Sam estava sentado está sentado ao meu lado no banco do carona, seu lado esquerdo está recostado na porta e está cochilando, enquanto eu dirijo. Ele não é de dormir, mas precisou tomar anestesia para passar pela cirurgia e ainda assim, lhe deram remédios para a dor que pode começar em duas horas, quando acaba o efeito da anestesia. Queriam interná-lo, mas ele não queria porque havia prometido para AJ que iriamos almoçar com ele no café da manhã e que iríamos comer sorvete com bolo no sofá enquanto assistimos desenho por ser aniversário dele. Claro que Sarah iria brigar depois, mas era aniversário do garoto e nós como tios, assumiríamos toda a culpa.
Pensar nos garotos e como Sam fica feliz e eu mesmo fico estando com eles, com minha cunhada, ou simplesmente no barco me faz dar um sorriso de lado, mas imediatamente as imagens emergem na minha mente. O cheiro de sangue seco ainda está impregnado em mim e eu só consigo sentir culpa e mais culpa, porque eu sou quem deve proteger o novo capitão, e antes disto, devo proteger meu namorado e eu me distraí. Foi rápido, me afastei o suficiente para conseguir abater os três que estavam á direita, mas com isto, deixei a esquerda aberta e enquanto Sam lançava o escudo, atiraram nele. Claro que conseguimos abater todos, e eu nem mesmo havia visto que o tiro havia acertado nele porque havia levado uma rasteira e quando realmente pude prestar atenção em Sam, o vermelho estava manchando sua camisa porque ele havia esquecido o traje em casa. A camisa verde estava com uma mancha de sangue.
Eu lembro de ter ficado parado por alguns segundos, sem conseguir entender ou pensar direito no que estava acontecendo, só conseguia olhar para seu ombro. Foi uma ação rápida e eu acho que ele também tenha achado que seria rápida, aliás, era só uma gangue de bairro, tão simples que eu nem sei o porque de ele não ter usado as asas, nem o Asa Vermelha, mas eu sei que é minha culpa. Ele esqueceu a roupa em casa porque eu fiquei enrolando na cama e precisamos sair correndo de casa, assim como ele só parou ali para comprar uma tortinha de frango para mim, não por eu estar com fome, mas porque ele sabia que ali vendia e queria me agradar.
Só depois de tomar o tiro é que ele acionou suas asas e mesmo sangrando ele me me pegou nos braços, sabendo que sou mega pesado por causa do braço, ainda que esse seja de liga mais leve, aliás, o trabalho de Shuri é incrível. Tive de brigar com ele enquanto estávamos no ar porque ele não queria ir ao hospital, queria ir pra casa e resolver lá mesmo ou na Torre dos Vingadores e eu queria socar a cara dele por isto. Só com muito escândalo da minha parte é que ele resolveu que queria ir para o hospital. Quaisquer procedimentos médicos são muito caros e ele tem medo por ter não recebermos bem, mas que se danasse isso, ele tinha tomado um tiro e a bala estava dentro do corpo dele.
Não iriam dar prioridade a ele mesmo que ele estivesse sangrando e só deram quando me viram ajeitar o escudo na mão. Passaram Sam na frente por ele ser o novo Capitão América e porque eu dei alguns gritos e fiz questão de tirar a jaqueta pra exibir meu braço. Claro que eu não machucaria ninguém de graça, mas se fosse preciso para atenderem ele, eu o faria. Não demorou muito para operarem ele, mas com Sam tendo dito milhões de vezes que não aceitava ficar internado durante os exames feitos para saber de deveria tirar a bala ou deixá-la alojada onde estava. Não era muito grave e nem mesmo teriam de deixar a bala, mas o que me incomodava era ver Sam sangrando. Eu sou um super soldado, mas a minha força vem dele e eu sinto como se ele segurasse meu mundo inteiro com uma mão e minha cintura com a outra, e mesmo que proteger ele em campo seja a minha obrigação, eu só realmente me lembrei do quão frágil a vida dele é ali. Com o sangue dele na minha jaqueta e na minha blusa.
Quase tive um troço durante a cirurgia porque eu queria entrar com ele, mas os médicos me proibiram, disseram que eu estava alterado demais para ficar lá e só ia atrapalhar.
Não durou muito tempo e logo Sam estava no quarto, onde ficaria em observação por duas horas pós a cirurgia como combinado e agora eu estou terminando de chegar na casa de Sara. Liguei para Nat e ela foi buscar o carro durante a cirurgia porque eu não tinha condições de dirigir um carro.
Ensaiei todas as frases possíveis para terminar nosso namoro enquanto o via dormir, mas não podia. Estando separados, eu não seria uma distração na vida dele, e eu chorava tanto que meu peito chegava a doer, assim como a minha cabeça. Porém, bastou ele abrir os olhos e mesmo ainda estando sonolento perguntando se eu estava bem pra eu encher sua boca de beijos. Eu havia amolecido todas as minhas defesas por causa dele. Por causa do amor dele, Sarah já me disse que ele fez o mesmo por minha causa.
Passamos na farmácia, compramos os sorvetes, muito chocolate para o meu namorado machucado e os remédios necessários e mal mal ele entrou no carro na saída da farmácia, e começou a dormir. Ele baixa tanto a guarda do meu lado, e eu faço tanto isso que durante todo o caminho de volta continuei pensando em formas com as quais eu poderia errar com ele para fazer com que ele nunca mais me quisesse.
