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História Contos de Terraria: Os Quatro Guardiões - A batalha de mentes! Inteligência vs. Magnetismo?!


Escrita por: Nienor_Ronein

Notas do Autor


Esse capítulo foi bem mais grande que o normal, e eu dou minhas sinceras desculpas a todos. Eu sei que é cansativo, porém eu prometo que tudo no capítulo vai te entreter em todo o momento, bom é isso, esse é o último capítulo antes de voltar para o enredo original, o próximo já vai ser focado no Kelvin.

- editado dia 17/01/2024: feliz ano novo atrasado rapeize, demorou esse aqui mas saiu finalmente, o trampo meu aqui fora tá difícil mas eu escrevo um pouquinho todo dia, é isso, valeu!

Capítulo 6 - A batalha de mentes! Inteligência vs. Magnetismo?!


Fanfic / Fanfiction Contos de Terraria: Os Quatro Guardiões - A batalha de mentes! Inteligência vs. Magnetismo?!

Apesar dos problemas crescentes que a Cidade dos Bosques estava lidando, mais um dia tinha amanhecido naquela linda capital. Notícias sobre um torneio de basquete na Goldenwood High que aconteceu a três dias, que terminou em uma morte por overdose e o desaparecimento de alunos, não foram maiores que as denúncias de tremores vindos debaixo da zona norte do centro da Cidade.  
As pessoas que passaram embaixo daquela área alegaram que antes do chão começar a ceder, barulhos estranhos de batidas, explosões e até mesmo gritos podiam ser ouvidos. Os bombeiros foram acionados para irem até lá, mas quando chegaram, acabaram por se deparar com uma surpresa enorme. O sistema de esgotos daquela região, desativados e abandonados por serem arcaicos, havia desabado por completo, o mais estranho era que uma fumaça vermelha saía dos destroços e se espalhava no ar, causando náuseas, vômitos e até alucinações em todos que estavam lá.  
De um jeito repentino, a D.P.C.D. apareceu no local, mandando todas as outras autoridades embora, como os bombeiros, alegando que eles iriam assumir o caso. Toda a área foi isolada e aparentemente, buscas foram feitas. Os repórteres das emissoras de TV não conseguiram se aproximar do local, sempre eram barrados pelos agentes de guarda que afastavam qualquer aproximação. Após poucos dias de buscas, imagens e vídeos surpreendentes foram feitas de forma escondida por repórteres em cima dos prédios ao longe. Muitas coisas foram desenterradas de lá, tonéis grandes e destruídos derramando um líquido parecido com sangue, corpos de pessoas e o mais chocante, coisas que pareciam ser pessoas enormes e totalmente deformadas. Quando questionadas, a D.P.C.D. ignorou todas as perguntas e assim, o caso continua um mistério. 
Em contrapartida, algumas outras coisas aconteceram nesse meio tempo. Seis dias se passaram desde a tragédia do Incêndio ao Armazém Montierre e o caso entrou em esquecimento, pelo menos era o que parecia. Para alívio da população de toda a Cidade dos Bosques, fazia três noites que o Capuz Negro não aparecia, talvez ele tenha finalmente morrido, era o que teorizavam, afinal, ser um justiceiro noturno naquela Cidade era morte na certa, os lobos não iriam deixar aquilo impune por muito tempo. 
Enquanto o mundo passava por mudanças bruscas e muitas coisas aconteciam, nada daquilo importava para dois jovens que estavam finalmente juntos em um encontro, Sophie andava grudada nas mãos de Simon enquanto eles passeavam pela Cidade, a garota estava preocupada com seu amigo, ele tentava disfarçar as dores, mas as faixas em seu corpo e os gemidos que ele continha não mentiam, ele sentia dores de cabeça repentinos que o incomodavam bastante. 
 
— Tem certeza de que você está bem? — Perguntou Sophie de uma forma preocupada, havia abraçado o braço dele para demonstrar carinho.  
 
— Relaxa..., tô ótimo! Eu não fiquei tão ferido quanto a Isabella ficou. — Alegou Simon, desviando o olhar, a garota era muito bonita e o contato tão próximo era enlouquecedor.  
 
— É verdade, ela estava parecendo um carro depois da uma compactação para reciclagem. Ainda bem que ela saiu do hospital ontem. — Comentou Sophie enquanto olhava ao redor, parecendo querer amenizar os problemas.  
 
— Ela me avisou por mensagem. O foda é que nem os pais se importaram de visitar ela! — Disse Simon indignado e muito incomodado, geralmente os pais se visitam seus filhos em hospitais, quando se importam.  
 
— Olha, tem assuntos sobre a Isabella que são bem delicados..., vamos evitar falar disso enquanto saímos, okay? — Propôs Sophie sorrindo de leve para Simon, ela não queria pensar em problemas estando com ele.  
 
— O-Ok! — Confirmou Simon meio sem jeito, ficando levemente vermelho. — Ei, eu achei sua roupa muito bonita!  
 
O comentário de Simon faz a garota ficar levemente corada, ela suspira tentando disfarçar, mas brincando, ela se afasta do garoto e dá um giro, se mostrando para ele. A garota estava muito bonita, ela usava um vestido que ia até um pouco abaixo do joelho, ele era todo xadrez na parte de baixo, isto é, da saia até a parte da cintura, a parte de cima era em estilo camisa social branca de manga longa. Nos ombros dela, mais do tecido xadrez decoravam e um laço em seu peito deixava a garota num verdadeiro charme que só uma garota poderia ter, sua maquiagem era leve e acentuava seus traços delicados. Seu cabelo curto cacheado estava bem arrumado, brilhante até cheiroso, ela tinha realmente se esforçado para dar uma boa impressão ao garoto, e conseguiu. 
O garoto também estava bem arrumado, mas de uma maneira bem mais simples que só um homem desenrolado como ele conseguia fazer. Uma jaqueta preta, uma camisa branca sem estampa, calças jeans e um tênis esportivo vermelho. Parecia simples, mas aquele era o estilo de Simon e aquilo não incomodava Sophie, pelo contrário. 
 
— Você também está muito bonito! — Retribuiu ela, ficando com suas bochechas levemente vermelhas. — Ei, eu pensei num lugar legal para irmos! — Disse a garota bem ansiosa.  
 
— Espera aí, tá tendo uma apresentação mó dahora, ali! — Apontou Simon sorrindo, ele também estava animado.  
 
Então, foi exatamente daquele jeito que os dois passariam aquele dia tão esperado pelos dois. A cada passo, a conexão entre eles se fortalecia e a promessa de um futuro juntos parecia se desenhar suavemente, como as sombras que se formavam no chão. Eles sabiam que, independentemente do que o futuro reservasse, aquele dia seria um capítulo especial em suas histórias, repleto de cumplicidade, amizade e um amor que, aos poucos, pode-se revelar. Enquanto caminhavam por um dos bosques que tinham na região, que por sinal, tinham tantos que era o motivo do Estado ter aquele nome, Sophie e Simon se encantavam com a beleza da natureza ao seu redor. O sol brilhava suavemente através das copas das árvores, criando um jogo de luz e sombras no chão coberto de folhas secas. O vento sussurrava entre os galhos, fazendo as folhas dançarem e trazendo consigo o frescor característico da floresta. À medida que avançavam, eles encontravam pequenos riachos que serpenteavam entre as pedras, criando pequenas cachoeiras que cantavam melodias tranquilizadoras. Os pássaros faziam a trilha sonora perfeita para esse passeio, cantando melodias alegres e colorindo o ambiente com sua presença. 
Enquanto exploravam o bosque, os dois se permitiam perder a noção do tempo, imersos na serenidade e na paz que o lugar transmitia. Eles conversavam sobre os mais diversos assuntos, compartilhavam risadas e observavam atentamente cada detalhe ao seu redor. 
 
— ...e é por isso que eu quero muito visitar o Alasca. — Contava Simon para a garota, que ouvia atentamente, concordando com vários argumentos do garoto. 
 
— Realmente... o Alasca seria legal de ir um dia. Só que o frio continua um motivo para eu não querer ir lá! — Concordou ela, mas acrescentando sua opinião deixou claro que não era chegada em um clima frio. — Eu gosto mesmo é de um lugar mais tropical...! O Caribe seria perfeito. — Disse ela, já imaginando um calor gostoso que só um local como aquele iria proporcionar. 
 
— Caralho, é verdade. O Caribe é um lugar muito-! — Concordava Simon, porém ele é surpreendido quando sente algo pular em suas costas.  
 
Os dois são surpreendidos, principalmente Simon. Um pequeno animalzinho de pelagem marrom e uma calda havia saltado de uma árvore e caído bem em cima do ombro direito do garoto, as risadas davam aquele bicho um ar brincalhão e travesso, era um macaquinho. 
 
— Puff...! Há! Há! Há! — Gargalhou Sophie com a situação, Simon estava congelado de susto enquanto o macaco brincava em sua cabeça, se pendurando nele e não parando quieto por um segundo sequer. 
 
— Qual é a tua?! — Gritou Simon com o macaco, que reage enfiando a mão na boca dele, o fazendo ficar quieto. 
 
— Acho que ele gostou de você, Simon! — Zoou a garota, mas ela é surpreendida pelo macaco também. O bicho pula na garota e imediatamente passa a mão em seus óculos redondos, os colocando e pulando em uma árvore próxima numa agilidade que só um macaco poderia ter. 
 
A garota se assusta e imediatamente se enfeza, ela pula várias vezes pedindo que o animal devolvesse o item, enquanto isso, era Simon que ria sem parar. Depois de um soco bem dado no braço, Simon usou de um pulo bem dado para surpreender o animal e pegar de volta os óculos da garota, que agradece com um biquinho envergonhado. 
Após a longa caminhada pelo bosque, o casal sentia o cansaço se misturar com a fome que os consumia, mas não era atoa, já era hora do almoço. Os raios de sol filtravam-se entre as folhas das árvores, criando um cenário de luz e sombra que parecia dançar diante de seus olhos. 
 
— Eu tô morrendo de fome! — Reclamou Simon, esfregando o estômago com um suspiro audível. 
 
Sophie concordou com um aceno de cabeça, seus cabelos curtos esmeralda brilhantes balançavam suavemente. 
 
— Precisamos encontrar um lugar para comer antes que eu desmaie de fome! — Disse Sophie brincando, mas olhava em volta num ar sério. 
 
Decididos a saciar a fome que os consumia, eles se aventuraram mais adiante, procurando por sinais de civilização, o que não foi nenhum pouco difícil. O caminho que eles estavam seguindo era uma trilha de pedregulhos que cortava o bosque de um lado para o outro, as laterais do caminho tinham pequenas barreiras em pedra para impedir que alguém desviasse do caminho e se perdesse, os postes de luz ainda estavam apagados, mas fios de energia passavam de um para o outro, o lugar todo foi adaptado para os humanos poderem habitar sem problemas, logo, alguma coisa teria nele. O aroma tentador de comida fresca pairava no ar, guiando-os em direção a um pequeno restaurante rústico escondido entre as árvores. 
Ao entrarem, eles foram recebidos pelo calor acolhedor do ambiente e pelo aroma reconfortante de pratos deliciosos e caseiros. Após se sentarem em uma das mesas e uma breve olhada no cardápio, os dois fizeram seus pedidos, ansiosos para satisfazer a fome que os acompanhara durante a jornada. Enquanto aguardavam a comida, trocaram sorrisos, compartilhando a sensação de realização por terem encontrado um refúgio para saciar a fome e recarregar as energias. 
 
— Ah! Então foram vocês que quase incendiaram a Escola naquele dia. — Descobriu Simon, ficando surpreso com o fato, ele cruza os braços em uma pose de julgamento para a garota. 
 
— Foi sem querer! A Janine deixou o frasco da nitroglicerina cair no chão, eu não tive culpa. — Explicou-se Sophie levantando os ombros, os dois seguravam a risada enquanto compartilhavam histórias engraçadas. 
 
— Isso me lembra de quando o Jay-jay ficou preso na cesta, pendurado pela cueca dele! — Contou Simon enquanto se segurava para não rir, mas a garota não fez o mesmo esforço. — E-Ele disse que conseguiria marcar ponto de plantando bananeira, bom...! Ele conseguiu! 
 
Após boas risadas, finalmente os pratos haviam sido entregues. Um suculento bife grelhado, acompanhado de batatas rústicas e legumes frescos de Simon e um prato de massa carbonara, acompanhado de uma salada verde crocante para Sophie. Os pratos eram simples, mas eram muito bem-feitos e o gosto era incrível, o tempero e a maciez eram muito perceptíveis e por causa disso, não demorou muito para que os pratos estivessem completamente vazios e até brilhando. 
 
—Ufa! — Suspirou Sophie, estava bem cheia após comer, ela relaxa no assento, que eram aquelas que ficavam de canto das paredes, sendo uma poltrona. — Você sabe mesmo agradar uma mulher! — Disse ela de forma um pouco mole para Simon, aquela preguiça depois de uma refeição havia chegado com tudo.  
 
— Não é tão difícil, afinal, quem não gosta de comer? — Comentou Simon e a garota concordou com um gesto de cabeça. 
 
Após a clássica discussão de quem iria pagar a conta, sendo que um não queria que o outro abrisse mão de seu dinheiro e assumisse todas as despesas, Sophie e Simon saem do restaurante e continuam pelo bosque até chegar no final dele, numa entrada na qual tinha um chafariz bem grande na frente e o chão era todo em pedregulho antigo. Ambos param em um dos bancos que tinha a beira da vegetação, aproveitando o resto do encontro e o clima agradável, estava bem ensolarado. 
 
— Sério, esse sorvete artesanal de menta e chocolate tá muito bom! — Disse Sophie com um pouco de dificuldade enquanto comia, ela havia cedido a vontade de comer uma sobremesa após o almoço. 
 
— É mesmo? Hum, deveria ter pegado um...! — Lamentou o garoto, ele estava cheio e não estava a fim de comer mais, mas agora que via o pote da sobremesa muito bem decorado em um potinho de casquinha comestível, de repente, havia encontrado um espaço em seu estômago. 
 
Sophie percebe a vontade do garoto e não hesita, ela pega um colherão do sorvete, o pedaço com mais cobertura e pistache, estendendo a colher na direção da boca dele. 
 
— Vamos dividir! — Disse a garota entusiasmada e até corada, seu sorriso era contagiante. 
 
Simon retribui o sorriso com um maior ainda, ele solta uma leve risada e numa bocada só, desaparece com o pedaço da sobremesa congelada, até tirando a colher da mão da garota. 
 
— Humm...! É bom mesmo! — Saboreou o garoto, se deliciando com o sabor e o frescor dela. 
 
A garota olha fixamente para o garoto, distraído com o sorvete, olhando diretamente para a sua boca chupando a colher de plástico rosa. Ele puxa a colherzinha de sua boca, um pouco de saliva conectava-se numa na outra, formando uma teia de saliva entre os dois por poucos segundos. 
 
— Tá tudo bem? — Perguntou ele, confuso com a garota, que estava hipnotizada com alguma coisa. 
 
— Não, nada! — Disfarçou ela, pegando a colher dele e pegando um pequeno pedaço de sorvete, estranhamente pequeno, colocando na boca. 
 
Simon não entende a atitude da garota, mas ignora logo em seguida, deveria ser coisas de garota afinal. Eles começam a conversar sobre assuntos pouco relevantes, mas para aquele momento, era os mais interessantes possíveis, o clima, a escola, fofocas aqui e ali, todos os assuntos mais desinteressantes possíveis, mas para aqueles dois, tudo que saía da boca um do outro era exatamente o contrário, as piadas mais chatas viravam as mais engraçadas e os assuntos mais tediosos eram os mais complexos e maravilhosos do mundo.  
 
— Poxa Simon, eu não me divertia assim há um bom tempo, juro — Disse Sophie ao lado de Simon, ela realmente estava bem animada e feliz.  
 
— S-Sério?! Há! há! Que isso, eu não fiz quase nada. — Desconversou Simon sem jeito, ficando bem corado, aquelas palavras eram tudo que ele queria ouvir.  
 
—Sim, eu estou falando sério! — Confirmou Sophie em um tom de clareza, mas algo chama a sua atenção, uma vibração vinda de seu bolso. — Huh?! — Grunhiu ouvindo seu celular vibrar, alguém estava ligando, nisso ela vê que já era três e meia da tarde. — Droga, eu estou atrasada! 
 
