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História .depois das 23:00; marichat - .bip-bip, zoooom (capítulo único)


Escrita por: vickstallone

Notas do Autor


ao invés de eu estar trabalhando em long/short fic, estou aqui postando one-shot

1. antes de comentar mimimi, entenda que no universo da minha fanfic eles NÃO têm 14 anos, então descansa militante
2. nada não

boa leitura, espero que odeiem

Capítulo 1 - .bip-bip, zoooom (capítulo único)


Fanfic / Fanfiction .depois das 23:00; marichat - .bip-bip, zoooom (capítulo único)

 

— Você tem que mudar esse bordão.

Chat Noir nunca foi o tipo de rapaz que conversa de longe. Ele gostava de estar sempre a cinco centímetros de distância, de preferência tentando pôr a mão em cinturas alheias.

— O que você tem contra “tchau tchau, borboletinha”? O que você falaria, então?!

Ladybug já estava cansada de ser arrogante todas as vezes que Chat Noir investia nela. Influência da sua outra identidade, Marinette. 

Mesmo sendo totalmente impulsionada por Marinette, Ladybug afastou a mão boba do Chat Noir, que deixou escapar mais um de seus sorrisos ladinos; os quais deixavam Marinette quente como um incêndio no inferno, e deixavam Ladybug dura como um pão dormido. Ladybug sabia que estava testando demais a libido de Chat Noir e, claro, sua própria capacidade de autocontrole, ao “repousar” na Torre Eiffel ao lado do loiro, após uma longa batalha contra um akumatizado

— Eu não falaria nada. Acho que seu bordão é melhor que nada, my lady. Fui presunçoso.

— Como sempre.

Os olhos de Chat Noir eram uma armadilha traiçoeira para a heroína, que evitava a todo custo não encará-lo por mais de um minuto. Não poderia, de forma alguma, ceder. Chat Noir não era seu; seria uma traição catastrófica. Chat Noir, com seu instinto felino bem aguçado, percebeu os músculos tensos da parceira, que olhava para todas as direções menos para seu rosto. Era certo de que Ladybug nunca realmente teve interesse nele, mas não chegava a repudiar a presença dele daquela forma.

— Você está esquisita, Bugboo. Tensa. Nervosa. Está suando mais que o normal.

Ladybug mal percebeu quando a mão de Chat Noir foi parar em seu maxilar, e sutilmente, em sua nuca. Ele não perdia uma oportunidade. E Ladybug não sabia se queria recobrar o juízo ao sentir as garras do uniforme do loiro arranhar levemente a sua pele exposta. Uma sensação indevida se fez sentir abaixo de seu ventre, e seus lábios ficaram secos de uma forma que a mesma teve de umedecê-los com a língua. O que foi uma péssima ideia, pois Chat Noir viu aquilo como um sinal verde para que o mesmo prosseguisse com as investidas.

— Eu não quero, novamente, ser presunçoso, Ladybug — Chat Noir raramente se referia a menina pelo seu nome de heroína, e quando o fazia, Ladybug não sabia como reagir —, mas você parece estar assim por minha causa.

Totalmente presunçoso. Mas errado não estava. Nunca esteve. Daquela vez não seria possível ignorar o par de olhos esmeraldas que varriam toda a extensão do corpo da menina. Seria um pecado ignorá-los. As garras do garoto passeavam por muitos lugares os quais Ladybug não poderia acompanhar o ritmo pois estava extasiada demais para raciocinar. Logo, vendo que o caminho estava pavimentado, e que não havia uma objeção da parte de Ladybug, Chat Noir usou a sua boca para levar a heroína ainda mais para o abismo da loucura. A noite fria de Paris, na altitude onde estavam, era certamente um bom pretexto para explicar todos os pelos arrepiados que Ladybug tinha em seu corpo naquele exato momento. Droga, era a quarta vez que aquilo acontecia no mês e Ladybug ainda não conseguia repelir os beijos que Chat Noir dava em seu pescoço. Não havia desculpas válidas que Ladybug pudesse usar para justificar sua traição. Era totalmente rendida aos beijos, mordidas, chupões e, até mesmo, às lambidas que, o garoto experiente no assunto, descarregava em seu pescoço, maxilar, orelha e clavícula. 

