1. Spirit Fanfics >
  2. Count the likes for our love >
  3. Ready or Not

História Count the likes for our love - Ready or Not


Escrita por: Lattes_Mafiosa

Notas do Autor


Bom, chegamos ao final da nossa história!

Mas calma, porque ainda vou escrever um epílogo. Agora que fiquei tanto tempo com esses "personagens", fico meio apegada e sem jeito de abandoná-los. Porém, de história, era isso que eu tinha para contar. Em breve, posto o epílogo para vocês.

A música que toca no final do capítulo é Ela Sorriu Para Mim, da banda Tuyo. Espero que gostem.

Capítulo 9 - Ready or Not


—... E é por isso que foi tão importante para mim poder me assumir publicamente no meu canal. Meus fãs foram incríveis e me deram muito suporte, e sinto que, de certa maneira, eu também dou suporte a vários deles com a visibilidade que eu trago. Toda vez que uma pessoa me diz que eu a ajudei a se entender enquanto LGBT, para mim, faz tudo valer a pena.

O auditório explodiu em aplausos. Mount e Cap, de um local separado para os creators que participavam do evento, estavam entre as pessoas que aplaudiam a fala, proferida por um youtuber que nenhum dos dois conhecia, mas agora, buscariam acompanhar. Contudo, embora ambos tenham apresentado reações semelhantes exteriormente - os aplausos -, em seu íntimo, a fala produziu sensações muito diferentes para cada um dos dois. Cap, acolhido em suas inseguranças, sentia-se feliz pela existência de pessoas como aquela, que ajudavam pessoas como ele a se aceitarem cada vez mais. Já Mount se sentia responsabilizado, pensando se ele mesmo não deveria, também, se assumir publicamente para seus inscritos, de modo a ser uma referência para eles e os ajudar com sua própria história.

Originalmente, os dois resolveram assistir ao painel para prestigiar Luis, afinal, era o mínimo que poderiam fazer após todo o apoio dado pelo rapaz ao relacionamento dos dois. O youtuber fora convidado para compor a mesa de um painel sobre streamers LGBTQIAP+, e imaginaram que, para além do apoio ao amigo, ainda poderiam ouvir alguma coisa que os inspirasse e encorajasse, uma vez que haviam descoberto, recentemente, que também faziam parte desta classe. O próprio Luis em si não disse nada que já não tivesse dito para os dois em sua fala, porém, no momento das perguntas da plateia, fizeram-lhe um questionamento que valeu a ida ao local:

— Como você, sendo LBGT - perguntou uma moça - se sentiu quando viu o Cap, que inclusive já gravou com você várias vezes, ser homofóbico em live?

Luciano ficou apreensivo com a pergunta, e agradeceu a Deus e aos organizadores do evento por estar em um mezanino só para criadores de conteúdo, e não em meio a plateia geral do evento.

— Olha, eu não sei muito o que responder… Eu gravo com o Cap até hoje, então assim, vocês devem imaginar que não foi algo que abalou muito a nossa amizade - o próprio Luis deu um riso nervoso, o que produziu o mesmo efeito nos que o assistiam - mas assim, eu não estava na live em que o Cap falou besteira, só vi depois. E é claro que eu fiquei muito puto com ele, mas… teve uma coisa que o Mount falou na call que os dois fizeram depois que eu acho que resume muito o meu sentimento em relação a isso: uma fala de cinco segundos não apaga uma vida inteira de amizade. Então, eu não sei se isso te responde, mas… eu não acho que o Cap seja uma pessoa homofóbica, eu acho ele falou uma coisa homofóbica, entendeu que falou merda e se retratou. Se o Mount que foi o ofendido na história perdoou, quem sou eu para guardar rancor? Acho que às vezes a gente cobra algumas coisas das pessoas… tipo que um youtuber LGBT se posicione sobre alguma coisa que ele não tem nada a ver só por ser LGBT - concluiu, enquanto ria da própria cutucada não só na pessoa que fez a pergunta, mas em todos que exigiam seu posicionamento.

