Regina entrou em desespero, ela não tinha ideia do que poderia fazer. Será que uma daquelas mulheres havia levado Emma? Ou Emma havia conseguido fugir? Ela olhou uma segunda vez por cada canto da sala, nenhum sinal do ratinho. Então, Regina decidiu vasculhar os corredores do hotel, se não encontrasse Emma, poderia tentar um feitiço localizador.
***
Emma correu, ela não olhou para trás, não sabia se a cobra havia conseguido ir atrás dela. Pelo menos, sendo um ratinho, ela conseguia ser rápida. Mas se ela não fosse um ratinho, não precisaria tentar fugir de uma cobra. E o pior, ela não sabia onde estava se enfiando, ela estava andando pela tubulação de ar, mas não sabia como chegar ao próprio quarto, a única coisa que ela queria fazer era começar a gritar por Regina, até a morena aparecer e tirar ela de lá.
Em vez disso, ela continuou correndo, até encontrar uma saída que dava para a cozinha. Ela saiu por lá, conseguindo parar em uma prateleira e se esconder atrás dos potes de tempero. Ela poderia entrar em uma saída de ar de novo e torcer para conseguir chegar no corredor do quarto ou… Ela avistou uma bomboniere cheia de balinhas com embalagens coloridas, no balcão abaixo da prateleira onde estava, ela correu, sempre tentando não ser vista, e se jogou lá dentro.
A bomboniere estava em uma bandeja de prata, provavelmente seria levada para recepção ou para a sala de jantar, então seria mais fácil para ela sair e encontrar o quarto, ela pensou. Emma se afundou entre as balinhas e torceu para ninguém a perceber.
Não demorou muito e um cozinheiro tampou o recipiente, sem perceber que havia um ratinho dentro. A bandeja realmente foi levada para a recepção do hotel e deixada sobre uma mesinha, para que os hóspedes pudessem pegar as balinhas.
Emma se desesperou, como ela sairia de lá se não conseguia destampar o vidro? Ela ficou quietinha, o jeito era encarar uma missão suicida. Ela esperou alguém tirar a tampa do pote, uma mulher fez isso, e pegou uma balinha, então o ratinho pulou de lá. Se estabacando na mesinha e correndo para o chão.
— Um rato! — a mulher gritou desesperada, jogando a balinha longe. — Um rato!
Logo, todo mundo na recepção estava tentando encontrar o rato, algumas pessoas fugiram, outras viram o ratinho correndo no chão e tentaram pisar nele. Depois de quase ser esmagada, Emma conseguiu se esconder atrás do pé de uma mesa, desaparecendo das vistas das pessoas.
***
— Um rato! Um rato!
Regina Mills, que estava andando pelos corredores do hotel, ouviu uma gritaria que parecia vir da recepção. Isso só podia significar uma coisa… Ela saiu correndo em direção aos gritos.
Chegando na recepção, ela viu uma confusão, a maioria era funcionários, caçando o rato. O gerente havia chegado no local e estava tentando acalmar a situação.
— Não existem ratos nesse hotel — ele falou.
— É claro que existem — uma mulher gritou histérica. — Um acabou de me atacar, ele pulou de dentro do pote de balas, a cozinha desse lugar deve ser um nojo.
O desespero no rosto do gerente era visível. — Nossa cozinha é uma das mais limpas dessa cidade.
— Tinha um RATO no pote de bala! — A mulher voltou a gritar.
Alguns dos outros hóspedes fizeram careta.
Regina tentou caminhar sem ser notada e se sentou no sofá da recepção. Tentando ver Emma em algum lugar, depois de muito olhar, ela achou uma bolinha branca enrolada entre a parede e o pé de uma mesinha.
Regina Mills nunca esteve tão feliz por ver um rato.
— Sshhh — o gerente continuava tentando acalmar a mulher, preocupado com a imagem do hotel. — Vamos resolver isso, senhora.
— Eu nunca mais piso nessa espelunca!
Mills começou a bater o pé no chão, talvez Emma notasse que ela estava ali. Funcionou, o toc-toc-toc conhecido fez o ratinho olhar, por um tempinho ele continuou embaixo da mesa, até achar que era seguro correr na direção de Regina e se enfiar embaixo do sofá onde ela estava.
— Ele passou por ali — alguém gritou e apontou para o espaço entre a mesa e o sofá.
