A conversa da noite anterior se estendeu a tal ponto que não consegui recordar. Na manhã seguinte, meu hábito jurássico de acordar cedo fez com que eu despertasse antes dos outros, e, foi então que percebi que acabara dormindo no sofá. Porém, acompanhada. Mexi-me cuidadosamente, tentando desvencilhar-me de Thaigo, mas acabei acordando-o no processo. Ele abriu os olhos vagarosamente e sorriu, tapando o rosto com as mãos. A claridade na sala era extrema, o que quase nos cegou.
— Bom dia, dorminhoca. – Ele disse e sua voz soou rouca como um trovão.
— Bom dia, babão. – Brinquei, fazendo-o imediatamente tocar sua boca, certificando-se que eu estava apenas zombando.
Thaigo sentou-se e só então tive espaço para fazer o mesmo. Observei-o ainda sonolento. Seus olhos estavam levemente inchados e seus cabelos estavam um completo caos. Ele coçou a cabeça, bagunçando ainda mais os cabelos e me olhou. Sorri e levantei-me, colocando-me a sua frente.
— Me deixa arrumar isso aí. – Toquei seus cabelos e desembaracei-os levemente com os dedos. Apanhei-os com uma das mãos e amarrei-os ao alto, num coque.
— Obrigado, Cabeleleila Leila. – Ele zombou rindo como um boboca.
— Olha só! Que gratidão, hein? – Assim que terminei, ele segurou minha cintura e puxou-me, beijando minha barriga exposta.
Senti um calafrio, pois foi um ato inesperado. E foi a partir desse ato que percebi que ainda estava de biquíni, que não havia desfeito minhas malas e que não havia me hospedado em nenhum dos dormitórios. Enxotei-o de maneira brincalhona e ele saiu, dizendo que iria tomar banho.
Também resolvi me banhar rapidamente para que pudesse trocar de roupas e me preparar para o novo dia. Quando terminei de realizar minha higiene, algumas pessoas começaram a despertar. Desocupei o banheiro, antes que tivesse de dividi-lo com alguém. Vesti-me de maneira bem básica e característica de férias na praia: shorts jeans e a parte superior de um biquíni preto. Não me sentia muito segura em perambular entre estranhos usando vestes pequenas, porém, havia prometido a mim mesma que iria vencer tal insegurança.
— Bom dia. – Cumprimentei Gabi Domingues assim que retornei à cozinha.
Ela estava enchendo um copo com água no purificador. Fitou-me e sem pestanejar, ignorou-me, deixando a cozinha e dirigindo-se ao exterior da casa. Arregalei os olhos na tentativa de matutar uma explicação para o que acabara de acontecer, mas falhei. Cheguei à conclusão de que talvez ela não fosse uma pessoa que aprecia manhãs.
Para afastar as paranoias, decidi preparar o café da manhã para todos na casa. Minha estratégia era conquistá-los pela barriga, então foquei em fazer tudo com muita atenção. Para beber, preparei dois bules de café – um mais doce e outro mais amargo – e, para comer, fiz uma grande porção de ovos mexidos, pão passado na chapa, tapiocas e piquei algumas frutas bem fresquinhas. Antes que eu finalizasse tudo, grande parte da galera já estava de pé.
— Amiga, eu já disse que tô no céu agora com você aqui? Imagina isso: acordar com um café da manhã desses! – Raissa disse animada assim que lhe entreguei um prato com uma tapioca de morangos.
— Olha só que interesseira. –Brinquei e ela riu, apanhando o prato e se sentando à bancada para comer.
— Aí, Diegão, já pensou: uma mulher gata, cheirosa e que faz cafezinho da manhã? – Cláudio disse surgindo atrás de mim e abraçando-me. Seu sotaque carioca estava afiadíssimo ao pé de meu ouvido.
— Caraca, meu sonho! – Diego disse esfriando o café que servira numa xícara.
— É, né? –Eu disse entregando um prato com ovos mexidos para Cláudio. – Mas a mulher aqui não vai lavar nenhuma louça! Vocês se preparem.
