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História Descobrindo o Amor (Romance Gay) - Vergonha?


Escrita por: Allaasca

Notas do Autor


Fala galerinha! Tudo bem?
Chegamos aquele capítulo tenso, onde enfim, Gustavo se revela para o pai dele.
E devo avisá-los que talvez, incomode algumas pessoas mais sensíveis, porém eu acho de extrema importância, lembrar que o preconceito existe e muitas vezes ele está dentro da nossa própria casa.
Eu não desejo isso a ninguém, e luto por um mundo com menos preconceito!
Uma boa leitura pra vocês ❤️

Capítulo 22 - Vergonha?


---------- Gustavo Narrando ----------

 

 

A lasanha da minha sogra estava maravilhosa, eu só conseguia pensar o quão era sortudo, além dela aceitar o seu filho sendo gay, ela aceitava o nosso namoro, aceitava quem éramos, sem nenhum filtro.

O jantar foi tão descontraído que aí eu entendi a expressão, "se sentir em casa" porque aquela sensação não era de perto um jantar na minha casa.

Quando eu e o Gabe terminamos, demos boa noite a senhora Lidya e ao Guilherme, subimos para o seu quarto, ele trancou a porta, entrou tirando a camisa, para colocar o pijama, e eu o agarrei por trás.

 

- Essa é aquela parte onde a gente se ama pela primeira vez na sua cama? - eu perguntei no seu ouvido.

- Não sei, é? - ele mordeu os lábios.

 

E então eu o peguei em meu colo e o deitei em sua cama, começamos a nos beijar, ele tirou a minha camisa e eu tirei a bermuda que ele vestia.

Mais uma vez eu o tinha todo pra mim, o que me fazia pirar, Gabriel era lindo, por dentro e por fora, em uma combinação perfeita e balanceada entre a inocência e a sedução.

Suas pintas em seu corpo, eram um charme a mais do meu moreno, que sorria me olhando, talvez percebendo que eu estava perdido em meus pensamentos.

Eu admirava o seu corpo, e o seu sorriso, ele estava com uma cara de safado e eu estava amando isso.

Estávamos completamente nus, e foi assim que começamos a transar pela primeira vez em sua cama, o que me fazia me sentir mais íntimo ainda do Gabriel.

Cada toque seu em meu corpo, me dava mais certeza do quanto eu o amava e queria ele perto de mim.

Sua respiração ofegante se juntava com a minha, seu suor molhava o meu corpo e suas unhas causavam um certo arrepio quando passavam em minhas costas.

Quando acabamos, ele repousou em meu braço e dormimos tranquilamente, dividindo a sua cama de solteiro.

 

6:00 da manhã - Segunda feira.

 

Eu vi Gabriel levantar mais que depressa da cama e ir direto para o chuveiro, eu me levantei e arrumei a cama, tirei as roupas sujas e coloquei no cesto onde deveriam ficar.

Gabriel saiu do banho e veio em minha direção, me dando um selinho.

 

- Bom dia amor. - Ele disse.

- Bom dia meu amor. - eu respondi.

- Não precisava ter arrumado as coisas, eu mesmo arrumava. - ele disse.

- Oxê, porquê? Já que estou aqui eu arrumo ué. - eu respondi.

- Então tá bom, mas agora vai tomar banho pra gente tomar café. - Gabriel disse.

- Beleza. - eu respondi.

 

Tirei minha roupa e fui para o banho. A água morna tirava os vestígios que de sono que ainda existiam em mim.

Eu me lembrei que hoje, eu teria que falar com meus pais no horário de almoço e isso me causava um embrulho no estômago, porque eu não sabia como eles reagiriam, mas eu não podia esconder mais, porque eles descobririam muito em breve, agora que praticamente a escola inteira saberá de mim e o Gabe.

Terminei o banho, me enxuguei e coloquei o uniforme emprestado do Gabriel, que ficava um pouco curto pra mim, mas que dava pra usar.

Descemos em direção a escada e logo estávamos na cozinha, cumprimentamos a Dona Lidya e Guilherme, que já estavam de saída e nos sentamos na mesa.

Gabriel me serviu o café com leite e colocou bolachas na mesa.

