Dead or alive
Parte 1: O garoto do chapéu de palha
Capitulo 1
Uma cidadezinha qualquer
Verão do quarto ano de infecção
A primeira vista Zoro pensou que fosse apenas mais um morto. Mais um dos vários corpos sem vida que vagavam pela pequena cidade abandonada e desconhecida naquele imenso fim de mundo. Em qualquer outra ocasião, ele teria ignorado, teria apenas dado de ombros e largado de mão, passaria a observar um outro canto da cidade entediante, mas algo naquela figura era intrigante o suficiente para chamar a atenção e o fazer olhar melhor.
O simples e surrado chapéu de palha que decorava a cabeça daquele corpo jogado de qualquer jeito no banco de concreto da praça o fez perdurar.
O vento trazia o cheiro ruim da morte, o sol queimava sua pele morena, mas ele se manteve ali por uns bons dez minutos para enfim finalmente concluir que aquilo não era só mais um corpo morto.
Quer dizer... Zoro acha que não é apenas mais um corpo morto. E esse achismo é baseado na breve impressão que ele teve de te visto aquela coisa roncar. Foi rápido, mas ele pode jurar que viu aquela criatura engasgar entre um ronco e outro, e se tem uma coisa nessa vida que Zoro sabe muito bem é que mortos não roncam. Eles gemem, rosnam e as vezes até gritam, mas roncar não. Isso eles de certo não fazem.
Mas ele esperou mais um pouco ali, pensando mais sobre aquela imagem estranha lá longe.
Ele sabe que não é ninguém da cidade, porque ele conhece todas as figuras daquela cidade. Ele nasceu ali, cresceu ali e muito provavelmente ia morrer ali também. Então ele sabe de cor e salteado quem viveu por aquelas bandas, ele não pode dizer que se lembra dos nomes, mas lembra dos rostos. Porque Zoro é desocupado, ele não tem muito o que fazer no fim do mundo. Por isso, ali no topo daquele prédio que um dia foi verde, mas agora parece algo como vomito de um doente, ele passa seu tempo observando com seus binóculos e nomeando mortos aleatórios. Talvez, apenas talvez, ele já esteja à beira da loucura, mas não vamos falar sobre isso no momento. Vamos focar no suspiro que ele deixou escapar, na forma como ele secou a testa e ajeitou aquela bandana que ele insiste em usar mesmo que não adiante muito quando ele está no topo de um prédio em pleno sol quente.
Ele não sabe a hora, mas aposta que possa ser algo entre dez e meio dia considerando a posição do sol, e isso quer dizer que é aquele período em que tudo por ali fica mais movimentado. Porque quanto mais quente, mais agitados os mortos ficam.
Zoro sinceramente não faz ideia da razão disso, mas ele não é o tipo que tem esse tipo de curiosidade também. A curiosidade dele é para coisas idiotas e aleatórias, como aquela criatura naquele banco. Criatura essa que resmungou algo, Zoro não ouviu, claro, mas ele viu bem os lábios se moverem, a mão coçar o nariz e o corpo se mexer como o de uma criança que não quer acordar de manhã para ir à escola.
-Cacete!
Não é apenas mais um morto.
E isso muda muita coisa nos planos do jovem de 21 anos para aquele dia.
Por exemplo, não estava nos planos descer do seu esconderijo e se enfiar no mar de mortos lá em baixo, mas ele o fez. Cauteloso e atento, ele desceu por aquelas escadas enormes depois de colocar algumas coisas na mochila e olhar mais uma vez aquela coisa na praça.
E como dito, os mortos desse horário são mais agitados, e isso faz com que o canto dos mesmos fique ainda mais alto ali em baixo.
Zoro odeia isso. Ele odeia o som dos resmungos e gemidos que parecem nunca parar. Faça sol ou faça chuva, eles estão sempre ali. Às vezes, no inverno, quando a neve cai e eles aquietam, até parece que há silêncio, mas basta um pouco de quietude que facilmente se ouve mais uma vez o canto dos mortos.
