– Epílogo de prólogo –
… No final, eles dizem que não há mais esperanças…
Todos correm, apenas a poeira permanece, deixando vestígios do que outrora existiu. Não há esperanças mais. Todos fugiram, porque sabem que é impossível vencer o mau… Todos correm para uma única direção, em desespero.
Nessas horas, o que há para se fazer? Chorar? Tremer de medo? Rezar para algum Deus salvá-lo dessa situação. Sim, pessoas podem fazer isso; apenas isso… No entanto, alguma hora, não haverá mais para onde correr, ou onde se esconder.
Por isso… O mundo precisa dos heróis. O mundo precisa que os heróis corram contra a multidão. Atravesse-a e enfrente o perigo do qual as pessoas fogem! Um herói é aquele que nunca desistirá; que não se esconderá e que, quando tudo parecer perdido… Um herói vai ser o que vai pisar no campo, olhar nos olhos do vilão e falar: “Nada está perdido… Eu estou aqui”.
Midoriya sempre acreditou nisso. Desde sua falta de individualidade, seus anos na UA, seu romance com sua atual esposa e até agora, quando o mesmo já tem filhos.
… Ele sempre foi o herói que correu rente à multidão. Sempre foi ele que protegeu os inocentes dos males da Terra. Foi antes… E agora, ainda será. Há muito em jogo para, simplesmente, deixar tudo se perder agora. A guerra levou-o até onde o mesmo está hoje… Ele terminará essa guerra, e fará o bem prevalecer!
Os olhos esmeraldas de Izuku encararam a poeira se abaixando a sua frente, o martelo aperando-se em sua mão.
Era agora ou nunca.
Ele era o bem, ele era o mau.
… Se ele vencesse, o bem prevaleceria. Se não, então o mau ganharia.
E não… Ele não vai perder!
Parando um segundo, a poeira praticamente desaparecida quase por total, Izuku tirou para lembrar-se do caminho que levou-o até onde ele está pisando agora. Um dia comum, não muito ensolarado, mas também não muito nublado… O dia em que as nuvens brilharam, e ele encontrou o seu destino.
– Anos atrás –
“Você não pode ser um herói, não sem uma individualidade…”
Essas palavras foram como lâminas na hora que saíram da boca do Símbolo da Paz, lâminas que até agora perfuravam infindáveis a carne de Izuku. Fazia anos que o garoto não sentia-se tão abatido com a vida, tendo esse atual dia como o 2° pior dia de sua vida—o pior, claramente, sendo o dia em que ele descobriu ser um insensato—ah, aquele dia… As lágrimas do esverdeado transformaram, quase literalmente, seu colchão em um colchão d’água.
Brincando com os dedos, olhos pesados e pernas desconexas do mundo, o de olhos esmeraldas custava a tentar prestar atenção em qualquer coisa. Seus dedos não eram interessantes o suficiente, seu caderno recentemente queimado por Bakugou mal dava para ter sua primeira página lida e, por fim, o caminho que ele fazia não importava muito… Não quando sua vida perdia totalmente o rumo. Raiva quase chegou a consumi-lo, a miséria e injustiça tão densas que o mundo colocou-se contra si, mas que não passaram de pensamentos fúteis, quando o mesmo soltou um suspiro nada feliz. Sem perceber, ele já se encontrava fora do prédio, as mãos nos bolsos da roupa escolar e de cabeça baixa, andando pelos becos do centro comercial, como dito antes, sem rumo.
… Só… Por quê? Ele sabe que não há muitos por aí com a determinação que ele tem—com a bondade que ele sente tanta vergonha de admitir que tem—ele tem muitas virtudes. Virtudes que todo herói precisa ter… Apenas… Não tem força. Ele tem tudo menos a força. Tudo menos uma individualidade… Algo tão simples; algo que, atualmente, 80% da população mundial tem. 80% de doze bilhão de pessoas! Isso são, de fato, nove bilhões e alguma coisa de pessoas no mundo inteiro que tem individualidades… E, uma parte considerável, são pessoas vilanescas… Pessoas com fortíssimas individualidades, que só querem o mal, e não tem nada a perder!
… Lágrimas começaram a formarem-se no canto de seus olhos, enquanto o mesmo se afundava em pensamento, abaixando a cabeça e acelerando o passo. O céu pareceu seguir seu humor, o nublado se fechando cada vez mais.
Ele tinha tantas chances! Ele podia ter sido um grande herói, se tivesse uma única individualidade! Não importa o que era, só tinha de ser uma individualidade… Que eu cuspa fogo, que eu mova pequenos objetos—infernos, que eu consiga chorar lágrimas ácidas ou coisa assim!… Eu só queria ter uma individualidade.
As lágrimas se fortificavam, uma monção enorme de emoções correndo para fora do seu coração, enquanto um longo processo de autopiedade escorria como lodo de seus olhos, em forma de pesadas emoções. Seu passo virou uma corrida, a queimação em seus olhos veio em grossas lágrimas e, encima, o céu começou a chorar poucas lacrimosas.