— Você vai aonde? —Diz Simon, se levantando rapidamente e indo junto de Sophie até a saída do bosque.  
 
— Eu vou investigar uma Ruína secreta de uma civilização antiga...! Você não ouviu isso de mim! — Sussurrou Sophie num tom bem sério e com o indicador tampando a boca.  
 
— E-Eu não ia falar nada de qualquer jeito. — Ele deu de ombros. — Mas isso aí não parece ser meio... perigoso? — Deduziu o garoto, ficando um pouco preocupado.  
 
— Tá preocupado comigo, é? — Questionou a garota enquanto jogava seu quadril para o lado, sorrindo de leve para ele.  
 
— O que?! Não! Não! Não é isso! E-E-Eu só-! — Dizia Simon muito sem jeito, estava extremamente vermelho e não conseguia dizer nada com nada, isso até ser interrompido com caloroso abraço da garota.  
 
O abraço era quentinho, apertado e muito amoroso, a pele macia de Sophie era provavelmente mais confortável de se sentir do que dormir em uma nuvem, o perfume natural dela era estonteante, fazendo o garoto travar. A cabeça da garota estava bem no meio do peito dele, ela conseguia ouvir os batimentos cardíacos dele, que por sinal, estavam bem fortes. 

  
— Sabe o que eu gosto em você, Simon? — Disse ela, olhando para cima, mas não afastando um passo dele, numa voz bem baixinha. — Você sabe como se importar com as pessoas, como lutar por elas e, principalmente, proteger e fazê-las feliz! Não perca esse brilho nunca, por favor! 
 
Sophie se aproxima ainda mais de Simon, dando um beijo na bochecha do garoto, que arregala os olhos no mesmo instante. O toque foi molhado e bem geladinho, foi a melhor sensação que ele já sentiu, a garota se afasta dele após isso. 

  
— Valeu pelo encontro, agradeço de coração! — Agradeceu ela, brilhando como uma estrela.  
 
Sophie se despede de Simon, ela demora para parar de andar de costas e seguir seu rumo, só desaparecendo do campo de visão de Simon ao virar uma rua bem lá longe, o deixando sozinho. O beijinho que havia recebido foi maravilhoso, o encontro inteiro foi perfeito e até melhor do que o garoto imaginou, mas aquelas palavras, tão inocentes, perfuraram a mente do Guardião Estelar como uma lança ‘’proteger e fazê-las feliz’’. A única coisa que ele conseguia pensar era na cena do corpo de seu amigo afundando naquele córrego maldito e desaparecendo, ele se enchia de culpa e se castigava a todo momento. Como melhor amigo de Kelvin, ele sentia que tinha a obrigação de ajudar ele e consolá-lo, quem sabe as coisas poderiam ser diferentes se ele não fosse ‘’um inútil de um amigo’’ e tivesse conseguido impedir ele de entrar nesse caminho tão sombrio, longe da luz. 
Sophie ainda estava sorrindo e com o ânimo bem alegre e contente, ela caminhava saltitando até começar a correr, numa velocidade bem alta por sinal, seu curto cabelo verde começa a voar sobre o vento de tão rápido que ela se movia. Virando algumas ruas aqui e ali correndo para bem longe, ela sobe uma colina coberta por árvores numa localidade que praticamente saia da Cidade, entrando na floresta selvagem que a cercava. Sophie passa por uma cerca de arame farpado atravessando cuidadosamente por entre os fios, havia uma placa lá, escrito ‘’Fora da zona urbana, risco de vida, afaste-se!’’ com muitas outras placas com figuras de animais selvagens, lobos e até ursos, mas isso é completamente ignorado pela garota. Ela volta a correr até o topo da colina e só para quando se aproxima de um enorme buraco, rodeado por pedras e arbustos que ajudavam a ocultar a existência daquilo. A garota de cabelos verdes olha em volta, mas não vê ninguém, ela se aproxima do buraco e ver algumas fontes de luzes lá dentro, eram feixes de lanternas, ela já sabia o que era. 

  
— Cheguei pessoal! — Anunciou Sophie para as pessoas que estavam lá dentro, duas apenas, que olham para cima sem nenhum espanto.  

  
— Finalmente, viu! Já íamos avançar sem você. — Disse uma das pessoas, era uma garota quase da mesma idade que Sophie, ela era loira.  

  
— Ela tá brincando, Soph, mas até que dividir por dois é sempre melhor que por três! — Brincou a segunda pessoa, era um garoto de cabelos claros, também tinha a mesma idade que as duas.  

  
— Há, há, há, Marcos...! Engraçadão, hein! — Disse Sophie num tom de riso neutro e um pouco enfezada. — Ei, Janine, você fez aquele favor para mim? — Perguntou ela para a garota lá embaixo.  

  
— Fiz sim, tá atrás dessa pedra oval, aí na sua esquerda. — Confirmou Janine, instruindo sua amiga. — De nada, minha rainha! — Finalizou zoando, ironizando que parecia uma serva. 
 
Sophie ri da piada da garota, ela se afasta da beira do buraco e vai até atrás da pedra, vendo que Janine fez exatamente como pediu, a sua mochila estava lá. Ela era diferente da que usava casualmente na escola, aquela era maior e mais larga, cheia de equipamentos e materiais que seriam essenciais para uma aventura como aquela. Sophie abre a mochila, começando a tirar diversas mudas de roupas, uma que seria apropriada para aquela situação ao invés de um vestido. A garota tira suas roupas ali mesmo, ao ar livre, desabotoando os botões que tinha na parte de seu tórax e tirando sua sapatilha por último. Da mochila ela coloca uma calça jeans grossa, uma bota e uma camisa de manga longa branca, ela guarda a roupa que usou com Simon e começa a colocar seus equipamentos, um cinto de utilidades e um outro de escaladas, finalizando ao colocar uma faixa de lanterna na cabeça e se ajeitando com a mochila nas costas, ela estava finalmente pronta. 
Ela vai até o buraco, que tinha sido preparado para o acesso com ganchos e cordas de escalada, ela pega a corda dali e prende ela no cinto através do seu mosquetão, começando a descer ele ao estilo rapel. A diferença nas temperaturas no ambiente era algo evidente, do lado de fora estava quente e seco, já lá embaixo estava úmido e frio, mas aquilo eles já sabiam que iria acontecer, afinal, haviam entrado numa caverna. Chegando lá embaixo ela se encontra com seus amigos, seus companheiros do clube de ciências, um era um garoto com cabelo curto claros e a outra era uma garota com cabelos grandes loiros.  

  
— Janine! Marcos! — Cumprimentou Sophie já no chão da caverna, ela corre de leve na direção dos dois e dá um abraço em ambos, um bem alegre e espontâneo. 

  
— Opa, opa! Vai com calma Sophie! — Disse o garoto num susto, ele também estava bem equipado como Sophie. — Você não é carinhosa assim, o que houve? — Indagou Marcos bem curioso, mas já tinha uma hipótese da resposta. 

  
— Ela tá namorando o líder dos Black Birds, o Simon Harmon! — Disse Janine em tom de piada, rindo bastante em seguida, deixando a garota de cabelos verdes corada, estranhamente, seus cabelos verdes começam a brilhar quando isso acontece.  

  
— E-Ei! Isso não é da sua conta! — Disse Sophie bem alta em um tom de indignação. — Bom! Vamos ter foco! Você conseguiu descobrir como abrir, né? — Perguntou Sophie para Marcos, olhando em direção a uma gigantesca porta amarela em sua frente. 
 
A caverna nada mais era que um buraco com um enorme espaço dentro, lá embaixo a visão era como se o teto tivesse um buraco numa grande sala de pedra, musgo e até estalactites, mas o que mais chamava a atenção era uma porta grande com uma estranha coloração amarela que tinha diversas gravuras desconhecidas, pareciam letras, mas o que mais destacava ela, rostos enormes de seres que pareciam sérios e muito antigos. Marcos, ao ouvir a garota, se aproxima da porta, apanhando alguns materiais que já tinha sido preparado e colocados na frente da estrutura.   

  
— Olha...! “Abrir” não é bem a palavra correta para o que eu estou prestes a fazer! — Disse Marcos com uma certa malícia esboçando um sorriso, ele até ri sozinho um pouco. 
 
Marcos estava combinando e misturando muitas coisas. Ele havia pegado um recipiente de alumínio parecido com um cano, ele pega uns saquinhos plásticos que dentro tinham diversas substâncias em diversos estados físicos da matéria, ou seja, sólidos, líquidos e até mesmo gasosos, tudo dentro de compartimentos especiais. Após começar a fazer suas misturas, o recipiente principal de alumínio começa a reagir estranho, começando a sair uma fumaça branca estranha, definitivamente algo perigoso estava sendo criado ali. 

  
— É...! A ciência é uma explosão! — Disse Sophie com os braços cruzados de confiança, ela parecia estar se divertindo, já Janine estava aflita, de medo e receio. 
 
Uma grande explosão branca ilumina toda a caverna em um piscar de olhos. Um pó branco e gelado caía sobre todo o chão e a temperatura ali perto havia ficado mais frio numa fração de segundos. Um outro estrondo ecoa com muita força, mas não foi a explosão que fez aquilo, foi a grande porta amarela, ela agora estava aos pedaços no chão, mas não só isso, estava completamente azulada, tanto que parecia um bloco de gelo destruído. Os três estavam bem distantes da destruição, Sophie se aproxima curiosa.  

  
— Uou! Isso foi incrível! — Reagiu Sophie bem impressionada, sua voz ecoava com muita potência de tanto que ela estava vibrando de emoção pelo que tinha visto. — Como que aquela porta tão resistente conseguiu cair com aquela explosão? — Questionou ela se aproximando e passando a mão nos destroços da porta, logo percebendo o estado da porta. — Gelo? 

  
— Permita-me explicar! — Disse Marcos respirando fundo, tirando o pigarro da garganta em seguida. — Nos últimos dias, eu tentei por diversas vezes tentar derrubar essa porta...! Tentei marretar, puxar, amassar, queimar, hackear, empurrar e até aquela receita de bomba de cano que eu descobri na dark web! — Explicava ele enquanto colocava o pé em cima dos destroços.  

  
— Isso é realmente equipamento pesado, mas você colocou gelo numa bomba? — Indagou Janine, parecendo bem curiosa com o que aconteceu.  

  
— Isso mesmo. Pesquisei e fiz muitos testes, demorei um bocado para descobrir uma fórmula que realmente congelasse assim..., mas o motivo que realmente funcionou é porque-! — Dizia Marcos bem animado e convencido, mas é interrompido por Sophie.  

  
— ‘’A razão subjacente pela qual a integridade do metal empregado na composição da porta revela-se ineficaz diante de condições térmicas mais reduzidas’’?! — Perguntou Sophie com muita animação, Marcos estava com os braços cruzados e sorrindo para ela, ele sabia que a garota iria fazer isso, de novo, por isso, fez de propósito. — Isso ocorre devido à sua inerente rigidez e falta de maleabilidade como constituintes materiais, o que resulta na propensão do metal a fraturar-se quando submetido à contração decorrente do congelamento! Marcos, você é um gênio! — Elogiou Sophie, bem impressionada com a perspicácia do rapaz. 
 
Marcos sorria alegremente com os elogios de Sophie, porém Janine estava quieta ali do lado, totalmente ignorada e com uma expressão desconfortável, parecendo até que estava com raiva. Ela era inteligente o bastante para ter entendido que a porta só foi destruída porque não aguentava ser congelada de forma rápida e repentina, o problema mesmo era que a conversa estava totalmente focada entre os dois como se a garota loira não tivesse naquele palco para receber os holofotes, não era a primeira vez que aquilo acontecia.  
 
— Bom, realmente, Marcos foi o gênio do dia! Mas isso realmente importa? Podemos finalmente desvendar o que tem atrás da porta. Vamos logo! — Disse Janine para ambos em um tom desgostoso, começando a caminhar bem rápido para a entrada. Ela havia cortado a conversa com sucesso, mostrando que, o que realmente importava era o que tinha atrás porta, não ela em si, pelo menos... foi o que pareceu. 
 
Sophie e Marcos trocam olhares, mas eles sorriem levantando os ombros. A dupla já conhecia Janine a anos, sabia como ela era e, para os dois, a química do trio era perfeita e harmônica, pelo menos para eles. Passando por cima dos destroços da grande porta, eles veem que o caminho continuava para baixo, através de uma grande escadaria amarela, eles ficam receosos no começo, mas começam a descer. 
 
— Tá muito escuro aqui embaixo, vamos ligar as lanternas antes que alguém se machuque. — Apontou Marcos, ligando sua lanterna. Sophie e Janine fazem o mesmo. — E aí..., o que vamos apresentar na Conferência? — Perguntou o garoto enquanto descia sem parar, os sons de eco eram bastante fortes de metal.  

  
— O Clube de Ciências não vai participar esse ano! — Decidiu Sophie com um ar de autoridade, não era atoa, como a mais apta para liderar, as maiores decisões ela que fazia. — É a mesma coisa todo ano, ninguém consegue inventar algo legal que não seja energia de algum vegetal ou um vulcão que sai espuminha do topo. — Criticou Sophie arduamente em um tom seco, aquele assunto não interessava a ela nenhum pouco e, para falar a verdade, nem ele.  

  
— Eu acho que seria legal a nossa presença lá, somos do Clube de Ciências da Escola! Tem sempre essa expectativa! — Argumentou Janine, querendo encorajar a participação deles lá, por mais que por vários anos, eles fizeram isso inúmeras vezes.  

  
— Parando para pensar, isso não nos obriga a participar. — Disse o garoto para Janine, refletindo sobre o assunto e percebendo que concordava com Sophie. — Sem falar de que é chato, não? Sem competição..., é sempre a gente que ganha o número um...! — Repetiu Marcos, realmente percebendo que a garota de cabelos verdes tinha razão, esse tipo de evento era muito chato. 
 
O garoto Marcos estala o dedo, ele teve uma ideia. Ele puxa da cintura um pequeno aparelho, ele abre uma extensão do lado dele que se abra como uma asa, mostrando o que ele gravava, era uma câmera. O aparelho era pequeno, preto e bem compacto, era perfeito para documentar um lugar como aquele, quem sabe o que eles poderiam ganhar caso conseguissem o devido reconhecimento por desbravarem uma Ruína antiga como aquela. 

  
— Você tá filmando a nossa excursão? Por quê? — Indagou Sophie curiosa, mas ela não gostou muito da ideia. 

  
— Eu estou gravando porque sou muito precavido. Vai que a gente morre e ninguém saiba o motivo, aí a câmera vai servir pra isso! — Brincou Marcos bastante otimista com o que pode acontecer, mesmo que seja ruim. 
 
—Eu não gostei do intuito disso! — Reagiu Janine com insegurança, a ideia de que algo ruim acontecesse era um medo crescente desde que descobriram a existência daquele lugar. 
 
— Eu estou brincando, Janine! — Caçoou Marcos, gargalhando bastante, ele quase tropica nos degraus em meio a isso, mas ele recobra o equilíbrio. — Eu quero gravar tudo para termos provas de que fomos nós que descobrimos e desbravamos aqui. — Explicou, acalmando um pouco a garota, mas só um pouco, ele não desmentiu que possivelmente iria acontecer algo ruim lá. 
 
— Ah..., entendi, você quer seu nome na revista da ‘’Sociedade Arqueotécnica’’ de Drianwood. — Disse Sophie num tom de tédio, Marcos se assusta pela genialidade da garota, era aquilo mesmo. 
 
A Cidade de Drianwood, aquela que aconteceu a excursão da Pedra Guardiã, era um imenso centro de pesquisas e estudos voltados para o Bosque da Pedra Guardiã e para a própria Pedra Guardiã, mas não apenas isso. Sendo uma cidade ocupada inteiramente por cientistas, uma das diversas pesquisas que existem lá é a da Arqueologia. A ‘’Sociedade Arqueotécnica’’ é o grupo de arqueólogos mais conhecidos do mundo, eles possuem diversos prêmios e ostentam o pódio dos maiores no mundo da ciência, não eram qualquer grupo. Mensalmente, eles publicam numa revista digital própria com os avanços que eles fazem sobre os mais diversos tópicos arqueológicos possíveis, desde artefatos, estruturas, vestígios e outros tipos de evidências materiais que incessantemente vão atrás para descobrir sobre o passado do mundo. 
Agora, imagine ter seu nome reconhecido por essa Sociedade e ter ele na primeira página, com isso, grandes cientistas e organizações iriam saber que quem foi o responsável por desbravar uma Ruína e dar um gancho para descobrir uma nova civilização antiga inteira, algo que somente os gigantes da arqueologia conseguia fazer, foi um jovem que ansiava a ser um grande arqueólogo no futuro, foi exatamente essa linha de raciocínio que Sophie teve sobre os pensamentos de Marcos. 
 