 

- Iremos depois da escola então falar com seus pais? - Gabriel perguntou dando um gole em seu café.

- Sim, os dois vão estar lá, é horário de almoço. - eu respondi.

- Beleza, espero que dê tudo certo amor. - ele segurou minha mão.

- Eu na verdade, não queria que você fosse. - eu fui sincero.

- Por causa do seu pai né? - Ele Perguntou.

- Exatamente, eu o conheço e sei que ele vai surtar. - eu respondi.

- Mas eu quero ir mesmo assim. Você esteve comigo ontem, então eu quero estar com você também e enfrentar isso juntos. - ele disse, apertando a minha mão.

- Vou te fazer uma pergunta, e quero que me responda com sinceridade. - eu disse.

- Sim. - ele concordou.

- Se a sua mãe, fosse uma surtada, agressiva, que acha que tudo se resolve na porrada, você deixaria eu vir aqui ontem? - eu perguntei olhando em seus olhos.

- Gustavo... - ele murmurou.

- Sinceridade. - eu pedi.

- Não, mas-

- Sem mas - eu o cortei - Farei isso sozinho. - eu respondi.

- Se isso te coloca em algum tipo de risco, é melhor não contar nada, eu não quero que ele bata em você ou faça algo do tipo. - Gabriel disse.

- São coisas que eu terei que passar e está tudo bem. - eu disse.

 

Gabriel não parecia feliz, mas não tinha outro jeito, era melhor que meus pais soubessem por mim do que por outra pessoa.

Terminamos o café, e fomos a pé para a escola, chegamos lá e ficamos no pátio com Karina e Henry até a hora que o sinal tocou, indicando o começo da primeira aula.

Quando cheguei próximo a minha sala, eu vi Verônica vindo em minha direção.

 

- Bom dia. - ela disse.

- O que você quer? - eu perguntei.

- Quero conversar com você. - ela respondeu.

- Estamos indo pra primeira aula, seja rápida. - eu respondi.

- Olha, Gabriel não é a pessoa que você pensa. - ela disse.

- E você está certa, ele é melhor ainda. - eu respondi.

- Ele só falava mal de você a vida inteira, nunca gostou de ti! O que te leva a pensar que isso mudou? - ela exclamou.

- Verônica, se você veio falar mal do Gabriel, juro, você perdeu o seu tempo. Eu sempre te disse, que não queria nada sério com você antes mesmo de ter alguma coisa com o Gabriel. Ele tem um total de zero culpa por você achar que ele me "roubou" de você. Você nunca me teve. - eu disse.

- Então porque me beijou? - ela perguntou com lágrimas nos olhos.

- Porque a gente quis, eu quis, você quis e foi só isso. Não houve sentimento. - eu respondi.

- Você é um nojento, igual a ele! - ela gritou.

- Você é que é nojenta, deu um tapa na cara do seu amigo de infância por causa de um homem. Você não tem vergonha na sua cara? Você foi tão baixa, que até o chão que você pisa tem vergonha de você. - eu respondi.

- PLAFT - foi a minha vez de tomar um tapa na cara.

- Pode me dar mil tapas na cara, que isso não vai mudar quem você é. - eu respondi e ela saiu chorando.

 

Eu entrei na sala e o professor de química chamou minha atenção por estar atrasado, eu me desculpei e ele pediu para que eu me sentasse.

Eu só copiei matéria calado as próximas 3 aulas, ignorando total algumas indiretas que me foram lançadas, que eu estava namorando o "Gaybriel", que trocadilho mais podre.

Quando fomos liberados para o horário do intervalo, eu encontrei com o Gabe e fomos juntos para a fila do lanche, eu achei melhor não falar nada sobre Verônica ou as indiretas que recebi, eu já estava tenso o bastante e não queria piorar a situação.

 

- Não é amor? - Gabriel me perguntou.

- O quê? - eu estava distraído.

- Nossa, você está aqui ou em Marte? - Karina riu.

- Me desculpem, tive dobradinha de aula de química. - eu forcei um sorriso.

- Que merda hein. - Henry disse.

- Pois é. - eu concordei.

 

Terminamos o almoço, voltei pra sala e agora o relógio pareceu correr mais rápido do que nunca, a quarta aula passou voando, assim como a quinta e a sexta aula.

