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História Dear cupid - Reunião na távola redonda


Escrita por: luvsztudio

Notas do Autor


demorar um mês pra escrever um capítulo é realmente algo mas aqui estamos!! espero que gostem da leitura <3

Capítulo 13 - Reunião na távola redonda


A caminho da reunião que ele mesmo marcou, Minho se sentia um grande traidor por ter orquestrado o encontro com o máximo de pessoas que conseguiu para ajudar Hyunjin. O sentimento era esquisito, a constante vontade de desistir o perturbou por todo o trajeto e, por pouco, não o fez perder o ponto que desceria do ônibus para se encontrar com o resto. 

Jisung foi quem cedeu a casa para a reunião, disse que se seu ex namorado (caso ele aparecesse) fizesse algo contra Hyunjin, era melhor que não fosse em público — o que o deixava temeroso para o que a conversa o reservava, alimentando seu mau pressentimento. Ele andou por alguns quarteirões tentando se distrair com o som do vidro das garrafas de cerveja que levava, era melhor pensar na leveza que o álcool o daria em pouco tempo do que formas de controlar Felix ou de fazer curativos no pior dos cenários. 

Quando alcançou a menor e mais colorida casa da rua tão conhecida por si, Minho tocou a campainha sem pensar muito e foi atendido por um Felix com cara de poucos amigos, esse que não o deixou entrar de imediato, mas se fechou do lado de fora com Minho. Pela fúria que aqueles olhos tão redondos e geralmente gentis o encaravam, Minho pensou que não era só Hyunjin que sofreria por suas palavras duras.

— O que você tem na cabeça? — Felix não ouviu resposta enquanto abraçava o próprio corpo e se enrolava melhor no fino suéter que lutava contra o vento, e nem queria ouvir — Ajudando o Hyunjin, tá de sacanagem? Nós dois, mais do que ninguém, não deveríamos fazer algo assim com o Seungmin, porque quanto mais longe ele ficar dessa criatura, melhor, já que ele não tem noção que outras pessoas existem e que elas têm sentimentos também, por mais chocante que isso seja.

— Felix — Minho foi interrompido antes de continuar, soltando um suspiro longo conforme Felix continuava a esbravejar. 

— Isso não tá certo! O Hyunjin não merece que a gente trilhe o caminho pra ele, não merece que a gente dê dicas ou passe a mão naquela maldita cabeça cheia de merda só porque finalmente resolveu pensar pra variar, isso não é justo!

— Ninguém tá passando a mão na cabeça de ninguém, Felix, e a gente tá aqui hoje justamente pra ouvir e decidir no que vamos interferir ou o que podemos falar pra ele.

— Que ridículo! Se arrepender da boca pra fora até eu — balbuciou.

— Pra que você veio se tá tão puto com a ideia?

— Porque eu queria te convencer que é burrada! — ele segurou os ombros de Minho e o sacudiu de leve — Cara, você viu o estado que o Seungmin ficou, não faz sentido a gente ficar do lado dele.

— Felix, sério, eu não tô do lado dele, não é isso que tá acontecendo aqui, eu só quero que tudo fique bem para os três — o citado tirou a mão de Minho e cruzou os braços, mas continuou a ouví-lo para entender já que, verdadeiramente, não entendia como ele estava tão disposto a resolver tudo quando eles deveriam estar com Seungmin, apenas — e eu acredito que todos tem que ter uma chance de se redimir, o nível de cagada dele não é imperdoável e você sabe disso.

— Tá falando sério?!

— Não acabei! — o cortou falando tão ríspido quanto, o vendo revirar os olhos e estalar a língua no céu da boca — Eu não acho que ele merece um prêmio por ter virado gente, não é isso, é só que quando nós conversamos, ele se mostrou verdadeiramente arrependido e digno até de perdão — ele esperou que Felix dissesse algo, mas parecia estar ponderando, então fez sua última jogada para o convencer de não chutar Hyunjin para longe — a última coisa que eu quero é machucar o Seungmin. De todas as pessoas, ele é o que eu mais desejo que só tenha bons momentos daqui pra frente, tenho feito de tudo pra isso desde que soube e eu jamais faria tudo isso pra acabar jogando ele pro fundo do poço!

