"Um crucifixo no alto da parede de seu quarto
Da graça ela cairá
Uma imagem queimando em sua mente
E entre suas coxas"
O sino toca alto, estridente em cima da capela. Era hora de acordar. A primeira reza estava para começar, e antes sequer de tomar seu café da manhã, S/n devia correr para a igreja comungar com Cristo. Havia tempo apenas para sua higiene básica matinal e nada mais. Os dias se passavam assim desde que seus pais a colocaram no convento da Irmãs Carmelas. A família julgou este o melhor caminho para a única moça entre sete irmãos.
A lacuna que consumia o interior de S/n não deixava que a medida a afetasse, de fato nada importava tanto para a jovem a ponto de se importar. Era como se vivesse no automático desde que nascera. Não recebia atenção de seus pais, tão ocupados com seus afazeres particulares que não sobrava tempo para os filhos. Seus irmãos, anos mais velhos, não tinham mais paciência para interagir com uma criança. Quando atingiu a maior idade, foi jogada sem receio no convento para dedicar sua existência a Deus.
O hábito era realmente longo e desconfortável, mas necessário. Nenhuma parte além do rosto o mãos podia aparecer para o mundo. Era pecaminoso, perigoso para os padres e eventualmente os frades. As freiras restringiam seus passeio em momentos que não havia homem algum por perto, era assim mais seguro para ambos os lados. Apenas Jesus Cristo podia ver suas formas libidinosas, e somente ele as perdoaria por tal heresia. Nascer mulher era por si só uma provocação.
Celibato, comunhão, confissões e mais confissões, jejum, auto flagelo, rezas diárias. A rotina de S/n nunca mudava. Às 5h30 levantava, às 18h se recolhia. Os dias passavam vazios e sem sentido. A vida passava despercebida enquanto a flor de suas juventude desabrochava.
S/n foi tardia. Os hormônios demoraram a se manifestar. Sua primeira menstruação acontecera aos 17 anos. Era irregular e quando vinha, vinha em abundância. Chegou a ficar um anos sem descer o fio vermelho. As freiras mais velhas a tratavam com alguns chás, mas sempre alertando para a normalidade do ciclo. “Nem sempre Deus amaldiçoa todas as mulheres com o sangramento, querida. Você foi abençoada” dizia a madre superior.
Abençoada? O único sentimento que S/n não contemplava era a benção. Cada vez mais desconexa da realidade, a moça vivia e existia para o momento e nada mais.
Foi complexo, mas se adequou à rotina.
A vastidão do abismo existencial dentro de si a consumia todos os dias. Não sabia o que era, mas o sentia forte e latente em seu sexo. Ninguém conseguia a ajudar sobre isso, apenas aconselhavam e ditavam penitências e orações.
Certa noite, concentrada em suas rezas noturnas, aquelas que fazia antes de dormi, sentiu-se vigiada. Um arrepio subiu sua coluna e congelou seu estômago. Era uma presença forte, exalava odores agridoces, e era imóvel. Sentia a criatura atrás de si, logo ao lado da grande janela que dava acesso ao parapeito de seu quarto. A estrutura antiga do convento proporcionava ares medievais ao prédio.
Mãos unidas em ato oratório, olhos fechados por medo, não devoção. S/n rezava por clemência e piedade tão baixinho que nem o mais hábil dos ouvidos a escutaria. Mas ele a escutou.
- Ele não te ouvirá, querida - a voz rouca e sinistra corria pelo quarto como se estivesse em todos os lugares, e ao mesmo tempo em nenhum.
O medo de encarar a criatura a fizera congelar, mas a curiosidade inerente de todas as mulheres filhas de Eva a fez virar lentamente em direção à voz.
- Ele sempre me ouve - sussurrou quase inaudível. Estava consumida pelo medo e pela excitação. Queria ver quem tentava tão despreocupadamente se comunicar com ela. - Quem, em nome de Deus, é você? O que você quer de mim? - perguntou trêmula.
