dia não tive contato com mais ninguém além da minha família. Dinah ligou para o meu celular e Taylor atendeu dizendo para ela não se preocupar, eu ficaria bem. 

Camila também ligou para o meu celular, umas cinco vezes, se ela ligou mais não sei dizer, pois depois da quinta ligação pedi para que Taylor desligasse o aparelho. Então ela ligou para a minha casa, sei disso porque ouvi meu pai atendendo o telefone e pronunciando seu nome. Não sei qual foi a desculpa que ele deu, mas provavelmente foi a mesma que Taylor deu para Dinah. 

Faltei do colégio durante uma semana. Minha mãe ligou para a secretária e avisou que eu estava doente por isso não poderia ir. Não houve qualquer problema, minhas notas não deixavam isso acontecer. 

Minha família sabia o que havia acontecido, do começo ao fim, desde a noite da festa até a minha saída sem permissão do colégio. Se eles brigaram comigo? Não. Se eles xingaram a Camila por tal ato? Não. Se eles me apoiaram? Sim, o tempo todo. 

Um mês depois eu já havia voltado ao colégio, a desculpa da doença não poderia durar para sempre.

Se eu estava mal? Estava péssima. Se eu havia conseguido esquecer o que aconteceu? Não, mas também não deixei que Camila soubesse disso. 

Dinah havia se aproximada mais de mim, agora ela me chamava de Lauren ou somente Laur, e não mais de Michelle. Isso era bom, não era? 

Camila agia como se realmente nada tivesse acontecido, ela conversava comigo normalmente, tentava me incluir em todo e qualquer tido de conversa e eu? Bom, eu tentava agir da mesma forma, mas somente meus familiares sabiam o quanto eu chorava durante a noite.  

Quase sempre Taylor dormia comigo, ela cantava para mim e me fazia cafuné até que eu conseguisse pegar no sono, mas nunca sem antes sussurrar um ''Eu te amo Laur, tudo irá ficar bem''. Juro que tentava acreditar nisso, juro. 

Dois meses já se passaram desde o acontecido. 

Confesso que me distanciei um pouco  de Camila. Engraçado como a dor distancia as pessoas, não é?! 

Passo meus intervalos dentro do carro comendo alguns salgadinhos e tomando refrigerante, quem precisa de amor quando se tem MC Donald's e Coca Cola? Eu preciso. 

Ás vezes Dinah me faz companhia, ela tagarela sem parar sobre um aluno gato de outra escola ou da roupa nova que comprou no dia anterior. Não entenda mal DJ, mas eu não estou nem ai. 

Camila as vezes me liga ou manda mensagem nas minhas redes sociais. Dificilmente atendo ou respondo. 

Não a vi com mais ninguém desde que o namoro com Scott acabou e sempre me pergunto se isso é bom ou ruim. 

Não choro mais durante a noite, pelo menos não com tanta frequência. Taylor ás vezes dorme no meu quarto apenas por prevenção. Segundo ela: ''Não lhe deixarei sozinha quando você mais precisa de mim, você já cuidou de mim uma vez, está na hora de retribuir''. Quem sou eu para discordar? 

Três meses já se passaram e falta apenas um mês para o ensino médio terminar. 

Voltei a conversar normalmente com Dinah e Camila, quer dizer, mais ou menos. As provas finais estão chegando, e mesmo que eu seja boa em qualquer matéria e que já tenha passado, não custa ajuda-las em algumas matérias, elas são minhas amigas afinal de contas. 

_ Lolo, eu não consigo entender esse poema, não adianta. Literatura não é comigo. 

_ Vamos por partes okay?! Poema é fácil de se entender, você apenas precisa se colocar na pele do autor. Eu começo lendo a primeira estrofe e você a segunda, depois eu leio a terceira e assim por diante. Garanto que você entenderá o poema.  

_ Tudo bem. - Estávamos na biblioteca do colégio. Camila tinha dificuldade com literatura, então eu me propus a ajuda-la. Já havia ajudado Dinah há algumas horas com biologia. 