— Ué, mas já começou a botar as garrinhas de fora? – Cláudio disse e beijou-me o ombro antes de apanhar o prato e ir para a mesa.
Terminei os preparos e entreguei mais alguns pratos para outros que foram buscar. Passei pela mesa da cozinha e ouvi vários elogios e agradecimentos, mas o de Gabi Prado foi o mais exagerado e fez a alegria da minha manhã.
— Ou, Melissa! Tu tá maluca de fazer um café da manhã desses, né? –Gabi disse em seu tom de voz alto usual.
— Nossa, por quê? – Perguntei colocando a mão no peito, assustada.
— Vai me engordar e vou perder a fama de cu seco, ué! – Ela completou causando risos.
— Deixa de bobeira e come à vontade. O buchinho a gente perde dançando! – Respondi rindo e me dirigi para o dormitório onde eu havia deixado minha mala.
Percebi que algumas garotas não estavam sentadas à mesa, então assumi que talvez estivessem no quarto. E, foi quando me aproximei do quarto que tive a certeza. A porta estava entreaberta e não pude deixar de ouvir um trecho da conversa que estavam tendo.
—... E como você sabe disso? – Ouvi a voz de Stephanie perguntar.
— Eu vi os dois no sofá. Estavam lá, dormindo, abraçadinhos. –– Gabi Domingues respondeu.
E foi então que percebi que o assunto aparentava ter relação comigo e com Thaigo, já que éramos os únicos que dormiram no sofá. O ato de bisbilhotar é deplorável, mas naquela situação, eu não pude evitar. Dei um passo à frente e aproximei o ouvido da fresta para que pudesse ouvir com mais clareza.
— Nossa, mas a garota chegou ontem e já tá agindo assim? – Saory disse com desprezo.
— Eu disse para vocês que ela era piranha. Vocês viram o jeito que ela tá se jogando para cima dos meninos, cara! Eu não preciso dizer mais nada. – Stephanie completou e aquilo fora a gota d’água para mim.
Eu não havia feito nada e de repente estava sendo atacada em um complô feminino dentro de um dormitório sob minha ausência. Minha personalidade é de completa calmaria, mas aí tinha sido demais.
— Eu posso saber o que foi que eu fiz para você ficar me chamando de piranha? –Disse adentrando o quarto e alterando meu tom de voz de maneira inconsciente.
As três se chocaram ao me ver ali, porém, Stephanie foi a que menos demonstrou reação. Permaneceu sentada na cama de Gabi Domingues, encarando-me com uma expressão debochada.
— Ei, não entra aqui gritando não, garota! – Saory me repreendeu.
— Eu grito quando eu quiser! Agora, anda, me fala o porquê sou piranha? –Eu disse andando até onde elas estavam. Cruzei os braços em frente a cama e esperei por uma resposta.
— Melissa, calma. Não é nada disso. – Domingues disse enxugando os olhos. Só então percebi que ela chorava, mas ignorei. Estava furiosa demais para lidar com seu drama.
— Porque você chegou ontem e já dormiu com um macho que não te pertence! – Stephanie berrou, levantando-se e ficando a minha altura.
— Ah, Stephanie! – Eu revirei os olhos e continuei: — Primeiramente, conversa como uma mulher para falar comigo! Eu cheguei ontem mesmo e fui muito mal recepcionada pela maioria das meninas daqui! Como eu ia saber que o Thaigo tem compromisso com alguma de vocês?
— Agora você quer se fazer de vítima, garota? Para, né! – Saory disse e quando Stephanie abriu a boca para refutar, Gabi se levantou e pediu para que se acalmassem.
— Eu não estava falando mal de você, Melissa. – Ela disse tentando explicar. – Só desabafei com as meninas sobre o que vi. Acordei e me deparei com você e o Thaigo dormindo juntos e isso me chateou.
— Vocês têm algo? – Perguntei tentando me acalmar.
— Eu achei que sim, mas para ele, claramente, não. – Ela explicou, desviando o olhar.