O silêncio se estabeleceu, nada pôde ser ouvido além de sua respiração descompassada. O escuro de seu quarto apenas aumentava a ansiedade da moça. Respirou algumas vezes profundamente, tentando se concentrar apenas no silêncio. Não havia mais ninguém ali.
Alucard precisou recuar pela escuridão. Sabia que havia excedido seu limite. Havia meses que admirava aquela singela freira recém chegada. Sentia seu cheiro juvenil de longe, sabia que era sangue novo. No dia que ousou vê-la pela primeira vez foi o dia que sua essência mudou. Se viu obcecado pela moça como se fosse uma droga da qual não podia usufruir. Pelo menos era o que tinha estabelecido para si como condição para admirá-la: não a tocaria em hipótese alguma, em cenário nenhum.
Todas as noites ele estava lá, parado em sua varandinha, salivando por sua musa. Sonhava acordado horas e horas em como seria seu gosto, como devia ser doce o sangue que verteria por sua jugular assim que deleitasse-se numa mordida. O vampiro questionou inclusive sua sanidade perto dela. Precisava de mais proximidade, precisava tê-la para si, não importa como.
Noites depois do ocorrido, S/n pensou estar louca, ou completamente fora de si pela intensidade das orações. Não compartilhou com ninguém sua experiência com medo de ser excomungada por contato com o diabo. Mas confessou com o padre.
- Filha - disse baixinho o padre, quase com pena. - Tome um dia livre, faça orações hoje até dormir novamente. 100 ave Marias e 100 Pai Nossos para cada pensamento que tiver a respeito disso, até que esqueça por completo. Venha me ver semana que vem para sua próxima confissão - aconselhou o padre, dando um penitência leve, pois temia que a jovem estivesse perdendo a sanidade.
No meio de sua higiene noturna a moça notou um escoamento estranho entre as pernas, um aspecto molhado e pegajoso corria por suas coxas. Era sangue. A moça se praguejou intensamente por estar justo agora tão impura e indecente para cumprir suas penitências perante Deus. Limpou o sangue como deu, sentindo as dores agudas em seu ventre atrapalhar sua concentração. A anágua não aguentaria o fluxo, precisou amarrar um pano absorvente entre as pernas para conter o escoamento. Caminhou, ainda transtornada, tanto pela dor quanto pela frustração, até seu cantinho de oração, frente à um pequeno altar na quina do quarto, com alguns santos e uma imagem mediana de Jesus Cristo crucificado.
Juntou suas mãos, envolvendo seu rosário e fechou os olhos.
“Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém”
Sucedeu-se assim, por cem vezes. O rosário entre os dedos já nem quase não eram sentidos, tamanha sua concentração, quando começou os pai nossos.
“Pai nosso que estas no céu...” Sussurrava, meio anestesiada.
“santificado seja o vosso Nome” completou a voz, aquela mesma voz amaldiçoada.
S/n ignorou a voz, concentrando-se na reza. Tremeu da cabeça aos pés e apertou com mais força entre suas mãos o rosário. Sentiu, involuntariamente, uma gota de lágrima escorrer por sua face. Estava apavorada.
Alucard estremecia, estava extasiado pela visão de S/n ajoelhada, em sua camisola pálida e fina, vertendo sangue por seu sexo. O vampiro não conseguia mais pensar racionalmente, apenas o cheiro doce do sangue feminino que jorrava vasto entre as pernas de S/n era capaz de lhe deixar insano. Um passo à frente, ele disse:
- Não me ignore, querida - sua voz soou rente ao ouvido de S/n. O cheiro cada vez mais inebriante, cada vez mais entorpecente, o deixara em frenesi. - venha a nós o vosso Reino - zombou, ainda sussurrando em seu ouvido. - seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu.