_ Destino travesso 
Me tira o sono 
Revira do avesso 
Sinto abandono 

_ Hoje não me alegra o mar 
Lembro de ti 
Me pego a chorar 
Quero fugir 
Já vi que não dá 

_ Evasão, fuga 
Tentativa frustrada 
Ilusão, luta 
Não deu em nada 

_ Saudade, amor 
Tanta saudade 
Que me vira do avesso 
E revira o meu avesso 

_ Não sei se mereço 
Desse jeito sofrer 
Só sei que padeço 
Não consegui te esquecer. 

Termino a leitura do poema e olho para a garota a minha frente, ela finalmente parece entender o poema. 

_ Acho melhor pararmos por aqui. - Digo já recolhendo meu material - Você quer uma carona para ir embora? 

_ Por favor. 

Recolhemos nossos materiais e fomos caminhando em silencio até o carro, assim continuou o percurso até que eu estacionasse em frente a sua casa. 

_ Laur posso lhe fazer uma pergunta? - Assinto - Por que você não me chama mais de Camz ou de ''minha pequena''? 

Uma das mudanças que havia ocorrido entre meu ''relacionamento'' com a Camila era exatamente isso. Os apelidos. Eu não conseguia mais me referir a ela com apelidos carinhosos sem que aquilo me doesse internamente, ás vezes eu tinha que respirar fundo diversas vezes para que as lágrimas não escorressem por meu rosto. 

_ Porque você não é mais minha. 

Quatro meses depois, o ultimo do ensino médio. 

Pois bem, chegamos ao mês da minha formatura, o máximo, não é? Sim, o máximo. 

Eu não havia contado para os meus pais, para não lhes dar falsas esperança, mas no mês passado havia me inscrito para cinco das melhores faculdades dos Estados Unidos e dessas cinco eu passei em três. 

Se eu fiquei feliz? Lembra quando havia dito que desci o corrimão das escadas sentada enquanto cantava ''Oh Happy Day''? Pois bem, fiz novamente, mas o motivo era diferente desta vez. Meus pais quase enfartaram quando me viram descer as escadas daquele jeito, mas após saberem o motivo, quase que eles desceram pelo corrimão assim. O que posso dizer? Minha família é louca. 

_ Já decidiu para qual faculdade irá? - Dinah quem estava me perguntando isso. Ela sabia, foi uma das primeiras que soube. E antes que me perguntem, a Camila ainda não sabia. 

_ Bom, eu tenho três opções, Stanford, Harvard e Yale. Ás vezes eu quero ir para a mais longe possível daqui, mas ás vezes eu penso em escolher a Yale, já que fica aqui mesmo em Connecticut. Minha mãe está tão orgulhosa de mim e não quero decepciona-la. 

_ Aposto que ela já contou para a família toda. 

_ Mais do que isso, me impressiona a Camila ainda não souber da novidade. 

_ VOCÊ IRÁ PARA UMA UNIVERSIDADE FORA DE CONNECTICUT? - Eu e Dinah olhamos ao mesmo tempo em direção a voz, e uma baixinha extremamente enfurecida estava parada atrás de nós. 

_ Acho que já está na hora de ir, nos vemos por ai Laur. 

_ Eu não decidi ainda. - Disse me levantando e ficando de frente a ela. 

_ Quando pretendia me contar? Ou não pretendia? 

_  Mamãe está contando para todo mundo, pensei que você já soubesse... 

_ Eu soube hoje de manhã, pela minha mãe. Pensei que você confiasse em mim Lauren, pensei que fossemos amigas. 

_ Eu ainda tenho uma semana pra decidir para qual universidade que vou. Estou pensando. 

_ Meninas, o diretor está chamando todos os alunos do terceiro ano no pátio. Parece que é algo importante. 

Uma das nossas colegas de sala informou. Sem dizer mais nada caminhamos até o pátio onde os demais alunos estavam presentes. 

_ Meus queridos - O diretor iniciou chamando a atenção de todos. - Esse é o ultimo ano em que nosso colégio têm a presença de vocês e coincidentemente esta também é a ultima semana de aula antes da formatura.  

_ Vai direto ao assunto. - Um dos alunos gritou, o diretor fez uma carranca e continuou. 

_ Queria avisar que como esse foi um dos anos com as maiores notas entre os terceiros anos, o colégio decidiu presenteá-los com uma festa. - Houve diversos barulhos comemorativos entre os alunos - Na sexta feira, após a formatura, uma festa será dada em uma boate no centro da cidade. A boate estará fechada, portanto apenas os formandos e seus convidados poderão entrar, sem penetras. Então não se esqueçam de por os nomes de seus convidados na lista, pois só entra quem é VIP. 