— Não é o que parece.

— Que caralhos você pensa de mim? Acha que eu sou a porra dum traidor? — esbravejou e Felix não conseguiu respostas a tempo, o que balançou Minho e suas inseguranças sobre ser uma boa pessoa ou não para os outros, mas ele se fingiu de inabalável, abraçou a certeza de que sabia o que estava fazendo e convenceria Felix de vez — Eu amo tanto aquele garoto que passaria por cima de mim pra o deixar bem, nada me deixou mais feliz do que ver ele saindo da toca, nada me doeu mais do que deixar ele se curar com o tempo e não poder tá lá do lado dele o tempo todo, nada me fodeu tanto quanto não poder pegar tudo de ruim e sentir no lugar dele, nada! Eu jamais acabaria com ele, porque isso acabaria comigo também, você entendeu agora?

Minho sentiu que teve até sua alma lida naquele instante, não por menos, afinal não lembrava a última vez que havia se exposto tanto, porém, se seus atos não eram o suficiente, palavras teriam de ser. Felix o encarava intensamente e caçava qualquer brecha naquela declaração para usar contra Minho, para não se deixar cair na  armadilha da falsa confiança mais uma vez e proteger quem importava, mas só encontrou o mais puro sentimento de amor pelo outro. Ele balançou a cabeça concordando, finalmente cedendo e confiando, além de se sentir envergonhado de ter duvidado de Minho, chegando a murmurar um pedido de desculpas ao outro.

— Eu acho que o Seungmin devia ter a chance de entender o outro lado ouvindo do Hyunjin, pelo menos isso, porque nós dois também sabemos o quanto essas dúvidas também o comeram por dentro — Felix concordou, se lembrava de Seungmin chorando nos primeiros dias antes de se isolar e só conseguindo dizer “por que?”. Era doloroso e o arrepiava só de lembrar — além de que essa conversa iria acontecer em algum momento e somente ele pode decidir se perdoa ou não o que Hyunjin fez.

— Você conhece mesmo o Hyunjin? Até esse que fez o circo todo? Porque eu achava que conhecia até essa palhaçada — insistiu.

— Ninguém conhece o outro por completo, nem mesmo você conhece o Han por completo, mas do que eu sei e do que eu vi a última vez que nos falamos — Minho não continuou e nem precisava, Felix entendeu que ele estava dando o mínimo de confiança para Hyunjin por ter sentido o mínimo de sinceridade do outro e, mesmo engasgado, contrariado, daria o braço a torcer por hora.

— Eu vou continuar aqui por você — avisou Felix, se odiando pela decisão. Ele voltou a abrir a porta para encerrar a discussão e deixou Minho entrar dessa vez consigo.

— Só quero que você ouça dele de verdade dessa vez, esquece toda conversa de quando ele veio atrás de ti e só dá uma chance, você vai entender porque eu fiz tudo isso — continuou falando enquanto o seguia até a cozinha e guardando as garrafas na geladeira quando chegou, deixando um par de fora que logo foram abertas.

— Não sei se é instinto, confiança, sei lá, só espero que esteja certo.

— Também espero e é por isso que a gente tá aqui, pra eu ter mais certeza de onde tô pisando e o que eu posso fazer por eles — Felix respirou fundo, já estava desgastado de toda a situação e sem saber de onde tirar ânimo para ser neutro.

— Pelo Minnie — ele estendeu a garrafa a Minho, que brindou com a sua, dando bons goles antes de seguir para a sala e encarar a situação.