— O-O que?! Não! — Disse Marcos num pulo de um gato assustado, ele estende ‘’não’’ até quase ficar sem ar. — Tá, porra, é isso mesmo...! — Finalizou o garoto bem cabisbaixo, a verdade já era bem óbvia. 
 
— Não tem problema...! Eu só quero cinquenta porcento! — Disse Sophie com um sorriso inocente como quem não quer nada. 
 
— O que! Do que?! — Gritou Marcos ainda mais assustado, não esperava que a conversa chegaria naquele ponto. 
 
— Você sabe, do reconhecimento. — Repetiu ela, numa voz inocente, estranhamente inocente, soava até sádico. 
 
A conversa continuava tranquilamente com Sophie fazendo seus jogos mentais em Marcos enquanto Janine, na dela, acompanhava a dupla. Eles já conseguiam ver a base dos pés da escadaria, dando acesso a um enorme corredor, entretanto um som sai do chão e ecoa por todo aquele espaço vazio e amarelo, era como se algo tivesse sido pressionado. Os três param de andar na mesma hora já temendo o pior, ficando ali, paralisados de medo, mas com razão. Um som vindo lá de cima da escadaria faz os três olharem para trás, um dispositivo havia saído do chão, era um pino grande amarelo que girava, ele descia a escadaria em alta velocidade através das frestas que tinha bem no meio dos degraus, formando um caminho para ele. De repente, quatro grandes lâminas se levantam do topo do pino como asas, formando um hélice cortante e mortal, o som de vento era tão forte que parecia que um helicóptero estava se aproximando com tudo. Os três arregalam os olhos e a gritar desesperadamente, disparando na mesma hora dali, numa corrida alucinante.  

  

— CORRE! — Gritou Sophie muito alto, começando a correr, ela era a mais rápida dali, ganhando uma grande distância do fatiador de gente.  

  
— RÁPIDO, RÁPIDO! — Estrondou Marcos também, ele não era tão rápido assim, mas o desespero o fez manter no seu máximo o tempo todo.  

  
—AAH! — Berrou Janine muito alto, a garota era a mais desesperada dos três, gritando sem parar. 
 
Os três conseguem chegar desesperadamente até o fim da escadaria, alcançando o grande corredor. Sophie olha para trás num movimento só entre correr e se virar, percebendo que a hélice tinha chegado ao seu limite, pois o caminho do chão só ia até o fim da escadaria. Ela interrompe a corrida quase caindo no chão, mas Marcos e Janine continuavam a correr. 
 
— Pessoal, já estamos seguros! — Derrapou Sophie para interromper a corrida, ela grita bem alto para o grupo.  

  
— Sério?! — Questionou Marcos, parando de correr aos poucos, ele estava esgotado, nunca tinha corrido tanto. 
 
Janine estava com tanto medo que só para de correr quando tropeça no chão, o pânico era a única coisa que ela esboçava. Um som ecoa no corredor no mesmo instante, era semelhante àquele mesmo barulho de antes, de algo sendo pressionado. Alguns barulhos estranhos fazem a parede da esquerda emitir um grunhido metálico, mas nada podia ser feito, diversas estacas gigantes e grossas saem da lateral da parede através de furos que tinham dela, elas passam por cima de Janine, quase a acertando, no lugar, sua mochila foi perfurada de um lado ao outro. A garota grita de susto, ela é puxada para trás por Sophie e Marcos que fazem uma força só e as lanças voltam para a parede assim que Janine sai de onde estava.   

  
— Como você é idiota! Toma cuidado por onde você pisa! — Vozeou Sophie, sem paciência nenhuma com Janine.  

  
— Quase morreu atoa! Tinha que ser a Janine! — Disse Marcos, também parecia estressado com a garota. 
 
Janine se levanta num pulo, sua mochila agora estava completamente rasgada e destruída, a puxada que ela recebeu dos dois havia terminado o serviço que a estaca fez, deixando ela inutilizável. A garota estava com uma expressão de estresse, ela range os dentes com um ódio evidente, mas ela segura esses sentimentos para si e reprime eles, voltando com sua postura normal. Os três caminham pelo corredor de forma calma e devagar, eles iluminam o chão com suas lanternas e passam ao lado das plataformas de pressão, nenhuma delas é acionada. Os três chegam a mais uma porta dupla, uma cópia daquela que tinham derrubado, porém estava entre aberta.  
 
— Finalmente chegamos, isso foi mais tenso do que imaginei! — Suspirou Sophie aliviada, chegando próximo da porta. — Tem uma brecha aqui, acho que é possível atravessar ela com isso. — Disse ela dando uma olhada pela gigante frecha, que era bem estreita.  
 
— Hum...! verdade. — Concordou Marcos, indo em direção a brecha da porta, passando primeiro seu braço e depois sua cabeça, depois o resto de seu corpo, a passagem foi bem apertada, mas de fato era possível pessoas passarem por ali. 
 
— Janine, pode ir você, eu vou por último. — Disse Sophie para a garota, porém ela não estava escutando. — Janine! — Chamou, aumentando a voz.  
 
— Tô indo...! — Afirmou, estava com uma expressão fechada. 
 
Janine faz o mesmo que Marcos e consegue atravessar a grande porta. Marcos havia passado primeiro, depois Janine e, por último, foi Sophie que havia passado. Os três ficam maravilhados quando se encontram em um gigantesco salão, um espaço enorme de pedra bordado com o mesmo metal da porta de antes. Ao lado um do outro, formando um corredor até o centro do salão, havia pilares enormes que sustentavam o teto, mas o que mais chamava a atenção era as enormes e robustas estatuas douradas, que tinham em suas mãos balestras gigantes e lâminas enormes parecidos com espadas na frente de cada pilar, parecidos com guardas. Os três estavam maravilhados com o que viam.  
 
— Isso é incrível! — Disse Sophie, sorrindo bem animada. — Tá capturando tudo isso? Marcos.   
 
— Tudinho! — Confirmou sorrindo. — O que é aquela luz ali?! — Perguntou confuso, vendo uma luz intensa no final de uma plataforma.  
 
— Vamos chegar mais perto para ver! — Disse Janine com dificuldade, tampando um pouco os olhos com uma das mãos. 
 
Os três andam pelo grande salão passando pelas estátuas, elas eram enormes, cada uma deveria ter pelo menos cinco metros cada uma, ao chegarem mais próximo, eles perceberam que não eram estátuas simples, eles eram constituídos por peças metálicas e estruturas complexas, parecidos com a de robôs. Ignorando esse detalhe eles chegam na plataforma, ela era relativamente grande e tinha um formato de triângulo de base quadrada, aonde tinham escadarias nos quatros lados dela. No topo dela tinha um pequeno espaço aonde se encontrava um pedestal, era de lá que os três conseguiam ver a fonte forte de luz. Ao chegarem lá em cima, eles descobrem que a luz saía de uma esfera semelhante a um cristal, tão polido e lapidado que era uma esfera perfeita, tinha uma faixa do metal amarelo na esfera que parecia um anel, ou uma faixa, era muito bonito. Aquilo era como magia, o cristal estava flutuando no ar e a luz radiante que saia dele tomava forma ligando a base do pedestal ao teto numa linha só, era como se a própria estrutura do pedestal sugasse a energia e concentrava ela, seja lá para o que. 
 
— Isso é realmente bem legal. — Concordou Sophie animada, mas ela olha em volta. — Vamos embora! — Chamou, já se virando de costas para o pedestal e começando a descer. 
 
— Bora! — Concordou Marcos, já seguindo a garota. — Eu estava pensando em ir no cinema depois com minha namorada..., tem algum filme bom em cartaz? — Perguntou Marcos para Sophie, ambos descem as escadas ignorando completamente tudo ao redor. 
 
— Ah, tem alguns sim...-! — Confirmou Sophie para Marcos, seguindo a conversa normalmente.  
 
— O que! Como assim?! — Disse Janine muito alto, chamando a atenção dos dois. — Chegamos até aqui só para ir embora depois? Sem nada a mais?! — Questionou , parecia estar muito nervosa e frustrada.  
 
— Huh, Sim? Falamos que ia ser um role ‘’normal’’, Janine. — Disse Marcos, estava tranquilo, ele faz sinal de aspas quando fala ‘’normal’’.   
 
— Qual é, Janine, vem logo, já vai escurecer. — Disse Sophie chamando a garota, ela continua a andar, com Marcos logo atrás. 
 
Janine fica extremamente estressada, começando a bater o pé e falar muito alto. 
 
— Não, não! Não! Eu me recuso a quase morrer por apenas um role ‘’normal’’! — Gritou Janine muito alto, estava com muita raiva, ela distorce a voz e faz sinal de aspas quando fala o ‘’normal’’ 
 
— Você quase morreu porque foi burra! — Xingou Sophie respondendo Janine, num tom de voz calmo e sério.  
 
— Por mais que seja legal, esse lugar não tem nada demais. Até para mim que é viciado em arqueologia, já vi relíquias muito mais bem elaboradas que essa aqui. — Argumentou Marcos, apontando para o cristal no pedestal. — Muitas civilizações já passaram pela Terra, encontram esse tipo de lugar direto! — Disse o garoto, tentando acalmar a garota e fazê-la pensar logicamente. 
 
— Foda-se! Foda-se! Foda-se! Foda-se! — Repetiu a garota, tampando os ouvidos. — Não vou voltar para casa com nada tendo arriscado minha vida! — Finalizou Janine com muita raiva, indo em direção ao pedestal.  
 
— Urgh...! Que garota idiota! — Reclamou Sophie tampando o rosto, ela estava de costas a discussão inteira enquanto descia os degraus, entretanto, o grito de Marcos chama a sua atenção, parando na mesma hora. 
 
— Janine, não pegue isso não! — Gritou Marcos bem alto ao ver Janine ir em direção ao pedestal, já presumindo o pior. 
 
Janine coloca a mão no Cristal Amarelo e puxa com toda a força que tinha, o arrancando de cima do suporte com violência. A energia se dissipa de uma vez e um grande som de algo sendo desativado ecoa por todo a Ruína. O Cristal agora emitia menos luz para fora, fica bem concentrada somente em sua estrutura. Sophie e Marcos fazem uma expressão de pânico.   
 
— Janine, coloca esse Cristal no lugar! Agora! — Mandou Sophie com uma voz grossa e raivosa, ela sentia que algo iria acontecer.  
 
— Pensa no que você tá fazendo, Janine! — Disse Marcos, tentando controlar as ações da garota.  
 
ignorando os dois, Janine desce a pequena escadaria correndo, ela empurra Sophie e Marcos para os lados quase os fazendo cair no chão. De nada adiantava, gritos, berros, xingos, a garota apenas seguia em direção a porta. Para evitarem o pior, Sophie e Marcos começam a correr atrás da garota, mas ela estava bem distante dos dois, seria uma perseguição e tanto. 
 
— O que essa garota tem na cabeça?! — Disse Sophie, bem enfezada.  
 
— Ela ficou aloprada de novo, só isso! — Respondeu Marcos, pensando em Janine e em como ela extrapolou nos limites dessa vez. 
 
A perseguição continuava normalmente, mas do nada, algo acontece. Os dois quase caem no chão quando algo explode na frente deles, fazendo pedaços de pedra do chão voar para todos os lados, até mesmo Janine, lá na frente, para de correr assustada. As estatuas, antes paradas na frente de cada pilar, agora se mexiam como autônomos robóticos, eram doze criaturas de metal de cinco metros empunhando gigantescas espadas de metal, o som de metal rangendo e chacoalhando era infernal, eles estavam esperando visitantes a centenas de anos quem sabe. 
        
— M-Merda, não eram só estátuas! Mas por que só fizeram isso agora?!— Disse Marcos bem alto enquanto olhava em volta, estava com uma expressão de pânico.  
 
— Não é óbvio?! Estavam esperando um idiota pegar a relíquia deles! — Respondeu Sophie enquanto tentava pensar no que fazer. 
 
Todas as estatuas começam a andar na direção de Sophie e Marcos, eles batiam com espadas de suas mãos no chão, arrancando pedaços do solo a cada golpe violento que tentavam acertar. Pressionados, os dois recuavam para longe deles para evitar os ataques, o que era relativamente fácil, por sinal, a sorte era que essas estátuas eram muito lentas. 
Quem estava numa situação completamente diferente era a Janine. Correndo sem parar e ignorando as estátuas, ela desvia dos golpes de espada ao ganhar distancia, conseguindo chegar na porta e atravessando por ela rapidamente, sumindo dali. 
 
— O que nós fazemos?! — Perguntou Marcos, estava com bastante medo e não conseguia pensar direito.  
 
— Vamos nos separar, vai ser mais fácil desviar deles! — Disse Sophie com tensão na voz, ela toma coragem e começa a correr. As estátuas tentam acertá-la, mas Sophie é mais rápida e consegue passar pelo lados delas sem tomar nenhum dano.   
 
— Urgh...! Tá bom! — Grunhiu Marcos, ele estava com medo, mas se Sophie, uma garota, conseguiu fazer aquilo, ele também conseguiria. Dito e feito, ele consegue. 
 
Ambos desviavam para os lados dando pulos aqui, avanços ali e até rolavam no chão desajeitadamente para evitarem serem partidos aos pedaços por aqueles brutamontes de metal, a sorte era que as estátuas eram antigas, então estavam bem enferrujadas e seus movimentos eram travados. Sophie e Marcos fogem das sentinelas, conseguindo chegar até a fresta. 
De uma forma desesperada, os dois passam pela fresta muito rápido, chegando a até colidirem parte de seus corpos de maneira violenta contra abertura, já que as estátuas se aproximavam com velocidade também. Quando eles atravessam o outro lado, eles voltam a correr evitando as placas de pressão com suas lanternas e correndo mais lentamente por consequência disso. Sophie vê Janine já muito longe da onde estavam, estranhando por ela correr de forma descuidada pelo corredor.  
 
— O que?! — Disse Sophie ao entrar em confusão com a garota. — As armadilhas não estão sendo ativadas...! Será que...? — Perguntou a garota para si mesma, ela parecia ter pensado em algo. 
 
Sophie arrisca uma hipótese que havia pensado e pisa em uma das placas de pressão. Nada acontece. Marcos vê e logo faz uma expressão séria, voltando a correr normalmente e a ignorar as placas de pressão, pisando nelas sem cuidado.  
 
— Aquele cristal é a fonte de energia daqui, deve ser por isso que as sentinelas lá atrás foram ativadas e tentou matar a gente! — Concluiu Sophie para Marcos enquanto corria.  
 
— Isso mesmo, e é provável que seja instável se usado da maneira errada. A Janine pode estar carregando uma bomba e nem sabe! — Comentou Marcos seriamente, fazendo Sophie arregalar os olhos e até mesmo hesitar em continuar a persegui-la. 
 
A conversa dos dois é interrompida quando eles escutam som de algo muito pesado começando a se arrastar pelo chão, eles olham para trás e se assustam na mesma hora. As estátuas estavam abrindo a porta que tinham acabado de passar, daqui a pouco eles teriam companhia atrás deles então, para evitar isso, eles alargam a passada e começam a correr mais rápido. Janine estava no começo da escadaria que leva a saída quando eles ainda estavam no meio do corredor, as sentinelas conseguem abrir por completo a passagem, voltando a perseguir os três, mas não apenas isso. Sophie toma um susto, saltando para o lado enquanto corria, ela quase cai. Uma seta gigantesca havia atingido o chão do seu lado, era um virote de uma besta enorme, ela olha para trás, os perseguidores de metal estavam usando suas balestras em suas mãos para tentar atingi-los a distância, aumentando a tensão do momento. 
Sophie e Marcos chegam com tudo no pé da escadaria, os virotes se encravavam no chão violentamente a todo momento, quase acertando eles. A pouca luz que vinha da saída lá em cima podia já ser vista como um raio de esperança de suas salvações. Quando eles estavam no meio da escadaria, Janine já estava subindo a corda para sair da caverna.  
 