O rapaz seguiu entre os becos sujos e fedorentos da pequena cidade com uma de suas três espadas na mão. Ele está acostumado a andar por ali, mas ainda assim ele se perde vez ou outra... e isso quer dizer quase todo dia. Porque Zoro não tem nenhum senso de direção. Mas ele costuma achar sempre o caminho de casa.
Talvez seja pelo fato do prédio em que vive ser o maior e mais colorido de toda a cidade, mas ele finge não notar esse fato.
Zoro finge muita coisa na verdade.
Ele finge não perceber que estranha a própria voz toda vez que solta um palavrão para se expressar. Ele finge que não sente falta de algum outro ser vivo para conversar. Ele finge não se sentir só depois de quase dois anos sozinho.
Mas a parte boa é que estando sozinho, não vai ter ninguém para jogar na cara dele que ele finge esse tanto de coisa. E ele não gosta de pessoas jogando as coisas na cara dele.
Porque Zoro é um cara durão... ao menos é o que todos pensam sempre que batem o olho nele.
Um rapaz robusto, com seus 1,81 de altura e olhos afiados faz com que qualquer um tenha essa impressão, e considerando sua personalidade... bem.
Zoro é um cara durão. Mas ele não é apenas um cara durão, ele pode ser meio idiota as vezes. Como naquele momento em que ele matava aquelas coisas para chegar até a praça onde tinha uma criatura que talvez não estivesse morta.
Quer dizer, Zoro tinha três opções de final para aquela história.
A primeira era que ele estava errado, e aquela coisa é de fato um morto com chapéu de palha. E essa sim seria uma boa história para ele contar para absolutamente ninguém enquanto ri sozinho a noite.
A segunda opção é a melhor, onde aquilo é uma pessoa. Simples assim.
E a terceira é que aquela coisa é uma pessoa, mas mais uma das pessoas naquele mundo que tenta rouba-lo ou mata-lo e o obriga a fazer algo bem ruim.
Porque isso vinha acontecendo muito nos últimos anos. Zoro já estava cansado de sujar as mãos por culpa da maldade dos outros.
O rapaz suspira profundamente ao parar um pouco, encarando aquele morto que um dia tinha sido a moça gentil da padaria. A moça gentil que ele não se recorda o nome, a moça gentil que ele apelidou de Amélia por razão alguma.
Muitas das vezes ele se esquece do nome que inventou para cada morto e acaba inventando outro, mas Amélia usa um vestido peculiar de bolinhas que o faz se lembrar dos comerciais de produto de limpeza que passava na tv.
-Eu não queria ter que fazer isso. – Resmunga encarando o rosto deformado.
Ele se lembra de algumas velhinhas dizer que Amélia era uma boa moça, mas ele também se lembra da mesma saindo da casa do tatuador da cidade todo final de semana... não que isso a fizesse uma pessoa ruim, mas se aquelas velhas soubessem desse fato...
Zoro ri.
Não há nada mais que ele possa fazer sobre as velhas fofoqueiras de qualquer forma, elas já estavam mortas e nenhuma delas andavam por ali mais. Assim como Amélia deixou de andar quando o mesmo teve de atravessar seu olho inteiro com a lamina afiada.
O corpo caiu inerte e Zoro limpou a espada na calça preta e suja que usa a muito tempo, considerando que ele não tem nenhum modo de tomar banho por ali. Isso o incomoda, e ele até tenta algo quando chove. Ele colhe a agua da chuva com alguns recipientes e tenta se limpar, mas isso é uma tarefa difícil e isso quer dizer que ele não tem um cheiro dos melhores.
Mas depois de anos ele se acostumou, e o cheiro dele não é nada perto do cheiro dos mortos.
Depois de mais um suspiro Zoro se virou para o próximo beco, percebendo que já tinha passado da praça e que se continuasse por ali apenas se afastaria, o que o fez se virar para procurar seu ponto de referência. O maldito prédio verde vomito no canto da cidade.
Ele ouve algo esquisito, uma movimentação incomum, mas tenta pensar que isso é apenas alguns mortos estabanados e continua seu caminho, agora quase na direção certa.