— Olha, eu sinto muito por isso, mas nós não fizemos nada. Apenas conversamos e acabamos pegando no sono. Ele não me disse nada sobre vocês, então... – Expliquei, mas ela me interrompeu ao ver as outras duas mulheres rirem como se não acreditassem.
— Tudo bem, Melissa, já passou. Deixa isso pra lá. – Ela disse saindo do quarto.
Eu continuei ali sob o olhar de Stephanie e Saory. Elas permaneceram quietas, talvez para evitar mais confusão. Apenas apanhei minha maleta de maquiagem e saí dali, dirigindo-me ao outro banheiro para que pudesse me maquiar em paz. A vontade de chorar palpitava em meu peito. Ser tratada daquela forma por pessoas desconhecidas, as quais iriam permanecer no meu convívio por algum tempo era como uma prisão emocional.
Mantive minha postura e espantei a vontade de chorar. Foquei apenas em me maquiar. O dia estava quente e, provavelmente, eu não resistiria à tentação de me banhar na piscina, então resolvi apenas aplicar um protetor solar com cor, modelar os cílios com máscara e deslizar um batom hidratante sobre meus lábios. Quando apanhei o par de brincos de argola, ouvi o ruído do tablet e em seguida nos reunimos na sala para descobrir o que o reality nos preparara.
— “O dia está perfeito para um bronze, não acham? Então, não deixaremos que passem vontade! Corram para se embelezarem, pois hoje a festa é na piscina. Abasteçam os coolers que uma Pool Party fresquinha espera por vocês!” – João anunciou e de repente todos corremos para o exterior da mansão.
O sistema de som da casa passou a ecoar uma seleção de músicas agitadas, inspirando o clima da festa. As piscinas estavam enfeitadas com boias temáticas e havia duas mesas de petiscos doces e salgados. Os freezers estavam repletos de bebidas e também havia sido montado um bar para que preparássemos drinks especiais com as frutas tropicais da região.
Fagner, Diego e Cláudio correram e saltaram diretamente na piscina, respingando água para todo lado. Eu ri e acabei adorando, pois os respingos refrescaram um pouco o calor que estava começando a me incomodar. Assim como os outros, fui até o bar e apanhei uma bebida. Comecei a beber e, em breve, quando esta fizesse efeito, estaria preparada para me desinibir e aproveitar de fato a festa.
— Eu amo essa música! Caralho, vem! Vem dançar comigo! – Gabi Prado berrou, agarrando-me pelo braço e me levando para o espaço aberto.
A música que tocava era extremamente agitada e parecia uma mistura de funk com eletrônica. Todos pareceram se deleitar com ela, pois dançavam e cantavam, jogando suas bebidas para o alto. Em contrapartida, eu nunca havia escutado aquela canção antes! Pode parecer engraçado, mas eu já estava acostumada a conhecer as tendências depois que elas fossem ultrapassadas. O pessoal da casa era de fato festeiro, enquanto eu nem conseguia lembrar qual fora a última festa que compareci. Tal fato não me impediu de atuar. Eu estava no De Férias com o Ex, então agi como se fosse da mesma espécie de meus semelhantes no reality.
Tomei um gole de minha bebida e sorri para Prado, enquanto fiz questão de rebolar conforme o ritmo da canção. Ela gritava e comemorava meus movimentos ousados, até que se colocou atrás de mim e segurou em minha cintura, sincronizando seu quadril ao meu. Naquele momento, coloquei em prática todas as vezes que fiquei de frente ao espelho requebrando para mim mesma e, pode-se dizer que valeu a pena, pois atraí a atenção de todos os rapazes.
Enquanto me divertia rebolando com Gabi, também aproveitava para observar o que acontecia na festa ao redor. Stephanie, Saory e Raissa também dançavam e acabaram se aproximando de nós. Pelo menos naquele momento, Stephanie e Saory pareceram deixar a implicância de lado e focaram nas coreografias que estávamos fazendo em grupo. Logo, Cláudio, Diego e João se aproximaram e notei que Stephanie puxou Diego, como se quisesse limitá-lo só para ela.
