“Estou tão cansada de estar aqui
Reprimida por todos os meus medos infantis
E se você tiver que ir, eu desejo que você vá logo
Pois sua presença ainda permanece aqui
E isso não vai me deixar em paz
Essas feridas parecem não querer cicatrizar
Essa dor é muito real
Há simplesmente tantas coisas que o tempo não pode apagar
Quando você chorou eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou eu lutei contra todos os seus medos
Eu segurei a sua mão por todos esses anos
Mas você ainda tem tudo de mim
Você costumava me cativar pela sua luz ressonante
Agora eu estou limitada pela vida que você deixou para trás
Seu rosto assombra meus únicos sonhos agradáveis
Sua voz expulsou toda a sanidade em mim”
My immortal- Evanescence
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A manhã estava clara e brilhante sobre Konohagakure, a Vila Oculta da Folha, finalmente o dia da nomeação oficial de Kakashi-sensei havia chegado. Não que o mesmo já não estivesse atuando como o mais alto líder da vila, mas a cerimônia selaria oficialmente a posição.
O sol iluminava o dia, refletindo-se nas paredes de pedra da sede do Hokage , criando uma atmosfera de esperança e renovação. O Grande Salão, localizado na base da imponente Montanha dos Hokages, estava decorado com bandeiras e emblemas da vila, pendurados em símbolos de força e unidade. A primeira etapa para a posse era a reunião com os líderes das outras vilas, jounins, ninjas de alto nível e cidadãos proeminentes. Como ainda não estava reintegrado a sociedade, não foi convidado a participar, sendo obrigado a aguardar do lado de fora.
Os cidadãos já haviam se amontoado ao redor da sede, e a solenidade começou com uma parada dos ninjas de elite da vila, incluindo os membros da Anbu e os jounins de destaque. Eles marchavam em formação, representando o poder e a coesão da vila. Ele estava entre eles, mesmo a contragosto de alguns que o olhavam com desprezo e um pouco de hostilidade. Detestava ter que participar daquilo, mas pelo sensei que tanto o ajudou poderia enfrentar as carrancas.
Exceto por olhos esmeraldinos que o fitava com um ar de tristeza, ele não poderia lidar com aquilo naquele momento, muito menos com o tagarela do seu amigo, que sorria sempre que virava o rosto em sua direção. Estava realmente exausto, e após sua chegada a vila preferiu ficar em seu apartamento descansando e dormindo o máximo que seu corpo solicitou.
Na fileira em que se encontrava pode ver o momento em que a quinta hokage, Tsunade–sama, se aproximou de Kakashi-sensei entregando o manto e o chapéu de Hokage, que foi preso sobre seus ombros gentilmente pelo herói da folha, enquanto o homem de cabelos acinzentados se virava para a multidão dando um passo à frente, e finalmente colocando o chapéu na própria cabeça. Ao seu lado, além de Naruto, estava Shikamaru que mantinha uma pose séria e contida. O novo Hokage foi aclamado pelos cidadãos a base de estridentes aplausos, e quando estes cessaram pode realizar o discurso.
Falou sobre os desafios enfrentados no passado, as vitórias, a esperança para o futuro e lembrou a todos daqueles que partiram em troca de uma vila que usufruiria da paz. Sua voz cheia de convicção encheu seu coração de orgulho, e esse sentimento Sasuke sentia muito pouco. O novo líder fez um discurso sincero, prometendo proteger a vila e continuar trabalhando para garantir a segurança e a prosperidade de todos. Suas palavras eram cheias de determinação e otimismo. A multidão respondia com aplausos e encorajamento. Após a transição formal, o novo Hokage fez uma homenagem aos predecessores, destacando suas contribuições e legados, atitude em honra a esses líderes que ajudaram a moldar a vila.
Após todos os trâmites, oficiais foi empurrado por aldeões espalhafatosos que queriam aproveitar o dia de festividades. Movido pelo ímpeto de se afastar da jovem Kunoichi que tentava alcançar seu espaço, virou-se para voltar ao apartamento para reabastecer seus itens de viagem, estava mais que ansioso a retornar ao seu autoexílio, embora ainda tivesse algo a cumprir.
Ele não queria conversar com a jovem rosada, sentia que a estava prendendo de alguma forma, ela precisava seguir em frente, o superar... Por isso havia parado de responder suas cartas, e em razão disso seus passos eram firmes e apressados agora. Ainda não estava pronto para encarar a face da colega. Como poderia ele dizer para ela que ambos precisavam seguir em frente?
- Sasuke, você voltou e parece estar fugindo novamente hãn?...- A interceptação foi certeira e ligeira. A pergunta retórica era apenas uma constatação, fosse pelos anos de convivência ou por sempre ter sido observado por ele, Naruto o conhecia, isso era inegável. O olhou secamente continuando seu caminho a passos mais lentos. - Bem vejo que continua muito tagarela afinal...