Aliviado, Cap percebeu que Mount não era a única pessoa que ele era feliz por ter em sua vida. Seus amigos, em especial Luis, que esteve tão presente nas últimas semanas, a única pessoa que sabia do relacionamento deles; mas também seus outros colegas, que sempre o apoiaram, mesmo na época do “cancelamento” - Alan até mesmo fez uma doação em seu nome. Com pessoas tão incríveis ao seu lado, do que tinha medo? Cada vez mais, se sentia bobo por guardar em segredo algo que era tão importante para ele, e do qual não precisava se envergonhar, pelo contrário: tinha orgulho da pessoa que se tornava e, mais ainda, do homem que estava ao seu lado.

Quando o painel se encerrou, Cap e Mount conversavam com Luis numa salinha reservada enquanto comiam um saboroso lanche. A resposta do último ainda ecoava na mente de Luciano, que calmamente começou a esboçar uma resolução aos seus dramas das últimas semanas sobre se, onde e como contar aos seus colegas de trabalho sobre sua relação. Já Mount não conseguia tirar da cabeça a ideia, deixada pela fala de um dos youtubers que compôs o painel, de que tinha uma responsabilidade com seus inscritos e, talvez, com toda a comunidade LGBTQIAP+. Não via problemas em falar sobre sua recém descoberta sexualidade com pessoas próximas, todavia, abrir essa parte de sua vida, ainda tão nova para ele mesmo, diante de milhares de telespectadores, ainda era algo que o assustava.

— Eu não acho que você tem obrigação nenhuma de se assumir - comentou Luis, quando compartilhou de suas preocupações - é uma decisão muito pessoal sua. A gente nunca vê youtubers héteros chegarem para os inscritos e dizerem: “então, venho aqui diante de todos vocês assumir que eu sou hetero e quero ser um exemplo para a comunidade heterossexual”.

— Eu tenho pensado assim também, Mount - acrescentou Cap - eu sempre preferi ser mais discreto com a minha vida privada quando eu achava que era hetero. Acho que, um dia, eu não teria problema de postar foto com você comemorando um ano de namoro ou algo assim, igual eu já fiz antigamente. Mas chegar no canal e falar “ei, eu sou bissexual!”, não é algo que eu penso em fazer. O que eu quero com o canal é me divertir e levar diversão para as pessoas, eu sei que essa pauta é importante, mas não é algo que eu gostaria de abordar.

— Então, eu acho que eu gostaria, mano - retomou Mount - eu sempre quis que usar o espaço que conquistei para trazer visibilidade para causas importantes. Se hoje eu me entendo como parte de uma comunidade, eu gostaria de poder trazer visibilidade para essa causa também.

— Mas se isso é algo que você quer fazer, o que te impede? - questionou Luis.

— Eu… não sei.

E, com essa nota, a conversa esmoreceu, conforme os três se separavam para irem cada um para suas programações. Mas a última pergunta que Luis lhe fez ficou na cabeça de Mount durante todos os dias do evento. O que me impede?, ele indagava a si mesmo. A resposta não vinha, não importava quantos motivos tentasse elencar, nenhum deles sobrevivia ao escrutínio de seus pensamentos.

— O que vocês acham do último lançamento anunciado?

O jornalista arrancou Mount de sua própria mente. A quanto tempo eu estou pensando nisso? O youtuber sequer percebera a aproximação do repórter. Por um momento, teve de se lembrar o que estava acontecendo: estou num importante evento no mundo dos games, acabei de assistir, com exclusividade, alguns anúncios importantes de jogos que serão lançados no próximo ano. Acabei de sair do stand onde os anúncios aconteceram, e agora um jornalista quer saber minha opinião. Ok. Qual a minha opinião mesmo? Ao notar a demora de seu companheiro em se pronunciar, Luciano assumiu a dianteira e respondeu o jornalista em seu lugar. Alan, que também participou do seleto grupo de pessoas que assistiu algumas cenas do jogo, contribuiu com a conversa e trouxe alguns elementos da jogabilidade que achou interessantes. E eu, o que eu achei do último lançamento anunciado mesmo?