Chat Noir era um canalha. Um canalha mentiroso. Bem. Não exatamente um mentiroso, mas ainda assim, um canalha. Um terrível patife salafrário que num pé dizia palavras românticas a uma doce e incorruptível garota, e no outro dizia palavras chulas e de baixo calão a uma forte e determinada garota. Ele falava o que falava para todas as garotas, fazia o que fazia para todas as garotas e ninguém realmente tinha um lugar especial em seu coração. Um grande problema, caso você acabe criando sentimentos menos rasos por ele.

Ladybug não tinha o direito de atrapalhar as coisas para a garota doce e incorruptível. Não podia terminar aquela noite aos beijos com aquele sem-escrúpulo. Ladybug não poderia destruir o coração da outra e esmagar os sentimentos dela com seus próprios pés, pois aquilo afetaria a ela também. Por mais que ambas fossem somente uma diversão para o outro, Ladybug não tinha o direito de fazer Chat Noir se gamar ainda mais por ela. Capacidade? Tinha. Direito? Não.

— Chat Noir… você sabe que não podemos.

— Se você me der um motivo concreto, talvez eu possa parar por aqui, my lady

Um motivo concreto. Todos os motivos concretos seriam demais para um simples bate-papo pré-transa. Ladybug não poderia dar um motivo concreto, apesar de existir. Existia algo concreto debaixo daquela máscara, afinal. 

— Eu não costumo fazer esse tipo de coisa com quem eu não amo.

— ‘Amor’ soa um pouco trivial. ‘Sexo selvagem na Torre Eiffel’ me deixa mais interessado.

Chat Noir nunca foi o tipo de rapaz que ultrapassa a linha do limite, ainda mais com Ladybug. Sendo assim, contrariou todos os seus desejos mundanos e manteve distância da garota, ao ver pela sua expressão de quem não consentia com aquilo. Era uma batalha difícil contra seus hormônios, mas não poderia forçar a barra com Ladybug. Nem se quisesse; ela tinha um miraculous. E ao pensar em miraculous, os benditos soaram o alarme característico em sinal de “está na hora de meter o pé”. Por uma última vez, os heróis se encararam. Não conseguiram notar, por conta do frio, a melancolia que embebedava o clima. Era um potencial em romance muito trágico. 

Sem ao menos se despedir, com uma sensação de angústia no peito, Ladybug foi a primeira a ir embora, deixando Chat Noir em sua própria companhia. 

Como usualmente o fazia.

[...]

Tikki comia como se não houvesse amanhã. Sabia que sua kwami ficava faminta toda vez que se encontrava com Chat Noir após as missões. Era devido ao desgaste físico combinado com o mental. A garota estava exausta. Ser uma heroína, uma personalidade demasiada relevante, era uma tarefa que exigia muito esforço mental. Por tal, Marinette se encontrava sem forças para sair de sua banheira naquele instante.

Estava se afundando no mar das dúvidas amargas que estreitam o esterno e fazem com que aquela incessante angústia sufocasse a heroína. Se Shadow Moth não a matasse, sua mente acabaria fazendo esse trabalho. Tikki não precisaria perguntar o que havia acontecido, precisaria muito menos consolá-la, pois ela já sabia onde aquela história caótica iria terminar. 

Com uma garrafa de vinho que a mesma roubou da adega particular e secreta que seu pai tinha – não tão secreta, já que ela descobriu –, Marinette se viu chorando como uma criança órfã desolada. Não chorando por fora, chorando por dentro, o que era ainda pior. Seu corpo não tinha forças o suficiente para derramar uma lágrima sequer; estava gastando toda a sua energia no exercício de levantar a garrafa até seus lábios. Uma música melancólica estrategicamente colocada para fazer seu sofrimento estabilizar, tocava ao fundo de seus pensamentos – uma trilha sonora digna de Oscar. E se Marinette fosse francesa o suficiente, estaria fumando naquele exato momento, só para completar a cena dramática que ela estava fazendo em sua banheira. 