- Diga o que quer. - Pela primeira vez vislumbrou o braço enfaixado do shinobi com mais atenção, e sentiu uma fisgada dentro de si, era culpa dele...
Há algum tempo Naruto insistia em dizer que o havia perdoado, entretanto perdoar a si mesmo era uma história diferente. O sofrimento que ele causou ao amigo estaria estampado para sempre, para que todos vissem o quão desprezível ele tinha sido...ele era.
- Fico feliz que tenha aceitado o pedido de Kakashi-sensei, mas pelo que vejo iria sair sem conversar com seus amigos. - Ele continuou já que o silêncio e sua inexpressão continuavam ali, a verdade que não poderia pôr em palavras o que pensou no momento em que recebeu o chamado. Ele nem deveria estar ali, mas sentiu que precisava dar um passo adiante.
Naruto parou abruptamente colocando a mão em seu peito o fazendo parar e olhá-lo nos olhos, como dois oceanos profundos, estavam agora enegrecidos com um fisgar de raiva.
“Ele conhecia aquele olhar. "
- Acontece que eu queria ter ido ao seu encontro, mas Hinata se ofereceu para ...para ...bem ...fazer isso...e ... cara ...fala sério, porque ela iria fazer isso? Não é como se vocês fossem grandes amigos... e... eu ... - O complemento de seu raciocínio ficou perdido com algo que acontecia atrás de si, então virou-se e viu a jovem Hyuuga muito vermelha sendo espremida por Kiba e Shino. Observou a cena voltando os olhos para seu amigo tagarela que sustentava um ar de descontentamento, com uma testa franzida e os lábios um pouco curvados para baixo.
- O que quer dizer com ela ter se oferecido? - Seja lá o que ele pensava naquele momento não importava, contudo, a sua curiosidade aguçou com a forma com que Naruto cuspia as informações.
“Por que a Hyuuga tímida estava tão empenhada em ficar longe da vila? “
Em sua conversa mais cedo com Kakashi, ele solicitou especificamente que quando Hinata saísse da vila, acompanhasse as atividades dela, e com o pedido que ela fez na torre do Hokage, era evidente o que precisava fazer. Apenas uma pitada de fragmentos desleixados quando partisse. Não era uma aritmética difícil, porém ainda não havia analisado com cuidado os motivos dela ter ido ao seu encontro, mesmo estando com Sai... Era realmente uma atitude peculiar.
“A não ser que tivesse a ver com ...”
-Esquece. - Naruto seguiu andando com as mãos nos bolsos e a cabeça levemente abaixada. - Sasuke, - O loiro se voltou para ele sorrindo. - Foi muito bom te ver.
Algo surgiu em sua mente enquanto observava pela primeira vez o louro desistir de se fazer ser compreendido, aquela postura era parecida com a de sua colega de equipe há alguns anos quando após muito tempo o evitando e o olhando com certa mágoa, questionou qual era a sua relação com Karin Uzumaki. Ela afirmou que achava que ambos estavam namorando, ele riu dela internamente, mas por fora manteve sua capa fria e distante ao mesmo tempo que sentindo ser seu dever, explicava a natureza de sua relação com a companheira da extinta equipe Taka. Ele a usou assim como os outros em sua busca cega por vingança e contribuição. E se ele ainda estava de pé andando “livre” era porquê pessoas não haviam desistido dele, e uma dessas pessoas era o animado amigo loiro.
Observou as costas do amigo cada vez mais longe, enquanto meninas davam gritinhos tentando chamar a sua atenção, ele nem sequer as cumprimentava de volta. A névoa que circulava por ele poderia estar diretamente conectada com o estranho comportamento da Hyuuga. Eles sempre foram próximos, todavia, esse enigma não fazia parte de sua ossada. O outro ainda se estendia a sua frente...
“Por que era importante ficar de olho nela? “
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Prostado ao lado de outros ninjas importantes, assim como da vovó Tsunade, do alto do grande salão conseguia ter uma visão privilegiada do Uchiha em um canto acuado enquanto recebia olhares furtivos, mesmo em sua tentativa de manter a postura vertical endurecida, era visível o desconforto. A cena era engraçada, as caretas que ele fazia parecia estar com dor de barriga. Foi impossível não rir um pouco do amigo. Do outro lado, estava Hinata complementando a formação do time oito. Sua pele brilhando sob o sol. Algo se chacoalhou dentro dele quando ela colocou o cabelo atrás da orelha o fazendo cintilar. “Linda.” Foi o que pensou quando encarou a cena.
Logo seu momento chegou e precisou colocar-se mais a vista da multidão prendendo sobre os ombros de Kakashi-sensei o manto de Hokage. Estava orgulhoso do mestre, e um dia estaria no mesmo lugar do ninja copiador. O seu momento chegaria, porque seu sonho seria alcançado, sentia isso dentro de si, o lembrando de todo o seu esforço e o que mais viria pela frente. Seguiria focado até esse dia chegar.