O rapaz vasculhou suas memórias, mas a verdade é que passou a maior parte do painel perdido em pensamentos sobre a conversa que teve com Luis e Cap e sobre a fala que motivou tudo aquilo. Se lembrava que era um jogo de fantasia, num estilo de RPG, falaram bastante da história e apresentaram diversos personagens, entre eles, alguns LGBTs… “Legal isso de você poder ter um romance com qualquer personagem independente do gênero”, lembrou-se de Cap dizendo, “essa saga sempre foi conhecida pela representatividade mesmo”. É isso. Lembrava-se agora de qual era o jogo cujo lançamento assistiram e, mais do que isso, do porquê do vídeo que assistiu tê-lo transportado tão fundo em seus pensamentos. Quando o jornalista virou o microfone para ele, Gabriel sabia o que responder.

— Para mim, o mais emocionante foi ver que o jogo vai continuar investindo na representatividade LGBT. Isso é muito importante para mim porque… porque…

Mount sentiu a mão de Cap se entrelaçar na sua e olhou para o lado. O rapaz havia entendido o que seu afeto estava prestes a fazer e buscou a sua mão para lhe dar força naquele momento. Agora que Gabriel olhava para ele, sentia que seu amado também o sustentava com o olhar, e com um sorriso que dizia “vai, continua. Eu estou ao seu lado. Tudo vai dar certo”. Ao olhar para o outro lado, Alan sorria. O streamer entendeu o que se passava e depositou uma de suas mãos no ombro de Mount, também lhe prestando seu apoio. O mais jovem sentiu que aquela mão representava não apenas Alan, mas todos os seus amigos que tanto lhe apoiaram desde que contou sobre sua sexualidade para eles. Com um namorado e amigos tão incríveis ao seu lado, Gabriel sabia que podia fazer qualquer coisa. O que te impede? Mais uma vez, ouvia a pergunta em sua cabeça, mas dessa vez, respondeu diferente.

Nada.

— …porque eu sou bissexual. E como um streamer LGBT, para mim é ótimo saber que poderei jogar um jogo com o qual eu posso me identificar com os personagens e ampliar a visibilidade da nossa comunidade. Espero que outros inscritos LGBTs também possam se ver no jogo e, principalmente, se divertir, afinal, é sobre isso que vídeo game se trata.

O jornalista, com os olhos surpresos, agradeceu e se despediu, enquanto pensava: “o Mount não era hetero? Será que ele acabou de se assumir? Eu estou com um furo de reportagem em mãos? Preciso publicar isso já!”. Em contrapartida, enquanto via o homem se afastar, Alan esticou uma das mãos pelos ombros de Gabriel e questionou:

— Mount, é isso mesmo que eu entendi? Você acabou de se assumir na frente das câmeras?

— É isso mesmo, Alan. Só vocês e alguns parentes sabiam; agora, assim que sair essa gravação, geral vai saber.

— Eu estou muito orgulhoso de você, bebê - disse o mais velho, o puxando para um abraço - parabéns pela sua coragem. Hoje, particularmente, o nextage é você!

E ao abraçá-lo, Mount olhou para Cap, com os olhos cheios d'água atrás de Alan. Ou perceber os olhos do outro sobre si, Luciano sorriu. Ele não precisava de nenhuma palavra, pois o orgulho em seus olhos já dizia tudo que Gabriel precisava saber.


***


Por fim, o evento chegou a sua conclusão numa noite tranquila, e os colegas resolveram ir todos para um bar nas proximidades para comemorar mais um encerramento e confraternizarem, presencialmente, todos juntos, mais uma vez antes de se verem apenas pela tela de um computador pelas próximas semanas. O bar foi escolha de Alan, não sabemos se ele pagou o dono pela exclusividade ou se foi apenas coincidência, mas o local estava bem vazio quando chegaram. A bebida, apesar de barata, era gostosa, mas a parte mais chamativa foi a pista de dança no centro do bar, que Mr. Fall inaugurou com mais uma de suas famosas dancinhas, como as que fazia tantas vezes em live.