Há alguns metros da festa, vi Thaigo e Gabi Domingues no gramado em frente à praia. Eles pareciam conversar, porém, nos poucos minutos que observei, pude julgar pela linguagem corporal que Thaigo pareceu se irritar com a conversa e se alterou como se discutissem.
Senti o suor escorrer por entre meus seios e percebi que era o momento ideal para dar uma pausa e buscar mais bebida. Quando deixei a dança e caminhei até o bar, vi que Fagner ainda estava na piscina. Ele estava recostado à borda, bem à vontade, e, usava óculos escuros. Porém, ele pode não ter percebido, mas eu notei a maneira como me olhou quando passei por perto. Quase tropecei em meus passos, desconcertada, pois seus olhos foram bastante indiscretos.
— Tá soltinha, hein? – Ortega disse trazendo-me à realidade quando me aproximei do freezer. Só então reparei em sua presença.
— O quê? – Perguntei ainda aérea. – Ah! A dança?
— Nunca dançou assim pra mim. – Ele disse bloqueando a passagem até o freezer.
— Talvez porque nunca me senti à vontade. – Retruquei sem me esforçar para passar por ele, pois não estava a fim de roçar meu corpo contra o seu.
— E se sente à vontade agora, no meio de um bando de homens? – Ele riu daquele seu modo sarcástico.
— Me sinto mais à vontade com a maioria deles, sem nem conhecê-los direito, do que com você, que conheço há mais de três anos. – Disse de maneira repentina, pois o álcool estava tirando completamente meu filtro.
— Isso aí! Bela evolução a sua! Quer palminhas? – Ortega disse com um sorriso frouxo nos lábios, ameaçando bater palmas. Porém, o sorriso só escondia a frustração diante de minhas respostas.
— De você só quero que saia do caminho para que eu possa pegar uma cerveja.
Ele arqueou uma das sobrancelhas, sentindo-se desafiado. Tenho certeza que ele não esperava que eu reagisse dessa forma às suas provocações, pois sempre me rebaixei para que ele estivesse acima.
— Se é isso que quer, então é isso que vai ter. – Ele abriu espaço, mas não saiu do caminho. Certamente, queria que eu me roçasse contra seu corpo.
Por sorte, Cláudio surgiu. Ele chegou dançante e foi direto até a bandeja de frutas, mas só me importei com o que ele tinha nas mãos. Afastei-me de Ortega e passei por Cláudio, roubando-lhe a garrafa de cerveja que segurava. Ele berrou para que eu devolvesse, mas riu ao ver que eu já estava longe.
Quando retornei ao agito, vi Stephanie e Diego se beijando em um canto. Fiquei surpresa e contente, pois finalmente com a boca ocupada, ela não teria como gastar saliva me difamando. Raissa, Prado e Saory continuavam a dançar. Seus rostos estavam muito vermelhos e elas claramente estavam muito alteradas pelo álcool. Porém, isso não parecia incomodar João, que estava adorando as insinuações que elas faziam diante dele.
Decidi que já era hora de experimentar a piscina de borda infinita, daquelas que só havia visto no instagram das blogueiras. Aproximei-me da borda e molhei a ponta do pé, apenas para verificar a temperatura. Fagner percebeu minhas intenções e veio nadando de encontro a mim. Ele olhou para cima, fitando-me e sorriu. E, vale ressaltar, que seu sorriso era minuciosamente perfeito e encantador. E branco. E... Eu já disse perfeito?
— Quer que eu segure sua bebida? – Ofereceu.
— Ainda não tenho certeza se devo entrar. – Mordi meu lábio inferior, indecisa. – Parece meio fria.
Fagner riu e balançou a cabeça. Ele encheu a mão de água e jogou em minhas pernas, apenas brincando.
— Eu esquento para você. –Respondeu espelhando meu ato e também mordendo os lábios.
A minha vontade foi de pular como uma rã dentro da piscina. Jogar água para todos os lados e me deliciar com a temperatura fresca em que se encontrava, mas, Fagner estava bem ali. E, cabe-se dizer que aquele homem possuía uma beleza extraordinária. Sua pele bronzeada coberta por tatuagens, seu rosto imponente que exalava masculinidade, seu sorriso perfeito e sua postura discreta e misteriosa, específica de homens que sabem como provocar os pensamentos da mais puritana mulher.