O discurso foi realmente impressionante, o homem enigmático e às vezes obtuso sabia mesmo como falar com as pessoas. Por um momento enquanto retumbava o emaranhado de dizeres e aplausos ocorria, suas elucubrações o levou para o momento que vivenciou na torre do hokage, quando sentiu vontade de fazer algo bem estúpido ao conversar com a jovem Hyuuga.
Estava com saudade dela, de sua energia, de como ela sempre o tratava com respeito, rindo de suas péssimas piadas, o incentivando, um tipo de saudade que doía. Não que ele não soubesse o que era se sentir assim, entretanto aqueles que causavam esse sentimento estavam permanentemente ausentes. E o que sobrava eram reflexões sobre o que não viveriam ou a nostalgia do que viveram. A saudade que ele sentia da amiga era diferente, porque apesar de estarem a poucos metros de distância, a sensação era que estavam a milhares de milhas um do outro. Do alto do grande salão, tentou manter contato visual, porém ela sempre desviava os olhos perolados, observando tudo, menos ele.
Antes da cerimônia começar, assim que foi dispensado da reunião com os líderes de outras vilas, procurou por Sai para perguntar o que ele sabia sobre o pedido de Hinata, e o encontrou perdido na saliva da Yamanaka em uma ruela deserta. Shikamaru que era sua segunda opção, fez questão em dispensá-lo informando que precisava conversar com Temari. Justamente quando precisava dos amigos todos estavam ocupados. O Hokage não lhe dava respostas, e após o evento em seu escritório se tornou ainda mais frio recusando recebê-lo, e mesmo durante a cerimônia o contato que tiveram mais próximo foi na entrega da capa. Restando assim, confrontar o reservado Sasuke.
A conversa foi breve, queria apenas cumprimentá-lo, entretanto seu foco era entender se o amigo tinha mais detalhes dos motivos de Hinata estar agindo daquela forma, solicitando missões abaixo de seu nível, mas principalmente, ter se oferecido para ir ao encontro dele. Óbvio que rastreá-lo não seria fácil, e ela com seu doujutsu poderoso poderia fazer o trabalho em menos tempo com maestria. Ainda assim, não era como se somente ela pudesse realizar o serviço, havia outros rastreadores que poderiam ir em seu lugar.
O solavanco em seu estômago o deixou enjoado com o leve pensamento que o calculista proprietário do sharingan obteve mais atenção de Hinata do que ele nos últimos dias. Cenas de ambos conversando alegremente dançaram em sua mente, fazendo seus olhos se estreitaram como de uma raposa.
“Antes sentia saudade, agora... “
Anos atrás havia sentido aquilo quando o amigo era constantemente elogiado pelos instrutores da academia, ou pelas meninas que viviam correndo atrás dele, só que naquele tempo o que sentia fazia com que se motivasse ser cada vez melhor para que um dia pudessem batalhar lado a lado como iguais. O que sentia agora era uma espécie de ciúmes diferente.
O caminho percorrido por ambos foi intenso e longo, enquanto, Naruto buscava superar suas dificuldades e provar seu valor para a vila, Sasuke buscava poder e habilidades para alcançar seus objetivos pessoais. O que aconteceu na batalha do Vale do Fim resultou na perda do braço de ambos e o início de um novo ponto na relação deles, apesar de tudo não podia controlar o sentimento que aflorou com tais pensamentos.
Seu instinto o alertava freneticamente, algo estava errado, porque era muito evidente que Hinata queria ficar longe da vila. A pergunta era o por quê?
A resposta de Sasuke para seu questionamento flutuou no ar quando do lado oposto viu a face vermelha com traços delicados sendo apertada em uma demonstração pública de afeto por Kiba. Desviou os olhos se voltando para os escuros de Sasuke que pareceu confuso com a mudança repentina de sua atitude. Logo sua postura foi trocada por uma mais desleixada, seu consciente deixou escapar o que foi fazer, os motivos não importavam, e a falta de interesse do amigo fez com que ele apenas se virasse para longe.
O desconforto de não encontrar o adorável sorriso da Hyuuga em seu caminho era penoso, e observar as faces vermelhas que um dia havia sido para ele, enrubescer para outros, o perturbava. Em seu trajeto algumas meninas o pararam convidando para apreciarem uma refeição no Ichiraku Ramen, o que recusou elegantemente. Prosseguiu entre os aldeões que comiam e comemoravam.
Seu caminho foi entrecortado pela sombra rósea de sua companheira de equipe que parecia tão triste quanto ele, pelo jeito a presença de Sasuke a abalou. Gesticulando ela falava coisas sem sentido, nem o havia cumprimentado adequadamente, andava de um lado para o outro falando sobre a noite do Yakiniku q. Precisava se concentrar, ainda estava preso na cena anterior de demonstração pública de afeto. Lançou dois tapas no próprio rosto acordando do transe.
- Naruto! Você está entendendo? - O apelo juntamente com seu próprio tapa o fez retornar para a situação a sua frente.