Toc Toc

Descendo lentamente os seus olhos que fitavam o teto como se fosse uma bela pintura, a Dupain-Cheng viu no relógio analógico – o qual ela sempre se perguntou o por quê de haver um no banheiro –, que marcavam exatas 22:49. Seu amor ainda estava frio, hora de colocar no microondas.

Bip-bip, zoooom

Marinette era uma pessoa traída. Por todas as barangas da cidade. Marinette era uma pessoa traída porque não se podia colocar coleira em um gato. Gatos foram feitos para serem livres e independentes. Independentes de uma forma preocupante. Marinette entendia aquela metáfora, apesar de não querer entendê-la. Não se pode depositar amor em algo independente. 

Toc toc, 22:53.

Marinette Dupain-Cheng sabia que nunca teria o coração dele inteiramente para si, pois sabia o que impedia, e conhecia tamanha concorrência. Não poderia forçá-lo a desapegar de Ladybug, e de nenhuma outra dama da noite a qual ele chama de ficante. Mas poderia Marinette desapegar dele? Uma questão que poderia ser facilmente respondida no passado, até o dia em que ele iniciou suas visitas até ao terraço da mestiça. Um gole, dois goles, três goles. Estava enchendo a cara. Talvez criando coragem para fazer mais uma bobagem naquela noite. Ou talvez fazer a maior de todas as besteiras.

Toc Toc

22:56 e Marinette remoía em sua cabeça todos os beijos que ganhou – perdendo-os ao mesmo tempo – na Torre Eiffel. Havia sido traída pela pessoa que ela mais confiou, e mais depositou esperança; Ladybug. Não poderia ficar na mesma disputa que a heroína de Paris, iria perder fácil. Marinette quis erguer sua mão para arrancar aquele miraculous e jogá-lo pelo ralo. Seria, de longe, a melhor decisão que a garota tomaria naquela noite em questão. 

22:58.

Toc toc

Tikki seguiu com o olhar todo o processo preguiçoso que Marinette fez, ao sair da banheira para colocar o roupão. Ainda não tinha ânimo, ainda não tinha forças. Mas ainda tinha uma coisa. Uma coisa que batia na janela, com, provavelmente, uma flor idiota e um chocolate barato em mãos. Tinha uma coisa que impulsionava Marinette a esquecer princípios e dignidade, e a abrir a maldita janela. Ele sabia que ela estava ali. Não iria desistir. Deveria, mas não iria.

Marinette sentiu a última lágrima interna rolar por seu interior amargurado. Seu cérebro logo captou a idiotice que faria, então, seu coração acelerou o ritmo e seu esterno estreitou ainda mais, como se seu organismo estivesse dizendo que parasse por ali. Seu corpo sabia, sua kwami sabia, seu subconsciente sabia. Ela sabia, oras. Toc toc

23:00.

Piiii-piiii, amor descongelado.

Sabia que iria ignorar tudo e todos e amá-lo. Iria dar de bandeja seu amor, mais uma vez. A dose de humanidade que ele precisa, está ali, abrindo a janela e reprimindo todo e qualquer semblante de satisfação ao vê-lo.

— Está um pouco atrasada, prrr-incesa.

Princesa, puff. Disco arranhado. Na certidão de nascimento da metade da população de Paris está escrito “Princesa”, pensou Marinette, que viu o indivíduo entrar e se acomodar, como se já fosse da casa, antes, pondo a flor idiota e o chocolate barato em algum canto onde nem ele se importava em saber.

— Você chegou adiantado.

Foi motivo de grande esforço físico dizer aquilo, tanto que Chat Noir percebeu a aspereza, sentando-se na cadeira da escrivaninha da garota. 

— Posso saber a que se deve o mau-humor, minha querida?

