-Disponha, então que acha de procurarmos ela primeiro pelos arredores do Palácio? Aqui é bem grande e ela pode ter ido ver a paisagem, mas deve ter se perdido.
-Pode ser, só preciso dizer ao meu pai que não poderei ajudá-lo com as paredes da sala.
-Entendi, então ficarei esperando você voltar aqui.
-Não falou com a sua avó antes? Ela ficará preocupada.
-Ela ainda está dormindo, e também ja está acostumada com as minhas saídas sem hora para retornar.
Sorri para ele e entrei em casa, onde fui direto para a sala, e para minha surpresa meu pai já havia dado início na pintura das paredes.
-Essa cor realmente ficará maravilhosa- Falei entusiasmada.
-Eu concordo. Você pode pegar o pincel que está no chão e começar com a outra parede.
-Então pai, eu estou realmente muito preocupada com o desaparecimento da Srta.Forcible.
-Não há necessidade, tem muitas equipes de busca procurando por ela.
-Sim, eu sei, mas eu preciso ajudar a procurá-la, eu preciso fazer alguma coisa por ela.
-Eu entendo, você vai sozinha?
-O Wybie irá me acompanhar.
Pude notar sua expressão de descontentamento, mas ainda assim concordou.
-Tenho bastante tempo livre, então posso dar um jeito em tudo aqui- Ele continuou- E tome cuidado.
-Obrigada pai.
Me direcionei novamente para fora do Palácio, não sem antes falar com a minha mãe, que facilmente concordou. E me encontrei junto ao Wybie para darmos início a nossa busca pela Forcible.
Nossos pés caminhavam em uníssono e nossas expressões revelavam angústia, mas tentávamos disfarçar e demonstrar o mínimo possível de coragem.
A estação havia mudado, nós estávamos na primavera, e todo o jardim estava encantador. Fizemos o mesmo caminho que eu havia feito pela manhã, e não encontramos nada além de flores pelo chão.
Alguns minutos mais tarde um barulho se fez no meio das árvores, e o gato surgiu delas, com aquele olhar de sempre. Wybie o pegou no colo e o acariciou enquanto ele se acomodava em seus braços.
-Ele estava caçando- Wybie pronunciou.
-Eu imaginei. Ei gato, você soube sobre o desaparecimento da Forcible?
Ele afirmou com a cabeça sem demonstrar nada em seu rosto.
-E sabe algo sobre o motivo desse desaparecimento?
Desta vez, o medo se mostrou nele quando vimos os seus olhos se arregalarem. Após isso ele se soltou dos braços do Wybie e saiu andando para longe de onde estávamos.
-O que você acha?- Perguntei.
-Ele sabe, mas não quer nos dizer, com certeza tem a ver com a Beldam.
Respirei fundo antes de prosseguir com a procura. E no fim dela chegamos no poço.
Aquele que segundo o que Wybie me disse há anos, se olhasse para o fundo dele, poderia ver as estrelas em plena luz do dia.
Meu corpo não conseguiu evitar de arrepiar-se por inteiro ao vê-lo, eu evitei de passar por aquele lugar por tanto tempo. Wybie segurou a minha mão ao notar que eu estava assustada, e eu confesso que nem notei sua mão, somente percebi quando ele me tirou daqueles pensamentos que envolviam todo o pesadelo que passei com a outra mãe.
-Está tudo bem. -Ele disse.
-O que estamos fazendo? -Perguntei- Procurando por vestígios da Miriam ou tentando encontrar uma maneira de entrar naquela droga de outro mundo outra vez?
-O que? Por que está dizendo isso?
-Nós sabemos que a Forcible não está aqui, e que não há como entrar no outro mundo porque a porta está trancada, e a chave, está no poço. Porque nós paramos aqui? Bem aqui? Em frente a ele?
-Porque estávamos caminhando pelo jardim e o seu caminho final é aqui, é no poço que termina a terra onde moramos. A terra que foi comprada pelos pais do meu bisavô.
-Você entendeu o que eu disse, não tente desviar o assunto.
-Tudo bem, nós sabemos que a Miram está presa no outro mundo com a Beldam, e estamos caminhando pelo jardim a fim de tentar encontrar uma maneira de pegar a chave, ao invés de acreditar que Forcible estaria aqui, perdida na tentativa de somente apreciar a paisagem. É isso que você queria que eu dissesse?
-Não, mas já que disse, o que faremos?
-Eu não sei. Olha, nenhum de nós quer entrar naquele mundo, por que estamos procurando um jeito de fazer isso?
-Pela Forcible, ela é nossa amiga.
-Eu nem sou tão próximo assim dela.
-Mas eu sou! E você disse que estaria comigo desta vez, ou já mudou de ideia?
-Tudo bem, me desculpe.
-Vamos voltar, aí pensamos melhor em tudo.
Ele concordou e retornamos para o Palácio em silêncio, não tive coragem de pronunciar uma única palavra com medo de começar outra discussão inútil.
Encontramos Bobinsky fazendo seus exercícios diários na sacada do Palácio, e assim que nos viu acenou para nós dizendo em seguida:
-Olá Caroline, Olá Wyborn.
Acenamos de volta para ele e paramos de andar ali.
-Como vão os camundongos?- Questionei.
-Eles andam preocupados com alguma coisa, mas não me dizem o que é.
Wybie e eu nos entreolhamos.
-Mas como sabe, esses camundongos nem sempre batem bem da cabeça.
Assim que pronunciou essas palavras, ele entrou em sua casa.
-Eu daria tudo para que isso fosse somente um sonho- Disse colocando minhas mãos sobre meu rosto.
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