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História Do tamanho de um Charizard - O meu nome é bola de fogo


Escrita por: Prolyxa

Notas do Autor


10K de Chansoo, MEU DEUS. Pensei que nunca fosse conseguir terminar. Porém prossegui com sangue no zóio pra que essa fanfic saísse, já que é de presente (beeem atrasado) pra taozing. Então, docinho, me desculpa pela demora, mas escrevi do fundo do meu coração sedentário essa fanfic pra você e espero que goste dela, de cada palavrinha que eu tentei encher de amor especialmente pra sua pessoinha que mora longe demais pra dar uns beijos (moonface) rs~~

Aproveitei também pra incluir a fanfic no 30dayslovechallenge que faço numa outra conta, com o tema #14, Fogo, porque power!au e Chanyeol bola de fogo (o calor tá de matar, vai me enterrar na areia? não não, vou atolar KK desculpa).

ENFIM, agradeço desde já a qualquer @ que passar por aqui para ler ♡

Capítulo 1 - O meu nome é bola de fogo


Fanfic / Fanfiction Do tamanho de um Charizard - O meu nome é bola de fogo

 

Chanyeol tinha nascido com poderes, mas nem super-herói era.

Nem tinha vindo de outro planeta, embora seus tataratataratataravós e mais alguns esquisitinhos do fim do Judas daquele universo gigante tivessem escolhido anos e anos e mais anos bolinhas atrás o redondo planeta azul, famoso por suas terras das palmeiras onde canta o sabiá como o melhor lugar para se criar pirralhos. Isso fazia de Chanyeol o quê, meio alienígena? Extraterrestre de sangue, humano de cara? Ele tinha direito a um carimbo no passaporte de dupla espacialidade?

Meio alienígena ou não, Chanyeol tinha nascido como qualquer melancia dentro da barriga inchada da mãe, estourando a bolsa da mulher e fazendo um fuá assim que saiu nadando na piscina do parto natural que fizeram em casa.

Do restante, Chanyeol era igual a todo mundo. Chorava igual, cagava também, chorava mais um pouco, e então comia e comia e comia e comia de novo, nessa ordem. Cresceu vendo desenho animado, o Pica-Pau da vida, Dragon Ball, Pokémon, Liga da Justiça e até os X-Men, um dos seus desenhos favoritos. Foi à escolinha como qualquer pequerrucho, pegou piolho, fez cocô nas calças, chorou de medo, dormiu no meio da aula e quase matou um coleguinha – quem nunca?

Foi numa festinha de aniversário onde apagaram a velinha de Chanyeol (e é válido dizer que o nome do culpado é Byun Baekhyun) que o menino pegou fogo no mais literal da palavra.

Os cabelos ficaram avermelhadíssimos, com chamas bailarinas fazendo hula-hula no cabeçote, o beicinho trêmulo guardava um choro estrangulado de raiva explosiva, seus olhos brilharam em fúria de um incêndio da cor de um vermelho vivo igualzinho aqueles nas pessoas do mal em filmes de terror; sua pele fumegava num calor de fritar ovo à distância e Chanyeol só queria acertar aquela bola quente que apareceu bem no meio da sua mão na cara larga daquele sem graça do piolhento do Baekhyun que, devido a situação de vida e morte, começou a brilhar como se fosse uma estrela cadente.

O pequeno Park era um conjurador de fogo. Aquele menininho gorducho todo adorável e carinhoso na maior parte do tempo era um poço infinito de calor e sinônimo de incêndios tão forte ao ponto de se apropriar de um ditado famoso como seu – onde tem fumaça, tem Park Chanyeol.

(E não, ninguém morreu na festinha além da peruca da avó de Chanyeol atingida no balaio; Baekhyun só mijou nas calças, quase cegou todo mundo com sua luz e Chanyeol teve a chance de tirar um dente dele antes do tio Minseok esfriar o molequinho na hora).

De qualquer forma, Chanyeol tinha poderes e nem super-herói era.