Minha querida, haha, faça-me rir. Os pensamentos de Marinette estavam tão afiados que cortavam todos os assuntos abordados pelo felino tagarela que sentava de qualquer jeito em sua cadeira felpuda. Ele não parecia interessado no mau-humor da mestiça, tanto que voltou a falar de banalidades sobre ele mesmo, enquanto a Dupain-Cheng o encarava com dissabor. Por que depositava tanto sentimento num ser tão indigno?

— Você deveria ir.

O choque para o loiro foi tão grande que ele recapitulou seis vezes o que a menina havia dito. Mau-humor, expulsão, semblante fechado. Um combo que assustava o garoto, ainda mais quando se tratava de Marinette, uma garota radiante e adorável. Chat Noir respirou no compasso de seus batimentos cardíacos que falharam e voltaram com tudo. Marinette parecia desolada, e só naquele instante, onde ele parou de falar de si, e prestou atenção nela, ele notou. Notou que tinha algo com sua princesa. Notou que sua princesa estava ali. Todos os dias; no mesmo horário; abrindo a janela de seu terraço com o mesmo sorriso.

23:17 e já era hora de ser amado. Então por que sua princesa estava tão devastada e rodeada por uma aura sombria?

— O que houve, Marinette?

Assim como Ladybug, Marinette ouvia poucas vezes seu nome ser pronunciado por Chat Noir, e quando acontecia, seu corpo estremecia automaticamente.

— Pode me contar. Eu quero ouvir. 

Saindo de sua zona de conforto, e também da cadeira da garota, Chat Noir se aproximou dela cuidadosamente, como se estivesse com medo de suas reações. Mas vendo que a menina não machucaria o dono de seu coração, o loiro prosseguiu confiante, envolvendo, sem permissão alguma, a garota em seus braços cobertos por um uniforme de couro. Ele era notavelmente maior que Marinette, por isso, usou a cabeça da mesma como apoio para a sua, selando a testa da menina com um beijo.

— Você deveria ir porque não nos pertencemos.

— O que você quer dizer com isso, princesa?

Marinette não queria estar, literalmente, envolvida em Chat Noir, mas ela não conseguia – não queria – desvencilhar-se dos braços do mesmo. Ela deveria, naquele momento, pôr as cartas na mesa e dizer o motivo de suas aflições. Deveria colocar para fora suas mágoas a respeito do garoto. Deveria e queria dizer o quão babaca ela achava que ele estava sendo, mas ela não conseguia enquanto estivesse envolvida em Chat Noir, literalmente. 

Vendo que a menina só dizia asneiras sem sentido, Chat Noir ficou preocupado. Pela primeira vez em tempos ele estava preocupado com uma garota. Preocupado não por não poder usufruir do corpo dela, mas preocupado com o que poderia estar havendo com o corpo dela. Marinette era uma garota sensível, e ele estava ciente daquilo ao bater na janela do terraço dela pela primeira vez. 

Marinette se viu sendo arrastada pelo maior para sua cama, não do jeito que ele fazia normalmente, que era de uma forma selvagem e irracional. Era um ato repleto de calmaria e total destreza para levá-la para a cama sem desfazer o abraço. Marinette se viu deitada ao lado de Chat Noir, daquela vez com roupas, agarrada ao corpo dele e tendo sua cabeça apoiada em seu braço. Marinette se viu tendo seu cabelo sendo afagado pela mão de Chat Noir. Era algo rotineiro, mas sem significado algum até aquele momento.

Chat Noir se viu sem tesão algum ao estar deitado na mesma cama que Marinette, numa distância consideravelmente perigosa.

— Por que você vem aqui, Chat Noir?

— Para te ver, oras.

Silêncio. Uma situação constrangedora. Um clima pesado. E sangues completamente congelados. Chat Noir se viu sem ter como respirar, da mesma forma que Marinette.

Por que eu venho? Grande pergunta. Muitas – muitas – meninas quase lambem o chão por onde eu piso, só para ter uma noite com o extraordinário Chat Noir, o rei da cidade de Paris.