Um herói, eu queria ser um herói… Ajudar as pessoas, ser alguém incrível! Ver sorrisos, ter alguém confiando algo em si… Era tudo que eu queria… E eu tenho tudo para alcançar isso, menos uma individualidade. Oh, Deus! Por que eu não nasci com uma individualidade meu Deus?! O que eu fiz para merecer algo assim?! Algo que eu fiz na outra vida?! Por que eu tenho que sofrer com um sonho impossível assim?… Por quê? Qual é o motivo? Qual é a graça? Qual é o único motivo de eu não ter nascido com uma individualidade?! Qual é a divina comédia que o mundo adora rir contra mim?!
“Se mata—quem sabe você não tenha uma individualidade na próxima vida?”
Com o cessar dos seus passos periodicamente, a chuva parecia ter começado uma luta contra a atual mentalidade de Midoriya: sua força se aumentou muito, gotas vinham com ventos fortes e frios—e trovões. Havia trovões… Muitos trovões.
Izuku – Não… Eu não quero me matar… Há minha mãe; ela me ama, não ama? O que ela pensaria, se soubesse que eu me matei? Eu não quero morrer… Eu só quero… Ser um herói. – sozinho na fortíssima chuva e ventos velozes, o garoto demorou a perceber que havia corrido tanto, mas tanto, que tinha parado no parque de Tóquio—agora vazio pela chuva torrencial fortíssima—suas lágrimas se misturaram às gotas de chuva, enquanto ele tentou limpar o rosto com o antebraço molhado, suspirando em seguida… Suas pernas doíam muito, agora que a adrenalina completa sumiu. A latência o fez sentar abaixo de uma árvore mais a dentro do bosque, a inteligência sendo nublada pela carga emocional que excedia qualquer peso que Midoriya poderia segurar, mesmo que usasse os ombros, mãos, costas, joelhos… Bem, tudo.
O pensamento do suicídio persistiu por alguns segundos, enquanto Izuku observava à chuva forte mudar várias vezes de direção, a árvore o protegendo… Mesmo que houvesse muitos trovões no céu… Infernos, muitos mesmo! Os estrondos altíssimos rapidamente assustaram, que estava parcialmente se recuperando da descarga emocional constante de agora há pouco.
Izuku – Há algo errado nessa chuva… Eu nunca vi uma única nuvem tão grande, e com tantos trovões ao mesmo tempo… M-Melhor eu sair rápido daqui! – com medo audível na voz, o mesmo logo ignorou a dor ainda existente em suas pernas, saindo com velocidade da proteção da árvore, seus olhos mirando a loja de conveniência do outro lado do parque, o mais habitado.
…!! Ele teria corrido, é claro, caso um raio não tivesse vindo mais rápido que um meteoro em sua direção, explodindo uma cratera ao acertar o chão, a onda de repulsão enviando Izuku ao chão, quase explodindo suas orelhas e ferrando com sua garganta—momentaneamente. Foi sério, ele quase riu mentalmente, ao pensar que tinha morrido.
No entanto, com o rápido sumir das nuvens acima de si, e a chuva cessando tão rápido quanto, Izuku não queria ficar por muito tempo no “conforto” da lama com gramíneas do chão, a curiosidade junto à dor o fazendo levantar-se. O choque ainda minava-o, desde que ele acabará de presenciar um raio—realmente, um raio—cair na sua cara… e ele ainda estava vivo, quando tossiu poeira para longe de sua cara.
… Medo se instalou no seu coração, ao ver a cratera obliterada em uma queimada que nunca houve, com fumaça subindo dos vários lados. Isso é a força de um trovão?! Impossível… Na verdade, é bem possível, desde que ele viu caindo bem em sua frente.
Izuku – A chuva terminou logo depois desse raio… – comentou para si mesmo, vendo o Sol radiante em cima de sua cabeça, como se nunca tivesse saído de lá.
Voltando os olhos para a cratera no chão, Izuku torceu o nariz em confusão… Havia algo no meio. A fumaça abaixava cada vez mais rápido, revelando uma forma de alguma coisa ali no fundo da cratera. Oh, cara! Será que é algum meteorito? Ou satélite?! Uma animação correu em si, quando o mesmo decidiu, um pouco temeroso ainda, descer a cratera com cuidado até o meio, para ver realmente o que estava lá—ele esperava que fosse um cometa muito legal!
Um… Martelo?
E era um martelo muito grande, ele notou. Junte a frustração e a confusão, e o resultado é um Midoriya sem ideias nenhuma. Havia um martelo ali, no meio da cratera—todo ornamentado e bonitinho, pelo visto; com uma larga cabeça—que, literalmente, caíra do céu em um raio e criou uma cratera imensa… Que coisa bizarra. Não se vê todo os dias algo assim.
Confuso, ele decidiu pegar o martelo—com muito cuidado—para testar seu peso. Encostou primeiro nele, para ver se não liberava nenhuma corrente elétrica. Ao ver que não, envolveu sua mão no punho de madeira, o levantando em seguida, com bastante facilidade. Ele até mesmo se surpreendeu… Parecia realmente maciço, mas pesava como um único tijolo… ou seja, até que era bem levinho.
… Até começar a brilhar em azul, soltando raios para todos os lados.
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