Quando seguiram para a sala, Minho percebeu que era o último que faltava para começar e se lamentou por não ter mais um tempo de preparação para aquilo. Decidiram ficar pela sala mesmo, era o maior e mais quentinho espaço da casa, a decoração com os raros achados móveis de segunda mão muito bem lapidados e as plantas bem cuidadas deixava o ambiente aconchegante, o que era ótimo para uma conversa densa. Havia um pouco de comida no centro do tapete vermelho onde todos estavam sentados numa roda, também algumas latas de cervejas e sucos pela metade e Jisung dava som ao espaço contando para Chan que aquele tapete era seu mais recente de seus achados de brechós e suas variáveis. 

Hyunjin, que usava Chan de escudo e parecia o menor do recinto de tão encolhido que estava, não levantou os olhos do chão até que teve espaço para falar. Todos ali ouviram exatamente a mesma coisa que ele disse a todos quando pediu desculpas, todo o acúmulo de dor, lágrimas e arrependimento tão nítido que deixava o ar pesado. Felix fez como prometido, deu atenção que Minho pediu e entendeu como ele se convenceu, era impossível pensar que Hyunjin não estava quebrado e arrependido, ninguém seria capaz de fingir assim.

Chan quem conduziu as opções do que fazer, defendendo com unhas e dentes a de esperar mais para não ter mais uma vez um Hyunjin afobado resolvendo problemas. Felix ficou em silêncio, ainda contrariado em ajudar e também sem saber o que fazer. Jisung foi quem mais argumentou contra a espera, argumentando que daria a impressão de falta de importância. E Minho foi pontual, pedindo para saber ao menos como Seungmin e Jeongin estavam antes de qualquer coisa. 

Mais tarde, quando o chão tinha mais latas vazias juntas e no prato havia apenas farelos do petisco, Jisung estava envolvido demais dando bronca no Hyunjin para atender a porta, assim como Chan também estava ocupado advogando, Hyunjin ouvindo e Felix sendo o “suporte” seu ex namorado o dando um bom cafuné, então sobrou para Minho se levantar e saber quem tocava a campainha. Quando se levantou, ele já achou ter tomado uma péssima decisão do tanto que o mundo pareceu girar, mas ele não estava tão bêbado assim, suas bochechas nem estavam tão coradas! Porém, quando descobriu quem estava lá, se arrependeu amargamente.

— Changbin? — franziu as sobrancelhas, surpreso pela presença do outro ali, mas não tanto quanto ele estava por ser Minho quem o atendera.

— Tá fazendo o que aqui?

— Ahn… — com o raciocínio lento demais para bolar alguma resposta rápida, Minho fez apenas um bico.

— Tão saindo e nem me chamou? — um fato sobre Minho era que sua habilidade de mentira saía para dar lugar ao álcool em seu organismo, portanto, ele era a pior pessoa para estar lidando com Changbin naquele momento, afinal ele não poderia sonhar que Hyunjin estava ali com boa parte do grupo e sendo, de certa forma, ajudado.

— Não? — foi o melhor que conseguiu responder, com todo o esforço que fez, e ainda tentou um sorriso simpático para convencer, mas não foi eficiente. 

Seu tempo de reação foi baixo demais para impedir que Changbin entrasse, esse que deixou claro a sua presença ao gritar por Jisung e exigir explicações, tudo num tom brincalhão. Minho foi atrás com a adrenalina crescente tirando a lerdeza do álcool, tentando segurar o mais novo antes que ele visse quem estava na sala, mas não deu tempo, Changbin se calou assim que viu Hyunjin e travou no lugar.

Para alguém que faz tanto barulho naturalmente, vê-lo agir em silêncio era, no mínimo, alarmante, para não dizer assustador. Changbin fechou o semblante na hora, sua falsa ira tinha se tornado real e estava sendo controlada, era claro. O motivo dele estar na casa de Jisung, um casaco enfeitado de correntes, foi colocado na superfície mais próxima que ele encontrou e o tilintar do metal era o único barulho do ambiente tenso. Minho imaginou que Changbin sairia da casa batendo o pé e ele teria que ir atrás para explicar, mas o Seo ainda ponderava o próximo passo e não era um bom sinal.

— Changbin — Minho arriscou, soando hesitante assim como seu toque. Changbin virou minimamente o seu rosto para trás, que repeliu o toque no mesmo instante, mas Minho voltou a insistir em seguida, com mais confiança dessa vez — Changbin.