A praça na verdade era um pouco mais para o oeste, mas ele não sabia disso, e ainda assim depois de mais alguns mortos sem nome e mais uns dois oriundos da pequena cidade, ele conseguiu chegar ao centro. Na pequena praça onde antes acontecia os shows de fim de ano onde os jovens se amontoavam, bebiam, transavam e brigavam.
Era a única época do ano que tinha algo de atrativo para os jovens por ali, no resto do ano eles gastavam seus tempos com Bullying ou com estudos. Às vezes com os dois.
Dali de onde estava Zoro podia ver o corpo ainda deitado no banco, alguns mortos chegavam perto, mas nenhum perto o suficiente para sentir o cheiro humano, ou a falta dele.
Zoro até estava convencido de que aquilo estava vivo, mas ele ainda mantinha o pessimismo em alta para caso algo desse muito errado, e levando em consideração a falta de sorte dele, tinha muitas chances de tudo dar muito errado.
Ele se aproximou da praça devagar, tomando cuidado com onde pisava entre o mato alto que tomou a cidade, desviando dos mortos que se aproximava e evitando fazer algo que pudesse desperta-los.
Os mortos são sonsos quando não tem nenhum som para os atrair, alguns são até cegos.
Zoro se aproveita disso sempre para se esgueira pela cidade, como fez naquele momento até finalmente parar na frente do banco de concreto.
Ele observou por muito tempo aquele rosto sonolento diante dele. E ele estava certo, não era um morto... mas constatar isso o fez questionar outra coisa.
Como diabos aquela criatura podia dormir tranquilamente em uma praça cheia de mortos naquele fim de mundo?
Porque ele dormia tão tranquilamente que Zoro podia ver a baba que escorria pelo canto dos lábios cheinhos.
-Caralho! – Um palavrão como de costume.
Ele não soube exatamente o que fazer. O rapaz dormia com um dos braços pendurados para fora do banco enquanto o outro ele mantinha sobre o peito. O rosto era redondo e cheinho, com bochechas salientes e uma cicatriz abaixo de um dos olhos.
Zoro ignorou o nariz bonitinho que parecia ter sangrado graças ao rastro de sangue seco que tinha por ali, e cutucou a bochecha com a bainha da espada.
Foi um toque leve apenas para ver se a criatura reagia, mas assim como Zoro imaginou, ele sequer se moveu.
O que eu faço?
Era o que ele se questionava.
Que ele ia acordar o sujeitinho estava claro, mas ele tinha que pensar no que fazer depois.
Como poderia reagir considerando que aquele rapaz podia ter reações distintas, e olhando dali, Zoro não podia dizer que ele tinha mais de dezesseis anos. Ele sequer tinha saído da adolescência... Zoro não queria matar uma criança.
Mas um suspiro fundo e alguns resmungos depois ele finalmente decidiu cutucar aquele idiota para acordar. Novamente com a bainha da espada ele empurrou o rosto do rapaz algumas vezes até ele resmungar algumas coisas.
Mas nada. O idiota não acordou.
Zoro arqueou a sobrancelha abismado com isso. Porque ele é uma pessoa dorminhoca, mas um sono pesado assim em uma situação dessas é no mínimo... raro?
Não se dorme tão profundamente no fim do mundo a menos que tenha levado uma pancada na cabeça.
-Ou! Maluco!
Cutucou mais uma vez, mais forte, mas nada, continuou na mesma. Mais um resmungo, mas um suspiro.
Zoro não tinha paciência, e assim como não esperou muito para descer daquele prédio para ir até ali, ele não demorou para decidir agredir aquela pessoa sem pensar nas consequências, mas antes que ele pudesse o fazer um som alto que ele não ouvia a muito tempo ecoou por toda a cidade.
O som de um tiro é característico, te faz ficar estranhamento alerta e perdido. E foi dessa forma que Zoro acabou agachado no chão com as mãos na testa depois do idiota que dormia ter levantado de repente e batido com a testa na sua.
O tiro o acordou, o tiro o desesperou, mas ainda assim ele não parecia de fato acordado.
Zoro podia ouvir o “ai, ai, ai” incessante que saia na voz rouca e esquisita do outro, mas ele não podia vê-lo já que estava ocupado demais tentando se recuperar do estrago que foi em sua própria cabeça.