Sem dizer mais nada, o diretor de retirou do local ao som de diversos aplausos, assobios e outros tipos de comemorações. 

_ Então, irá aproveitar uma das suas últimas noites na cidade com seus amigos? 

_ Não é uma das minhas ultimas noite Dinah, não é como se eu fosse para outro pais ou algo do tipo. 

_ Lauren, você é uma das poucas pessoas que conseguiu uma bolsa de estudo em uma das melhores universidades do pais. Quais as chances de você recusar isso? 

Uma, Camila Cabello. 

_ Não disse que iria recusar.  

_ Você nunca diz nada. - A voz de Camila se fez presente. 

''Normalmente eu tenho que esquecer'' foi o que pensei. 

_ Eu preciso ir. - Foi o que disse. 

 (...)

_ Filha, estou tão orgulhosa de você. - Minha mãe disse enquanto me envolvia num abraço apertado. - Ainda não acredito que minha garotinha cresceu. 

_ Mãe, por favor... 

_ Você era tão pequenininha, corria pela casa só de frauda e chupeta na boca e hoje em dia olha só, está se formando e indo para universidade. - Minha mãe começou a chorar e aquilo apertou meu coração. 

_ Mãe, por favor não chore. 

_ Promete que irá vir nos visitar sempre que tiver um tempinho? Se for preciso nós pagamos a gasolina do carro ou a passagem de avião, não importa o quanto custe. 

_ Eu prometo mãe, sempre que tiver um tempinho na faculdade virei visitar vocês. 

_ Lauren, eu posso ficar com o seu quarto? - Tay questiona após eu separar o abraço com mamãe - Ele é maior que o meu. 

_ Só se você me prometer que sempre que voltar, poderei dormir nele. 

_ Eu prometo.  

_ De dedinho? 

_ De dedinho.  - Ela me olha nos olhos e suspira - Eu não acredito que não poderei mais dormir na sua cama confortável enquanto te consolo. 

_ Vem aqui pequena. - A abraço apertado e lhe tiro do chão. - Sempre que eu precisar de um conselho, prometo que ligarei para você. 

_ Não desgrudarei do celular. 

_ Papai, não chore, por favor, não chore. - O abraço apertado e meu velho baixinho encosta a cabeça em meu ombro. 

_ Minha pequena cresceu. 

_ Eu sempre serei sua pequena, Papai. Sempre. 

_ Lauren vêm, temos que tirar uma foto juntas. - Dinah me chamou e olhei para meus familiares esperando pela resposta. 

_ Vai querida, também iremos tirar algumas fotos com os outros formandos.  

Assenti e corri em direção de Dinah que estava com a câmera em mãos. 

_ Esperem por mim. - Aquela doce voz ecoou novamente pelos meus ouvidos. - Pretendiam tirar fotos sem mim? Que traíra vocês. 

_ Claro que não Mila - Dinah logo tratou de se justificar - Eu acabei de chamar a Laur, não é? - Assinto - Tiramos a foto no três. 

Nos posicionamos e a foto foi tirada, não apenas uma, mas sim várias em posições diferentes.  

_ Meninas, por favor se juntem - Tia Sinu se aproximou de mim e Camila após Dinah sair para tirar foto com outras pessoas.  - Essa irá para o álbum de recordação. 

Eu e Camz nos aproximamos e passei um dos meus braços em volta da sua cintura, enquanto ela apoiava a mão em meu ombro. Demos um rápido sorriso e a foto foi tirada. 

_ Não me abandona. - Ouço e a encaro sem entender. 

_ Não estou lhe abandonando. 

_ Não vá embora, não me deixe aqui sozinha. 

_ A decisão já foi tomada. - Me aproximo de sua testa e selo meus lábios no local, no mesmo instante ouço um ''click'' e quando olho, percebo que Tay havia tirado uma foto nossa. 

_ Álbum de recordação. 

 (...)

_ Mamãe e papai, tudo bem se eu for para a boate? - Questiono após toda a comemoração da formatura e entrega de diplomas acabar.  