— Ela tá quase fugindo! Não podemos deixar! — Gritou a garota, sendo tomada por uma força de vontade grandiosa, aumentando sua velocidade de forma mágica, estranhamente, seu cabelo verde começa a brilhar fortemente. Sophie sobe o resto da escadaria como um míssil. 
 
Sophie passa pela porta destruída pelo gelo e corre em direção a corda, pulando nela e agarrando o pé da garota num salto monstruoso. Marcos via tudo boquiaberto, a garota baixinha era imparável.  
 
— Tá ficando louca?! Deixou a gente lá para morrer e acha que vai se safar?! — Brigou Sophie com muita raiva, ela estava agarrada na perna da garota com tanta força que até machucava.  
 
— Aí! Me larga, porra! — Gritou Janine com muita raiva também, ela sentia sua perna sendo apertada pelas mãos da garota.  
 
— Pessoal, temos um problema! — Anunciou Marcos em pânico, as estátuas sentinelas já estavam chegando.  
 
— Foda-se se elas estão vindo, a gênia da Sophie inventa algo pra salvar você! — Disse Janine com revolta, ela dá um chute no rosto de Sophie, a fazendo soltar dela. 
 
Sophie caí no chão com tudo, a dor da queda foi considerável, ela solta alguns grunhidos por causa dos danos. Agora que Janine estava livre, ela começa a subir de volta a corda. Marcos se aproxima de Sophie e a ajuda, o tombo foi tremendo e provavelmente aquilo iria trazer consequências para a amiga, mas aparentemente aquilo não era o caso. Sophie se levanta e salta novamente na corda, começando a subir para ir atrás de Janine. A garota loira chega ao lado de fora, voltando a correr para longe dali e de volta a Cidade.  
 
— Marcos, vem logo, mais rápido! Vem! — Chamou Sophie para o garoto ser mais rápido, as sentinelas estavam vindo e Janine estava se afastando, agilidade era algo importante naquele momento. 
 
— Tá, tá! Eu tô tentando! — Respondeu Marcos, tentando manter a calma, ele se aproxima da corda para escalá-la. 
 
Marcos sobe a corda logo atrás de Sophie e ambos conseguem sair da caverna bem a tempo, pois as estátuas haviam chegado bem ali aonde estavam, se tivessem atrasado um pouquinho que seja, seria tarde demais. Ambos estavam bem ofegantes e cansados, eles se permitem se jogar no chão para descansar, Marcos pelo menos, pois Sophie já estava tomando fôlego para ir atrás da garota, mas ela é impedida pelo garoto. 
 
— Deixa ela, Sophie! Depois a gente se vê com ela! — Disse Marcos com pouca paciência, já aceitando a realidade, ele estava muito mais preocupado em sair das Ruínas do que ir atrás da garota.  
 
— Eu sei, mas isso não pode ficar impune, ela quase matou a gente! — Disse Sophie com muito esforço, ela estava bem ofegante.  
 
— Tá, eu sei, mas nós todos conseguimos sair com vi-! — Dizia Marcos seriamente, mas ele é interrompido quando uma seta gigante perfura seu peito de repente. 
 
Uma quantidade absurda de sangue voa do peito de Marcos e acerta o rosto de Sophie, a garota arregala os olhos, ficando boquiaberta também, fazendo uma expressão de vazio avassalador. Marcos olha para o enorme virote atravessado no seu peito, ele tentar falar algo, mas sua boca tremia. Ele olha para trás, percebendo que as sentinelas ali embaixo conseguiam vê-lo e não só isso, acertá-lo também, ou seja, eles conseguiram porque o garoto estava bem na beirada do buraco, foi um erro fatal. Sophie começa a gritar muito alto de pavor, horror, desespero e pânico, chamando a atenção de Janine lá embaixo na cerca. Ao ver o que havia acontecido, ela também faz uma expressão de susto, começando a chorar sem parar, ela volta a correr para longe dali, em um estado de negação gigantesco. 
Já sem vida, o corpo de Marcos cai para trás, de volta para a caverna. A garota também cai para trás no gramado, chorando e berrando muito alto, ela arranca seu cabelo com as mãos em agonia, tentando até tirar da sua mente o que tinha acontecido, em vão. A garota estava em estado de completo delírio enquanto gritava em plenos pulmões, seu peito doía como nunca. 
Janine já estava muito longe dali, já na Cidade. Ela corria e corria, sem rumo nenhum. As lágrimas se seu rosto não permitiram ela olhar atentamente o seu caminho, ela tropeça e caí no chão de um beco, aquele era seu limite e estava esgotada de tanto se mexer. Ela se encolhe, chorando baixinho envolto de seus próprios braços, o cristal que havia pegado havia escapado de suas mãos, rolando um pouco longe dela. Ela olha para a esfera com nojo e raiva.  
 
— Marcos morreu por sua culpa! — Culpou Janine com a esfera, estendendo a mão em direção a bola e a pegando. — Morre! — Disse com raiva, arremessando a bola para longe com revolta. 
 
A bola acerta e quica no chão, acertando uma grande caçamba de lixo feita de aço e ali ela fica. Janine se surpreende, a bola havia simplesmente grudado no metal ao invés de cair no chão novamente, a deixando boquiaberta. Confusa, a garota se aproxima para analisar mais de perto, constatando que a bola estava presa na caçamba como um imã ficaria. Janine faz muita força e consegue remover a bola da caçamba de lixo, nenhum super imã comum iria ter tanta potência quando aquela esfera tinha.  
 
— Uou! — Reagiu Janine espantada, ela pega um prego do chão e consegue grudar na bola. — É um imã mesmo...! um super mega imã! — Constatou, puxando o prego da bola com muito esforço. 
 
Janine percebe que a bola também emitia um calor reconfortante, ela aproxima a esfera de seu peito, notando mais daquela sensação intrigante. Era muito bom, a energia entrava em seu peito, ia para os braços, cabeça e descia para as pernas, tomando a garota por completo com um calor bom. Janine consegue parar de chorar, mas de repente, ela sente uma leve dor no braço.  
— Urgh...! Q-Que isso?! — Indagou Janine desconfortável, ela nota que um prego havia grudado em seu braço. 
 
Janine tira a bola de perto de seu peito, o prego desgruda de seu corpo na mesma hora, caindo no chão. ela olha para o prego por alguns segundos sem dizer nada, se aquilo que estava na sua mente era realmente verdade, ela tinha em mãos não só uma ferramenta, mas uma arma ou melhor, uma oportunidade. Ela coloca a bola de volta em seu peito e o prego começa a tremer agitadamente, voltando voando para a mão dela, esticada propositalmente. Janine balança sua mão como se quisesse tirar o prego de si sem afastar a esfera, porém, o prego é disparado em alta velocidade de sua mão, encravando em uma parede maciça de tijolos como uma estaca. Uma estalo ecoa na mente da garota naquele momento, junto de um sorriso de uma grande ideia, a empolgação e a animação era incontrolável, a garota de cabelos claros começa a rir descontroladamente.  
 
— Eu sou burra, Sophie?! Vamos ver quem vai ser chamada de burra, quando eu tiver te matado com minha invenção! — Gritou ela de uma maneira bem louca, voltando a rir sozinha. 
 
Umas boas horas se passam, o frio da noite havia chegado com força e os postes de luz das ruas já estavam acesas para desempenhar o seu trabalho noturno. Na área sudoeste da Cidade, diversos trabalhadores estavam organizando um grande estoque de metais e sucata, era um trabalho duro e muito cansativo, mas aquilo era só mais um dia comum na vida deles, aliás, de muitas daquela região, já que aquela parte da Cidade dos Bosques era focada em usinas, fábricas e empresas dos mais diversos portes, sendo grandes como a gigante LIOR Abadir, ou as mais pequenas, as microempresas, que ainda lutavam para ascender seu nome. Conversas casuais aqui e rodinhas de bate-papo para rápidos intervalos era algo comum lá, mas todos param o que estavam fazendo na mesma hora quando uma garota misteriosa invade aquele armazém.  
 
— Ei, imbecis! — Chamou a garota de cabelos loiros, ela estava com um manto cobrindo a parte de baixo do corpo, mostrando apenas a cabeça.  
 
— Garota, saia daqui, o lugar não é seguro para crianças! — Disse um dos trabalhadores em um tom autoritário, ele tinha propriedade para tal.  
 
— Está me chamando de burra?! — Questionou a garota enquanto rangia os dentes, ela parecia alterada. Ela tremia a cabeça, falava em tons errados de voz e parecia até mesmo espumar pela boca, ela não parecia nenhum pouco bem. 
 
— O que?! Não! — Negou um outro homem, estranhando a garota e o jeito estranho dela, que parecia sentir dor. — Ele não disse isso, esse lugar que é perigoso. Tem cargas sendo transportadas pra cá e pra lá e pode cair em cima de você! — Explicou ele de uma maneira lógica e funcional. 
 
— E-Esse jeito tão lógico de falar...! — Murmurou a garota, ela cambaleia enquanto andava na direção dos homens. — Estão me chamando de burra sim, acha que eu sou idiota de acabar morrendo?! Vou ensinar respeito pra vocês. — Ameaçou, tirando o manto de seu corpo, deixando todos ali surpresos. 
 
A garota estava com diversos suportes de metal presos no corpo, não era nada mirabolante, sendo apenas alguns metais encaixados em seu corpo como um cinto e suspensório, porém o que mais chamava atenção nela era a Esfera Amarela que estava preso no meio de seu peito. A garota ergue as mãos na direção daquelas pilhas enormes de metal que estavam espalhados para todos os lados, no chão, em prateleiras e até em grandes containers, mas nada acontece. Do nada, todas aquelas peças começam a tremer e a reagir magicamente, como se estivessem sendo atraídas cada vez mais, até que a força começou a ser tão grande que as peças metálicas começaram a flutuar no ar e ir em direção da menina.  
Os trabalhadores ficam assustados com o que viam, se afastar era a única coisa que podiam fazer. Toneladas e mais toneladas de metais e sucatas começam a se amontoar em na garota, aumentando o tamanho e sua forma de um jeito que complementava o corpo dela como uma armadura colossal, ou melhor, um gigante feito inteiramente de metal. Os metais que formavam a cabeça do Colosso começam a se afastar, mostrando o rosto da garota lá em cima, com um sorriso só não maior que seu novo corpo metálico.  
 
— Como eu dizia...?! Hum...! Ah, sim! Hora das boas maneiras! — Disse a garota em tom de ironia, começando a rir freneticamente. 
 
Os outros trabalhadores ali na região conseguiam apenas ouvir os sons de gritos e pancadas tão fortes que tremiam todas as estruturas em volta, como um terremoto poderoso ou algo pesado colidindo contra o chão, o medo e o desespero começa a se tornar algo cada vez maior. Os barulhos eram de embrulhar o estômago, gritos de agonia e pedidos de socorro, mas ninguém tinha coragem de fazer alguma coisa, não que tivessem tempo para isso, de qualquer forma. O teto do prédio explode e o gigante de metal surge de lá de dentro, ele estava muitas vezes maior do que a poucos segundos atrás e os metais de toda a região começavam a tremer e a flutuar na direção do Colosso em quantidades cada vez maiores, os trabalhadores de toda a região sudeste da Cidade começam a correr desesperadas para fora de lá. Tudo se revirou em caos em poucos minutos, carros e mais carros formando trânsito parados, buzinas, gritos e pessoas correndo para todos os lados, a zona industrial queimava em chamas grandes, tão grandes que a luz conseguia ser vista de outras cidades bem longe dali. O Colosso, agora uma criatura de pouco mais de vinte metros de altura, solta um rugido tão forte explode todos os vidros de todas as janelas das fábricas que formavam aquela zona.
Já era por volta das oito horas da noite, Sophie estava na Goldenwood High durante a Conferência de Ciências daquele ano. A conferência acontecia na quadra, que por sinal, o local ainda estava avariado após a Partida de Basquete que aconteceu a uns dias. O local todo havia sido preparado para que os alunos mostrassem seus projetos que resolveram criar, assim, ganhando pontos extras nas matérias, mas aquele não era o foco no momento. A garota estava ajoelhada no chão, cheia e culpa e tristeza pela recente morte de Marcos, ela estava sendo consolada por Simon, sua paixão não assumida e sua melhor amiga, Isabella.
 
— A-A culpa é minha...! E-Eu que tive a ideia! — Lamentou Sophie, estava chorando muito e soluçando.  
 
— Soph, para com isso. A culpa não foi sua, foi da Janine! — Consolou Isabella, ao menos tentava. 
 
Isabella ainda estava com muitas partes do seu corpo cobertas por faixas e gazes, se não fosse pela melhoria física que ganhou ao longo do tempo, aquela luta contra os Brutamontes Deformados a teria deixado aleijada pelo resto da vida, porém, a garota já se encontrava num estado físico atual bem melhor. As faixas cobriam seus dois braços, cabeça e uma das pernas por completo, as partes de sua roupa que deveriam mostrar sua pele macia mostravam partes do seu corpo enfaixado. 
As palavras de Isabella não conseguiam entrar na cabeça de Sophie, para ela, o que aconteceu foi tudo culpa dela, como se ela mesma tivesse assassinado o garoto, a mente de Sophie se encontrava numa situação nublada e emocionalmente sobrecarregado. Simon, ao ver isso, se aproxima da garota, dando um abraço nela, as roupas frias que ela usavam deixou o toque muito desconfortável, mas aquilo não era culpa dela, a garota tinha ido direto para a Escola após o ocorrido, tentando buscar ajuda, se deparando com os dois ali na quadra.  
 
— Eu estou aqui, Sophie, nós estamos aqui. — Consolou Simon, sentindo tanta pena de sua amiga, que podia sentir sua dor. Ele corrige, deixando claro que Isabella também estava ali com ela. — Você não vai passar por isso sozinha! — Sussurrou o garoto de maneira consoladora. 
 
Isabella se ajoelha perto da garota, colocando a mão sobre Sophie. A garota de cabelos verdes cede ao sentimento, ela abraça Simon com força e puxando a garota para mais perto também, por mais que ela não se sentisse menos culpada pelo que aconteceu, sentir que não estava sozinha e que tinha pessoas que se importavam com ela já era o suficiente para aquilo ser uma luz de alívio e esperança. Simon troca olhares com Isabella, a mensagem foi clara como se tivessem se comunicado com telepatia, a garota de cabelos rosa assente com um gesto de cabeça, agradecendo. Simon não iria cometer o mesmo erro duas vezes, muito menos deixaria Isabella cair na mesma falha que ele, o garoto de cabelos azuis ainda se cobrava muito pela situação de seu melhor amigo. 
 
— Parem de tentar me fazer sentir menos culpa-! — Dizia Sophie com raiva de si mesma, porém antes de terminar a frase, ela sente uma forte dor de cabeça. — Urgh...! Droga..., o que isso?! — Indagou confusa.  
 
— O que foi? Você está bem? — Disse o garoto, ficando muito preocupado com Sophie.  
 
— Você não está ferida, está? — Perguntou Isabella, chegando mais perto de sua amiga. 
 
— Não...! Urgh...! Eu estou bem, apenas senti um..., incomodo? Não sei direito, parece uma dor! — Ela tentou se explicar, mas aquela sensação era insuportável. 
 