Regina congelou no lugar, havia uma coisa escalando sua perna. Ela conseguia sentir as patinhas subindo por sua panturrilha, se virando e subindo por sua coxa pelo lado de dentro da saia. Ela colocou a mão ali, tentando fingir normalidade. Mills se levantou, torcendo para Emma ficar no lugar e tentou se apressar para fora da recepção.
***
Regina esperou chegar nos corredores do hotel, deixando o furdunço para trás, subindo as escadas ela deu um jeito de puxar o ratinho que ainda estava pendurado em sua saia, o jogando no bolso do casaco.
— Você não poderia ser menos descarada? — Ela resmungou.
E um casal ao lado fez uma careta, achando que a mulher provavelmente estava louca.
De cara fechada ela entrou no quarto e colocou Emma sobre a cômoda. — Henry, vai para o seu quarto — ela falou para o filho, que estava sentado na beirada da cama de casal.
O garoto suspirou, mas obedeceu.
— Qual o seu problema? Você poderia ter morrido. — Regina resmungou para Emma.
— Eu tentei me esconder — Emma rebateu.
Regina achou que teria um infarto, ela realmente achou. — Para começo de conversa, se você tivesse juízo, não estaríamos passando por isso. O que eu faria se tivesse que levar um rato morto para Storybrooke? — Mills deu um tapa na cômoda, forte o suficiente para fazer barulho, a mão parou a centímetros do ratinho, que se afastou assustado.
— Ai que vontade de esganar você! — Ela continuou brava. — Por que eu não posso ter paz nem nas minhas férias?
Regina serviu água em um copo e caminhou pelo quarto, observando a vista pela janela. Ela estava odiando toda aquela situação, os pensamentos sobrecarregando o seu emocional. E se ela não conseguisse trazer Emma de volta? Por que ela sempre perdia todas as pessoas de quem gostava?
— Idiota! — Regina resmungou. Em um ímpeto de raiva ela se virou e atirou o copo com força, o fazendo se estilhaçar na parede em cima da cômoda, os cacos voaram para longe e a água também, derramando-se na cômoda. Dessa vez, Emma correu e desceu se agarrando nos cantos das gavetas, até chegar ao chão e conseguir se esconder debaixo do móvel.
Por minutos o silêncio dominou o quarto, até alguém bater à porta. Regina estranhou, mas foi atender, abrindo apenas um pouco da porta, ela encontrou uma das camareiras do hotel.
— Olá — a mulher falou —, eu gostaria de saber se está tudo bem por aqui?
Regina franziu o cenho, encarando bem a mulher, ela não entendeu o motivo da visita. A camareira ficava olhando por cima do ombro de Regina, tentando ver o que estava acontecendo no quarto.
— Tudo ótimo — Mills respondeu seca.
A camareira gaguejou antes de falar, limpando a garganta e arrumando a postura. — Tudo bem com a esposa da senhora? Onde ela está?
— Eu não tenho uma esposa.
A outra mulher titubeou. — Certo… Mas você tinha uma acompanhante.
Regina fechou a cara, desconfiada.
— Senhora Mills, um dos hóspedes ligou na recepção para falar sobre barulhos de briga e ameaças vindo do quarto da senhora.
Demorou alguns segundos para Regina perceber o que estava acontecendo. Alguém estava a denunciando por achar que ela estava brigando com a esposa? Ela tinha gritado tão feio assim?
Regina escancarou a porta do quarto, deixando a mulher olhar para dentro. — Eu estou sozinha aqui, estava falando ao telefone, perdi um pouco o controle, porque minha… acompanhante me largou sozinha no hotel.
A camareira encarou cada cantinho do quarto, notando os cacos quebrados e o celular na mesinha de centro, a história lhe pareceu verídica, mesmo assim Regina sentiu um julgamento no olhar da mulher quando os olhos se voltaram para ela. — Desculpe o incômodo — a mulher falou —, espero que a senhora entenda que precisávamos verificar, porque falaram que estavam acontecendo ameaças e barulhos de briga.
— Entendo, sinto muito pelo barulho, não vai se repetir. — Então ela fechou a porta.
Regina suspirou, caminhando pelo quarto — Era só o que me faltava — resmungou —, pensaram que eu iria te matar de verdade, acredita nisso? — Ela falou, sabendo que Emma estava ouvindo.
