“Quando temos alguém que nos ama, não importa quem somos ou qual a nossa aparência.”
— Roald Dahl. As Bruxas.
Regina correu pelo pátio, dando a volta no corredor exterior do hotel e torcendo para encontrar um ponto cego, ela achou que seria muito difícil encontrar um local sem câmeras. Por isso, ao encontrar a portinha do armário de vassouras, ela olhou para os lados, conferindo que ninguém estava por lá, e entrou.
O espaço era pequeno e abarrotado de produtos para limpeza: baldes, esfregões, vassouras, etc. Regina respirou fundo e conferiu se não havia câmera ali, ela não encontrou e ficou se perguntando se algum funcionário já teria usado o espaço para outras coisas… Era melhor não saber.
Ela tirou Emma do bolso e a largou em um balde ouvindo o rabinho do rato bater contra a superfície de metal. Com um passe de mágica ela voltou a ser Regina Mills, fisicamente falando, e usando suas próprias roupas. O ratinho tentou se erguer para ver o que estava acontecendo.
Quando Regina o pegou outra vez, ele soltou — Uau, dá até para fazer aqueles vídeos sobre comprar pessoas na planta — ele brincou.
— Emma, cala a boca.
— Como você é mal-humorada — Emma respondeu e Regina a colocou no bolso, outra vez.
A morena abriu a porta do “esconderijo”, olhando de um lado para o outro antes de sair. Agora ela só precisava dar a volta no hotel e correr para o salão de jantar.
****
Ela correu e acabou parando na entrada principal, se alguém a viu e estranhou, não falou nada. Tentando não chamar atenção, ela foi para o salão de jantar, lá ela encontrou duas mesas compridas onde as mulheres da “Associação de Combate à Violência Infantil” estavam tomando sopa.
Regina se sentou em uma das mesas individuais e logo um garçom apareceu para atendê-la.
Ela pediu carne assada e vinho tinto. O garçom se retirou e Regina voltou a observar a mesa das bruxas.
— Está acontecendo alguma coisa? — Emma perguntou.
— Para de falar — Regina resmungou —, vão achar que eu sou maluca e converso sozinha.
— Mas você é maluca mesmo — Emma retrucou.
— Sshhh!
Então, aconteceu. Uma das mulheres deixou a colher cair e congelou no lugar, seu rosto se contorceu em uma careta de dor e os pelos começaram a aparecer em seu rosto, junto com os bigodes de rato, ela começou a diminuir na cadeira, até que se transformou em um rato cinzento e saltou sobre a mesa, correndo entre pratos e talheres.
— Um rato — uma hóspede gritou.
Regina continuou observando a Grã-Bruxa enquanto ela deixava sua colher cair e olhava horrorizada para o que estava acontecendo.
Aquela bruxa foi a primeira, mas não foi a única, uma após a outra, as bruxas começaram a sofrer uma metamorfose esquisita e ratos encheram o salão. Correndo sobre a mesa e pelo chão, centenas de ratos, fazendo os hóspedes gritarem e fugirem, e obrigando os funcionários a distribuírem vassouradas. Regina viu o Sr. Jenkins e a esposa subirem nas cadeiras e gritarem aterrorizados enquanto os ratos corriam pelo chão.
A maioria dos ratos parecia umas ratazanas feias, Regina assistiu ao show de horrores em choque, enquanto a maioria dos hóspedes fugia. Senhor Stringer apareceu correndo, pedindo calma e tentando esmagar algum rato, Regina achou que o homem infartaria. O salão virou uma bagunça de ratos e funcionários tentando matar ratos.
— Pelo menos você é um ratinho bonitinho — Regina falou baixinho.
Emma colocou a cabeça para fora do bolso da mulher. — Viu? Você me acha fofinha — ela falou.
— Pelo amor de Deus — Regina resmungou e enfiou a mão no bolso, forçando Emma a voltar para dentro. — Acho melhor sairmos daqui, antes que você apronte uma e leve uma vassourada.
Então, a Grã-Bruxa olhou diretamente para ela, como se soubesse o que Regina tinha feito. Mills sentiu o estômago gelar quando a viu se levantar e vir em sua direção, Regina fez o óbvio e fingiu que não era com ela, simplesmente caminhando para o corredor do hotel.
— Você! — A Grã-Bruxa chamou.
— Acho que você deveria correr, ela consegue pulverizar as pessoas — Emma avisou. — Ou talvez você deva jogar uma bola de fogo.