Houve uma conversa silenciosa entre os dois com uma troca de olhares, Hyunjin quase interrompeu querendo tomar a culpa para si e encarar Changbin, mas Chan o puxou novamente para o chão, mantendo a quietude da sala, evitando mais um estopim. Minho acenou para fora um pouco depois e Changbin o seguiu sem hesitar, ainda sem dizer uma palavra sequer e sem olhar para trás.

— Você tá cheirando a cerveja — quebrou o silêncio assim que a porta encostou no batente atrás de Minho. O mais velho concordou, tentando se soltar da tensão e voltar à lentidão que o álcool o deu.

— Também te acho muito cheiroso, Bin — respondeu, arriscando o apelido. Ele cruzou os braços e respirou fundo. Minho esperou um interrogatório ou algo semelhante que Felix fez mais cedo, porém Changbin tomou um caminho diferente.

— Não sei se devo perguntar o que tá acontecendo, se devo aproveitar quem tá aí pra dar um sacode ou se só devo ir embora, mas já sei que nada vai me deixar tranquilo — Minho não achou que ele estava falando contigo, mas sim pensando em voz alta.

— A gente só tá tentando entender ele também e-

— Não, sério — o interrompeu, abanando a mão para que Minho esquecesse o assunto — não posso demorar muito, Seungmin tá me esperando e eu não quero deixar ele sozinho — Minho franziu as sobrancelhas, não entendendo o porquê de tanta preocupação de Changbin, afinal Seungmin já estava melhor a ponto de poder ficar sozinho, não?

— Ele tá bem? — Changbin travou sem saber o que dizer, o que deixou Minho preocupado, era claro que tinha algo errado.

— Jeongin apareceu — respondeu depois de um tempo pensando se revelaria, acabou julgando que fosse melhor Minho saber disso. Se o Lee planejava colocar Hyunjin na vida de Seungmin novamente ou algo perto, como parecia, então o daria informações valiosas sobre o estado do outro — não foi lindo, Seungmin explodiu e finalmente chorou o que tinha pra chorar, mas os dois se acertaram e têm estado próximos de novo.

— Oh.

— É, pois é, isso significa que, seja lá o que tá acontecendo nessa casa, não é o momento dele — os dois ficaram calados por um momento, a conversa não estava fluindo, cheia de segredos ou falta de saber como colocar pensamentos em palavras vinda de ambos. Minho fez menção de entrar, afinal não queria ser motivo de atraso do Changbin, porém foi parado pelo mais novo.

— Quer deixar algum recado? — do braço, onde a mão de Changbin segurava para impedir Lee de ir, ele escorregou alcançar a outra mão, o dando um aperto singelo e confortante. 

— Eu queria poder ajudar — seus olhos passearam para dentro da casa através da fresta que o vento deixou a vista, logo voltando a atenção para o mais velho — mas eu também não quero ele de volta, não confio nele e tenho medo de mais uma explosão — Minho acenou compreensível, Changbin foi quem mais viu de perto o estado de Seungmin e era o mais temeroso quanto a sentimentos negativos acerca de seus protegidos, faria de tudo para que nenhum deles os sentisse nem que fosse fugir para sempre — você- por que?

— Não quero desvalorizar a dor de ninguém, mas eu creio que toda a situação é muito maior do que deveria ser, mesmo se o casal terminasse separado e o trio chateado um com o outro, a forma como desencadeou todos os sentimentos foram desproporcionais! E eu quero, de alguma forma, ajeitar tudo antes que seja tarde demais e acho que só vamos chegar lá fazendo o devia ter sido feito desde o início, que é conversar e entender — eles entrelaçaram os dedos, a sensação ruim crescia no peito de Minho, toda a sua insegurança já mexida por Felix mais cedo e mais sensível pelo álcool o sabotava, portanto, quando sua voz saiu quebrada, não se surpreendeu — eu tô errado?