Não o acordei ao chegarmos, o remédio ainda estava fazendo efeito porque ele não acordou quando eu o tirei do carro e o levei para dentro nos braços. Sorte a nossa não ter ninguém em casa porque seria um caos para Sarah e os meninos o vê-lo daquele jeito.
O levei para nosso quarto, e senti um pouco de medo de deixá-lo cair se algum degrau da escada quebrasse com o peso de nós dois junto, porém apesar de eles terem rangido a cada passo que eu dei, arranquei a camisa e a jaqueta e mesmo que eu não gostasse de andar sem camisa pela casa dele, principalmente por causa das minhas cicatrizes e por respeito á irmã dele, eu segui até o carro assim porque não podia e principalmente não queria ter de explicar naquele momento para ninguém que eu havia deixado Sam se machucar e por sorte, consegui fazer todo o percurso sem me deparar com ninguém.
- Pensei que tivesse ido embora ! - disse Sam ainda de olhos fechados quando entrei no quarto novamente com um copo de café na mão.
- Eu fui pegar as coisas no carro, aliás, tinha sorvete ! - falei fechando a porta atrás de mim - Você queria que eu tivesse ido embora ?
- Não, mas eu sei que você está se remoendo de culpa e te conheço o suficiente para saber que você está pensando muito em como me magoar para sair da minha vida ! - ele disse se sentando na cama, mas gemendo de dor no processo. Corri até ele e tentei ajudá-lo a se sentar.
- Eu não falei nada ! - digo me sentando á sua frente - Vamos tomar um banho ?
- Não é sua culpa, Bucky. Você não é obrigado a cuidar de mim o tempo todo e é apenas um e estávamos contra oito pessoas armadas ! - ele diz, a voz ainda muito sonolenta - Você acha que eu deixaria você por isso ? Eu preciso de muito mais do que isso para terminar com você e espero que você também !
- Eu não quero ser uma distração pra você e nem que coisas como essas aconteçam porque você me priorizou ! - eu disse.
- Sabe o que eu não quero, deixar de viver uma vida legal ao seu lado, curtir cada momento por medo ! - ele disse - Eu amo você e se eu posso dizer que tenho uma prioridade nessa vida, a minha prioridade é você. Eu te amo e quero cuidar de você em todos os detalhes !
- Eu também quero cuidar de você, e me afastar é cuidar também ! - eu digo - Sam, eu tenho 107 anos e não posso mais perder as pessoas que eu amo !
- E saindo da minha vida você não vai estar me perdendo ? Sendo apenas meu parceiro de campo, não vai ter machucado meu coração ? - questionou tocando minhas mãos - Eu sei que você passou por coisa demais e ...
- Você é só um homem e eu te fiz usar o escudo, você pode morrer a qualquer dia ! - digo respirando fundo.
- Com ou sem o escudo, eu posso morrer a qualquer dia. Tudo que eu peço é que você esteja ao meu lado e que aceite que eu nunca vou deixar de me preocupar com você, que eu nunca vou deixar de me preocupar com sua segurança e com seu bem estar, então mesmo que você queira terminar comigo porque eu tomei um tiro, eu amo você, James eu vou pensar em você o tempo todo porque eu te amo !
- Eu também te amo, Sam. Você sabe disso, sabe que eu te amo mais do que qualquer outra coisa e mais do que tudo que eu deveria nessa me permitir nessa minha idade e com todos os meus erros ! - eu digo e não percebi que estava chorando, só quando sinto uma lágrima cair no meu peito - Foi horrível ver você entubado para fazerem a cirurgia e se eu tivesse um pouco de juízo não teria deixado você sair do hospital !
- Eu estou bem e estou aqui com você, meu amor ! - ele disse - Vem cá, deita aqui no meu peito e depois a gente toma um banho. Quero sentir você !
- Eu ... me desculpa, eu não quero terminar com você ! - digo o abraçando e nos deitando imediatamente, mas tomando cuidado para não causar dor em seu ombro - Eu só estava com medo de algo pior acontecer e ... Eu te amo tanto !
- Eu sei, meu amor ! - ele diz beijando meus cabelos - Mas eu te proíbo de pensar em terminar comigo assim, ainda mais na hora em que eu mais preciso de você !
- Me desculpa ! - digo ao perceber que pior do que pensar em deixá-lo era deixá-lo realmente no momento em que ele ia precisar de ajuda - Eu sou um idiota !
- É, mas é o meu idiota ! - ele disse me dando um beijo na testa - Me ajuda com o banho ? Não posso molhar o ferimento ainda !
E com todo o carinho e cuidado possível, dei banho nele e me banhei em seguida, enquanto ele me esperava ainda no banheiro. Cuidei de seu ferimento ainda aquela tarde, já que era necessário trocar o curativo. Tivemos de contar aos meninos para que eles não pulassem em cima dele no sofá, e nem mesmo quisessem que ele os carregasse. Todas as vezes que eu precisava cuidar de seu ferimento eu preferia fazer isso no banheiro, com as coisas necessárias em cima da pia, Sam sentado por sobre o tampo do sanitário e comigo de joelhos porque assim ficava na altura perfeita. Sarah por sua vez me deu um tapa na nuca e me mandou prestar mais atenção quanto ao irmão dela.
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