-Sakura-chan na verdade ...desculpa eu... - Não havia mesmo prestado atenção no que ela dizia, ele queria conversar com ela sobre a bebedeira na churrascaria, mas nunca encontrou o momento oportuno. Ela estava sempre no hospital, ou com Ino a tira colo. No final achou melhor dar o espaço que ela precisava.
- Está com a cabeça nas nuvens? - Colocando as mãos na cintura ela começou seu relato novamente.
- Aquele dia na churrascaria, eu tomei apenas dois copos de saquês, como sabe eu tenho muita resistência a álcool, e a reação foi rápida..., mas duradoura. - Nesse momento ela voltou a andar de um lado para o outro gesticulando para o ar quente. - Dormi o dia todo, e não fui capaz de retornar ao hospital. Quando expliquei a Shizune o que havia acontecido, eu nem sequer me lembrava de ter ido para a casa...
- Eu... - Naruto tentou complementar, porém a rosada prosseguiu ignorando e focando em seu relato.
- Sim você me levou, a Ino me disse...enfim... foram solicitados exames e constatamos que em minha corrente sanguínea havia vestígios de um sonífero, e como somente eu tive esses sintomas, acredito que ...
- Você foi drogada? - A realidade das palavras de Sakura o fizeram acordar de seus devaneios. - Quem poderia fazer algo contra você? - O choque estampou o rosto do shinobi que não podia acreditar que alguém havia realmente feito isso com um membro dos onze de Konoha.
- Eu me fiz a mesma pergunta... - A voz dela se abaixou em um sussurro de contenção a ira que já estava presente. - A resposta é tão óbvia.
- Você não está achando que eu...- Ela poderia mesmo achar que ele seria capaz de atentar contra o bem estar dela?
- IDIOTA! - O grito chamou a atenção de algumas poucas pessoas que passavam, os olhando com advertência. Suspirando entendendo que estavam sob olhos de um pequeno público em uma barraca de trabalhos manuais, ela prosseguiu. - Você não, mas... talvez uma de suas fãs loucas, desde que os boatos do suposto namoro começaram a correr tenho recebido olhares aterrorizantes de garotas que adorariam andar de mãos dadas com você.
Naruto ficou atordoado, aquilo estava muito perigoso, realmente, ele mesmo as vezes sentia os olhos de ódio de algumas delas quando recusava seus pedidos para sair, ou quando recebia alimentos e para que não estragasse doava para algumas crianças ou aldeões que viviam sozinhas na parte afastava da vila. Contingentemente, devesse começar a refutar a fofoca com maior afinco, por vezes ele tentou dizer que era um boto falso, entretanto, acabava sempre deixando no ar as afirmações. Em seu íntimo achava que era nada demais, e poderia utilizar como uma forma de se proteger de jovens mais ousadas.
- O que você quer que eu faça? - O questionamento era sincero, ele sentia que possuía um pouco de culpa no que aconteceu.
- Nada só... vamos tomar cuidado e evitar sair juntos por um tempo. - A tristeza inicial da médica ninja ressurgiu novamente, que não esperou a anuência de Naruto. - Ainda não sabemos com certeza qual substância utilizaram, ainda aguardo novos resultados.
- Sakura, eu sinto muito por isso. - O pesar escapou de seus lábios.
- Não é sua culpa Naruto, de qualquer forma queria te contar para que você também tome cuidado... está bem? - Ela olhou para ele com o semblante agradável aceitando suas palavras. Não houve resposta de sua parte, e ela partiu para o meio da multidão.
“Algo estava muito errado”
Talvez ele devesse fazer exames para verificar se também tentaram fazer o mesmo com ele, embora em seu caso a recuperação seria rápida graças a Kurama. Agora com essa revelação, mais do que nunca evitaria comer qualquer alimento que recebesse daquelas meninas fanáticas. Não bastasse seu recente compreendimento do afastamento de Hinata quanto a ele, agora sua amiga havia sofrido uma espécie de atentado por sua culpa.
Precisava desanuviar o pesar de sua vida, e o melhor lugar seria sobre aqueles que carregaram o fardo de proteger a folha.
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A formalidade foi um momento de grande significado e emoção para os habitantes, celebrando a liderança e a esperança no futuro. O clima festivo tomou conta da vila. Comidas típicas eram servidas em grandes mesas ao ar livre. Apresentações de danças e músicas tradicionais animavam o ambiente. Alguns ninjas demonstravam suas habilidades em apresentações de jutsu e combates amigáveis, mostrando o poder e a habilidade que protegeriam a aldeia.
A jovem de cabelos pretos azulados caminhava ao lado de seus companheiros Kiba e Shino, ladeada por ambos enquanto observavam os aldeões aproveitando as festividades. Era bom estar ao lado de seus parceiros, era quase como se o time oito estivesse reunido em uma preparação para uma missão.