S/n sentiu o hálito quente da criatura sibilar em sua nuca, afastando levemente seus fios grudados em seu pescoço. O suor escorria por sua pele, quente e viscoso, como o sangue que jorrava de seu útero. Alucard sentiu aquela fragrância enlouquecendo-o quando tocou involuntariamente os ombros de S/n, a fazendo pular para o lado, recuando, desesperada, para a parede.
- Eu não tenho medo de você! Meu senhor, Deus todo poderoso, é mais forte que tu. Ele é onisciente, onipresente e onipotente - rogava ela, sequer acreditando no que dizia. A criatura não se abalava.
- Não vim para te machucar, não temas - em meia à escuridão pode-se ver os olhos flamejantes e o sorriso debochado do ser.
S/n intrigou-se. Ele continuou:
- Meu nome é Alucard. Sei que no seu interior estás me chamando de Diabo. Sinto lhe dizer, mas não há algo como o diabo lá fora - caminhou até a cama e sentou-se confortavelmente. - Nem Deus - concluiu deixando S/n estupefata. Como podia tal criatura questionar a existência do ser supremo, senhor seu Deus?
- Você mente, criatura diabólica! - bradou, ainda sentindo o choro travar sua garganta.
Quanto mais ela se esforçava para conter o choro, mais sangue escorria por entre suas pernas. A pressão que agora exercia na região abdominal para se encolher no canto do quarto ajudava fluxo a descer em abundância. Alucard fungou o ar entorpecendo-se.
- Por que não senta ao meu lado e vês que sou de carne e osso como tu? - sob o brilho pálido e simples da lua, que entrava entre as nuvens em seu quarto, a moça conseguiu ver o rosto da criatura que lhe dirigia a palavra.
Era um rapaz alto, não mais que 35 anos, mas certamente não humano. Tinha olhos vermelhos e pele tão pálida quanto a lua resplandecendo noite à fora, contrastando tão bem com seus cabelos longos e negros. Vestia-se como um lorde, com um sobretudo vermelho sangue e terno escuro, talvez preto. Sentava-se de pernas cruzadas como se pertencesse à realeza, e seu ar aristocrático a seduzia. Pouco a pouco sua confiança se estabeleceu, e assim pôde levantar-se para olhá-lo de cima.
A jovem secou suas lágrimas, completamente intrigada pela presença marcante do ser.
- O que diabos é você, criatura? - perguntou temendo a resposta.
- Eu sou muitos, e sou único ao mesmo tempo. Sou o que chamam de Nosferatus, Vampiro, Anjos da Noite. Eu sou Drácula e sou seu opositor. Sou Alucard - concluiu.
A moça se sentiu anestesiada com a voz do vampiro, soando tão aveludada em seus ouvidos que quase a hipnotizou. Sentiu-se fraca, com dor. Seu útero se contorcia dentro de si. O sangue vertia, escorria e seduzia. Alucard se deleitou.
- Venha, querida, deite-se - estendeu a mão para S/n. - Eu protegerei seus sonhos. Prometo - sorriu a enfeitiçando.
- Prometes? - S/n estava entorpecida. Caminhou vagarosamente, parando em sua frente, acariciando, como que encantada por sua luxúria, o rosto funesto de Alucard.
O vampiro beijou-lhe a palma da mão, sentindo a eletricidade correr suas veias. Estava excitado, seu sexo duro o atormentava há alguns minutos já. Sentiu nenhuma resistência da moça quando a puxou para mais perto, a segurando pelas ancas. Seus encantos tinham a vencido.
Lentamente, Alucard deslizou seus dedos, quase não tocando na camisola de seda, até sua barra, adentrando com êxtase a peça. Puxou com facilidade a anagua, e junto a faixa que lhe tampava o sexo. O sangue verteu. Alucard gemeu.
S/n sentiu-se estranha. A princípio, relutava internamente, mas quando sentiu o toque quente e gentil do demônio toda sua fé foi questionada, toda sua crença não era suficiente para apagar aquela chama. Deixou-se levar pela sensação por esta a mantinha viva, elétrica, finalmente sentindo alguma coisa.