Tudo pareceu rodar, e a tontura o fez ficar agachado ali por um bom tempo até ele se dar conta de que tinha algo de errado.
Aquilo foi um tiro.
Alguém atirou em algo naquela praça.
O rapaz abriu os olhos tentando encontrar a origem daquele som que acordou todos os mortos daquela maldita cidade. Mortos esses que já se arrastavam, alguns na direção deles e outros na direção do...
Zoro resmungou ao localizar o homem parado na entrada de um dos becos segurando uma arma apontada para eles.
Cacete!
A merda do tiro era para eles. Aquele homem podia ser ruim de mira ou ter errado de proposito, mas Zoro soube de uma coisa quando o olhou. Ele não ia errar de novo, não quando eles eram alvos fáceis parados naquela merda de praça.
-Ei, consegue correr?
-O que?
- A gente tem que correr.
Zoro viu os olhos do rapaz pela primeira vez quando o mesmo levantou o rosto confuso. Olhos grandes, brilhantes e... assustadores.
Zoro balançou o rosto afastando a sensação ruim que teve ao o encarar. Era como um mau pressagio.
-Se não correr a gente morre.
O rapaz piscou confuso, mas Zoro não teve tempo de continuar tentando falar com o mesmo. Ele viu aquele homem no beco ajeitar a mira, ele entendeu que ele ia apertar o gatilho, e antes que sujeito o fizesse com exatidão ele agarrou o pulso fino do rapaz e o puxou.
Os dois cambalearam pela praça, o rapaz confuso e Zoro irritado tentando se livrar dos galhos das pequenas arvores que nasceram nos últimos anos. Ele pode sentir a dor que se alojou em sua cintura, a maldita bala tinha passado de raspão levando um pedaço do tecido de sua regata junto.
-Caralho!
Ele não olhou para trás para saber se o atirador ia os seguir ou atirar de novo, ele sequer olhou para trás para ver se os mortos também vinham. Ele apenas se enfiou no primeiro beco que achou pela frente enquanto sentia o sangue molhar sua camisa e atrair os mortos com o maldito cheiro fresco.
Zoro sabia que sangrar não era a coisa mais recomendada a se fazer se quisesse sobreviver ao fim do mundo. Porque aquele maldito apocalipse não se tratava apenas de mortos lerdos e burros por ai.
Zoro aprendeu na marra que sangue é a isca perfeita para qualquer tipo de morto que existe, e ele sinceramente não quer atrair nenhum tipo mais complicado de lidar. Até porque já estava difícil o suficiente correr por aqueles becos desviando dos andantes enquanto arrasta um idiota com uma mão e segura uma das espadas com a outra.
Zoro pode ser ágil e muito bom naquela coisa de matar mortos, mas ele não faz milagres e se aquele idiota não acordasse para vida logo eles iam acabar morrendo.
Ele pode ouvir vozes, não soube de onde vinham, na verdade teve a sensação de ouvir várias vindo de muitas direções, mas pedia para isso ser algum sintoma daquela cabeçada que levou, porque se fosse verdade, isso queria dizer que tinha gente demais na sua cidade, e Zoro não queria mesmo lidar com isso. Ele já tinha recebido visitantes antes e nenhum deles tinham sido gente boa, muito pelo contrário. Apesar da hospitalidade da parte de Zoro, todos eles tentaram o matar... e bem, Zoro não sabe se pode matar um grupo grande como aquele de dois anos atrás.
Se não pode fazer nada daquela vez... não teria chances agora.
-Ei, moço. – A voz arranhada finalmente surgiu fazendo Zoro olhar o rapaz por um segundo antes de virar em mais um beco dando de cara com um morto que por pouco não o agarrou pelo pescoço. – Ou!
Zoro largou a mão do outro para se livrar do Pedro, o que restou do rosto deformado do homem chique que trabalhava no banco.
-Se acordou, presta atenção.
O rapazinho balançou o rosto positivamente, mas Zoro não viu.
O sangue negro espirrou na calça do moreno, que se não fosse preta, já não teria mais a cor original da mesma de tanto sangue que tinha por ali.