A noite transcorria maravilhosamente bem, alguns dançavam, outros conversavam, outros tentavam fazer as duas coisas. A playlist local era eclética e variava da MPB ao pop, em geral com músicas mais animadas, até que, de repente, uma canção romântica e lenta começou a tocar. Apenas Alan e Maethe permaneceram na pista, felizes de terem esse momento de casal um com o outro. Cap os observava do lugar onde estava, alegre por seus amigos. Esses dois são tão fofos juntos, espero que eu e Mount possamos ter o que eles tem um dia. Em seguida, parou e observou seu amado, a apenas alguns passos de distância, conversando com Calango sobre alguma coisa qualquer, talvez qual o próximo item que o streamer poderia rifar. Dessa vez, foi a vez dele de pensar: o que me impede de estar como o Alan e a Maethe estão nesse momento?

Nada.

Luciano tomou uma decisão. Na verdade, já havia decidido desde ouvir a resposta de Luis no painel que este apresentou, mas se fortaleceu quando viu a coragem de Mount ao se assumir para a imprensa. Fora sincero no que disse anteriormente - não via razão para falar com os seus inscritos sobre sua sexualidade, ao menos não com todas as letras, como seu parceiro fizera - contudo, queria, sim, que as pessoas próximas a ele soubessem, não apenas sobre quem ele era, mas quem ele amava. Deste modo, deixou seu copo de cerveja na mesa, aproximou-se de Gabriel, esticou sua mão direita e disse, com toda a convicção:

— Desculpe interromper a conversa de vocês, mas… você me concede essa dança?

Mount, com um sorriso que ultrapassava seu rosto, aceitou a mão de seu parceiro e foi com ele para a pista de dança. Sua mão esquerda permaneceu com a de Cap, e sua direita foi para o ombro dele. A mão esquerda do outro, por sua vez, se posicionou na cintura do menor, puxando-o para bem perto de si. Lentamente, os dois começaram a dançar pela pista, o riso abafado dos colegas como se não passasse de ruídos distantes, uma vez que só tinham olhos um para o outro naquele instante. Alan e Maethe voltaram para as mesas, deixando o local inteiramente para eles. Nenhum dos dois conhecia a música que começou a tocar de repente, todavia, iriam procurá-la depois, pois ambos sentiram que a letra falava diretamente aos seus corações:

Quando olhei para você, num segundo, eu sabia

Minha sorte apareceu da noite pro dia

Eu levei um susto, não tava preparada

Todo mundo sabe, mas ninguém te avisa

Que um amor assim…

Pode ser assim…

Você é assim…

Ela sorriu,

Ela sorriu pra mim…

Luciano olhou para Gabriel enquanto dançavam agarradinhos, aquele lindo sorriso, encimado por aquele bigode maravilhoso que ele tanto gostava de sentir se entrelaçar na sua barba enquanto beijavam. Será que ele sabe o quanto eu o amo? Provavelmente não, pois ele ainda não havia falado. Preciso corrigir isso.

— Eu amo você, Ga.

— Eu também amo você, Lulu.

E, incapazes de se conter, beijaram-se ali mesmo, na frente de todos os seus colegas de trabalho. Os gritos da plateia foram demasiados para serem ignorados, mas não se importavam. Sorrindo, voltaram para as mesas onde seus amigos se sentavam, de mãos dadas, com os dedos entrelaçados.

— Então… a gente meio que tem uma coisa para contar para vocês - disse Cap.

O choque em cada um dos rostos ali presente foi lentamente sendo substituído por compreensão, na medida que se lembravam da conversa onde Mount contou que estava ficando com um rapaz. Alguém famoso? Um youtuber? Alguém que a gente conhece? Alguém com quem a gente gravou? Maethe, com o celular na mão, já digitava a mensagem “Dino, você não vai acreditar…”. O mais surpreso de todos ali era Erick, o Mr. Fall. Como não estava mais na festa quando Gabriel se assumiu para seus amigos, seu queixo fez juz ao seu apelido e estava mais caído que boa parte de seus cabelos. Chocado com a revelação, mas fiel aos seus princípios de não falar palavrões, gritou, completamente desconcertado:

— “Cassino”!



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...