Despi-me dos shorts e entreguei-lhe a garrafa. Ele apanhou a garrafa com uma das mãos e estendeu a outra para que eu segurasse. Segurei-a e senti-a, estava tão quente quanto minhas bochechas coradas. Ele ajudou-me a entrar na piscina. Certifiquei-me de agir com o máximo de delicadeza possível, atentando-me a cada movimento para que pudesse parecer sexy. E, certamente, funcionou, pois Fagner não desviou os olhos de meu busto.
— É... – Ele entregou-me de volta a garrafa. – Agora quem ficou com calor fui eu.
Antes que eu pudesse corar ainda mais, ele virou-se e mergulhou, nadando até a outra borda da piscina, a borda infinita. Dei um gole em minha bebida e assisti-o ressurgir à superfície da água, jogando os cabelos para trás, chacoalhando a cabeça e coçando os olhos com as mãos. Voltou a me encarar e arqueou uma das sobrancelhas, como se me desafiasse a fazer o mesmo. Sorri e dei outro gole na bebida, em seguida colocando-a sobre a borda.
Posicionei-me e mergulhei, certificando-me de levantar meu traseiro bem alto antes de afundá-lo na água. A vontade de arrumar a parte inferior do biquíni para deixá-lo maior era gigante, mas eu precisava deixá-lo sexy, então afastei o pensamento da mente e nadei até Fagner. Aproximei-me ao máximo e me reergui lentamente, torturando-o ao permitir que meus seios tocassem seu corpo no processo.
— Me chamou? – Perguntei arrumando o cabelo para trás.
— E como! – Ele riu fechando os olhos e balançando a cabeça como se quisesse afastar seus pensamentos naquele momento.
A tensão entre nós dois ficou explícita naquele instante. Estávamos muito próximos e era como se a água fervesse ao nosso redor. Fagner e eu rimos após alguns segundos de troca de olhares e eu, mesmo embriagada, tinha consciência de que estava embriagada e tal fato fazia com que eu contivesse minhas ações mais que o usual.
— Vem cá. – Chamou-me recostando-se à borda infinita. Hesitei um pouco, mas acabei indo de encontro a ele. – Já esteve numa dessas antes?
— Uau... – Eu disse boquiaberta ao me aproximar da borda e perceber o quanto estávamos altos e expostos. – Não.
— Gostou? – Ele riu apreciando minha reação.
Repentinamente, dei um passo para trás. A vista era linda, a sensação era incrível, mas o receio pela altura e a impressão de que a água iria nos carregar e fazer com que caíssemos dali falou mais alto. Fagner percebeu meu medo e delicadamente segurou em minha mão, trazendo-me de volta à borda.
— Relaxa, é seguro. – Disse sereno. – Estou aqui para te salvar e... – Pausou sorrindo travesso. – Fazer outras coisas também, se quiser.
— Ah, sim! Claro! Muito obrigada! – Respondi eufórica, deixando transparecer meu nervosismo.
Fagner pôs-me encostada na borda infinita e ficou de frente para mim. Ele sorriu, calmamente colocando uma mecha de meu cabelo que já estava atrás da orelha, atrás da orelha. Seu jeito galanteador já havia me cativado e cada movimento seu era correspondido por um riso meu.
— Como foi a primeira noite nessa loucura? – Perguntou iniciando uma conversa concreta.
— Me rendeu uma briga. Você viu? – Revirei os olhos.
— Ouvi. – Ele riu. – Você é bem bravinha. Olhando para você, jamais imaginei.
— Na verdade, eu sou muito calma, mas meus nervos ficaram à flor da pele.
— Aqui, toma. – Ele pegou sua cerveja e me entregou. – Você fez bem. Impôs seu respeito e elas ficaram mansas. Estavam até requebrando juntas. – Ele finalizou com malícia.