Estavam engatados em uma conversa com a recente revelação de Shino, após as explicações dos motivos pelos quais ele não pode se reunir aos companheiros no festival matsuri. O jovem de aparência distinta se preparava para as etapas do processo em se tornar um instrutor da academia ninja da folha. Hinata ralhou com Kiba por ele não ter dito na ocasião, entretanto Shino explicou que desejava contar pessoalmente a ela sobre sua decisão, então proibiu o Inuzuka em dizer qualquer palavra sobre o assunto.
Interessada em entender a decisão e todo o processo, escutava atentamente as etapas que o companheiro enfrentaria após ter preenchido o requerimento para admissão na academia de Konoha. Se surpreendeu quando ele disse que o exame final estava se aproximando.
Em seu coração uma pontada sinalizou que o time oito estava se desfazendo, o medo de perder aqueles momentos de descontração quando saiam em missões, ou quando retornavam e comemoravam no Ichiraku. Ela queria apoiar as decisões do amigo, que sempre foi leal e comprometido, por isso ouvia com cuidado tentando controlar os sentimentos que relutavam, passando a serem transferidos aos seus olhos em forma de lágrimas. Fez um esforço tremendo para controlá-las, as empurrando goela a baixo.
- Quais os critérios que serão avaliados Shino? - Kiba questionou enquanto observava uma barraquinha com algumas armas ninjas.
- Bem...vejamos... número um “amar a aldeia e querer ajudar a preservar a paz e a prosperidade” ...- Shino elevou as mãos enquanto contabilizava nos dedos os critérios. - Dois... “ter uma mente capaz de suportar o treinamento duro e trabalho “, e três “ser saudável na mente e no corpo...” - Shino manteve uma postura séria enquanto revelava os parâmetros.
- Sinto...como se .... estivéssemos nos despedindo Shino-kun... - Ela foi incapaz de deixar de sentir que estava perdendo o time oito. Era uma despedida afinal, mas talvez não o fim apenas um novo começo. Algum dia isso aconteceria, era impreterível.
- Hinata, não vai começar a ficar sentimental, ainda seremos o time oito! - Kiba lançou-se sobre ela a envolvendo em um abraço repentino seguido por Shino e Akamaru que pulava sobre eles latindo e rodopiando no lugar.
- Sim, sempre seremos o time oito. - Shino ressaltou abraçando ambos fazendo um sanduíche de Hinata.
Sorriu com o carinho súbito, eles sempre seriam sua equipe, mesmo que os caminhos os levassem a escolhas divergentes, ainda assim estariam para sempre conectados. O time oito era exemplo em apoio mútuo, e esteve ao seu lado enquanto crescia em confiança e autossuficiência. Eram parte de sua família construída a partir de suas escolhas individuais. Em seu coração ainda podia sentir vividamente os momentos que passou ao lado deles.
Sentia-se feliz pelo amigo, ele seria um excelente instrutor. Ela mesma havia ressaltado que Shino possuía inteligência, mente analítica e estratégica, qualidades necessárias para um sensei. Embora, ainda não conseguisse deixar de chatear-se com o fato de que as escolhas pesavam sobre eles, a vida seguindo seu fluxo como deve ser. Por um breve momento, pensou em que ponto estava.
O abraço dos parceiros afrouxou-se à sua volta, permitindo que o ar enchesse seus pulmões novamente. Do outro lado de sua posição, visualizou em seu campo uma figura em volta a uma penumbra com cabelos pretos sendo interpelado em uma conversa com o shinobi loiro. A realidade caiu sobre si quando percebeu que ambos os ninjas observavam a cena de demonstração pública de carinho. Alguns aldeões também observavam com caras fechadas em reprovação.
A incerteza se deveria seguir com o que havia pensado previamente, nublava suas contemplações, aquela seria uma medida apenas se o Sexto recusasse o seu pedido, mas agora que tinha total permissão para prosseguir, analisava os seus próximos passos. Tudo indicava que deveria ir em frente, as palavras de seu pai, a permissão de Kakashi-sensei, e ainda poderia aproveitar a oportunidade de seguir o Uchiha.
Poderia parecer estúpido, entretanto para ela fazia sentido, não estaria completamente sozinha e uma vez que se sentisse segura em alguma vila, ficaria por alguns dias antes de retornar. Talvez até pudesse contribuir com ações em prol do vilarejo que se instalasse.
- Então Hinata, vai sair novamente da vila? - Shino questionou enquanto caminhavam para uma barraquinha com deliciosos Takoyaki.
Não queria informar a natureza de sua saída, tampouco os motivos, muito embora eles já soubessem. Era apenas algo que não falavam abertamente. E após seu momento com Kiba na noite da churrascaria Yakiniku Q, o voto pétreo havia se tornado mais evidente.
Os dois companheiros de equipe sempre se posicionaram de uma forma mais dura quanto ao seu sentimento por Naruto, eles acreditavam que um dia ela o esqueceria, o superaria. Nenhum deles realmente achavam que o herói da folha merecesse alguém como ela, principalmente Kiba que passou anos tentando superar o jovem loiro. Havia momentos em que Hinata achava que o interesse que ele demonstrava por ela, era apenas mais uma forma de tentar superar Naruto.