- Eu me sinto tão - gemeu ela quando os dedos de Alucard penetraram seu sexo com tamanha facilidade. - Viva!
Alucard retirou os dedos da entrada quente e viscosa de S/n, conduzindo-os alucinado até seus lábios, estremecendo ao tocá-los, lambê-los e sugá-los. Oh! Como era delicioso aquele gosto enferrujado de sangue uterino, quente, agridoce e viciante. Alucard perdeu a razão. S/n sentiu a vibração constante em seu intimo ao presenciar tal cena, tão obscena, tão profana, tão excitante!
Rendeu-se ao toque, ao olhar, ao pensamento pecaminoso de comungar carnalmente com aquela criatura. Era tão certo quanto o vento fazendo as árvores farfalhar do lado de fora de seu quarto. Tão certo quanto a luz da lua cheia que iluminava aquele anjo negro seduzindo sua mente e corpo com o toque do diabo. S/n abriu as pernas. Alucard livrou o corpo delicado dela de seu vestido precário. Deixou-a nua, belíssima e nua. O vermelho entre suas pernas pareciam um flor desabrochando. Alucard ajoelhou-se à sua frente, contemplando o rosto plácido de S/n. Abriu seu sexo como abria uma romã e beijou-lhe.
Sua língua era grande e esguia, S/n sentiu aquela viscosidade atravessando seu sexo até encostar o ponto profano entre suas nádegas. Gemeu com a sensação do músculo esfregando-se em seu ponto de prazer enquanto entrava por seu canal vaginal, lambendo todos os coagulos por ele.
Alucard estava em nirvana. A rijidez em suas calças o maltratava. Enquanto lambia o seu paraíso particular, com as mãos livres, se desfez do ziper, libertando sua virilidade, expondo seu sexo pulsante, lambuzado pelo excesso de prazer.
Sugou o que conseguiu da buceta quente e deliciosa de sua amada freira, ouvindo seus gemidos, enquanto ela mesma questionava sua sanidade. Nunca em sua vida proferiu tanto o nome de deus quanto naqueles minutos milagrosos de luxúria e volúpia. Gozou, ainda na boca do vampiro, fazendo-o enlouquecer com o misto entorpecente de gostos. Quando Alucard voltou a encará-la, seu queixo entornava sangue fresco e gozo.
O vampiro beijou-lhe os lábios quanto de deita-la em sua cama pequena, subindo em cima de seu corpo frágil. Ambos lambuzados de sangue, com suas intimidades pulsantes. Alucard penetrou sua freira como se estivesse esperando por este momento sua existência toda, como se seu propósito no mundo fosse a unção com aquela buceta gozada e menstruada, como se apenas o sangue puro do útero profano da filha de Lilith em baixo de si fosse o verdadeiro Oasis na Terra. Alucard estava completo. Suas expressões eram tão eróticas que deixavam a sanidade de S/n questionável. Quando o demônio estocou-se dentro de si, as dores de seu ventre expandiram-se até se tornarem prazer puro e casto. S/n tinha encontrado sua nova religião bem ali, na sua cama, no seu quarto escuro, sendo fodida por agora seu novo Deus. O gozo forte e pujante atingiu fundo em S/n, inundando todo seu canal. Ela o olhou em completa plenitude, admirando suas linhas expressivas tão eróticas, seus olhos incandescentes tão imorais.
Era o ritual. Desde então S/n regulou seu ciclo com a lua. Toda lua cheia sua flor desabrochava. Por cinco dias ele vinha e se esbanjava com seu sangue e seu sexo. Completando a existência um do outro, venerando um ao outro, adorando um ao outro como deuses mútuos. Até o dia que a frequência não mais os satisfazia. A constância dos encontros levantaram suspeitas, a urgência de seus corpos os açoitavam.
S/n não via vida sem Alucard, Alucard não via vida sem S/n. A fuga do convento era, então, inevitável.
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