— Ah, Deus! – Bebi sua cerveja e chacoalhei a cabeça, percebendo o quanto a situação com as garotas era ridícula. – Então quer dizer que estava me observando?
Peguei-o de surpresa e assisti-o respirar fundo, buscando por uma resposta.
— Eu sei que você me viu te olhando.
— Eu? – Perguntei cínica entregando a garrafa de volta para ele, mas ele não a apanhou. Apenas inclinou o pescoço para que eu lhe desse a bebida na boca.
— Eu não fiz questão de disfarçar.
— Uau. – Disse observando o movimento de seus lábios então molhados.
— A propósito, você dança muito bem.
Tomei outro longo gole de sua cerveja, tentando escapar daquela situação, pois não sabia como responder ao seu elogio.
— Me deixou louco. – Ele sussurrou próximo ao meu pescoço, onde inspirou profundamente, causando-me arrepios.
— Fagner! – O repreendi, logo, mergulhei e fugi de seu flerte.
Ele riu e também se pôs debaixo d’água, perseguindo-me. Voltei à superfície, em busca de fôlego e ele quase me alcançou, gritei e mergulhei novamente. Fugi por mais alguns metros, mas quando voltei à busca por fôlego, ele me alcançou. Pegou-me pela cintura e colou-me ao seu corpo.
— Achou que ia fugir até quando, hein? – Ele perguntou encurralando-me com um sorriso maldoso nos lábios.
— Uhuuuuu!!!!! – Ouvi muitos gritarem e nosso momento foi interrompido.
Virei-me para entender o que o pessoal estava comemorando, ou, se manifestando a respeito. Foi então que me deparei com a cena de Pedro Ortega e Raissa sentados em uma das espreguiçadeiras, beijando-se fervorosamente. A forma como ele a segurava, com a mão abaixo de sua cintura, quase lhe agarrando o traseiro me enojou e desviei o olhar.
— Tudo bem? – Fagner perguntou, claramente percebendo meu incômodo.
— Sim, claro. – Respondi forçando um sorriso.
O clima fora cortado e eu resolvi me sentar num dos degraus da piscina. A leve brisa litorânea passou a atingir meu tronco que estava fora d’água e instantaneamente relaxei. Fagner tocou meus joelhos e deu duas batidinhas, como se pedisse para que eu abrisse as pernas. Olhei para ele com os olhos levemente arregalados e nós dois rimos, percebendo a situação maliciosa que aquele ato podia significar.
— Mente poluída essa sua. – Ele comentou, colocando-se entre minhas pernas.
— Eu não pensei nada! Você que pensou e colocou a culpa em mim. – Me defendi olhando para baixo para checar a situação de meu biquíni.
— Pensei mesmo. – Ele disse num tom mais baixo, soando extremamente malicioso.
Percebeu que sua fala me deixou sem ação e bastante corada, então, tocou a alça da parte superior de meu biquíni e levantou delicadamente, revelando a marca feita pelo sol.
— Bronzeou legal. – Comentou soltando a alça para que estilingasse contra minha pele.
— Ei! – Empurrei-o com os pés debaixo d’água e meu toque pareceu lhe causar sensações.
— Queria ver sem. – Ele complementou o comentário anterior e eu lhe joguei água.
Tentei sair dos degraus e voltar para a piscina para fugir novamente de seus flertes que me deixavam extremamente tímida, mas assim que me movimentei para fazê-lo, ele segurou-me na altura das coxas e encostou seu corpo ao meu, deixando-me sem saída. Eu queria resistir àquela tentação, mas estava bêbada, carente e acabara de ver Ortega beijando outra. Por mais forte que eu pudesse ser, ver diante de meus próprios olhos, feriu-me como um soco no estômago.
— E agora? – Fagner perguntou num sussurro. Pude sentir seu hálito chocar-se contra meus lábios.
— E agora você faz o que você quiser. – Respondi fixando meus olhos nos seus e exalando maldade em minhas palavras.
Ele não perdeu tempo, segurou minhas pernas contra sua cintura, prendendo-me ao seu tronco e beijou-me como jamais ninguém me beijara.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.