- Eu acho tudo isso uma bobagem tremenda Hinata... - Kiba que estendia uma panqueca coberta de Nori para ela, foi silenciado pelo cutucão de Shino em sua costela. Ele sorriu sem graça dando uma enorme mordida na massa quente que havia acabado de sair da chapa.
- Irei retornar em poucos dias Kiba-kun, não quero que vocês se preocupem... - Mordeu a deliciosa porção, atenta aos passos do jovem de cabelos negros que caminhava para mais longe da agitação das festividades. - Quero agradecê-los por todo o tempo juntos, agora preciso ir ...- Hinata inclinou o tronco demonstrando respeito e gratidão aos companheiros que sorriram gentilmente.
- Se cuida. - Shino recomendou pousando uma mão em seu ombro direito.
- Escreva para nós Hina...eu...- Kiba deu um passo à frente enquanto Akamaru soltou um lamento. - Volte em segurança...por favor. - A voz do amigo soou triste, ele e Shino a conheciam tão bem, eram como seus irmãos, mas o Inuzuka sempre foi mais protetor com ela. Havia nas entrelinhas uma súplica não dita.
- Hai! Vou escrever e vou me cuidar! - Determinada foi como soou a sua afirmação. Roçou os pelos do cão imenso sentado educadamente entre eles e seguiu por entre as pessoas que se amontoavam para ver uma demonstração de jutsu de um dos jounin.
À medida que se afastava das aglomerações pode observar as cores arroxeadas que iluminava o céu indicando que as comemorações logo chegariam ao fim. A luz sobre as nuvens transformava em pinceladas de cor brilhante, criando um contraste impressionante. Toda a festividade simbolizava o início de uma nova época para a aldeia. Enquanto todos observavam o espetáculo criado pelos fogos de artifício, que selava o fim de uma era e o início de outra, deixando subentendido o senso de gratidão pelo que passou e responsabilidade pelo que viria, ela seguia por seu caminho estreito, aparentemente escolhido por si mesma.
Em um piscar estava na árvore onde seus mantimentos e instrumentos a aguardavam, arrumados minuciosamente no dia anterior quando retornou ao complexo Hyuuga. O descanso em sua cama confortável após tomar um banho demorado e merecido, foram essenciais para restabelecer suas energias.
Lastimavelmente não conseguiu despedir-se de seu outo-san, ele não estava no complexo quando chegou e ao partir ele ainda estava descansando. Mesmo assim fez questão em deixar um bilhete informando que seguiria o conselho e se afastaria do que a deixava triste. Pelo menos pôde passar um tempo com Hanabi, que compartilhou algumas de suas novas abordagens de treinamento. Entre todos com certeza sua irmãzinha era a que mais ansiava por seu retorno e sofria com suas partidas.
Jogou a mochila nos ombros ativando o Kekkei Genkai, aguardando poucos minutos até que avistou a sombra que se movia com rapidez. Uma vez que o localizou era hora de partir.
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A sala espaçosa continha uma certa penumbra quando vista a noite. A mesa grande de madeira escura estava forrada com documentos importantes, pergaminhos e relatórios que precisavam ser revisados. Nem mesmo seu retrato oficial estava pronto e já se via imerso em tomadas de decisões que não poderiam aguardar até o dia seguinte. Sentado em sua cadeira confortável e sofisticada observava o documento entregue com sigilo pelo líder de inteligência da vila.
O homem intimidante a sua frente observava atentamente suas expressões enquanto o mesmo seguia com a sua expectativa estampada no rosto sob a faixa comumente utilizada no alto de sua cabeça. A face mais sombria e complexa do papel dos shinobi na administração e proteção da Vila Oculta da Folha estava em pé a sua frente solicitando agir. Sua dedicação ao seu trabalho e suas habilidades excepcionais eram notáveis, no entanto precisava conduzir a situação com cautela. O sorriso leve dele lhe dizia claramente sobre suas intenções, e nisso estavam em desacordo.
- Ibiki, compreendo o que diz e o que esse relatório insinua, porém não iremos arrastar pessoas para interrogatórios ao seu pleno prazer. - A dor e incredulidade transpassou os olhos do notório especialista em obter respostas da folha. As cicatrizes, resultado de seu treinamento e experiências em inquéritos, atenuaram-se quando o ambiente foi preenchido por sua oposição. O que o homem solicitava era absurdo naquele momento, mesmo tendo em mãos reveladoras atividades.
- Mas Senhor Sexto... - O sorriso do homem morreu no mesmo instante que as palavras chegaram aos seus ouvidos.
Enrolou o pergaminho cuidadosamente abrindo uma gaveta com sua chave que descansava em seu bolso, o trancando para que curiosos não tivessem acesso as informações. Precisava avaliar os riscos, e principalmente carecia de mais elementos para que o quebra cabeça fizesse sentido. Antes de qualquer decisão era estritamente necessário avaliar possíveis sulcos diplomáticos, assim como os conflitos internos que poderiam evoluir para algo mais grave.