— Eu não quero jogar uma bola de fogo na frente de um monte de pessoas comuns, aqui não é Storybrooke.
Regina foi alcançada e foi obrigada a encarar a mulher, a centímetros dela, um dedo em riste foi apontado para Regina. — Você tem algo a ver com isso!
— Não sei do que está falando, senhora.
Regina achou que a Grã-Bruxa faria alguma coisa, mas o que aconteceu foi que ela começou a tremer, toda a cabeça dela se remexia em uma tremedeira anormal, até que ela também começou a diminuir, igual aconteceu com todas as outras bruxas.
A Grã-Bruxa diminuiu no chão, até se transformar em um rato meio grandão e começar a xingar. — Sua dessssgraçada! Eu vou acabar com você.
Regina fez uma careta, sem saber o que fazer, nem ferrando ela colocaria a mão naquele rato. Ela olhou em volta, com a chuva de ratos ninguém parecia prestar atenção nelas, então Regina Mills simplesmente agarrou um vaso de plantas que estava perto delas e cobriu o rato, o prendendo no vaso.
— Senhor Stringer! — Regina gritou. — Acho que deveria vir dar um jeito nesse aqui.
O gerente veio correndo. — Como é?
Regina apontou para o vaso no chão. — Bem aí, tem um rato meio agressivo.
O senhor Stringer respirou fundo, segurou o cabo da vassoura e levantou o vaso, dando uma vassourada no rato. Regina olhou horrorizada para a cena, com certeza ela não queria assistir aquilo, ela ficou até se sentindo meio mal. — Acho melhor voltar para o quarto — ela gaguejou.
***
O plano deu certo, mas provavelmente, Regina e Emma mancharam a reputação do hotel, a maioria dos hóspedes fugiu e com certeza, se a história se espalhasse, novos hóspedes não apareceriam tão cedo. Enquanto a maioria das pessoas corria para fora, Regina voltava para o quarto, afinal, Henry estava lá. Regina abriu a porta do quarto e a trancou com a chave quando entrou. — Henry?
O filho abriu a porta que separava os quartos. — Deu certo?
— Acho que sim — ela suspirou, aliviada por ver o filho bem. — Você pode arrumar suas malas? Chamo você quando estivermos saindo.
— Claro — Henry falou e voltando para o próprio quarto, ele trancou a porta.
Regina olhou em volta, ela também precisa fazer as malas, de Emma e dela, se sentindo cansada e preocupada ela sentou na beirada da cama.
— Regina, tudo certo?
Ela pegou o ratinho. — Hora de voltar para casa — ela avisou.
Emma simplesmente se sentou na mão dela. — Tudo bem com você? Você parece preocupada.
— Bom — Regina deu um sorriso triste —, você ainda é um rato, eu estou preocupada.
— Ah — o ratinho falou sem graça. — Tudo bem.
— Tudo bem? Emma, eu não sei como trazer você de volta. Eu não sei como essa poção foi feita, não sei como criar um antídoto, eu vou ter que estudar isso. E se eu não conseguir? Quer dizer, você não é um ratinho feio, mas eu… eu prefiro a outra versão de você. — A morena forçou uma risada, mas os olhos se encheram de lágrimas. — Eu estou preocupada — ela sussurrou —, desde o dia que isso aconteceu eu não paro de pensar. Quanto tempo você tem de vida? E se você ficar assim para sempre? — Ela fungou, engolindo o choro. — É claro que eu vou cuidar de você, mas eu sinto sua falta.
— Ah, Regina, para — Emma pediu, vendo que Mills poderia começar a chorar. — Não é culpa sua, e a situação não é muito legal, mas, pelo menos, fui eu no lugar do Henry. Você não aguentaria se fosse nosso filho, e eu prefiro que essas coisas aconteçam comigo do que com vocês.
— Você continua sendo uma idiota com um bom coração — Regina deu um sorriso triste. — Eu vou dar um jeito, tá bom? Prometo que vou tentar de tudo para trazer você de volta. — Ela não pensou muito, mas deu um beijo na cabeça do ratinho, meio que ela se permitiu ser emotiva.
Segundos depois, o bichinho começou a se contorcer na mão de Regina, como se estivesse envenenado. Ela não conseguiu segurar e ele se remexeu tanto que caiu no chão, de uma altura consideravelmente perigosa.
— Emma?!