_ Claro filha, vá se divertir, você merece um descanso depois de tanto tempo estudando. 

_ Tudo bem se eu beber?  

Eu sei, já tinha 18 anos e poderia fazer o que bem entendesse. Mas se tem algo que aprendi com meus pais foi que sempre que eu quisesse algo poderia pedir a eles, é melhor pedir e ter a confiança deles, mesmo que a resposta for não, do que fazer escondido e dar merda depois, além de perder a confiança. 

_ Contato que não dirija bêbada, por mim tudo certo. - Papai informou. 

_ Não se preocupe, Tay será minha motorista. - Taylor era a minha convidada da festa. Creio que ela merecia isso como presente depois de ter cuidado de mim durante as noites em claro. - Vamos Tay? 

_ Pensei que nunca iria me chamar. 

_ Cuidado meninas. Amamos vocês. 

_ Também amamos vocês. - Respondemos em uníssono. 

(...)

Eu estava no bar da boate. Não me julguem, aquele martini estava realmente muito bom. Alguns caras haviam chegado em mim, mas logo dispensei. Não vim aqui para beijar na boca e sim para comemorar minha formatura. Embora estivesse no bar praticamente desde a hora que cheguei. 

_ Lauren Jauregui bebendo, pensei que morreria sem ver isso.  

_ Suas demonstrações de amor por mim é algo maravilhoso, Dinah. 

_ Uma dose de tequila, por favor. - Pediu ao barman - Então você já decidiu... 

_ Já... 

_ Tem certeza de que fará isso? 

_ Não, mas tenho que tentar. 

_ Sabe, quando você passou mau no colégio e saiu da sala daquele jeito eu sabia que tinha haver com a Mila, só não sabia que era algo tão.... 

_ Grave. - Completei tomando mais uma dose de martini. - Uma tequila, por favor. 

_ Você a ama, não é mesmo? - Confirmo. O barman coloca nossas bebidas no balcão - Por quê não diz a ela?  

_ Porque ela me mandaria esquecer. 

 (...)

_ Lauren, por favor pare de beber - Tay praticamente implorou - Já perdi as contas de quantos copos de tequila você virou. 

_ Taylor me... Me deixa. - Eu sabia que estava bêbada, pois mau conseguia me aguentar em cima das próprias pernas. - Hoje... Hoje... Hoje é o meu.... O meu dia. 

_ Eu sei que é o seu dia, mas... 

Não dei ouvidos a Taylor, pois a musica Heartbreak Girl do 5 Second of Summer começou a tocar pela boate, aquela musica, aquela maldita musica, que havia associado a Camila. 

Caminhei até ela que dançava na pista acompanhada de Dinah. Ao ver o meu estado o sorrido que estava em seu rosto se desfez. 

_ Lolo, o que aconteceu? 

_ Está... Está ouvindo essa musica? - Apontei para os alto falantes - Essa maldita musica me faz... Me faz lembrar de você todos os dias... Todos os dias eu me lembro de você. 

_ Lolo você está bêbada. 

_ Eu não... Não estou bêbada. Eu.... Eu estou magoada. Você... - Apontei em direção ao seu peito e quase cai devido ao meu estado - Você me beijou e no outro dia pediu para esquecer. - A musica havia parado e todos presente na boate observavam o meu ''showzinho''. - Eu... Eu estive lá por você quando ninguém mais esteve. 

_ Lolo... 

_ Eu te protegi contra... Contra aquele estuprador que você... Você chamava de namorado. Su... Sujei minhas mãos... mãos de sangue. Escu... tei seus choros e te consolei... Eu te amei... Eu te amo. 

_ Lauren, chega... 

_ ME DEIXA... ME DEIXA DINAH! - Me exalto quando minha amiga tenta me tirar dali. - Ela precisa saber... Ela precisa, antes... Antes que eu vá embora. 

_ Você vai embora? 

_ Eu... Eu sou apaixonada por você desde o primeiro ano do... Do ensino médio. - Confesso e vejo seu olhar surpreso - Eu te amo, te amo tanto que... Que dói só de imaginar você com alguém... Com alguém que não te mereça. 

_ Laur não... 