Antes de qualquer decisão, estava determinado a reunir o máximo de informações possíveis, a história, motivações, alianças e qualquer vínculo com outras atividades suspeitas. Definir o que fariam depois, seria inevitável, entretanto ainda assim precisaria do apoio e consentimento do conselho. Caso se tornasse um problema de segurança nacional então acataria o pedido de Morino.
- Obrigada por seus serviços, no momento vamos continuar vigilantes. - Firme o Hokage lançou as palavras para o ninja que franzia o cenho em desacordo.
Quaisquer que fossem as consequências ele responderia sozinho, precisava garantir a segurança de todos, no final a decisão recaia apenas sobre seus ombros. Esse era o fardo de ser o líder, avaliar quando agir evitando o máximo de danos pelo caminho.
- Bem...A Hyuuga e o Uchiha já saíram da vila Senhor. - A desafeição ao informar o sobrenome de seu ex aluno era iniludível.
- Certo. Ótimo. - Com um gesticular de mãos Kakashi dispensou o homem que fez uma exagerada reverência ao se retirar de sua sala.
Rolou a cadeira para o Monte observando o rosto dos hokages, a expressão serena daqueles que sentaram em seu lugar assim como fazia agora, todos em algum momento precisaram tomar decisões difíceis.
Observou o rosto para sempre gravado na grande montanha de seu próprio sensei, o herói que sacrificou sua vida para salvar a vila do ataque da Nove-Caudas. Em suas mãos seu maior legado ainda se fazia presente, o espalhafatoso Uzumaki. Não conseguiu reprimir a pergunta que forjou dentro de si: “O que o quarto faria em seu lugar?”
O seu mentor e amigo marcou para sempre sua vida, e seu legado ainda perpetuava em suas ações, fruto dos ensinamentos do homem que o encarava de volta com seu rosto cravado na grande pedra. Contudo ele não estava mais ali para responder, era a vez dele decidir como prosseguiria.
“Era irrevogável.”
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O breve encontro com Naruto o fez ficar ainda mais curioso com os movimentos da Hyuuga. O Hokage não lhe deu muitos detalhes, apenas informou que deveria estar atento aos passos dela, seu questionamento do porquê daquele pedido foi respondido com a promessa de que no tempo certo tudo seria explicado. No que ela havia se metido era um mistério, assim como a atitude repentina de seu amigo em desistir de se fazer entendido. Coisas demais para lidar em um curto espaço de tempo, e fugir da jovem rosada entrou em sua extensa lista de situações que procurava evitar com sua visita a folha.
Assim que se viu deixado para trás pelo companheiro de time, seguia para seu apartamento quando sentiu cair sobre si os olhos verdes da jovem que simplesmente não desistia. Encostada em uma das barraquinhas, estava acompanhada de outra kunoichi, uma ninja alta com cabelos longos e lisos, que poderia ser muito competitiva quando o assunto era a colega de cabelos rosados. Ela se movimentou, mas a loira ao seu lado segurou seu braço a fazendo parar no meio de seu movimento. Ele podia ver tudo isso, mesmo sem girar a cabeça na direção dela.
Aumentou as passadas duras rumo ao seu apartamento na área mais isolada da vila. O espaço era simples e austero, a mobília mínima e funcional, onde tudo estava organizado, assim como sua mochila de viagem. Passando a capa pelos ombros a prendeu firme, verificou a Kusanagi empunhando firmemente em sua mão para então depositá-la na bainha. Saiu para a noite sentindo a brisa fria bagunçar seus grossos cabelos.
Como era de se esperar, a jovem de cabelos negros azulados estava furtivamente a sua cola o seguindo por cima das árvores na noite que corria adentro. Era irritante estar sendo seguido, entretanto se ela não viesse ele teria que cumprir esse papel, tudo conforme Kakashi havia conjecturado.
As poucas horas que havia ficado na vila pode ouvir com maiores detalhes as fofocas sobre o herói da folha estar namorando a intempestiva Haruno. Era ridículo, e ele desacreditava com afinco. Nada mais do que conversa de gente desocupada. Desde que ouviu a conversa entre Hinata e Sai sobre o assunto, quis ficar em alerta para o que as pessoas andavam dizendo de seus companheiros de equipe. Odiava futricas, e quanto mais absorvia do assunto, mais julgava ser infundados os rumores. Teve uma mulher mais velha que informou com muita certeza, a uma jovem que comprava em sua barraquinha, que Naruto e Sakura estariam noivos.
“Bobagem.”
Foi o que assimilou assim que tal afirmação percorreu o espaço, contudo o principal fato que o fazia desacreditar da rede de telefone sem fio que agora predominava em Konoha, era que caso fosse verdade Naruto não teria hesitado em contar as boas novas assim que o viu na torre do Hokage. A rosada sempre foi um ponto de disputa entre eles, o loiro não perderia a oportunidade de esfregar seu “ganho”. Em suma, não passava de uma fofoca de mentes e bocas ociosas. Era absolutamente intragável.