Isabella e Simon se olham fixamente com os olhos bem arregalados, eles tinham uma ideia do que aquilo poderia ser, essa troca de olhares deixa Sophie estranhando a dupla. Antes que alguém conseguisse falar alguma coisa, um forte tremor de terra faz todos da quadra trocarem olhares entre eles, completamente assustados. A quadra inteira havia ficado em um silêncio absurdo, aquela feira de ciências havia sido pausada de uma maneira muito brusca, tanto que os alunos nem sequer notaram que seus trabalhos de ciência haviam caído das mesas que montaram para suas apresentações. Sophie fica em choque da mesma forma que os outros alunos, mas para Simon e Isabella foi diferente, eles se levantam de onde estavam sentados e ficam em alerta máximo, com um instinto que só eles tinham. 
Era como uma música ganhando forma, a medida que os tremores ficavam mais fortes o som do caos ficava mais acentuado e encorpado, alguma coisa trazia a destruição exatamente para onde a Conferência de Ciências acontecia, alguma coisa realmente colossal. Depois de alguns segundos angustiantes, o chão para de tremer de forma brusca e o bom foi que o som de destruição havia sido interrompido também, o problema era que foi bem de frente com a Escola. O ambiente vazio de repente se tornou horrível e sufocante, pois o jeito que os tremores pararam quando alcançaram o seu ápice deu a impressão de que o que quer que esteja causando aquele caos está agora mesmo, estaticamente imóvel, em frente ao ginásio, isso tudo junto com o silêncio deixou o ambiente palpável de tão pesado e tenso que havia ficado.  
De repente, um borrão preto se forma rapidamente na enorme janela que tinha acima da parede e algo a atravessa de forma violenta, ela acerta o chão e vai se arrastando sem parar, causando uma enorme destruição pelo caminho, os alunos gritam de susto e conseguem sair do caminho e se afastam bem a tempo, mas o problema era com o trio. Sophie se joga no chão como ação instintiva e aquilo não foi atoa, o objeto estava vindo diretamente na direção dos três e iria matá-los na mesma hora, porém, Simon e Isabella eram diferentes. 
 
— Isabella...! Não vai ser uma boa ideia eu dar um chutão nisso e arremessar ela de volta pro outro lado da Escola, não com todo mundo olhando! — Sussurrou Simon quase gritando, numa altura que só Isabella iria escutar. — Você tem que fazer alguma coisa! — Avisou, lembrando a garota de que não eram mais humanos comuns. 
 
Ela entende na mesma hora e de uma maneira bem sutil ela movimenta as mãos enquanto as mantém para baixo, girando seus dedos em movimentos circulares que pareciam flutuar como o vento. Aquele enorme objeto iria acertá-los em cheio, mas num movimento muito estranho, ela quica para cima, praticamente quebrando as leis da inércia e gravidade, passando bem acima da cabeça deles. Simon quase é jogado contra ao chão quando isso aconteceu, fortes ventos haviam o atingido momentos antes do objeto passar voando por cima dele, levando consigo o fôlego do garoto. Aquilo bate com tudo contra a parede do ginásio, parando na mesma hora.   
Todos ficam extremamente assustados com o que viam, aquele objeto era um carro enorme completamente destruído, os alunos ali nem sequer conseguiram processar aquilo, tudo se transforma em um completo caos quando alguém grita em pânico.  
 
— Um monstro! — Berrou muito alto um aluno do ginásio, sua voz estridente de medo era mais um grito do que uma fala, ele aponta na direção do buraco que tinha sido feito na parede pelo carro. 
 
Pelo buraco, um rosto enorme de um Colosso inteiramente feito de peças de metal estava encarando todos lá dentro, suas expressões artificiais eram simples e não tinham nenhum traço de humanidade, ele destrói toda a frente do ginásio ao esbarrar seus dois braços nele, sua força era descomunal, todo aquele pedaço é destruído, removendo todo o teto e toda aquela parede. Os alunos começam a evacuar a Escola correndo desesperados em direção a saída dali, o medo falava mais alto e elas se amontoavam, atrapalhando uma fuga que deveria ser rápida. Sophie, Simon e Isabella ficam extremamente chocados com o que viam, o Colosso tinha mais de vinte metros de altura e era praticamente um prédio encorpado de metal.   
 
— O-O que é essa coisa?! — Perguntou Simon, tenso e nervoso.  
 
— Um humanoide colossal feito de..., metal?! — Indagou Sophie muito confusa e assustada. 
 
O Colosso era um ser humanoide de vinte e poucos metros de altura, seu corpo era constituído por pequenos pedaços de metal e sucata grudados um no outro, o corpo da criatura era simples e bem arredondado, nem se quer pescoço o monstro dia era somente um topo de cabeça com dois buracos vazios e um risco que formava a boca. O mais curioso era que diversos objetos de metal reagiam, começando a tremer e a querer ir na direção do Colosso  
 
— Isabella, nós dois podemos contra esse bicho aí se formos juntos! — Disse Simon para Isabella, apesar do olhar tenso, ele estava aparentemente confiança.   
 
— É! Acho que dá mesmo! — Concordou, pegando a confiança do garoto como pegaria uma gripe também, mas ela olha ao redor, encontrando mais um problema. — Tem muitas pessoas aqui, não dá para transformar aqui! — Lamentou ela, muito receosa, aquele show de luzes iria chamar a atenção de todos ali. 
 
O Colosso avança alguns passos, levantando seus grandes pés e pisando em quem quer que estiver no caminho, sua cabeça girava várias vezes de forma que parecia estar procurando alguém. Após chegar mais perto seus olhos se fixam nos três jovens de cabelo colorido, eles conseguiam se destacar entre a multidão por não estarem fugindo. O colosso para de repente e começa a rir de forma alegre, mas o mais estranho era que o movimento que ele fazia era de alguém rindo, mas sua voz saía de outro lugar daquele corpo de metal. Os três estranham, mas logo arregalam os olhos quando a criatura levanta seu pé bem alto para dar uma pisada nos três. Sophie, Simon e Isabella correm para o lado, saindo de baixo do pé de metal dele, o ataque do monstro faz o chão afundar, rachando tudo em volta. Sem ter o que fazer, os três correm em direção ao buraco de onde o próprio Colosso havia surgido. 
O monstro de metal volta a andar para seguir eles e ignora completamente os outros alunos logo atrás dele, chegando todos do lado de fora do Ginásio. Sophie, Simon e Isabella param de correr e ficam cara a cara com o Colosso de Metal, a criatura andava de forma cambaleante e desengonçada, seu corpo enorme se chocava contra baixa estrutura da Escola, definitivamente era um ser atrapalhado.  
 
— Sophie, sai daqui agora! Você não tá segura aqui! — Disse Simon bem alto para ela, o garoto estava a frente dela, a protegendo de qualquer coisa que o monstro poderia fazer.  
 
— Sair?! Ele está focando em nós, correr não vai adiantar nada! — Discutiu a garota enquanto ela ajeitava seus óculos em seu rosto, estava bem tensa.  
 
— Ei, olhem lá! O rosto dele! — Apontou Isabella para o rosto do gigante, algo estava acontecendo. 
 
O rosto do Colosso começa se mover e a ondular como uma vibração, aos poucos aquele rosto começava a se abrir, revelando quem estava por trás daquilo. Sophie fica boquiaberta ao ver quem estava lá, era Janine, que começa a rir com a expressão dos três ali.  
 
— J-Janine?! — Gritou Sophie arregalando os olhos, com uma voz de espanto, aquilo ela não esperava.  
 
— Ói! — Cumprimentou Janine lá de cima, ela arrasta a fala de maneira empolgada dando um belo sorriso e uma voz bem histérica.  
 
— Então você é a Janine. — Compreendeu Simon, conhecendo Janine pela primeira vez naquele momento, além disso, ele lembra de outro detalhe. — Não era para vocês serem amigas? — Perguntou olhando para Sophie.  
 
— Éramos amigas, isso até eu cansar desse jeito arrogante dela com as outras pessoas! — Explicou a garota loira com uma voz de raiva. 
 
— ‘’Jeito arrogante’’?! Para começo de conversa, não foi meu jeito de agir que matou o Marcos, sua vaca! — Xingou a garota de cabelos verdes, ficando irada com Janine. 
 
— Olha o jeito que você fala comigo, sua cuzona! — Irou Janine, quase avançando na direção dos três com o enorme colosso que estava controlando, parecia que Sophie não havia se tocado que estava discutindo com alguém que poderia pisar nela. — Parte da culpa do Marcos ter morrido foi sua também, não adianta negar! Se não fosse por essa sua ideia estúpida de investigar uma Ruína antiga! — Argumentou a garota, apontando o dedo para a cara de Sophie lá de cima. 
 
— De novo criticando as minhas ideias...! Você sempre faz isso, Janine! — Disse Sophie, contra argumentando a garota, parecia que ela estava se estressando mais. — Sempre que vamos fazer alguma coisa legal você estraga tudo com esse seu jeito azêmola de ser, sua toupeira! — Xingou e aquilo foi a gota d’água para Janine. 
 
A garota range os dentes de raiva, ela controla aquele corpo colossal de metal e levanta sua perna, iria pisar neles com toda a força que tinha, porém, foi Isabella que impediu ela de seguir em frente. 
 
— Se eu fosse você, pensaria duas vezes antes de fazer isso! — Gritou a garota, chamando a atenção de Janine lá de cima, a deixando curiosa. — Você não tem chance contra nós, melhor você parar e se render agora! — Avisou Isabella determinada, ela não se permitia ser dominada pelo medo.  
 
— Eu?! Eu não tenho chances? — Repetiu Janine surpresa com a fala de Isabella, começando rir descontroladamente.  
 
      Janine começou a rir descontroladamente, afinal ela estava diante de três formigas pequenas e fracas, pelo menos era isso que ela achava. De forma brusca, ela levanta o seu pé e ataca os três com um pisão. 
 
— Eu sou do tamanho de um prédio, como que eu não teria chances?! — Indagou Janine rindo muito, ela olha para os céus, como se estivesse falando com nada, porém, ela percebe algo estranho. — Huh?! — Ela estranha, seu pé não havia tocado o chão, ela inclina sua cabeça pouco mais para baixo. — O QUE?! 
 
Simon havia parado o pisão com sua perna, ele estava com o seu pé levantado bem para cima para bloquear o golpe do Colosso, formando um pilar com o próprio corpo e por mais que Janine forçasse, a força do garoto de cabelos azuis era sobrenatural. Simon e Isabella estavam com seus olhos brilhando  enquanto Sophie estava se afastando.  
 
— Tá pronta, Isabella?! — Perguntou Simon para Isabella com uma voz séria que se propagava em um eco de várias camadas, seus olhos azuis brilhavam intensamente.  
 
— Prontíssima! — Confirmou Isabella, respondendo seu amigo, seu estado estava igual ao de Simon, imponente e mágico. 
 
Com uma força de vontade tão grandiosa que iria ecoar para todos os cantos daquele mundo, os dois proferem as palavras mais poderosas de todos os tempos. Seus corpos começam a reagir aquilo e a brilhar intensamente, mudando até mesmo o espaço e o tempo ao redor deles. 
 
— A Harmonia do Equilíbrio...! Ascensão...! — Ecoou Simon com muita força de vontade. 
 
— O Poder da Magia...! — Ascensão...! — Proferiu Isabella com toda a vontade de viver que tinha. 
 
Ambos começam a transformação dizendo juntos as palavras ‘’Estelar’’ e ’’Nébula’’ nessa ordem. As luzes foram tão fortes que Janine teve que tampar os olhos, a noite naquele lugar havia se iluminado por alguns segundos em duas cores, uma era rosa e a outra era azul junto com dourado, aquilo tudo era tão poderoso que de longe as pessoas podiam sentir que alguma coisa estava acontecendo. A liberação de energia também foi intensa, tanto que o enorme corpo de metal que a garota construiu foi jogado para trás, quase a derrubando, mas ela consegue recuperar o equilíbrio. Janine olha de volta para onde estavam, ficando boquiaberta, Simon e Isabella estavam agora com armaduras mágicas sobrenaturais revestindo seus corpos, um era um manto roxo e rosa armadurado, com botas, luvas e um cinto prateado, o tecido parecia brilhar com magia. A outra armadura era dourada, ela era talhada e detalhada com um azul que saia da armadura que revestia os braços e em volta da cintura como um roupão, o corpo duro do metal mágico era bem mais robusto que o do manto do ser rosa ao seu lado. 
 
— O-O que é isso?! — Disse Janine confusa, porém antes de conseguir fazer qualquer coisa o Guardião Estelar salta e alcança uma altura absurda na direção de si, dando uma voadora com enorme impacto em seu peito. 
 
O golpe foi tão poderoso que faz Janine ir para trás, quase a fazendo cair novamente, pedaços de metal e sucata voavam para todos os lados da área acertada, criando uma depressão no peito do Colosso. Janine range os dentes para aguentar o impacto, ela cerra os punhos do seu corpo de metal para tentar golpear o Guardião enquanto ele estava em pleno ar na sua frente, porém antes que pudesse contra-atacar, o Colosso é acertado com explosões em suas costas. A Guardiã Nébula estava logo atrás, suas mãos irradiavam chamas intensas enquanto ela se movia em forma de uma dança, jogando fogo nela em formato de grandes esferas que causavam danos significativos quando explodiam em seu corpo metálico. 
Apesar dos golpes poderosos dos dois Guardiões Celestiais, os destroços que saiam voando voltavam quase que imediatamente para ao corpo do Colosso novamente, como se fosse uma regeneração, em alguns segundos, a depressão em sua barriga e os buracos em suas costas haviam se reconstruído completamente. Os três ficam assustados com as habilidades de Janine, começando a sentir a pressão da batalha. 
 
— Merda, o corpo tá voltando ao normal! — Disse Simon, bem alto, em um tom tenso. — Parece que nem tô acertando ela. — Apontou, recuando ao se aproximar de Sophie, que estava um pouco longe da batalha. 
 
— Esse brilho amarelo, o que é isso?! — Indagou Isabella, vendo um brilho intenso amarelo vindo do pescoço do corpo do Colosso, ela também tinha recuado para aonde estavam. 
 
Aquilo se destacava, era um ponto amarelado que brilhava fortemente no topo do corpo do Colosso, bem em cima da onde Janine estava lá dentro, em meio aos metais e sucatas. Sophie percebe isso e após pensar um pouco, ela descobre o que estava acontecendo.  
 
— A-A esfera...! Lá da Ruína! É ele quem está permitindo ela a fazer isso! — Concluiu Sophie cerrando os punhos em frustração, ela se impressiona com o que aquele Artefato podia fazer.   
 
— Exatamente, a esfera que você não queria trazer! Eu tenho todo esse poder graças a ele! — Disse Janine com muito orgulho, agora era ela quem iria agir. — Vocês são bons, mas é a minha vez! — Anunciou, logo correndo na direção dos três. 
 
Em um movimento rápido, a Guardiã Nébula segura Sophie pelos braços e a tira de lá enquanto o Guardião do Equilíbrio avançava para impedir Janine. Ela começa a tentar pisar no ser cósmico, mas ele começa a dar estrelinhas para trás, conseguindo desviar dos ataques extremamente pesados que até chegavam a afundar o chão. Não importava o quanto que ela tentasse, Janine não conseguia acertá-lo de forma alguma, ele era extremamente rápido e muito ágil, tanto que ele deixava rastros azuis por onde passava. A Guardiã Nébula se afasta do conflito para deixar Sophie em algum lugar seguro, ela teria que voltar para a batalha rapidamente para ajudar o outro Guardião. 
 
— Ei! Isa, não me deixa de fora disso! — Disse ela para a Guardiã, dando pulinhos para chamar sua atenção antes que ela saísse de perto dela. 
 
— Tá ficando maluca? Você vai morrer se tentar lutar contra ela! — Apontou ela, tendo completa razão no que dizia. 
 
— Isso é óbvio, né! — Concordou Sophie num tom sarcástico. — Eu estou dizendo que posso-! — Tentou dizer, porém ela é interrompida pela amiga. 
 
— NÃO! — Vozeou a Guardiã da Magia, sua voz fica mais forte e mais ecoada ainda. — Fica aqui! — Comandou, sem perder tempo ela começa a flutuar quando sua capa surge em suas costas e se levanta como asas, indo para a batalha. 
 
— O que?! — Murmurou a garota, desacreditada que foi colocada de lado numa situação daquelas, por mais que ela não tivesse poderes ela sentia que poderia ajudar de alguma forma. 
 
A batalha se desenrolava de maneira intensa, a Guardiã voltou a luta já arremessando enormes blocos de pedra que ela arrancou do chão com seus poderes contra a colossal criatura, enquanto isso, o Guardião Estelar acertava várias pancadas usando seus chutes poderosos, tudo isso resultava em mais e mais pedaços de metal e sucata voando do corpo da criatura, mas de nada adiantava. Sophie assistia a tudo isso de longe, mas ela havia tomado uma decisão, já que ela não poderia entrar na luta jogando magia ou chutando, ela iria fazer aquilo que ela sabia fazer de melhor, ser inteligente. 
Sophie começa a se concentrar tentando analisar o corpo do Colosso para encontrar alguma alternativa, uma fraqueza, uma brecha na inconveniência irritante da sua regeneração para derrotar Janine. Visto de longe a batalha dos dois Guardiões contra o Colosso de Metal parecia um verdadeiro Trabalho de Sísifo, não importava quantas magias ou bicudas eram usadas, as sucatas sempre eram arremessadas para longe para voltar logo em seguida ao corpo do monstro metálico. Pensando sobre isso, Sophie pensava em inúmeras hipóteses. 
 