Quando finalmente o sinal tocou anuciando que poderíamos ir embora, eu me encontrei com Gabriel no pátio.

 

- Amor, deixa eu ir com você. - ele se agarrou ao meu braço.

- Já falamos sobre isso Gabriel. - eu respondi.

- Eu estou preocupado, sinto que algo está errado. - seus olhos estavam cheios, quase transbordando suas lágrimas.

- Ei, calma, por favor, não me deixa mais inquieto do que já estou. - eu pedi.

- E se ele bater em você? - Gabriel perguntou.

- Não será a primeira vez e nem a última. - Eu respondi.

- Eu não quero isso, por favor não fala mais nada. - as lágrimas molharam seu rosto.

- Gabe, não piora tudo, cadê a Karina? - eu perguntei.

- Eu não sei. - ele respondeu choroso.

Eu peguei o meu celular e liguei pra ela:

 

--------- Ligação On ----------

Karina: Oi.

Eu: Oi, cadê você?

Karina: To saindo do laboratório agora, aconteceu alguma coisa com o Gabriel?

Eu: Mais ou menos. Você pode vir aqui no pátio?

Karina: Claro, 2 minutos to aí.

Eu: Tá bom.

 

---------- Chamada Off ------------

 

Karina vinha mais do que depressa em minha direção.

- O que aconteceu? - Ela Perguntou abraçando o Gabriel.

- Ele não quer que eu fale com meus pais. - eu respondi.

- Gabriel, isso é algo que não pode ser evitado. - ela disse a ele.

- Eu sei, mas, eu sinto que algo ruim vai acontecer e eu não quero isso. - ele chorava muito e ver essa cena, fazia o meu coração doer, mas eu não queria chorar na frente dele, queria demonstrar confiança.

- Tenta acalmar ele, eu vou indo, se não vou perder o almoço dos meus pais. - eu disse olhando para a Karina. - Eu amo você e assim que tudo acabar, eu te ligo. - eu dei um selinho nele.

Ele me agarrou forte e eu podia sentir as suas lágrimas molhando a minha camisa.

- Eu também te amo e vou esperar por você. Por favor, assim que possível me mande uma mensagem. - ele pediu.

- É o que eu farei. Te amo. - eu o beijei de novo e ele ficou ao lado de Karina ainda chorando.

 

Eu podia sentir as lágrimas que segurei descerem pelo meu rosto, eu sentia a mesma coisa que Gabriel, que iria dar merda, e eu só queria sair vivo de lá.

Eu sentia que tudo iria desabar bem em cima da minha cabeça quando eu contasse, mas não tinha outro jeito.

O amor que Gabriel me fez sentir, me fazia ter a coragem necessária para contar aos meus pais, mesmo que isso significasse levar uma surra.

 

Foram os 15 minutos mais tensos voltando para a minha casa, eu peguei a minha chave na bolsa, abri o portão e vi o carro do meu pai e o da minha mãe estacionados na garagem, o que me garantia que eles estavam lá.

Meu coração acelerou, meu estômago começou a revirar, não tinha outro jeito, era agora ou nunca.

Eu coloquei a chave na fechadura, girei a maçaneta e quando enfim abri a porta, a cena que eu vi, me fez querer sair correndo de desespero:

Minha mãe chorava sentada ao sofá, meu pai me encarava de pé e Verônica estava ao lado da minha mãe sentada.

 

- O que está acontecendo? - eu perguntei assustado.

- O que está acontecendo? Eu que te pergunto Gustavo! - o meu pai berrou.

Eu pude sentir o meu corpo todo estremecer, eu fechei a porta e me sentei na poltrona.

A minha mãe levantou o olhar pra mim, ela chorava muito, seu rosto tinha lágrimas de rímel, seu olhar parecia gritar: "fuja!"

- Você contou, certo Verônica? - eu perguntei.

E antes que ela pudesse responder, o meu veio direto a mim na poltrona, eu quase me afundei dentro da poltrona.

- Então é verdade?! - Seu viadinho de merda! - ele dizia apertando o meu braço.

- Augusto não faz isso! - minha mãe Gritou.