Olhando para baixo, Regina viu o ratinho se contorcendo no chão, a pele dele parecia se expandir enquanto ele parecia aumentar de tamanho. A morena se ajoelhou na cama, desviando o olhar, aquela era a visão mais feia que Regina já teve, e não tinha alguém para quem ela pudesse pedir ajuda, mas se ela estivesse certa, a única coisa que precisava fazer era esperar.
Ela ouviu gemidos de dor e quando olhou para baixo outra vez viu Emma jogada no chão, caída de bruços. — Emma? — Regina pulou para perto da loira, se ajoelhando na frente dela e tentando a erguer.
Emma abriu os olhos, ela parecia meio atordoada, mas conseguiu sentar no chão com as costas apoiadas na parede. Regina esqueceu todos os outros problemas, ela jogou os braços em volta dos ombros de Emma e a apertou em um abraço tão forte que poderia machucar. Ainda a abraçando, Regina exclamou — Ai, meu Deus! Você está pelada.
Ela soltou a loira, puxou o lençol da cama, e envolveu Emma nele. Swan estava tão suada que Regina sentiu seus próprios braços meio úmidos com o abraço, mas ela nem se importou. Ainda abaixada em frente à Emma, ela reparou no rosto da mulher — Você está péssima.
— Muito obrigada, Regina. — Swan respondeu com sarcasmo. — Eu também estou muito feliz em te ver de volta.
A morena riu, mas Emma estava pálida, suada e com uma expressão terrível, foi isso que ela quis dizer com “péssima”. — Tudo bem? Como você está se sentindo?
— Tudo dói. Para falar a verdade, parece que fui atropelada por um trator.
Mills passou os braços em volta das costas de Emma. — Vem, vou te levar para um banho.
— Por que eu preciso de um banho? — Emma resmungou, aceitando a ajuda para se levantar.
Regina apenas deu um sorriso. — Espera aqui — ela disse quando chegaram na porta do banheiro —, vou encher a banheira.
Emma se segurou na porta. — Por que a gente não vai embora?
Regina começou a encher a banheira com água quente e preparou ela com bolhas. — Emma, eu estou tentando ser educada e não falar “não vou levar você fedendo suor no meu carro, até chegar em Storybrooke”.
A loira fez uma careta, mas soltou o lençol e entrou na água. Regina se ajoelhou ao lado da banheira, e apesar de nunca ter feito isso antes, Regina ficou ali caso Emma precisasse de ajuda.
— Regina… o beijo, por que ele quebrou o feitiço?
— A gente não precisa falar sobre isso.
— Eu quero falar sobre isso.
A morena ficou em silêncio.
— Regina — Emma voltou a chamar, sussurrando —, eu amo você. — Ela olhou para a mulher com os olhos verdes se enchendo de lágrimas. — Eu amo você… Eu fiquei com tanto medo de perder você para sempre, de ter desperdiçado todas as minhas chances.
Os lábios da morena tremeram e ela deixou um suspiro escapar. — EU fique com medo de perder você, sua idiota.
Emma agarrou a gola da camisa de Regina com dedos molhados, a puxando sobre a beirada da banheira e se debruçando para um beijo que foi correspondido. Ela sentiu os dedos de Mills agarrando seu cabelo e aprofundou mais o beijo.
— Casa comigo — Emma falou sem fôlego quando os lábios se separaram.
Regina começou a rir. — Vai me pedir em casamento pelada em uma banheira?
Emma abaixou o olhar, olhando os próprios seios. — Bom, é uma visão melhor do que um anel de noivado, não é? — Ela deu um sorrisinho sacana.
Regina riu, mas em vez de responder, ela começou a se levantar, fazendo o sorriso de Emma sumir. A loira se ergueu da banheira, pulando para fora e segurando Regina contra a porta.
— É sério, Regina. Casa comigo.
A morena sentiu o corpo molhado de Emma contra o seu, ela fechou os olhos. — Você está deixando minha roupa toda molhada.
— Não é tão ruim, é?
Regina suspirou e voltou a abrir os olhos, Emma estava a centímetros dela, a olhando com a mesma cara de idiota que Mills se lembrava, e com olhos esperançosos.
— Amo você — Regina sussurrou e colocou os braços em volta dos ombros da loira. — Caso com você quantas vezes você quiser, sua idiota.
Então Emma a beijou outra vez, agarrando e apertando a cintura de Regina. A morena também apertou os braços em volta de Emma.
Regina quebrou o beijo. — Acho que você deveria me ajudar a arrumar as malas, a gente vai ter muito tempo depois.
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