— Como é possível essa regeneração ser tão poderosa? Eles sempre voltam e impedem de atingir a Janine. — Se questionou, vendo que até o ambiente ao redor reagia ao corpo da criatura, tremendo e querendo ir em direção ao Colosso. — Mas, é tudo mesmo...? — Disse a garota, percebendo que alguma coisa ali estava começando a se encaixar e a fazer sentido. 
 
A garota começa a olhar em volta, no chão a sua frente, ali perto dela nas laterais e até atrás, lá Escola, ela parecia procurar por algo. Ao olhar para baixo, ela vê que ainda estava usando seu cinto de utilidades que levava em suas expedições, ela puxa sua chave de fenda e a estica em direção do Colosso de Metal e solta. Como ela imaginaria que acontecesse, a ferramenta saiu de sua mão voando e foi em direção ao corpo da criatura, depois disso, Sophie puxa algo do seu bolso, um molho de chaves contendo desde os da casa dela a até seu armário da Escola, ela deveria ter umas sete chaves em conjunto presas por um anel. Ao tentar fazer a mesma coisa com a mão, o molho de chaves caí no chão ao invés de ir em direção do Colosso e grudar em seu corpo, foi aí que a garota de cabelos verdes descobriu o que estava acontecendo. 
 
— Magnetismo! — Suspirou a palavra com a descoberta, como um choque de realidade. 
 
Sem tempo a perder, a garota corre e se aproxima mais dos dois Guardiões Celestiais em meio a batalha, sem se importar consigo mesmo. 
 
— Isa! Simon! — Gritou, chamando a atenção dos dois, que estavam bem ocupados tentando desviar de pisões, socos e dos enormes pedaços de metal que a criatura arremessava contra eles. — A esfera, mediante sua peculiar magnetização inerente, engendra uma sofisticada metamorfose no domínio magnético, utilizando seu corpo como forja condutora, erguendo, assim, uma imponente armadura atrativa que exerce uma influência magnética atraindo metais adjacentes. — Gritou, avisando os dois sobre o segredo do Colosso. 
 
Ao ouvirem Sophie, Isabella e Simon gritam ao mesmo tempo ‘’O QUE?!’’. Janine arregala os olhos de surpresa com o que Sophie estava berrando e range os dentes de raiva, ela levanta o braço do Colosso de Metal que estava controlando na direção da garota de cabelos verdes e diversos pedaços de metal são ejetados de sua mão e atirados como uma metralhadora, Sophie de assusta com aquilo, mas não poderia fazer nada para evitar o ataque rápido e inesperado de sua inimiga mortal. Simon, que estava próximo de Janine ainda, arregala os olhos em negação, sua grande paixão estava prestes a ser atingida pela saraivada dos tiros de metal. Foi por apenas um segundo que o garoto se distraiu da batalha, mas foi mais que o suficiente para que Janine conseguisse pisotear o Guardião Estelar várias e várias vezes consecutivas, o deixando afundado e desnorteado no chão. 
Sophie quase é acertada, mas Isabella intervém bem a tempo e levanta uma poderosa barreira de ar que fazem os tiros pararem de se mover, fazendo todos os projéteis caírem no chão logo em seguida.  
 
— Soph...! Traduz o que você disse! — Pediu a Guardiã como suplica, por mais que ela fosse um dos seres mais poderosos de todo o Universo as palavras que Sophie usava para explicar aquele tipo de coisa era mais complicado que estudar magia. 
 
— Tsc! — Estalou o beiço, a garota se cabelos verdes bate as duas mãos na coxa como se quisesse falar ‘’é sério isso?’’. — A esfera brilhando em amarelo no peito dela! É ela que tá fazendo o metal voltar como um imã! Você tem que usar eletricidade para desativa-lo! — Explicou, agora de um jeito que alguém normal falaria, fazendo a Guardiã compreender o que estava tentando dizer. 
 
Levantando a barreira para Sophie, o ser cósmico estava completamente distraído e foi exatamente isso que Janine aproveitou. Ela levanta seu braço para a Guardiã da Magia e ao invés de disparar projéteis de metal ela ejeta seu enorme punho aberto contra ela. A mão aberta sai voando e a atinge com tudo, quando isso acontece o punho se envolve ao redor do ser cósmico e se fecha na mesma hora como uma concha do mar, a imobilizando e a impedindo de voltar para a luta. 
 
— Urgh! — Grunhiu a Guardiã da Magia, completamente imóvel, ela não conseguia enxergar nada, o metal havia prendido ela por completo. 
 
Com Simon desnorteado e Isabella presa, Sophie estava a mercê de qualquer coisa que Janine poderia fazer. A garota tenta correr para longe, mas ela leva um soco do Colosso de Metal quando ela se abaixa, a arremessando violentamente contra o chão, ao ver o que tinha feito, Janine começa a rir de maneira satisfeita. 
 
— É só isso que a gênia Sophie pode fazer? Quem é a burra aqui agora, hein?! — Berrou Janine com muita raiva, ela levanta seu pé para esmagar a garota e concluir sua vingança. 
 
Janine só pode escutar a explosão. Um raio havia caído bem em cima da bola de metal que prendia a Guardiã Nébula, ela nem pode processar a informação ao ver ela desfeita, o ser cósmico encarava ela com um olhar tão ameaçador que o próprio cosmos pesava em suas costas, tirando totalmente o ar de seus pulmões. Ela irradiava raios em sua aura enquanto flutuava no meio do ar. 
 
— Você não se atreveria. — Disse a Guardiã Nébula com muita raiva, sua voz agora estava ecoando com raiva e poder por todo o espaço e tempo, era uma voz tão intensa que parecia um trovão. 

 — Eu me atrevo sim-! — Ela mal pode completar a sua fala quando é atingida por um raio como uma lança que perfura seu corpo metálico. 
 
A descarga de energia atravessa seu corpo e se espalha por ele inteiro, os diversos pedaços de metal que saiam voando não voltaram para Janine, além disso, o corpo do Colosso começa a se desmanchar. Janine estava espumando por conta do choque que havia levado, ela se assusta também ao ver que estava caindo com seu corpo verdadeiro, agora exposto. A esfera estava com seu brilho amarelado fraco enquanto ainda liberava pequenas descargas de eletricidade dela, o raio havia sido eficiente. Desesperada, ela bate no cristal e a luz volta, fazendo todos os metais pararem de cair e voltar imediatamente para reconstruir o corpo do Colosso e nesse pequeno meio tempo, o corpo reconstruído do gigante metálico é reconstruído bem em cima da pequena garota de cabelos verdes, esmagando-a. 
 
— NÃO! — Gritou a Guardiã bem alto, sua dor era imensa. Nesse momento de descuido, Janine dá um tapa em Isabella enquanto ela voava, a fazendo bater contra o chão. 
 
Jogada contra o chão, a Guardiã tenta se levantar novamente, porém, muito fraca, ela cai novamente contra o chão. A sua armadura começa a perder a cor e a se desfazer em magia, sumindo totalmente alguns segundos depois, revelando Isabella novamente.  
 
— Ei! Não fiquem agindo como se isso fosse culpa minha, foi seu raio que me fez pisar nela! — Reclamou a garota enquanto tirava seu pé de cima de Sophie, vendo que a garota estava caída no chão aparentemente sem vida, suas roupas estavam destruídas e seus óculos redondos marcantes também. — Parece que morreu. — Ironizou em um tom de piada muito sério. 
 
Janine vai para frente quando recebe em suas costas um poderoso ataque, ela olha para trás e vê o Guardião Estelar de pé novamente, que estava tão ferido que a sua armadura esboçava o estado do garoto dentro dela. A armadura celestial dele estava muito danificada, tanto, que alguns pedaços dela caíam ao chão e desapareciam ao se desfazerem numa poeira azul brilhante, a força que Janine tinha ao controlar aquele Colosso de Metal era equivalente ao seu tamanho, imenso. Ele estava com seu capacete rachado, permitindo ver uma parte do rosto de Simon e sua expressão de ódio. Simon pula e chuta o ar, suas pernas brilhavam em um azul intenso, ela libera um feixe de energia que explode ao acertar Janine.  
De forma fácil, Janine atira sua mão novamente, assim como fez com Isabella, acertando e prendendo o garoto, que estava tão machucado que não conseguiria destruir a prisão de metal como fez com a Guardiã da Magia 
 
— Todo esse desespero..., todas essas lágrimas..., sabe o que esses dois diziam pra mim quando acontecia algo do tipo comigo, mas pouco se importavam pra me consolar? — Disse Janine em mais tom de ironia. — ‘’Deixa pra lá, Janine, isso é passado, pense no futuro!’’. — Citou, imitando a voz de alguém. — Tá bom, então. 
 
Janine pega Sophie em sua mão direita e joga seu ombro e braço para trás ao lado de seu quadril e se prepara, ela iria arremessar a garota. Simon e Isabella começam a gritar desesperados para que ela não fizesse aquilo, mas a garota loira não escutava. O Colosso de Metal pega impulso e arremessa o corpo da garota para uma direção aleatória com tanta força que ela desaparece com a escuridão da noite. Isabella estendia seu braço como se quisesse pegar a garota, inutilmente. Simon grita, ele tenta se preparar para correr, mas Janine começa a disparar de forma contínua uma saraivada de peças de metal contra o garoto, ele seria a próxima vítima dela. 
 
Ela estava em um estado semiconsciência. Sophie conseguia sentir que ela estava caindo, o vento gelado e a sensação sufocante da falta de um chão gritavam isso para ela. Aos poucos, a garota começava a sentir o cheiro salgado do mar e som de ondas, não dava para ter certeza, mas a sensação de aproximação do chão parecia ser algo iminente. De repente, Sophie sente seu corpo se chocando com tudo contra a água de algum lugar, ela só não gritou de dor porque ela não conseguia, mas não era como se ela sequer pudesse, ela agora estava afundando. Era horrível, a sensação da água gelada e a falta de oxigênio fazia a garota sentir que estava sendo enterrada viva, ela estava sufocando. Ela tentava nadar, mas seu corpo rangia com uma dor absurda e a pressão da água que ela estava sofrendo eram fatores decisivos para o seu triste desfecho, ela perdia as esperanças ao mesmo tempo que perdia seu ar. 
 
—Droga...! É assim que vou morrer? — Lamentou a garota, sendo tomada por um vazio absurdo. — Tá tão frio...! E-Eu odeio o frio! — Reclamou, mas inutilmente, ela nem sequer conseguia se encolher para evitar o frio. — Queria que o Simon viesse me salvar e dizer para ele que estava começando a ficar a fim dele. — Declarou para ela mesma, percebendo o grande sentimento que tomava conta dela, sentindo uma mistura de tristeza e frustração por não ter sido tão feliz quanto poderia ter sido. 
 
As cenas de sua vida começam a passar pela sua cabeça como flashes de luz, eram momentos felizes, apesar das dificuldades e apesar de alguns serem bem tristes, de um jeito que só a vida consegue fazer, elas, naquele momento, eram tudo que ela tinha. Seus aniversários, incluindo os frustrados e os que tiveram o sucesso de seus sonhos, as vezes que ela riu com suas amigas em momentos inesquecíveis, mas também quando quase pulou em cima delas por causa de brigas. Quando ela abraçava seus pais e o calor paternal tomava conta de seu corpo numa sensação muito agradável ou quando ela gritava que nunca queria ter nascido deles, ela nunca disse aquilo com o coração. Das vezes em que ela enfezava sua irmãzinha e se divertia com isso, apesar de que, agora, ela se sentir culpada pelo quão mal ela deixava a pequena cópia de si mesma, mais jovem. Aquelas memórias são o resumo do que a vida pode proporcionar, tudo. 
 
— Tsc...! Droga! — Lutou Sophie, apesar daquela situação, ela não queria morrer daquele jeito, não depois de perceber como a vida é tão valiosa. — Queria ter socado a cara da Janine por usar aquele tipo de tecnologia daquele jeito! — Pensou, parecia estar frustrada, ela tentava se mexer, mas não conseguia. 
 
A sensação da falta de oxigênio em seus pulmões era horrível, uma dor no peito que parecia comprimir a garota como uma caixinha de suco vazia, ela estava morrendo. De repente, vindo do mais longínquo cosmos, uma voz poderosa ecoa de todos os cantos até chegar nela, um som profundo e complexo que tomava conta da garota e a impedia de ceder ao desespero emocional, mas ao autocontrole lógico. A garota se assusta, nunca havia sentido aquilo em toda a sua história, ela percebe que não era de fora para dentro que a voz ecoava, mas de dentro para fora, como se a voz saísse de sua própria alma. 

  

— Repita...! Repita...! — Pediu a voz poderosa, ela era feminina e tomava forma somente quando ia falar, o resto de suas palavras eram inaudíveis.  

  

— Repetir? Como? Eu não vou sufocar...! — Pensou Sophie, percebendo que ela tinha pouco tempo, mas falar embaixo d’água iria acelerar sua morte. 
 

— Repita! Repita! — Repetiu a voz, mas dessa vez bem mais imponente e até brava, era como se ela quisesse salvar a garota. 
 
Sophie se prepara, aquela seria uma batalha de sua vida contra a própria morte, ela puxa do fundo do peito o mais pouco oxigênio que ela tinha e com toda a força de vontade que tinha, ela começava a falar as palavras mais poderosas do Universo, palavras essas que iriam ecoar para sempre no tempo e até no espaço no mais longe lugar que existia. 
 
— Eu prometo aqui...! — Começou, mas ao invés de suas palavras serem roubadas pela água ao redor, aquelas palavras mágicas iam além disso, saindo de sua boca como se não tivesse embaixo d’água, ela se assusta ao perceber isso, a força que ela precisava para realizar isso era sobre humana, mas continua mesmo. — ...diante da própria morte, que eu, Sophie Minerva, protegerei a consciência dos vivos e garantirei que nenhuma de suas invenções seja usado para o mal! Juro pela minha própria vida! — Jurou a garota com toda a força que ela tinha nos pulmões, sua voz chega a até falhar, mas ela se mantinha firme com toda a força de vontade que estava crescendo nela. 
 
Algo estava acontecendo, seus olhos, cabelos, cílios, tudo aquilo que havia sido mudado pelo Grande Cristal, começam a brilhar intensamente e a irradiar pura energia. Sua aura começa a brilhar, iluminando todo aquele local escuro com um brilho tão forte que a superfície da água lá em cima estava se iluminando. Sua voz agora ecoava e começava a se distorcer como se várias pessoas estivessem falando junto com ela, uma multidão. Já sem forças, o seu limite é quebrado e assim, ela faz profere as palavras mais poderosas de todos os tempos. 
 
 
— Liberte-se e Pense! Ó Guardiã Vórtice! — Gritou Sophie com tudo que tinha, liberando assim todo o seu poder celestial que tinha em suas veias, carne, espírito e alma. 
 
Uma poderosa explosão de luz e energia faz toda a água ao redor se deslocar com muita violência para os lados, como se uma bomba tivesse explodido, o corpo de Sophie começa a ser cercado por símbolos, números e runas complexas, tanto que nenhuma mente humana poderia compreendê-la. Os desenhos assumem formas de hexágonos verdes feitas de pura energia, elas flutuavam ao redor dela até começarem a se moldar em sua pele, como uma roupa, criando uma perfeita malha vazada que parecia ser o projeto uma armadura no painel de uma mesa de projetos científica. 
Assim que os símbolos hexagonais terminam de formar a armação em volta de seu corpo, como um projeto de alta tecnologia, eles começam a se energizar e a escurecer, criando assim uma armadura negra de malha e placas negras. Linhas de energia verde passavam por ela como um neon verde que levavam aquela energia por ela inteira, desde o centro de seu abdômen a até o seu rosto, a até lá embaixo em seus pés, as linhas tinham padrões iguais e as curvas que elas vaziam eram retas, como um letreiro neon futurista. A última parte a ser construída da armadura é seu capacete, que possuía uma viseira que tampava todo seu rosto com um brilho verde forte, as antenas laterais dela se ligavam a círculos em cima de suas orelhas e assim que se forma, Sophie sente uma onda de ar fresco em suas narinas e com toda a força que tinha, ela respira, ela estava por um fio. 
Uma grande quantidade daqueles símbolos e formas hexagonais se acumulam nas costas dela, tomando forma de uma mochila robusta que eram vazadas em baixo e nas laterais. Esses buracos nas laterais começam a brilham cada vez mais forte, liberando de repente, grandes e fortes jatos de energia como plasma intenso, impulsionando Sophie para cima com toda a força, era uma mochila a jato. A garota sai da água com tanta força que ela se levanta, explodindo depois como uma grande onda salgada para todos os lados lá embaixo, ela se aproxima do chão com tudo, caindo, mas desacelerando a queda com o jato de suas costas, pousando em pé. 
 