— Minho — na primeira fungada que Minho deu, Changbin riu fraco de puro nervosismo. Ele nunca tinha visto Minho tão transparente, talvez o combo de sentimentos acalorados e a quantidade boa de cervejas estava tirando toda muralha que ele costumava vestir — caramba, isso tá realmente mexendo muito além — ele o puxou para perto, deixando as mãos na cintura do mais velho e procurando sempre o olhar nos olhos, procurando o confortar — ei, tá tudo bem, não tem nada de errado em querer ajudar.

— Até ele?

— Se você acha que sim, então até ele.

— Você não acha?

— Não sei do lado dele o suficiente pra te afirmar isso — respondeu sincero, pois do pouco que sabia, sua resposta seria negativa — mas você sabe e você tá ajudando, então deve ter uma boa razão.

— Ele se mostrou muito arrependido e eu confio nisso, quero confiar, quero que o Hyunjin real seja o que eu conheço e não o que revela segredo dos outros a seu favor.

— Ele pode ser os dois também e pode aprender com seus erros — comentou Changbin querendo ajudar o garoto a sua frente, mas acabando por ajudar Hyunjin de tabela, afinal, tal realização também ficaria na sua cabeça e contaria a favor de Hwang quando fosse atrás das desculpas — o que te disseram? 

— Nada, deixa isso pra lá — Minho logo fugiu, olhando para qualquer outro canto e tentando se soltar dos braços do mais novo, não querendo mexer mais no que já estava bagunçado, porém Changbin não deixaria de lado e o puxou novamente para perto.

— Minho — o tom era de ameaça, autoritário, Lee sabia que Changbin não desistiria de arrancar a resposta de si e faria de tudo para conseguí-la — é sobre o Seungmin?

— Eu tô fazendo isso por ele também, muito mais por ele do que por qualquer um, mesmo que eu ame os três — sua voz ondulava como na puberdade, não conseguindo se manter firme por mais de três palavras seguidas — eu não tô do lado dele, você sabe disso, né?

— Você não quer ir pra casa? — ofereceu, sabia que Minho não gostaria de estar tão fragilizado e sem o controle de sempre de seus sentimentos, então o deixaria onde pudesse descansar e se afugentar. Mesmo que a proposta fosse muito tentadora, Minho não queria ser mais um peso que Changbin teria que lidar, um peso inútil ainda por cima, então tentou se soltar do mais novo e voltar para dentro, mandando Changbin para casa para que ele pudesse cuidar de coisas importantes — não foge de mim! Ei, ei! — e o grande empecilho era o Seo, que se recusava a deixá-lo ir.

— Eu quero voltar — insistiu, mesmo não convencendo a si mesmo e soando imaturo. Eles brigaram assim por uns minutos, Changbin segurando a vontade de rir que aumentava a cada desvencilhada atrapalhada de Minho e conseguindo sempre o recuperar a tempo, agradecendo pela cachaça ter diminuído os reflexos “felinos” dele. 

— Yah, chega! — gritou, finalmente cansado. Minho obedeceu, parou de se debater e ficou apenas de bico por não ter ganhado. Eles se ajeitaram como deram, Changbin ainda com os braços bem presos em volta do mais velho por ter a certeza que se o soltasse, não veria nem sua sombra — Pelo menos me ouve, pode ser? Aí eu vou embora e você dá um jeito de terminar esse negócio e ir pra casa, beleza?

— Não precisa se incomodar — bastou um erguer de sobrancelhas para Minho parar de argumentar e o ouvir.

— Ótimo — disse, percebendo que tinha ganhado. Ele limpou a garganta e respirou fundo, precisava soar gentil para que Minho acreditasse em si e parasse de ouvir suas inseguranças — eu acho que você tá fazendo o que ninguém teria coragem tão cedo ou nunca se bobear, tá sendo o intermediário dessa confusão só por amar demais eles e não aguentar mais ver esse desastre e eu te admiro muito por isso, é muito altruísta da sua parte. Tá se dispondo a ser mal interpretado por todo mundo, levar porrada de todos os lados e viver gatilhado por causa do seu término, mas mesmo assim você não vai desistir e vai até o fim por eles, é isso que eu acho.

