O vento batia entre os prédios e se desviava na tentativa de trazer chuva, mas o ar extremamente seco daquela tarde de verão, impossibilitava que as nuvens chegassem e estragassem o clima favorável para o treinamento.
Sentado numa das quadras largas da U.A, Todoroki Shoto parou seu treino intensivo com gelo e fogo, respirava e inspirava, estava suado, cansado, sentindo-se incapaz, quase perdera uma luta contra o professor Aizawa, não pensará direito nos sentimentos de sua colega de classe, não conversará com ela antes do desafio prático, sua teimosia quase o levou a reprovação, mesmo a prova tendo sido completado com sucesso, o nervosismo ainda se mantinha no corpo de Shoto. Aquele misto de sentimentos martelava sua mente com tanta força, que o mesmo sequer notou que estava a dez minutos sentado, sentindo calor, encarando o chão, tentando raciocinar e afastar aquelas ideias e traumas tenebrosos. O crepúsculo do final da tarde, avisava que a escola fecharia seus portões, porém, Todoroki continuava imóvel.
A porta de ferro da quadra se abriu, caminhando em passos curtos e receosos, Momo se aproximou com cautela, não era muito próxima do colega de classe, não conversavam com frequência, ela sentia muita curiosidade, em saber o porquê de tanta frieza vindo de Shoto, não de seus poderes em si, e sim da sua própria personalidade, extremamente distante, quieto e até mesmo, um pouco inocente. Foi por conta de Izuku, que o jovem dicromático, começará a se abrir mais, todavia, sempre distante das meninas da classe.
Após a luta contra professor mal humorado, os dois tiveram a chance de aproximação, algo que no fundo, a jovem Momo desejava desde que o vira na academia pela primeira vez. Entretanto a insegurança e o emocional da mesma na luta, fizeram com que as coisas se complicassem, perdera aquela confiança que um dia triunfou, era a primeira da classe, entrou na U.A. por indicação, mas em certos momentos, sentia-se fraca diante de tantos dons poderosos.
“Um desses votos foi o meu!”, lembrou da frase de Todoroki, que no dia da luta confessou que havia votado nela para presidente da classe, fazendo-a acordar e colocar um plano em prática para a derrota de Aizawa. Shoto fizera com que Momo percebesse seu potencial, e aquilo a deu coragem para uma melhor aproximação com o rapaz.
Todoroki percebeu a presença de alguém, pensou ser Midorya, ou até mesmo Bakugou, mas ao escutar uma voz feminina, arregalou os olhos, surpreso.
- Todoroki-san – chamou Momo – Você está bem?
- Ah... – suspirou ele, virando-se e encarando a morena que apoiava as mãos nos joelhos, na tentativa de ficar na mesma altura que ele -, sim, estava treinando, mas está muito calor – continuou o diálogo, levantando-se e alongando os braços e pernas – Já estou indo embora, pode treinar à vontade.
Como sempre, frio, distante e educado, Yaoyorozu ficava cada vez mais confusa e curiosa com o comportamento de Shoto.
-Não, eu não quis dizer isso, não vou treinar – ela gaguejou – Só queria saber sobre você, e também, pedir desculpas!
- Desculpas? – indagou Shoto com o mesmo tom sério de sempre – Está se referindo a luta com o professor?
- Sim, eu... – falou Momo pausadamente, ela encarava o chão e cruzava os dedos uns nos outros – Por minha culpa, minhas inseguranças, nós quase perdemos, eu realmente sinto muito, eu não o entendo muito bem... – Momo desabafava enquanto tentava não encarar Shoto – Mas depois que você disse que confiava em mim, eu consegui me mover e pensar num plano.
Todoroki observava as palavras de Yaoyorozu, quieto e concentrado. Não tinha costume de conversar com os colegas de classe fora do período de aula, não sabia como iniciar bate papos ou puxar assunto. Sentia que as pessoas tinham medo dele, ou não entendiam seu jeito introvertido.
