Peter foi deixado, de madrugada, dentro de uma caixa de papelão, numa calçada da cidade. Um operário que passava ouviu o choro do bebe e o resgatou. Quis adotá - lo, mas não pôde. Primeiro, porque o menino era tão fraquinho que teve de passar um tempo no hospital. Depois, a burocracia da adoção obrigava o homem a entrar numa fila de espera que poderia durar muito tempo... Ele acabou desistindo.
De vez em quando, no abrigo, aparecia uma assistente social para buscar uma criança e entregá-la a pais adotivos, mas Peter ia sempre ficando... Até perguntava as tias que cuidavam do abrigo por que nunca chegava sua vez. Elas diziam que o menino não deveria perder a esperança e que algum dia teria um lar de verdade.
Logo que Peter foi levado ao abrigo, um pássaro ou vento largou uma semente no pátio. A semente vingou, as raízes se entranharam na terra e nasceu uma árvore que foi crescendo junto com o menino.
Peter gostava de sentar embaixo dessa árvore; sentia-se protegido ali, talvez porque suas origens fossem semelhantes: ele encontrado numa caixa de papelão; ela, nascida de uma semente largada por acaso na terra úmida.
E, agasalhado sob a sombra amiga, ele descobriu uma coisa maravilhosa: podia sonhar. Então, contava a árvore todos os seus desejos!
Certo dia, aconteceu a coisa mais besta do mundo: caiu uma baita chuva, con trovões que estremeceram o abrigo, e os funcionários, para acalmar as crianças, diziam:
– Não tenham medo crianças, o raio ja caiu antes, agora é só o barulho.
No dia seguinte, quando a chuva parou e Peter foi sentar debaixo de sua árvore, veio a desolação, não havia mais árvore nenhuma! Ela estava caída na terra molhada, com as raízes a mostra, mortinha da silva.
Peter se sentou ao lado da árvore e começou a chorar. Um choro sentido, como se ela fosse mesmo uma pessoa de sua família que tivesse morrido. Como faria dali em diante, se não tinha mais a árvore com quem conversar sobre todos os seus sonhos?
Tia Nat veio de mansinho, abraçou-o forte e disse:
– Não fique triste, Pete.
– Nunca mais vou poder sonhar de novo – replicou ele entre lágrimas – Sabe que eu contava tudo pra ela?
– Vai poder sonhar, sim – consolou Tia Nat, sorrindo – Você não precisa da árvore pra sonhar. Os sonhos moram dentro da gente, você pode continuar sonhando o quanto quiser...
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