— E sobre… você também, é-

— Sim, os três vão achar a mesma coisa — respondeu, deduzindo o que ele perguntaria — O Hyunjin já deve saber só pelo que você já tá fazendo, o Jeongin vai entender muito mais fácil do que tá todo mundo imaginando e o Seungmin sabe que você, de todas as pessoas, jamais faria algo pra machucar ele — o assegurou tendo certeza do que dizia — se tem uma coisa que o Seungmin sentiu e que você transmitiu com clareza e abundância a ele desde o início dessa confusão foi amor, todo mundo vê isso, inclusive ele.

Minho tentaria se apegar a isso, se fixaria a pensar e confiar nas palavras de Changbin até ter a confiança de que não era o monstro que outras pessoas costumavam o julgar ser e o qual a sua ex falsamente pintou. O mais novo finalmente libertou o Lee de seus braços assim que ouviu a porta se abrir, vendo Felix aparecer e olhar para os dois preocupados.

— Tava com medo de encontrar uma porradaria aqui — confessou. Minho virou para o outro lado, se escondendo de Felix e se recompondo depois de tanta fragilidade exposta a Changbin, esse que também voltou a ficar um tanto enfezado — tá tudo bem?

— Tá — responderam em uníssono, surpreendendo Felix.

— Ok… 

— Certeza que não quer vir comigo? — perguntou Changbin e Minho acenou um sim.

— Preciso ficar mais um pouco, mas não demoro — se justificou. Changbin não quis insistir, então voltou seu foco para Felix para uma última coisa.

— Agora você — o loiro apontou para o próprio peito e Minho só não entrou na casa por pura curiosidade quanto ao que Changbin diria a Felix — É, você mesmo, onde tava com a cabeça pra duvidar dele?

— O que? — os Lee responderam, olhando um para o outro com o mesmo semblante confuso e voltando a olhar para Changbin.

— Isso aí, você tá maluco de duvidar do Minho? Como pode achar que ele tá jogando no time inimigo?

— Eu não- o que? De onde tirou isso? Eu só achei estranho que ele juntou o Hyunjin com a gente e-

— E ao invés de pensar que ele tava tentando fazer certo pra geral, achou que era o traidor da nação?

— Changbin — o citado ergueu uma das mãos, pedindo para que Minho nem mesmo tentasse desviar do assunto ou se meter. 

— A gente já resolveu isso — Felix respondeu, claramente desconfortável.

— Era o mínimo — Changbin rebateu — e vê se não faz de novo, lembra quem ele é de verdade antes de ir pra cima — Felix engoliu seco conforme Changbin fazia a sua saída, entrando no carro que estava parado logo em frente a casa e baixando o vidro das duas portas fronteiras — falo com vocês mais tarde sobre o Seungmin, boa sorte com esse aí. 

Os Lee assistiram o carro até desaparecer de vista, ainda assimilando toda conversa que tinha acontecido. Felix massageou as têmporas, claramente estressado com tudo e perto do limite. Minho esperou por mais um esporro e torcendo para que tudo que Changbin disse fosse maior do que o segundo impacto, mas Felix não queria dar mais um sermão.

— Contou pra ele? — Minho acenou um “não” e Felix acreditou. Changbin não precisava que as coisas fossem ditas, ele sempre sabia de alguma forma — Ele só pode ter bola de cristal, isso não é normal.

— Talvez seja câmera.

— Pode ser — respondeu olhando em volta, tentando achar de fato uma câmera escondida. Um último e longo suspiro foi solto por Felix, que começou a entrar na casa e só parou para confirmar algo antes — a gente tá bem, né?

— Claro.