- Não precisa se desculpar, somos alunos, estamos aqui para aprender, evoluir e virarmos heróis – disse Shoto, tentando tomar cuidado com as palavras, já que o mesmo, não era próximo de Momo, tinha medo de ser indelicado – Eu não sei conversar com garotas, mas você será uma grande líder um dia, tenho certeza.
Yaoyorozu corou levemente e fitou Shoto surpresa, não esperava uma resposta longa vinda do rapaz.
- Sim, você tem toda razão, obrigada por confiar em mim... – murmurou ela – Espero que depois disso, possamos ser amigos – sorriu Momo na esperança de quebrar alguma barreira.
-Eu... – disse ele num leve sussurro -, eu não tenho amizade com meninas, não sei o que dizer a elas.
- Você pode tentar ter amizade comigo se quiser – insistiu Momo, um pouco cansada do escudo de Shoto em relação a quase tudo – Podemos almoçar depois da aula, ou terminarmos juntos.
Shoto ficou pensativo, não entendeu as investidas de Momo, como era inexperiente no mundo das garotas, decidiu soltar o que vinha em sua mente. No fundo, ele sentia-se atraído pela vice presidente, ficou extremamente sem graça e envergonhando ao vê-la quase despida para criar algo diretamente de seu corpo, seu uniforme bem chamativo, era algo que levava os olhares dos meninos de toda a escola, Shoto tentava ignorar esses pequenos sentimentos, já que estava focado em ser herói, nem sequer pensava em um dia casar e ter uma família, só que ao ver Momo cercando-o e tentando uma aproximação, o fez delirar em seus pensamentos por alguns segundos, percebendo que talvez o sentimento por Yaoyorozu fosse diferente em relação as outras meninas da classe, ou pensava aquilo porque de fato, ela foi a única que tentara uma aproximação.
- Então você quer ir num encontro comigo? – perguntou Shoto levemente confuso, percebendo logo em seguida, o rosto de Momo ficar rubro.
- N-Não foi isso que eu quis dizer! – exclamou Momo – Seria na amizade, sabe, eu acho que seria legal – a mesma tentava se explicar, mas parecia que quanto mais pensava, mas as coisas ficavam confusas.
No meio de suas explicações e frases confusas, Momo distraiu-se dando abertura para uma aproximação de Shoto.
- Eu não perguntei se você quer ir num encontro comigo, eu estou te chamando para um – falou Shoto, sentindo suas bochechas ficarem quente – Eu não sou muito bom com meninas, e nem em conversar, mas acho que nós dois vamos nos dar bem.
Shoto sentia-se seguro com Yaoyorozu, não era muito comum que as pessoas se aproximassem dele por livre vontade. Aquela decisão e iniciativa da morena, o deixou encantado e mais aberto a conversas. Momo ficou boquiaberta com o convite, suas pernas começaram a tremer, sentiu um frio na barriga e as mãos começaram a suar, Shoto percebeu o nervosismo da colega e começou a soltar uma leve brisa de gelo pelas mãos.
- Não precisa! – exclamou Yaoyorozu envergonhada.
- Senti sua temperatura subir, achei que estava com calor – disse Shoto inocentemente.
- Estou bem – falou Yaoyorozu desviando o olhar – Aceito sair com você, fico feliz que esteja me dando abertura.
Todoroki sorriu e assentiu, Momo fez o mesmo, tentando segurar a vergonha que no fundo sentia.
- Preciso ir embora, meus irmãos estão me esperando para o jantar – disse Shoto indo em direção a porta da quadra.
Momo o seguiu com os olhos, observou ele pegar sua mochila e alguns cadernos espalhados no chão, ele levantou o braço direito e acenou para a morena.
- Te vejo amanhã, Yaoyorozu-san.
Com os olhos marejados e levemente corada, Momo respondeu:
- Sim! Até amanhã, Todoroki-san!
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