— O QUE, CARALHOS, ACABOU DE ACONTECER?! — Gritou Sophie ensandecida, sua voz agora estava diferente, ela parecia mais velha com os ecos que saiam, ecos que deixavam sua voz robótica. — Incrível! — Disse ela, vendo sua armadura incrivelmente tecnológica, as diversas peças e placas que a constituíam se mexiam como uma máquina. — Então essa é a sensação?! — Apontou maravilhada e muito animada. 
 
Sophie se assusta quando vê que diversos objetos a sua volta estavam com um contorno verde, ela estranha, mas seu lado curioso começa a aflorar com uma intensidade mais forte que o normal. Aqueles símbolos hexagonais aparecem novamente, mas na sua frente, formando painéis flutuantes como telas holográficas.  
 
— Hum..., interessante. — Ela disse, vendo que aquelas telas continham números e muitas letras estranhas que ela nunca tinha visto antes. — Espera aí, onde eu estou-? Huh?! — Questionou, se assustando ao perceber que estava num lugar onde nunca tinha ido, um porto beira mar ao lado de uma praia. A garota tinha caído bem de frente com a costa perto de um cais, a sorte era que a queda foi para o fundo do mar, se não, seria no concreto duro do solo, mas o problema agora era outro. 
 
Quanto mais Sophie olhava ao redor, mais objetos iam aparecendo sendo contornados pela luz verde, ao mesmo tempo, mais e mais telas iam aparecendo na sua frente, com até algumas vezes elas se juntando umas nas outras e duplicando de tamanho e quantidade, poluindo toda a visão da garota. 
 
— Para, para, para! — Disse Sophie bastante incomodada, aquelas coisas aparecendo na sua frente estavam se tornando muito inconvenientes, mas assim que ela comanda aquilo, as telas somem. Respirando e indo com calma, ela olha em volta novamente, dessa vez, as telas aparecem com menos quantidade. — Vamos ver...! — Disse Sophie, tentando ler aquelas telas holográficas. 
 
Era muito bizarro, mesmo ela nunca tendo visto na vida letras e símbolos como aqueles, ela conseguia ler e entender perfeitamente o que tinha naquelas telas holográficas verdes, elas mostravam diversas informações como o peso, composição de material e até mesmo ponto de fusão, era como se uma nova língua tivesse entrado na cabeça dela como mágica. Curiosa, Sophie se aproxima de uma velha van abandonada que estava largada na rua, ela também estava contornada em verde. Sophie toca no ar, mas dentro do contorno em sua visão e a tabela fica um pouco maior. A tabela mostra uma animação de diversas partes da van que podiam ser desmontadas e remontadas em outras coisas, em esquemas de armas e projetos de alta tecnologia improvisadas com peças e sucatas. 
 
— Dá para fazer muitas coisas com essa van! — Disse Sophie animada, arrastando a tela para baixo e mostrando mais opções. — Uma moto lança serras, um jipe metralhadora, um avião bomba e...! Ó...! — Grunhiu impressionada com algo que tinha visto em meio as tantas opções de seu poder, ficando muito ansiosa. 
 
Sophie estica seu braço e seleciona uma das opções que tinha visto. Uma luz verde se forma ao lado de Sophie, era do formato de um grande canhão de defesa antiaéreo, porém ela estava transparente e vazada em uma armação, agora sendo possível ver todas as peças em múltiplas dimensionalidades. A garota olha para a van, ela se aproxima e estende seu braço em direção ao veículo abandonado. De repente, a van abandonada começa tremer e a se agitar intensamente, flutuando cada vez mais para o alto no ar, a garota abre a mão e a van inteira se desmonta em diversas partes, rodas, portas, sistemas elétricos, marchas e as diversas outras peças que constituíam aquela máquina.  
As peças começam a circular ao seu redor, esperando as próximas ações da Guardiã, então, vendo a armação do projeto na sua frente, era como ter um bloco de madeira quadrada na frente de um espaço quadrado. A garota olha para aquilo e com movimentos de braços ela começa a montagem. No final, Sophie havia montado um canhão com muita rapidez e maestria em questão de segundos, feito esse que um humano comum só conseguiria através de dias de muito trabalho duro e dedicação.  
Ela se afasta do canhão, aquela arma era estilo segunda guerra 90mm M1, era uma arma que pessoalmente a garota achava incrível, ela sempre gostava de ver as imagens de uma daquelas nos livros de história. Sophie estava muito surpreendida e até satisfeita com o que havia construído, porém, de repente, um outro contorno aparece em volta do canhão, fazendo Sophie inclinar sua cabeça e levantar uma sobrancelha curiosa, rapidamente ela clica no contorno e outra tabela aparece e misteriosamente a garota abre um enorme sorriso. 
 
Poucos minutos haviam se passado e a situação da batalha dos dois Guardiões Celestiais contra o Colosso Metálico havia piorado grandemente. Janine estava com Simon entre as mãos, ela estava esmagando o garoto com força, que tentava resistir ao empurrar os enormes dedos feitos de sucata para mantê-los abertos. Em seus pés, Isabella estava fazendo força para manter ativa uma barreira mágica para evitar ser esmagada. Tudo estava perdido, os dois seres cósmicos estavam fracos e muito machucados, Simon ainda se recuperava de seu último confronto e Isabella não estava totalmente bem para uma batalha grandiosa como aquela, mas o som de algum tipo de máquina se aproximando faz os três ali perderem o foco na luta.  
De repente, uma explosão misteriosa derruba o enorme muro da Escola logo atrás deles, erguendo uma enorme cortina de poeira. A garota loira fixa seu olhar na cortina e na enorme abertura que tinha aparecido lá, mas ela não consegue ver o que tinha acontecido. Num susto, um projétil em alta velocidade sai de dentro da fumaça e acerta bem no meio de seu peito de metal, o fazendo sair voando para lados diferentes quando é partido ao meio. O Colosso larga Simon e sai de cima de Isabella, libertando os dois da pressão que sentia, o impacto do ataque foi tão grande que havia jogado os dois para longe. Isabella se levanta e imediatamente corre até Simon, ambos estavam com ferimentos consideráveis. 
 
— Simon! — Gritou Isabella ao chamar Simon, que estava caído no chão, o garoto estava sem sua armadura, na mesma situação que ela. — Levanta, aí! — Tentou ajudar, auxiliando o garoto a se levantar, mas, ela vê algo surpreendente. — O-O que é aquilo? — Perguntou espantada com o que estava vendo. 
 
— Urgh..., sei lá! Eu não tô preocupado com qualquer coisa que-! — Dizia o garoto, mas ele mesmo para ao ver a mesma coisa que Isabella via. 
 
Um gigantesco veículo sai de dentro da fumaça, um enorme tanque de guerra blindado construído inteiramente com sucata, o seu longo canhão ia de um lado para o outro quando ele sobre pelos escombros do muro e invade a Escola, ficando entre o Colosso caído e os dois. Simon e Isabella assistiam tudo boquiabertos, mas o mais estranho era que eles sentiam alguma coisa de dentro deles, uma sensação familiar que parecia conectar eles de alguma forma, eles se aproximam com receio. De repente, o tampão lá de cima do veículo se abre e alguém saí de lá de dentro com uma armadura mágica negra que brilhava em linhas verdes futuristas. 
 
— Não é possível...! É quem eu penso que é?! — Gritou Isabella, parecia estar feliz, ela tem seus olhos dominados por um brilho de esperança e a alegria. 
 
O ser armadurado pula de lá de dentro do tanque com um salto, ficando de pé em cima dele. Ela encarava o grande Colosso partido ao meio, começando a se recompor. Ela olha para trás, para os dois e de repente, o capacete daquele ser mágico começa a se desfazer em energia e símbolos estranhos, revelando o rosto de Sophie com um enorme sorriso no rosto.  
 
 
— Sim, é ela! — Confirmou o garoto entusiasmado, ele dá um salto e soube o tanque numa fração de segundos. — Sophie! — Gritou com uma voz aliviada, dando um apertado abraço na garota. 
 
— Aí, aí! — Grunhiu a garota, o abraço havia sido bem forte, mas ela havia gostado disso. — Por que está tão feliz em me ver? Nos vimos a uns dez minutos! — Disse ela, abraçando Simon com um abraço mais apertado ainda, dessa vez quem geme de dor é o garoto, não pelas costelas quebradas que ele tinha, mas porque a garota estava muito mais forte que o normal. 
 
— Pensamos que você tinha morrido. — Comentou Isabella aliviada, voando até em cima do tanque e abraçando Sophie e Simon com um largo abraço, mesmo diante dos maiores dos problemas, eles ainda tinham um ao outro. 
 
— O que?! Que insulto, viu, eu sou vaso duro de quebrar! — Anunciou a garota ela parecia bem determinada. — E..., esse vaso aqui, parece ser chorão. — Comentou Sophie em um tom enjoada, ela estava falando de Simon que ainda estava a abraçando e chorando. 
 
— M-Maldita Sophie! — Xingou Janine bem alto, parecia estar com muita raiva. — Você é como uma barata, a gente pisa e não morre! — Insultou com nojo, enquanto o gigante era reconstruído. 
 
— Interessante a analogia, considerando que baratas são conhecidas por sobreviverem a condições extremas. A propósito, já que falamos em resistência, como anda a sua capacidade de lidar com críticas construtivas? — Sacaneou Sophie usando sua inteligência como resposta, Simon ao lado vibra gritando ‘’toma!’’ bem esticado como uma plateia. 
 
Janine solta um grito com toda a sua raiva. Enquanto o Colosso se reconstruía, mais e mais peças e metais e sucatas voltavam até ela, mas agora que o corpo do gigante estava partido ao meio, a grande pilha estava bem maior, mas ela não se esticava para cima, ela se comprimia em um tamanho reduzido. O corpo do Colosso de Metal estava de volta, agora bem menor, só que muito mais denso e com uma quantidade maior de metais para proteger Janine, além disso, diversos espinhos de metal cresciam pelo seu corpo e suas mãos foram transformadas em duas esferas enormes com mais espinhos ainda. Sophie, Simon e Isabella trocam olham e sorriem, parece que Sophie havia pensado em uma ideia. 
 
— Qual é o plano Sophie? — Perguntou o Guardião da Harmonia enquanto sua Armadura Cósmica surgia novamente, distorcendo sua voz enquanto falava em um degradê sobrenatural, o ambiente é iluminado por poeira estelar dourada e azul. 
 
— Considerando a debilidade do Artefato Magnético no receptáculo torácico de Janine frente a descargas elétricas, a barreira metálica circundante, robusta em sua composição, efetua uma obstrução significativa contraofensivas de intensidade tão modesta como a recentemente empregada, Isa. Assim sendo, proponho a concepção de-! — Explicou a Guardiã da Tecnologia enquanto seu capacete surgia, distorcendo sua voz, porém, ela é interrompida pela garota de cabelos rosa. 
 
— Não, não, não! Traduz! — Mandou a Guardiã da Magia enquanto sua Armadura Cósmica também surgia e o espaço ao redor era distorcido pelo espaço sideral surgindo em suas costas, ela levantava seu capuz, distorcendo sua voz enquanto falava. 
 
—Urgh...! Você só tem peitos! — Reclamou sua irmã Guardiã, enfezada em mais uma vez ser interrompida. — Vamos usar raios para atacar ela! — Explicou de uma maneira curta e grossa enquanto apontava para a luz amarela, agora no peito do Colosso Metálico. 
 
Os dois Guardiões agora entendem, eles soltam um ‘’ó...!’’ longo e duradouro. A Guardiã da Magia processa por alguns segundos antes de gritar de raiva com a Guardiã da Tecnologia pelo seu comentário a respeito de seus seios.  
Janine perde a paciência e avança com tudo. A Guardiã consegue controlar seu veículo mesmo estando fora dele, então ela o locomove para trás e evita os golpes violentos de sua inimiga, fazendo todos acertarem o chão e o afundando em grandes buracos circulares respectivo ao formato de suas mãos. Quem pula para o contra-ataque agora é o Guardião da Harmonia e do Equilíbrio, que num salto poderoso na direção do Colosso começa a girar em alta velocidade e dando um poderoso chute em uma das bolas de espinhos de suas mãos momentos antes de acertá-los. O impacto do chute do Guardião libera uma onda de energia azul que acaba por desequilibrar Janine, aproveitando a oportunidade a Guardiã da Magia voa e dá a volta no Colosso enquanto fazia sua Dança Elemental do Ar, ela ataca Janine com rajadas tão fortes de ar que elas se deslocavam em correntes constantes como tornados que conseguem por ainda mais pressão na garota, que acaba cedendo que cai no chão novamente. 
Janine não iria deixar aquilo barato. Quando seu corpo se choca contra o chão, ele imediatamente começa a mudar de forma, assim, os espinhos que revestiam seu corpo ficam cada vez maiores à medida que o corpo humanoide do Colosso fica menor e mais condensado, virando uma gigantesca esfera espinhenta. A enorme bola metálica começa a girar sem parar, ela dá a volta e vai com tudo na direção do trio Guardião em cima do blindado de sucata.   
 
— AAA-! — Gritou o Guardião Estelar num susto enquanto ele saltava para o lado para sair do caminho de Janine. 
 
Num movimento muito rápido, a Guardiã Vórtice e Nébula faz mesmo e saem do meio do caminho da Bola de Demolição através do rápido voo delas. O tanque é esmagado e completamente destruído no processo, ficando achatado e inutilizável. Quando Janine passa, a Bola de Demolições que envolvia seu corpo começa a vibrar do seu centro até a superfície de sucata que constituía seu corpo, os espinhos começam a se chacoalhar e, de repente, elas começam a ser ejetadas para fora numa velocidade absurda contra todas as direções. 
Os três Guardiões se assustam, a quantidade de espinhos de metal voando para todos os lados, incluindo a deles, era ridícula. O Guardião Estelar se prepara e com sua velocidade sobrenatural, ele consegue desviar dos espinhos, que por sinal, eram tão rápido que zuniam o ar. A situação era mais complicada para as duas Guardiãs ainda lá em cima, no céu, elas haviam se juntado quando conseguiram desviar da primeira investida de Janine e agora, os espinhos estavam vindo com tudo em suas direções. 
 
— D-Droga! Eu não vou ter tempo pra-! — Pensou a Guardiã da Magia numa fração de segundos, os espinhos já estavam a alguns centímetros dela e de sua Irmã Guardiã. O problema era que ela não teria tempo para fazer sua Dança Elemental e se defender, mas por sorte, ela não é atingida. 
 
Os espinhos de metal haviam, simplesmente, parado no ar. A Guardiã fica incrédula quando vê que o ar ao redor vibrava e distorcia a paisagem lá atrás, como o efeito que o calor no asfalto ou de ondas sonoras em acordes de violão. A Guardiã Vórtice estava com suas mãos esticadas uma para cada lado, como se estivesse empurrando uma parede e os projéteis estavam parados na sua frente. 
 
— S-Sophie! O que é isso?! Você tá usando magia? — Disse a Guardiã Nébula, assustada e curiosa. 
 
— S-Sinceramente...?! — Respondeu ela, que estava também assustada com o que tinha acabado de fazer. — Não faço nem ideia! — Finalizou, nem tendo tempo para descobrir o que tinha feito. 
 