Minho não sabia dizer se Felix acreditou ou não, mas o deixou passar. Eles seguiram de volta para a sala e, antes que alguém perguntasse sobre Changbin, Felix começou a falar para acabar com a reunião o mais rápido possível e dar o veredito sobre acreditar ou não, ajudar ou não e qual caminho seguir. Ele mesmo quem conduziu o resto, não tinha um pingo de paciência restante em seu corpo para deixar que prolongasse mais todo o papo desgastante e por isso cortou toda iniciativa de discussão desnecessária sem pudor, botando os pingos nos is e encerrando por fim.

Ao invés de voltar de ônibus, Minho foi deixado na porta de casa por Bang Chan e sua moto. Ele desviou dos intermináveis agradecimentos e pedidos de perdão de Hyunjin, despachando ele para longe para deixar Felix e Jisung terem o seu momento de paz — desconfiando que estavam perto de reatar. 

— Manda mensagem quando chegar em casa — disse Minho ao entregar o capacete e se enrolar mais no casaco grosso para se aquecer.

— Mando sim — Chan ganhou um aceno de despedida e viu Minho caminhar para entrar, mas o chamou antes, o fazendo voltar para perto — eu só queria dizer que você é incrível.

— Eu? Por que? Uma agarradinha na cintura e você já fica assim, Bang?

— Você- não é isso, aí, olha — Chan estalou a língua no céu na boca e Minho riu solto, novamente leve pelo efeito do álcool — não é isso, mas você sabe o que é.

— Então não tem um porquê.

— Teimoso — ele balançou a cabeça negativamente — e vê se não bebe mais hoje, vai direto pra um banho quente e cama que você merece.

— Quer me botar pra dormir também?

— O bebê precisa de ajuda nisso? — ambos riram, Minho pela voz manhosa que Chan fez e Bang pelas orelhas vermelhas de timidez de Lee — Vai lá descansar e me liga se precisar de qualquer coisa.

— Você também — ele acenou um sim como resposta, baixando o visor e subindo o apoio para partir. Deixou que Minho entrasse em segurança em seu prédio para seguir para sua casa, deixando um lembrete mental de ativar o som do celular assim que mandasse para Lee que estava são, salvo e aquecido em sua casa.

 ִֶָ   [ ♡ ]   ִֶָ 

Changbin se assustou quando não encontrou Seungmin em casa, mas sim Jeongin ocupando a sua cozinha. Ele deixou as poucas sacolas que tinha no balcão e deu uma olhada em volta para localizar o seu verdadeiro colega de apartamento.

— Ele tá tomando banho — explicou Jeongin ao fechar a vasilha onde estava guardando uma comida que havia preparado e botar ela na geladeira.

— Ele te chamou?

— Não, só vim porque minha mãe passou lá em casa e deixou marmita pra ele, daí trouxe antes que eu comesse tudo.

— Ok — em silêncio, Jeongin começou a lavar a louça e Changbin a guardar a compra, deixando algumas coisas para a janta em cima do balcão. Logo Changbin começou a ficar incomodado, repensando nos recém acontecimentos e nos três envolvidos. Não podia falar sobre com Seungmin, mas sabia que Jeongin estava menos suscetível a um surto de choro, então arriscaria — eu vi ele hoje.

— Quem? — Jeongin deixou o pano de prato pendurado no gancho e ficou ao lado do Changbin, esse que ficou quieto para ouvir o som do banheiro e ainda ouvindo a música abafada. O mais velho não respondeu, mas Jeongin logo ligou os pontos — ah, certo, e o que tem?

— Eu não entendo — continuou a dizer — ele e o Seung estão bem abatidos, mas você não parece tanto — Changbin cruzou os braços e encostou a lateral do quadril no balcão. Jeongin viu que ele estava desconfiado e temeu que ele estivesse duvidando do seu mau estar, então se surpreendeu com a pergunta, soando preocupado — o quanto você tá escondendo?

— Você só não viu um dia ruim, Bin, e eu não carrego tanta culpa quanto quem fez tudo e quem tava escondendo tudo — deu de ombros — eu não tô bem, só demonstro e sinto diferente.

— Mesmo?

— Juro de dedinho.

— Vai me falar se precisar?