A morena deixou o corpo cair na cama. — Sai debaixo dessa cômoda, você não precisa levar o termo “vocês são homens ou ratos?” tão a sério e agir como uma covarde.
Ela se arrependeu de falar aquilo no mesmo momento, talvez ela estivesse sendo agressiva demais. Para completar, ela não ouviu nenhum barulhinho de “squeak”, nenhum som de patinha andando pelo chão. — Emma? — ela sussurrou, se erguendo da cama. — Emma?! — Ela chamou mais alto, olhando para a cômoda.
Quando percebeu que Emma não apareceria, Regina foi até a cômoda, se abaixando no chão e olhando lá embaixo. Ela viu uma bolinha branca, encolhida e se espremendo contra a parede.
— Emma — Regina chamou. — Emma… Vamos lá, eu não te traumatizei o suficiente para você ter perdido a capacidade de falar.
A morena fechou os olhos e suspirou, se sentindo a pior pessoa do mundo. — Emma, me desculpe, eu não deveria ter falado aquelas coisas e agido daquele jeito, você sabe que eu nunca te machucaria de verdade. — Regina colocou a mão aberta aos pés da cômoda. — Vem pra cá.
Ela soltou outro suspiro quando percebeu que Emma não estava se mexendo. Era claro que era fácil se irritar, ela pensou, ela estava deitada no chão de um hotel implorando para um rato sair debaixo de uma cômoda e pedindo desculpas, só por tentar racionalizar isso ela achou que enlouqueceria. — Vem, Emma. Eu não vou brigar com você, sinto muito pelas coisas que falei — ela tentou outra vez. Claro, ela poderia simplesmente enfiar o braço lá e agarrar o rato, mas ela queria que Swan saísse por vontade própria.
Uns segundinhos depois e o ratinho foi para a mão dela. Molhado, ele estava molhado e Regina concluiu que foi por causa do copo que ela jogou na parede. — Emma, você me desculpa?
— Tudo bem — ela falou baixinho.
E Mills suspirou aliviada. — Pelo menos você ainda fala. Vem, eu vou cuidar de você — ela completou se levantando, como se não estivesse carregando Emma na mão.
Regina a soltou na mesinha de centro, abriu uma garrafa d’água e encheu a tampinha, a deixando sobre a mesa. — Bebe água — ela falou, seguindo para o banheiro, e logo voltando com uma toalha. Ela esperou o ratinho beber água e o pegou de volta, o colocando entre a toalha e tentando o secar delicadamente.
Eu não acredito que estou secando um rato na minha toalha de rosto. Regina pensou. Que situação.
Mas se a situação estava sendo uma merda para ela, provavelmente estava sendo um milhão de vezes pior para Emma. Era esquisitíssimo estar secando um rato, mas deveria ser, sem sombras de dúvidas, muito pior ter virado um rato, ter tido um dia de merda onde tentaram te matar, conseguir chegar no seu quarto e gritarem com você, além de te jogarem água e agora você era um rato molhado.
E se Regina juntasse o dedão e o indicador com força o suficiente, ela poderia quebrar o pescocinho da criaturinha que estava segurando. Claro, ela jamais faria isso, mas Emma havia virado uma coisinha frágil que poderia ser esmagada com uma mão e isso era a parte assustadora de tudo aquilo.
Regina conseguia notar o quanto Emma estava magoada, ela nunca achou que veria um rato tão triste, ele era muito expressivo para um rato, mas o silêncio também já era indicativo o suficiente disso. Ela achava inacreditável ganhar “tratamento de silêncio” de um rato. Com isso, Mills conseguia visualizar perfeitamente o rosto emburrado de Emma Swan, como quando elas brigavam e mesmo após Swan a desculpar, continuava com aqueles olhos tristes e aquela cara de coitada.
— Você está com fome? — Regina não esperou pela resposta, foi atrás de um pacotinho de amendoim que tinha na bolsa e espalhou os amendoins no tampo da mesinha, assistindo o ratinho começar a roer um.
Depois de esperar Emma comer um pouquinho ela perguntou. — Você pode me contar o que aconteceu?
O ratinho olhou para Regina em choque, depois de toda a discussão, Emma quase esqueceu o motivo de ter se enfiado naquela confusão. — Regina, elas são bruxas! Todas aquelas mulheres são bruxas terríveis, e que odeiam crianças. Elas querem transformar TODAS as crianças do mundo em ratinhos — ela fez uma pausa —, eu não sei se faz sentido, mas o plano é esse. Por isso ela deu aquele chocolate para o Henry.