A Guardiã se concentra, aqueles espinhos de metal se contornam pela energia verde e uma tela holográfica aparece, porém, ela imediatamente desaparece da mesma forma que quando o ser cósmico selecionava um projeto. Os espinhos começam a se transformar e a se remodelarem automaticamente, virando pequenas esferas semelhante a dispositivos que brilhavam com uma luz vermelha. Num contra-ataque, a Guardiã Vórtice empurra o ar e todas aquelas esferas piscantes vermelhas voam com tudo contra Janine, elas explodem assim que a acertam, causando grandes danos contra o corpo metálico da garota loira. 
 
— Uau! — Reagiu a Guardiã Nébula, impressionada. — O que foi isso? — Perguntou curiosa, elas duas pousam no chão após a Bola de Demolições cair no chão, toda desmontada e destruída. 
 
— Usei a sucata dela pra improvisar bombas de proximidade. — Respondeu seriamente, ela vê que ao redor dela tinha mais pedaços de metal e sucata espalhados para todos os lados. — De alguma forma, eu consigo criar máquinas e armas de alta tecnologia somente com sucata! — Explicou, enquanto ela se preparava para seu próximo movimento. 
 
— Ué... se você consegue transformar sucata em armas, como bombas, por que não transforma o corpo de metal da Janine numa bomba gigante? — Perguntou Nébula curiosa, sendo uma pergunta bem inteligente. 
 
— Eu já pensei nisso, mas quando tento armar ela para criar um projeto, alguma coisa me impede. Acredito que seja a influência magnética que o Artefato Amarelo crie. — Teorizou como resposta, agora, é ela quem pensou numa outra pergunta. — Ei, se você consegue criar raios, por que não usa eles sem parar contra a Janine? A luta terminaria bem rápido! — Apontou ela, interessada nos poderes e funcionamentos de sua amiga Guardiã. 
 
— Seria mesmo..., mas eu não consigo usar Elementos Avançados como Raio, ou Gelo, por muito tempo, eu fico muito fraca. Da última vez, meu manto desapareceu contra a minha vontade! — Explicou e uma onda de compreensão invadiu a mente de Vórtice.  
 
A Guardiã Vórtice reflete por alguns segundos, e assim, ela pensa numa ideia. O curioso é que a luz de seu visor no seu capacete se molda como um monitor, mostrando a imagem de uma lâmpada se acendendo. A Guardiã Nébula vê aquilo e fica boquiaberta, aquele ser ao seu lado era literalmente um robô. A imagem de luz verde da lâmpada se desfaz e rapidamente se divide em dois círculos, como olhos, surgindo também um traço em baixo deles, uma boca. 
 
— Eu tive uma ideia que pode dar certo. — Disse a Guardiã Vórtice e o rosto virtual de sua viseira se mexe como um rosto mesmo.  
 
Ela estende suas duas mãos para o ar e todos aqueles pedaços de metal e sucatas espalhados pelo chão se contornam em verde. Ao selecionar um dos seus projetos, todas aquelas sucatas começam a vibrar e a flutuarem, se elevando para cima, começando a circular o ser cósmico, Guardiã da Tecnologia. 
 
— Eu vou precisar de um tempo para este aqui..., vocês conseguem? — Perguntou Vórtice, ela nem precisou da resposta, Nébula e Estelar se aproximam e tomam a frente dela. 
 
Assim que o corpo do Colosso Metálico se reconstrói em sua forma original, Janine não perde tempo. O enorme humanoide de metal avança com tudo na direção dos três, mas os dois Guardiões rosa e azul avançam contra a investida violenta com mais violência ainda. O Colosso de Metal, com sua corrida lenta, dá um enorme salto já com seu punho fechado em direção a eles, o seu peso, tamanho e força iriam causar um estrago enorme lá embaixo. O Guardião Estelar olha para a sua Irmã Guardiã ao seu lado, ele já sabia o que tinha que fazer. 
 
— Isa...! Eu tive uma ideia, me joga pra cima! — Pediu ele, dando um salto em direção do ser cósmico, um muito alto. 
 
A Guardiã havia entendido, ela estende os braços como uma plataforma e o protetor da Harmonia fica em cima deles. As enormes asas do ser cósmico aparecem, três enormes pares azuis semelhante a tentáculos, ao mesmo tempo, uma grande quantidade de ar se condensa nas mãos abaixo de seus pés, a protetora da Magia estava usando seus poderes elementais para potencializar o que estava por vir.  
O resultado não poderia ser outro, o Guardião Estelar dispara com muita velocidade, força e potência na direção de Janine, ele vira seu pé contra o punho de metal, entretanto, algo muito estranho começa a acontecer consigo. Dos pés da armadura, a energia azul estelar começa vazar para fora junto com a areia dourada, virando um fluxo constante de energia como um remoinho. Quando o Guardião Estelar acerta o punho do Colosso de Metal com seu chute, o golpe libera uma onda de energia dourada que se expande para todos os lados, o golpe foi tão forte que o braço inteiro do avatar de metal explode e desaparece numa chuva de sucata destruída, o corpo do Colosso voa para o lado sem sinal de vida, como se tivesse sido desnorteado e, provavelmente, foi o que realmente aconteceu com Janine lá dentro. 
Enquanto o Guardião Estelar voltava em direção ao chão, ele se espanta ao ver uma grande quantidade de pedra flutuando e passando por ele, indo em direção a Janine. Quando p ser cósmico olha para baixo, ele vê que a Guardiã Nébula estava com as mãos juntas e entrelaçadas numa pose de batalha firme e aberta, como um lutador de sumô fica, com mais pedra e terra saindo do chão e indo para cima. Aquilo foi extremamente violento, selvagem e impiedoso, antes do corpo metálico do Colosso se chochar contra o chão, uma rocha, pelo menos duas vezes maior o seu tamanho, se choca contra si e como um meteoro, esmaga seu corpo de metal contra o solo, mas não só isso. Num movimento de mãos ainda na mesma pose de combate, a Guardiã da Magia se certificou de levantar a enorme rocha e esmagar Janine mais três vezes antes de levantar todo o solo ao redor da garota loira, junto com a rocha em cima dela, e levantar aos céus, a prendendo numa bola de pedra e terra flutuante. 
Enquanto os dois Guardiões conseguiam prender Janine, a Guardiã Vórtice estava terminando de construir seu projeto, reconstruindo e reaproveitando o corpo destruído do tanque blindado e remodelando ele, sendo um processo que exigia rapidez e sugava toda a concentração daquele ser cósmico. Ela suspira de repente ao se ver diante de um grande problema. 
 
— Droga! — Disse a Guardiã Vórtice bem alto, parecia estar frustrada, ela olha em volta, pensando numa alternativa que seja mais rápido que o óbvio.   

  

— S-Sophie, o que foi?! — Perguntou Nébula grunhindo, ela fazia muita força para manter aquela bola de terra no ar para manter Janine presa. 
 
— Eu preciso de uma caixa de luz, daqueles de poste de energia de rua, para completar meu projeto! — Explicou ela bem estressada, vendo a tela do projeto em seu visor, ela rodava aquilo várias vezes, revendo e repensando o projeto de sua arma. — A arma não vai conseguir ter carga o suficiente para disparar, não sem um transformador para gerar a carga! — Reclamou. 
 
— Ei, eu consigo gerar raios...! E se eu for o transformador? — Perguntou Nébula confiante, ela sabia o que fazer. — Eu só vou precisar ser rápida e me concentrar rápido, se não, ela se solta! — Avisou, ela estava falando de Janine lá na frente, ainda presa. 
 
— Sério?! Nossa! — Reagiu impressionada. — Pegue esses cabos e faça sua mágica logo, então! — Apressou, dando dois cabos para a Guardiã. — Simon, se eu fosse você, iria sair daí! — Avisou ela, o estrago seria grande, o garoto escuta e se afasta, indo lá para trás. 
 
A batalha entra em seu clímax. A Guardiã movimenta seus braços e o corpo num misto da força e poder da Dança Elemental do Fogo com a leveza e a liberdade do Ar, assim, fazendo a Dança dos Raios, um Elemento Avançado poderosíssimo. Com isso, ela agarra os dois fios de energia e começa a se concentrar numa meditação muito profunda enquanto o Guardião da Harmonia estava garantindo que Janine ficaria presa lá dentro, mesmo com a rocha enorme flutuando já começando a tremer. Após um minuto, o projeto havia sido energizado o suficiente e Vórtice faz mais alguns ajustes aqui e ali, nisso, estava pronto sua nova arma, mas ela precisaria ser rápida, a situação do protetor da harmonia não estava nada fácil. 
 
— Sai daqui seu merda! — Gritou Janine com raiva enquanto tentava acertá-lo com seu corpo ainda preso na rocha flutuante.  
 
Acontece que Janine estava com a cabeça do Colosso e seu enorme braço do lado de fora, ela só havia conseguido um pouco de seu corpo lá de dentro, pois o Guardião sempre a chutava para dentro da pedra novamente. Entretanto, vacilando só por um segundo por conta do cansaço que paralisava seu corpo, Janine consegue acertar um golpe poderoso contra o ser cósmico, o fazendo cair e sair rolando pelo chão.  
 
— Agora, vamos terminar o servi-! — Disse Janine sadicamente, mas ela escuta uma grande quantidade de energia se acumulando logo embaixo de si, o ambiente começa a se iluminar quando raios começam a sair de uma máquina enorme. 
 
— Janine! — Chamou a Guardiã Vórtice, ela estava em cima da máquina, sua nova arma. — Quero que conheça o meu novo amiguinho! O canhão de Raios, Fulgora! — Apresentou muito confiante. 
 
A Guardiã da Tecnologia estava em cima de seu tanque novamente, porém, ele havia sofrido transformações e modificações extremas. O cano que disparo havia virado um cilindro de fios de cobre enorme, parecendo uma bobina de tesla, atrás da cabine do piloto, várias caixas de fusíveis estavam instaladas e conectados um nos outros, sem falar da Guardiã Nébula no meio deles, energizando a máquina com tanto poder que ela escapava raios de sua lataria. Janine arregala os olhos e antes que pudesse fazer algo, o ser cósmico puxa o gatilho e libera um raio tão avassalador que saia da ponta do cano como um pilar de energia azul, quase branco, que atinge em cheio o Colosso de Ferro.  
O ataque foi como um flash de luz branca de uns bons segundos de duração, que desaparece em seguida de uma vez só, levando tudo que estava no caminho. A bola de pedra que prendia Janine é explodida, ficando para trás só a destruição de toda aquela área nos jardins de Goldenwood High. Sophie sequer havia percebido que foi jogada para trás pelo coice do canhão de Raios, nomeada Fulgora, ela se levanta confusa e já sem a sua Armadura de Guardiã, talvez ela até tenha ficado desacordada por um tempo, mas ela não tinha certeza, tudo se passou tão rápido quanto piscar os olhos, a única coisa que ela sentia no corpo era o zunido em seus ouvidos, o resto, estava dormente. Ao se levantar, ela cambaleia alguns metros ainda tonta da pancada, uma fumaça densa negra não a deixava enxergar direito e o cheiro de alguma coisa queimada era insuportável, mas o que chamou atenção mesmo foi o calor que vinha do tanque.  
Quando a fumaça se dissipa um pouco, ela consegue ver, o blindado modificado agora estava destruído novamente. O cano, que era como uma bobina de cobre, estava incandescente e totalmente derretido e o metal da lataria estava esticada e rasgada, o coice foi tão forte que havia alongado a carcaça do veículo, além disso, a garota não via mais o Colosso, no lugar, apenas via uma pilha de destroços num buraco que havia surgido no chão. Ao se aproximar mais, ela vê que dentro daquele buraco estava alguém lá, totalmente queimada, era Janine. Apreensiva e totalmente em choque, a garota de cabelos verdes se aproxima do corpo dela, se assustando ainda mais, ela ainda estava viva. 
 
— S-S-Soph-! — Gemeu Janine com extrema dificuldade, sua voz estava rouca. 
 
Ela só estava viva até agora por um milagre, a garota estava com seu corpo totalmente carbonizado, seu cabelo havia sido queimado e desaparecido, seus olhos haviam derretidos e suas roupas desaparecido, ela soltava grunhidos de dor e agonia, provável que seus pulmões tenham sido danificados ao ponto dela nem conseguir respirar direito. 
 
— Jenny...! — Chamou Sophie, ela se ajoelha no chão e se encolhe, suas lágrimas molhavam o chão em pequenas gotas cristalinas. — Desculpa! Desculpa! Desculpa! — Ela deveria ter repetido por mais dez vezes soluçando e chorando. O seu peito doía tanto que era como se tivesse levado uma facada. 
 
Ela continua. 
 
— E-eu sei que fui parte do problema..., que minhas escolhas contribuíram para o que aconteceu. — Declarou, a culpa pesava em cima dela e a responsabilidade a sufocava. — Eu gostaria de poder voltar no tempo, mudar as coisas, impedir que esse todo desastre ocorresse, mas a vida não funciona assim, não é? — Interpelou a garota, que mesmo tendo assumido o manto de um dos seres mais poderosos do universo, ela era somente um ser vivo, um que cometia erros como todos os outros. — Se ao menos eu tivesse sido mais atenta, mais presente, talvez pudesse ter evitado essa tragédia. 
 
Agora ela podia voar, criar objetos, invenções e armas somente com sua imaginação e provavelmente infinitas outras coisas que ela viria a descobrir, feitos que iam além do limite humano, mas nada disso importava de verdade se ela não conseguiria impedir que episódios como esses acontecessem. Ela podia sobreviver as situações mais adversas possíveis, até ser esmagada por um gigante de aço de vinte metros de altura e sobreviver, mas ela continuava a cometer falhas, ela era um ser perfeito cometendo imperfeições, um ser sem limites com limites e uma deusa sendo humana.  
Janine não responde, ela estava morta. Sophie olha para o corpo falecido dela e um vazio enorme surge de repente.  

  

— Até onde você me ouviu, Jenny? — Apenas o silêncio a respondeu. — Acho que..., eu nunca vou saber! — Concluiu Sophie com uma voz sensível. 
 
A Escola estava um caos. Os alunos, os que não haviam morrido por aí, tinham fugido, a estrutura dela estava toda danificada, a quadra estava completamente demolida, aquela região do quintal estava virada do avesso. Simon estava desmaiado no chão e Isabella também, aquela batalha não foi vencida, ela foi perdida, a amargura desse momento iria remoer aquela garota de cabelos verdes pelo resto de sua vida.  

  

— Acho que o Kelvin tinha razão em não querer ser um Guardião...! — Disse Sophie sem reação. Ela cai para trás, de costas para o chão, ela grita com todo o ar que tinha nos pulmões antes de desmaiar de exaustão. 
 
Os três jovens estavam totalmente inconscientes e muito feridos. Eles tinham aparências atípicas, uma de cabelo rosa, um de cabelo azul e a outra de cabelos verdes, eles podiam ser só mais uma das vítimas do Gigante de Aço que atravessou parte da Cidade e atacou aquela Escola, mas as pistas que o local da batalha deixou que foi o estranho. Como o Colosso de Metal foi convenientemente parar e logo depois desaparecer bem naquele local e quem eram aqueles três adolescentes, ainda vivos, caídos perto do local onde encontraram uma pessoa queimada e morta. Esses eram os questionamentos que o Capitão, e Delegado, da D.P.C.D. fazia ao observá-los, ele se vira para a mulher de cabelos loiros curtos e olhos verdes. 
 
— Reconhece eles? — Perguntou e a mulher confirmou com a cabeça. 
 
— A de cabelos rosa e o azulzinho sim, mas essa de verde, não. — Explicou calmamente enquanto olhava para Sophie, o homem fica em silêncio.  
 
— Sinceramente...! — Suspirou o Capitão sem paciência, ele sabia que teria muita papelada aquela noite. Ele dá um sinal positivo para a enorme equipe que tinha cercado o local, os policiais, peritos e médicos se aproximam do local e começam a agir. 
 
— O que foi? — Perguntou a mulher ao inclinar a cabeça, ela sorria de canto de rosto para ele. 
 
— Se um grupinho de adolescentes serem os seres mais poderosos, os Guardiões do Universo, vai todo mundo ficar na merda! — Declarou ele revoltado, fazendo a mulher rir, mas ela para ao ser encarada pelo homem. 
 
FIM do sexto capítulo 

 


Notas Finais


É isso, espero que tenham gostado, próximo capítulo eu já volto para o Kelvin, até outro dia...


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