— Eu tive os outros meninos por perto, te disse que Jisung e Felix estavam lá — voltou a lembrá-lo, não queria que ele também se sentisse culpado por não estar presente, afinal não fora abandonado — e sim, Bin, eu vou te contar se algo acontecer, mas acho pouco provável que vá precisar agora.

— Certo — ele ficou sozinho na cozinha, Jeongin resolveu se sentar no sofá enquanto esperava Seungmin voltar para ir embora — vai jantar aqui?

— Não, só quero me despedir dele.

— Tem certeza? Sei que gosta do meu Bibimbap.

— Tentador, mas vou passar dessa vez, quero ficar em casa.

— Você quem sabe — deu de ombros. Seungmin não deixou que eles caíssem em silêncio, pois logo chegou para conversar com Jeongin. 

Ele não foi capaz de convencer o mais novo a ficar para jantar, Jeongin esquivou de tudo com maestria e arranjou uma saída para alguns dias à frente para satisfazê-lo. Quando ele saiu, Seungmin finalmente cumprimentou Changbin direito e começou a ajudá-lo na preparação do jantar, contando como tinha sido o seu dia e que Soobin faria uma visita em poucos dias. Foi enquanto comiam que Seungmin trouxe o Clube dos Corações Partidos para a conversa, dizendo que Felix era quem ele mais mantinha contato nesses dias.

Quando foi perguntado sobre Minho, não houve resposta imediata. Seungmin se sentia estranho quanto ao Lee desde o aniversário dele, vivia se perguntando o quanto gostava dele e até em que sentido, muitas vezes fazendo com que ele até sonhasse com o mais velho. Com a volta de Jeongin na sua rotina, estava focando nele não só para se restaurar de todos os medos que sentiu de perdê-lo, mas também para abaixar seus ânimos e voltar ao seu estado normal com Minho. 

O único problema era a saudade que sentia dele, essa que aumentava a cada dia. Ele queria mandar mensagens o dia todo, queria fazer chamada de vídeo a noite após o trabalho nem que fosse para ficar em silêncio enquanto fazia tarefa de casa, queria estar cada vez mais íntimo de Lee, porém tinha medo para onde isso o levaria e quais interpretações erradas nesse momento tão importuno ele faria de seus próprios sentimentos.

— Só não deixa ele tão de lado, toma cuidado com isso — foi o conselho que Changbin o deu depois de Seungmin revelar que ele nem havia contado sobre Jeongin ainda. Kim sabia que seu colega de apartamento estava certo, que ele estava esquecendo demais de quem estava ali por ele e que era injusto ficar de fora. Mesmo que Minho sempre o esperaria, e que ele soubesse disso, não tinha um grande porquê de o deixar esperando.

Então, quando foi dormir e rolou no colchão gelado por horas sem conseguir pegar no sono, finalmente cedeu e começou a gravar áudios para Minho. Foi uma chuva de mensagens de voz, detalhou tudo que havia passado desde o aniversário e que deixou de fora das conversas cotidianas, se engasgou num quase choro ao falar sobre Jeongin e encerrou com um pedido para que se encontrassem quando Soobin viesse à Coréia, além de um obs. para que ele não se assustasse com a quantidade de mensagens e que estava tudo bem.

Ele sabia que não seria respondido por ser tão tarde, por isso não ficou angustiado com o aplicativo de mensagens aberto esperando que aparecesse o sinal de mensagem lida, apenas deixou o celular debaixo do travesseiro, se virou para o outro lado e adormeceu por fim, tendo a certeza que Morfeu o levaria mais uma vez até Minho em seu sonho de tanto que ele ocupava sua mente.


Notas Finais


OMG!! OK, IT'S HAPPENING, EVERYBODY STAY CALM! uma parte foi acertada e estamos a caminho da segunda (agora em quem hyunjin vai primeiro fica ai o mistério, podem chutar). muitos diálogos nisso aqui, até tentei diminuir, mas foi inevitável tantas conversas KKKKK espero que tenham gostado, protejam o minho a todo custo e até a próxima <3


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