Outro fator que o fazia questionar a veracidade daquele relacionamento, foi a demonstração de incômodo que seu parceiro demonstrou assim que a imagem da jovem Hyuuga chegou em seu campo de visão. O brilho escuro que percorreu os azuis, o fez olhar para onde ele observava, para encontrar a imagem de uma jovem vermelha como uma beterraba, sendo imprensada pelos meninos do time oito. Conhecendo o amigo, provavelmente ele não estava muito ciente do sentimento que o tomou naquele instante. O conhecendo diria que em uma escala de zero a dez, zero seria o mais próximo da ciência das próprias emoções.
“Ciúmes”.
Ele já havia experimentado aquela sensação, em todas as vezes que tentou superar o Uzumaki, que frequentemente recebia reconhecimento e admiração dos outros, assim como o que acontecia agora, após a guerra. Na primeira vez que percebeu que Sakura havia se moldado a dinâmica do espevitado garoto, mesmo suprimindo, as vezes era exprimido em suas ações, como o que aconteceu mais cedo com Naruto.
Dentro de si, em um lugar que sempre predominava a sua personalidade, existia um ímpeto de deixar a garota Hyuuga para trás, talvez pudesse lançar um genjutsu enquanto desaparecia nas grossas folhagens, contudo as palavras do sensei pareciam ter sido tatuadas em seu cérebro, e a todo instante pegava-se pensando que no final seria mais um passo em movimento a favor de sua reintegração a sociedade ninja, não permitindo que cedesse aos impulsos primitivos de seu ser mais íntimo.
“Mantenha Hinata por perto, qualquer movimentação incomum comunique. “
Direta e certeira foi a frase do líder da folha. Questionava a procedência da ordem que poderia ter sido dada a outro ninja, aparentemente não queria chamar a atenção, ou talvez ele tivesse habilidades para contê-la caso necessário.
A noite se aproximava da hora do lobo, por isso resolveu montar um acampamento, buscando um local seguro, longe de áreas propensas a inundações, deslizamentos de terra ou quedas de árvores. Espalhou os itens para a montagem certificando que a barraca, varetas, estacas e cordas estavam presentes. Verificou diversas vezes se a mesma estava esticada e firme, e no seu ritual sentia os pares de olhos perolados a uma certa distância o observando. Partiu a procura de gravetos e madeira seca para a fogueira, aguçando seus instintos para próximo da árvore que farfalhava com o peso em um dos galhos.
- Hinata! - A chamou sem levantar os olhos para sua direção. - Venha.
Sem resposta ou qualquer sobressalto a jovem Hyuuga desceu em sua direção elegantemente pousando no solo quando pulou da árvore onde repousava.
“Ela sabia que ele havia percebido sua aproximação. Óbvio. “
- Oi Sasuke-kun...- A doce e baixa voz da garota saiu quase como um murmurar, era um pouco incômodo estar na floresta tão tarde ao lado dela.
Queria acrescentar algo aquela situação estranha para ambos, porém não tinha muito o que dizer, talvez com um pouco de sutileza conseguiria descobrir no que ela havia se metido. Uma coisa que ele sabia muito bem sobre a jovem, é que ela não estava habilitada a mentir, em algum momento obteria suas respostas.
O silêncio era reconfortante entre eles, enquanto caminhavam de volta a clareira. Hinata sentou-se sobre um tronco de árvore para que compartilhassem uma refeição trazida por ela, uma espécie de Agedashi Tofu que ao morder gostou muito do tempero. Um dom que ele anotaria em sua curta lista de coisas que sabia sobre ela. De soslaio a viu fixamente observando as chamas dançarem sobre os galhos secos, o brilho vermelho espelhado em seu olhar. A achou abatida, triste até.
- Hinata. - Sua voz grave a fez elevar o rosto em sua direção. - A barraca é sua.
- Sasuke-kun, eu posso dormir...
- Sem discussão. Irei dormir aqui. - Ele apontou para o saco de dormir que estava encostado ao lado de seu próprio tronco de madeira que utilizava como um banco. Voltou o rosto para a jovem que agradeceu silenciosamente, caminhando entrou vagarosamente na tenda fechando o zíper da entrada.
A sombra da silhueta da jovem se dissipou assim que o único ponto de luz se apagou. Pelo canto dos olhos pode ver que a mesma estava imóvel deitada de lado abraçada a algo, talvez um suvenir utilizado para contribuir com seu sono.
Aconchegou o saco de dormir olhando para cima observando o comportamento de algumas estrelas, que brilhavam despreocupadamente por cima de suas cabeças. O silêncio era apenas quebrado pelo vento que sussurrava com as folhas a sua volta.
Fortuitamente a presença dela em seu espaço não estava sendo tão ruim, talvez pudessem conviver bem por alguns poucos dias.
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