Chat Noir enfrentou, finalmente, a si mesmo e olhou o rosto de Marinette, que encarava seu rosto também. Dois pares de olhos que se fitavam, com pesares no coração. Chat Noir, ao contrário de Marinette, não conhecia o motivo de sua aflição. Ele não queria estar aflito, queria estar excitado. Como sempre esteve quando visitava Marinette naquele horário. Chat Noir se sentiu odioso ao ver as tiras vermelhas no olho da garota de roupão, entregando sua sobrecarga. Chat Noir, com raiva, contemplou toda a fragilidade e delicadeza de Marinette ali naquele roupão. Um pedaço de pano felpudo que dizia como o corpo de Marinette quebraria se algo mais forte tentasse contra ela. Chat Noir sentia ódio, e ele não sabia por quê, com o quê, ou com quem. O ódio e a aflição agora corroía seu interior, como uma péssima dupla sertaneja que estivesse determinada a acabar com sua noite. E ele se perguntou como que ao contemplar Marinette daquele jeito o remeteria a tais sentimentos.

— Querer você, me destrói aos poucos, Chat Noir — seus dedos esguios e frios percorriam em círculos o peitoral do herói —, você não sabe o quanto isso me faz mal, ainda mais eu sendo… 

— Sendo…?

— Só mais uma. Só mais uma que você visita. Todas as vezes que você vem, é como se eu não precisasse mais respirar, porque o sentido da minha convencional vida está bem aqui, vestido de gato preto e lutando contra vilões problemáticos. Não estou me declarando, Chat Noir, estou desabafando. Não vou rotular meus sentimentos porque eu não sei descrever o que são, mas eu sei que dói. E toda vez que os sinto, tenho vontade de jogar meu coração numa caçamba de lixo. Te ter aqui é tão desgastante. E eu costumo estar triste, feliz, vazia, satisfeita e, principalmente, zangada. Agora mesmo eu estou tão zangada, que não tenho forças para te tirar da minha cama e te enviar para os quintos do inferno.

Apesar das palavras irem de encontro ao rapaz, ele também não conseguiu desviar os olhos dela. Não conseguiu, também, fazer com que sua raiva se dissipasse. Pelo contrário, naquele instante ele viu um motivo para ficar ainda mais raivoso, pois havia descoberto o causador de sua raiva; o próprio. Estava com raiva de si, porque Marinette estava com raiva dele. E pôde ver com clareza a influência que aquela menina tinha sobre ele. 

— Princesa…

Marinette parecia pronta para ouvir o que aquele cafajeste tinha a dizer. Mas ele não disse. Não disse nada. Pôs a mão livre no rosto da Dupain-Cheng, que não teve uma reação sequer ao ato. Acariciou o local, vendo-a estática. Chat Noir não tinha o que dizer, apesar de sua mente estar num confuso jogo de palavras desconexas, tanto que pensou estar pifando. Chat Noir tinha culhões para afirmar que era o maior galinha de Paris; mas não para Marinette. Não poderia abrir a boca para a menina e dizer que dormia, sim, com outras garotas. Não tinha estômago o suficiente para dizer o que todos já sabiam; não para Marinette Dupain-Cheng.

A mestiça viu ele se aproximar o suficiente para iniciar um beijo. Um beijo diferente dos outros que ele costumava ceder. Um beijo hesitante, como se ele fosse novato no quesito beijo. Marinette, por um segundo esperançoso, e ao mesmo tempo nefasto, sentiu que era especial, ao ser tratada, pela primeira vez, de uma maneira distinta. Chat Noir nem ao menos tentou pôr a língua em sua boca, o que era de se preocupar. 

Mas ele nada dizia. 

23:33.