— Como é? — Regina questionou atônita.
— A gente precisa fazer alguma coisa — o ratinho falou em desespero. — Primeiro, você não pode deixar o Henry sozinho, é muito perigoso ele andar por aí sozinho. Depois, a gente precisa fazer algo para impedir essas mulheres.
— Como se eu já não tivesse problemas o suficiente — Mills resmungou.
O ratinho pareceu inconformado com a resposta.
— Um grupo de bruxas da puta-que-pariu não é problema nosso. Proteger o Henry e te trazer de volta, sim.
— E qual é a sua sugestão? — Emma perguntou irritada.
— Eu posso fazer nossas malas, tirar a gente daqui e tentar te fazer voltar ao normal lá em Storybrooke.
— Isso é bem egoísta da sua parte.
— Te colocar numa gaiola para ratos e te devolver para a sua mãe também seria bem egoísta. Se você quer saber, te trazer ao normal também não é problema meu. — Regina rebateu, ofendida por ser chamada de egoísta.
— Regina — Emma tentou outra vez —, a gente não pode simplesmente deixar bruxas malucas soltas por aí.
— E qual é a SUA sugestão?
— É uma reunião de bruxas, aquela mulher de cabelo preto é a Grã-Bruxa, ela é uma esquisita nas reuniões — o ratinho resmungou. — Eu a vi usando a fórmula em uma delas, ela falou que nessa noite vai distribuir dinheiro e vidrinhos com a fórmula para as outras bruxas.
— Dinheiro?
— Regina!
— Talvez a gente conseguisse roubar um dos vidrinhos com a fórmula — Emma concluiu.
— E como exatamente?
— Bom, eu consigo entrar no quarto dela sem ser notada.
— Claro — Regina falou com ironia —, do mesmo jeito que você não foi notada na recepção?
— Aquilo foi uma exceção — Emma resmungou.
Regina fez uma careta. — Eu não concordo com isso, ela vai pisar em você. E eu não quero que você morra… o clima no velório vai ser horrível, principalmente se tivermos que velar um rato.
Regina ouviu um barulhinho irritado do ratinho. — O quarto dela é o 27.
— 27?! — Regina murmurou. — O quarto abaixo do nosso?
— Sim! Vamos lá na sacada.
Regina pegou o ratinho e foram para sacada, olhando para baixo dava para ver a sacada do quarto inferior. — Se eu cair da sacada, você acha que eu morro? — Emma perguntou.
— Eu tenho certeza, você virou um rato, não a Supergirl.
— Talvez eu consiga descer até lá — Emma ignorou a resposta.
— Quer que eu te jogue lá? — Regina perguntou com sarcasmo.
— Claro que não.
— Você não vai descer.
— Se você não me ajudar, eu posso tentar quando você não estiver olhando.
— Eu posso te colocar em uma gaiola e trancar com cadeado — Regina ergue a sobrancelha.
— Regina, é sério. A gente precisa fazer alguma coisa. Você pode me ajudar a descer com magia e ficar olhando, se algo acontecer, você me salva.
— Claro, EU te salvo — Regina revirou os olhos.
E com um passe de mágica, o ratinho acabou na sacada do quarto 27. O quarto parecia vazio, Emma correu pelo chão, pensando onde os vidrinhos poderiam estar. Então, ela olhou para cima, uma estante com livros, ela se esforçou para escalar o móvel. Em uma das prateleiras, havia um livro, grosso e esquisito, ela tentou se enfiar no meio dele, forçando para que fosse aberto, porque parecia um livro falso, empurrando ela acabou derrubando o livro no chão. E Emma estava certa, três vidrinhos estavam escondidos lá dentro, não havia páginas completas, apenas espaços que serviam como esconderijos.
Ela desceu a estante, enrolou o rabinho em um dos vidrinhos e correu para a sacada. A bruxa com toda certeza saberia que alguém invadiu o quarto, porque Emma não conseguiria colocar o livro no lugar. O vidrinho foi arrastado pelo chão, e quando ela olhou para cima, Regina ainda estava lá. Com um passe de mágica, o ratinho voltou para a mão da morena, com vidrinho e tudo, agora elas só precisavam de um plano.
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