- Cala a sua boca Jéssica! - meu pai gritou - então é verdade que você é uma bixinha que está namorando outra bixinha?! - ele gritava mais ainda.

- Sim! O nome dele é Gabriel e eu o amo! - eu gritei de volta e então meu pai me puxou pelo braço, me jogando com força no chão e antes que eu pudesse me levantar, ele me acertou um chute com força na barriga me fazendo gritar de dor.

- Para!!!!!!!!! - a minha mãe gritou.

- Parar?!! Eu sou um militar respeitado! Eu não posso ter um filho viadinho, andando com outro homem por aí de mão dada! Você é uma vergonha para essa família Gustavo! Seu porco! Você sabia que gays vivem com AIDS? - Ele puxou o meu cabelo virando a minha cara para que eu pudesse olhar para os seus olhos com fúria.

- Gente, eu contei para vocês para que pudessem ajudá-lo e não para que ele fosse espancado. - Verônica estava chorando.

- E você fez bem, agora some da minha casa! E você não viu nada aqui! - Meu pai gritou para a Verônica, que saiu em disparada pela porta.

- Augusto, pelo amor de Deus! Você vai machucar o meu filho! - Minha mãe gritou.

- É exatamente! Seu filho! Porque eu não tenho filho viado! Eu não tenho filho que é um viadinho. Você é uma vergonha! - ele berrava no meu ouvido.

- Você que é uma vergonha pra essa família, minha mãe não o suporta, já tentou separar de você por diversas vezes e você volta a perseguir, usando seu poder como militar para se livrar dos inúmeros boletins de ocorrência que ela fez contra você. Então, se tem alguém aqui que é uma vergonha não só para essa casa, mas para a sociedade, é você. - eu disse com dificuldade.

E aí eu o vi voando em cima de mim, com uma mão ele segurava os meus dois braços com a ajuda do seu peso e com a outra ele me esmurrava, no rosto, no peito, na barriga, aonde a mão dele pudesse me acertar.

- Você vai matá-lo! - a minha mãe gritava puxando ele, tentando tirá-lo de cima de mim, mas ela não conseguia.

O meu pai passou a me enforcar, e eu sentia a minha respiração ficar cada vez mais fraca.

- Solta ele pelo amor de Deus! - a minha mãe acertou cadeira da cozinha nas suas costas e ele urrou de dor me soltando.

Ele a pegou pelo braço, e a jogou no chão, bem do meu lado.

Eu tentei me levantar, mas eu não tinha forças o suficiente, eu sentia o gosto de sangue na minha boca, sentia sangue escorrendo do meu nariz.

E um filme passou na minha cabeça, eu me lembrei de quantas e quantas vezes, a minha mãe mentiu sobre mim, para que meu pai não me batesse.

Quantas vezes ela mentiu para que não fosse agredida.

Lembrei-me os motivos para eu ser tão cauteloso, por ter medo de confiar, não só em mim, mas todos a minha volta, lembrei-me o motivo de ter tanto medo de ser quem eu era, lembrei-me que quem me causava tudo isso, era o meu próprio pai.

Quando era pequeno, eu não poderia chorar, porque eu sei que isso é fraqueza aos olhos dele.

Eu fui forçado a fingir varios sorrisos, fingir que estava bem todos os dias da minha vida.

E quando encontrei meus amigos, eles se tornaram o meu refúgio, e quando encontrei o Gabriel no shopping, aquele dia, ele se tornou a minha âncora, mesmo que distante, eu o amei desde aquele lindo dia.

Quando nos beijamos eu renasci, junto com ele. Mas agora, deitado sobre o tapete da minha sala, tudo havia ficado pequeno, eu fechei os meus olhos e escutei barulhos de viaturas, gritos e eu não conseguia enxergar direito.

- Chama uma ambulância! Coronel Augusto, o senhor está preso! - uma voz falava ao fundo.

- Gustavo?! Gustavo! - era Gabriel gritando ao fundo.


Notas Finais


Peço desculpas por qualquer erro que tenha passado despercebido ❤️
Hoje temos dobradinha e o capítulo novo sairá entre 21:00/22:00 horas tá bom?
Beijos e um bom domingo pra vocês meus amores!


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