O clima ainda sufocava. O beijo serviu ainda mais para confundir. Mas Marinette ainda amava. De forma tola e infantil, o amava. De modo que a matasse a cada segundo, o amava. O amava mesmo calado, consentindo com seu sofrimento. E também o amava quando era falante, dizendo palavras em seu ouvido que a arrepiava dos pés à cabeça. Marinette o amava mesmo sabendo que ele amava todas. Marinette o amava mesmo sabendo que não poderia tirar Ladybug de seu caminho. Era 23:35 e Marinette o amava. 

— Marinette, você… você é única — mas não a única —, o mundo ficaria extremamente sem graça e sem cor com sua ausência. Eu não — engasgou-se com suas próprias palavras — eu não posso simplesmente deixar de te visitar. 

— Por quê? — Silêncio. — Por que não? — Vazio. — Por que não pode? — Constrangimento. — Me diz, Chat Noir, me dê um motivo concreto.

Motivo concreto. O coração de Chat Noir falhou uma batida e logo retornou a bater normalmente. E ele engoliu a seco, sentando-se na cama, vendo a menina sentar-se também, no mesmo passo. Motivos concretos eram o grande problema. Ele estava cheio de motivos concretos para abandonar Marinette naquele quarto cor-de-rosa. Mas nenhum motivo, necessariamente concreto, para visitá-la constantemente.

— Marinette, não é tão simples assim!

— Agora você entende? Não é tão simples para mim, igualmente. — 23:46.

23:46 e Marinette chorava internamente mais uma vez; ela ainda o amava. Ela ainda o amava estupidamente, porque ainda eram 23:46, e ela estava começando a odiar aquele relógio digital em seu criado-mudo.

— Você está me pedindo, então, que não te visite mais?

Não era aquilo. Nunca foi.

— Você não o faria nem se eu pedisse. 

Muito presunçosa. Mas errada não estava. Nunca esteve.

— Então o que você quer que eu faça?

— Caramba, Chat Noir, sei lá! 

Por um instante, Marinette lembrou que ainda morava com seus pais, e estava num horário muito impróprio para barulhos estridentes, então abaixou o nível de sua voz ao ver que eram 23:49. 

23:49 e Chat Noir olhava para Marinette como se fosse a última coisa que faria em sua vida. Tinha algo preso em sua garganta, mas ele preferiu não saber o que era. Havia um sentimento angustiante em seu peito, mas ele preferiu ficar nervoso. Existia um elefante na sala – praticamente no quarto – naquele instante, mas ele resolveu ignorá-lo.

— Você ama a Ladybug, não ama?

O menino levantou da cama, num movimento rápido. Aquela pergunta foi a pior melodia que ele já teve o prazer de ouvir sair dos lábios de Marinette, preferia quando ela gemia seu nome. De todas as coisas que a Dupain-Cheng poderia perguntar e ganhar uma resposta, aquela não era uma delas. Não havia uma resposta; não para Marinette. Chat Noir estava sem cartas na manga. Ele não poderia – não queria – decidir aquilo naquele instante. Era cruel. 

— Isso é relevante? 

Chat Noir nunca foi o tipo de rapaz que gagueja; mas ele quase o fez. 

— Ao menos você sabe o que sente por ela?!

— Por que está me pondo contra a parede?

Ele não responderia, não naquela noite. Não adiantava lutar.

— Você ao menos sabe o que sente por mim?

Ele não sabia. Mas descobriria se fosse preciso. Ele estava determinado a descobrir, tanto que baixou a guarda e sentou-se novamente ao lado da mestiça, segurando no queixo da mesma, para que seus olhos estivessem na mesma direção. 23:52 e Marinette ainda o amava. Tanto que não pestanejou quando um ósculo foi iniciado por Chat Noir. Um beijo repleto de sentimentos excêntricos e confusos. Marinette o beijava porque não conseguiria não fazê-lo enquanto ainda fosse 23:52. 

Sua maior vilã, Ladybug, estava em algum lugar da cidade de Paris, planejando algo maléfico para roubar Chat Noir dela, e ela sabia que uma hora ou outra a heroína conseguiria. Estava em um tipo de triângulo amoroso doentio cujo ela sairia perdendo em todas as vértices. Mas o que Marinette tinha que Ladybug não tinha, eram as 23:00.