_ Ela precisa... Saber Tay, ela precisa. - Me desvencilho dos braços de minha irmã e olho a garota a minha frente. - Quando... Quando você me beijou... Eu me senti a pessoa mais feliz do mundo... Meu... Meu sonho de anos havia se realizado... Eu estava feliz... Mas então você me pediu para esquecer e fingir que... Que nada havia acontecido. Eu... Aquilo doeu, formou um buraco tão grande no meu... Meu coração. 

_ Laur me perd... 

_ Eu desistiria... Desistiria de tudo por você. - Aponto para o seu peito novamente - Bastasse você pedir que eu... Eu jogaria tudo para o alto. Só precisava... Só precisava que você me desse um lugarzinho aqui - Aponto para o seu coração - Eu... Eu te faria feliz... Te faria muito feliz, Camz. 

_ Vamos Lauren, vamos embora. - Taylor me puxa pelo braço, acompanhada de Dinah. - Desculpe Mila. 

_ Ela te ama Mila, você é a única idiota que não percebe e não dá valor nisso. - É a ultima coisa que escuto antes de me tirarem da boate. 

Uma semana havia se passado desde a festa na boate. 

O que aquela festa havia me rendido? Uma enorme dor de cabeça e diversos comentários nas redes sociais.  

Camila não havia entrado em contato comigo desde o meu ''desabafo''. 

_ Essa é a última mala? - Meu pai questiona parado em frente a porta do quarto. 

_ Sim, o resto são somente coisas que pretendo levar de pouco em pouco. 

Esse era o meu último dia aqui. Havia escolhido a Yale como minha futura universidade. Eu tinha um enorme amor pela minha família, não queria ficar tão longe deles. 

_ Eu sei que já está meio atrasado, mas queria lhe dar um presente de formatura. 

_ Papai, não precisava... 

_ Por favor, apenas aceite. Você é a minha primeira filha que irá para uma universidade e sei que Taylor seguirá seus passos, então quero que isso se torne como uma tradição de família. 

Papai colocou a mão no bolso da calça e retirou de lá uma pequena caixa preta, abrindo-a em seguida e me mostrando o conteúdo. 

Era um anel. 

Mas não era um simples anel. Toda sua parte externa era decorada pelo símbolo da faculdade de direito, que era a que eu pretendia fazer, e em sua parte interna, o sobrenome ''Jauregui' estava escrito em letra cursiva. 

_ Obrigado Pai, é lindo. Eu amei. - Rapidamente peguei o anel e pus no dedo indicador. 

Conversamos por mais alguns minutos até que meu pai se retirou do quarto para me dar espaço e terminar de arrumar as coisas que levaria. 

_ Laur, tem visita para você. - Taylor informou. 

_ Se for a Dinah, diz que já irei descer. 

_ Não é a Dinah. 

Aquela voz... Com toda certeza não era da minha amiga Dinah Jane e sim da garota por quem sou perdidamente apaixonada, era da... 

_ Camz, o que faz aqui? 

_ Eu... 

_ Olha, em relação a festa na boate, eu queria lhe pedir desculpas. Estava fora de mim e não raciocinava direito. Não que eu não te ame, na verdade eu te amo muito, mais do que a mim mesma, na verdade eu faria tudo por você, faria qualquer coisa...

_ Eu te amo. 

_ Eu também te amo e... Espera, o que você falou? 

_ Eu te amo. 

_ Eu sei que você me ama, mas também sei que é somente como amiga e que não posso querer mais do que isso. Não quero perder você, prefiro te ter como amiga do que... 

Sinto meu corpo bater contra a parede e seus lábios se chocarem contra os meus. Demorei alguns segundos para assimilar o que estava acontecendo, mas quando assimilei... 

Seus lábios não tinham mais o gosto de álcool, pelo contrario, eram doces e macios como algodão. O beijo se aprofundou e pude sentir sua língua percorrer toda a extensão de minha boca. Um leve arrepio percorreu toda a extensão de meu corpo.  

Eu tinha Camila Cabello me beijando novamente e sem estar bêbada. Temi que aquilo fosse mais um sonho. 

O beijo foi parando aos poucos devido a falta de ar, prendi seu lábio inferior entre meus dentes e o puxei fazendo-a suspirar. 

_ Ás vezes você fala demais, sabia? 

_ Eu te amo Camz. 

_ Eu te amo muito mais, Lolo.