-A gente tem que chegar naquele prédio. – Zoro aponta para o lugar com a espada, e o outro ergue o rosto para acompanhar isso. – Não podemos ficar aqui em baixo por causa do sangue e...
Zoro perdeu a voz, ele nem soube se terminou a frase na verdade, porque mais um tiro foi dado, e esse pareceu ter sido dentro de sua cabeça.
O rapazinho que olhava o prédio, agora o fitava com os olhos arregalados.
-Tem gente aqui! – A voz veio de trás. Da pessoa que deu o maldito tiro.
-Caralho, porra, puta que pariu! – Zoro sempre aumenta sua cota de palavrões quando esta puto. – Vamos sair daqui.
-Mas...
-Só vamos logo.
Ele voltou a agarrar o rapaz, que voltou a parecer perdido enquanto era arrastado pelos becos.
Zoro soube que o homem que atirou dessa vez tentou os seguir, porque ele podia ouvir os gritos, os passos e toda a movimentação. Mas os outros não sabiam se perder naquele lugar tão bem quanto Zoro sabia.
-Ei, cara!
-Temos que chegar na merda do prédio...
-Ei...
Zoro parou quando percebeu que chegou ao fim da cidade.
Aquela pequena cerca que dividia a cidade com a mata onde ficava algumas fazendas.
-Porra...
-Moço!
-Fica quieto, caralho! Eu tenho que pensar! – Zoro coçou a nuca, olhou para os lados e encarou o prédio, que parecia mais longe que o normal agora.
Como ele tinha ido para no fim da cidade? Ele sequer percebeu que correu tanto.
-Porra!
Ele passou a mão pelo rosto sentindo o cheiro forte de ferro que o deixou ainda mais irritado.
Foi só então que o mesmo parou para olhar seus dedos trêmulos cheios de sangue.
Ele não percebeu que tremia, assim como não percebeu que sua mão estava encharcada de sangue. Ele não pensou que um tiro de raspão pudesse sangrar tanto, por isso não ligou para o fato, mas...
-O caralho! – Ele xingou mais uma vez quando abaixou o rosto para encarar a camisa encharcada.
Não era o sangue da bala que passou de raspão...
-Droga! – Zoro teve de se apoiar naquela cerca de ferro quando o corpo pesou.
O garoto que apenas o olhava assustado, tentou o ajudar, o segurando pelos ombros com aqueles olhos arregalados.
- Eu estava tentando te avisar. – A voz preocupada fez Zoro fitar o rosto igualmente preocupado. – Mas você não parou quieto, poxa.
Zoro riu, mas não foi do rapaz, foi da própria desgraça.
-Aquele tiro no beco te acertou.
É, Zoro tinha percebido isso.
-Mas foi muito legal você ter continuado sem nem perceber.
-A gente tem que chegar...
-Acho que não dá pra voltar pra lá não...
Zoro fitou o rosto do rapaz. Um rosto culpado.
-Filho da puta...
-Desculpa.
-O que você fez?
O rapaz não respondeu. Ele sequer pareceu ter escutado o que Zoro disse.
-Como é seu nome?
-Quer saber isso pra que? Para colocar na minha lapide?
Um riso frouxo escapou do idiota de chapéu de palha.
-Eu sou Luffy. Monkey D. Luffy. É um prazer te conhecer, moço das três espadas.
Zoro percebeu que suas vistas estavam escurecendo, e ele perdeu a visão do sorriso daquele rapaz quando o cansaço bateu de verdade.
Se é que ele pode chamar isso de cansaço.
-Eu sou Zoro.
Zoro tem poucas ambições na vida... ou nessa merda que ele talvez chame de vida. A uma delas é uma cisma louca que ele tem de morrer de um jeito maneiro. E sinceramente, ele não está achando esse momento nada maneiro.
-Roronoa Zoro.
-Okay, Zoro... obrigado por me ajudar.
O moreno riu mais uma vez. Talvez fosse a última risada que daria na vida, e ela seria cheia de sarcasmo.
-Eu não acredito que vou morrer desse jeito...
-Você não vai morrer.
-Vou sim... e porra! Vai ser de um jeito meio merda.
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