— Eu vou descobrir, princesa. 

Marinette sentiu sinceridade em Chat Noir, mas sabia que não poderia confiar em seu senso crítico quando se tratava do loiro. 

Mas ele iria descobrir, Chat Noir era orgulhoso. 

23:55 e Marinette ria de si mesma por ser boba o suficiente para acreditar em Chat Noir; eram 23:55 e Marinette trocava beijos com Chat Noir. Claro, ela terminou a noite aos beijos com aquele sem-escrúpulo. Mas ela não deixou de notar a diferença dos beijos que ele a deu no dia anterior, para os beijos que ele a dava ali. Eram diferentes, em certo ponto, coisa que ela não sabia explicar qual ponto específico. Chat Noir parecia mais empenhado em fazer com que ela sentisse algum tipo de prazer naquela noite. Funcionou, porque eram 23:58.

23:58 e Marinette pôs o amor no freezer novamente. Chat Noir a cedia beijos em várias partes de seu corpo que ele não havia beijado antes; acompanhado de sorrisos meigos. E ali, ela entendeu porque o amava às 23:00. Porque ele era ele. Se ele não fosse ele, ela nunca iria o querer. 23:58 e Marinette sorriu para Chat Noir um de seus sorrisos mais genuínos. 

Eram 23:59 e Marinette entrou em mais uma crise existencial quando o loiro se deu conta do horário e disse a frase que afetava os batimentos cardíacos da mestiça: “tenho que ir”. A menina fez questão de o acompanhar até o terraço, para dar seus últimos beijos ao relento daquela noite fria de Paris. Ela era carente o suficiente para acompanhar com o olhar a silhueta de Chat Noir pular de prédio em prédio.

Chat Noir era um canalha. Um canalha mentiroso. Um terrível patife cafajeste. Um babaca que não conhecia a si mesmo, e muito menos conhecia seus próprios sentimentos. Todavia despertava a mais pura carência em Marinette Dupain-Cheng. 

00:00 marcava no relógio digital do quarto da garota. Um novo dia, um novo ciclo onde Marinette não amava Chat Noir mais.

00:01 e Marinette repudiava a si, o amor, Chat Noir e Ladybug. 00:01 e Marinette dizia a si mesma que iria trancar a janela do terraço, ou melhor, isolaria a área do terraço para que ele nunca mais aparecesse ali. Uma ideia impossível de concretizar pois, ela mesma como Ladybug, precisava do terraço.

00:02 e Marinette encarava Tikki que dormia tranquilamente em uma almofada, não estando a par de seu sofrimento interno. Desejou, por um instante, ser um kwami que não se apaixona. Outra ideia mirabolante impossível de concretizar.

00:07 e Marinette vestia um pijama, deitava em sua cama, e se cobria com o cobertor da melancolia, planejando nunca mais sentir amor em sua vida. 

Impossível.

Afinal eram 00:10 e Marinette não amaria Chat Noir, até que fossem 23:00.

 


Notas Finais


espero que tenham odiado

sim, meio longa para ser uma one-shot, mas é que eu sou emocionada

não fiquem bravos com o chat noir, nem com a marinette, pessoas jovens são abestalhadas mesmo. e, lembrem-se, pessoas confusas magoam pessoas incríveis. não sigam o exemplo do nosso amigo chat noir e conheçam seus próprios sentimentos antes de provocarem sentimentos em outro alguém.

beijinhos, fiquem com Jesus e que Ele abençoe vcs. tá na hora de sair do celular/pc e beber uma água, fazer uma atividade (fisica, att de escola não, faltem a aula online), tomar um ar fresco, ler a bíblia, etc.

xoxo, vick

recomendação de fanfic;

bolha social ° chanrose (chanyeol + rosé)
https://www.spiritfanfiction.com/historia/bolha-social-20698442

cartas de um menino apaixonado ° imagine baekhyun
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