Bem que se imaginava como um quando criança, devorando milhares e milhares de revistas em quadrinhos sobre pessoas diferentes por dentro na esperança de ser como elas. Até tinha formado uma liga da justiça fake existente só dentro do seu quarto com uns amiguinhos idiotas de famílias iguais a sua, meio alienígenas no sangue antigo. Byun Baekhyun estava nesse meio, assim como Kim Jongin no teletransporte e Kim Jongdae manipulando a eletricidade.

Mas Chanyeol desistiu desse sonho quando não conseguia se controlar direito, queimando as coisas ou surtando na frente das pessoas, precisando passar por milhares de treinamentos de autocontrole sob o olhar de Kim Minseok e ganhar vários tapas na cabeça para não botar fogo na toalha de mesa da sua mãe.

Ser um super-herói era chato demais e ele preferiu apenas gostar deles nos filmes e revistas em quadrinhos, sendo como qualquer garoto normal da sua idade, todo esquisito, viciado em histórias em quadrinhos e mangás, com problemas de socialização com pessoas além dos seus amigos, muitas teorias de conspiração para se discutir, sonhos loucos acumulados no coração e uma paixão imensa por Rilakkumas e games.

Aquele seu jeitinho de garoto nerd só deixava mais claro que sua sina não era a de salvar o mundo do mal coisa nenhuma nem aqui nem China, porque sua vida por si só já era uma vilã filha da mãe para se lidar sozinho, que dirá bancar o Jesus dos problemas dos outros quando nem conseguia bater uma punheta sem queimar os lençóis pelo fogo do momento – embora ele vivesse fazendo boas ações aqui e acolá sem nem perceber.

Era uma existência até que legalzinha, sabe. Passável. Sobrevivível, menos na época das semanas de prova na universidade, aí era só sangue, suor e lágrimas. Às vezes era até muito boa se lançado a continuação daquele jogo favorito, um filme decente de super-heróis, pizza na janta, se tivesse um aumento no salário do estágio, os boletos pagos em dia, feriados com emendas, essas coisas que fazem a gente feliz à beça com direito a uma cabeça no travesseiro no fim da noite se sentindo pleno, a carteira mais vazia, porém um sentimento de conquista pessoal que não supera nada.  

E era se sentindo pleno com a cabeça no travesseiro, a carteira completamente vazia e um sentimento de conquista pessoal que a carência da sua vida amorosa inexistente fazia mais de vinte dois anos superava, aquela danada sendo sua companhia silenciosa na cama todos os fins de noite ao lado dos seus ursinhos fofos de Rilakkuma espalhados pelo colchão, que Byun Baekhyun anunciou no meio de uma discussão acalorada sobre erogês, aqueles joguinhos bem eróticos de computador para otakus safadíneos, a desgraça de qualquer universitário.

 

sentinela: cabaços

tenho duas notícias importantes pra dar

tocha humana: tem que ser muito importante mesmo pra interromper o erogê do mês

tempestade: meu deus ele vai dizer que tá apaixonado de novo esse cabaço do baekhyun

noturno: qual a novidade

sentinela: a vida é muito curta pra eu gostar de uma pessoa só

algum problema com meu coração mole?

tocha humana: o problema não é seu coração que a gente sabe

noturno: começa com pin

tempestade: to

tocha humana: duro

que não para dentro das calças

sentinela: ainda bem

em compensação o de vocês

o do jongin tá criando raízes pela paixonite encubada com o menino gostoso de fotografia

o do JD é mais carente que solitária na barriga

e ainda resmunga o nome do tio minseok todo apaixonadinho nos sonhos molhados

tempestade: calúnia

sentinela: tenho áudios

tocha humana: COMPARTILHA

mandar pro tio Minseok ouvir

tempestade: não esculhamba não park chanyeol porque tu era apaixonado por ele também que todo mundo sabe

ficava vermelhinho perto dele

noturno: até fogo ele quase botou no prédio batendo punheta pro tio minseok

sentinela: e quase me matou pela segunda vez nessa amizade

batendo punheta

pro minseok

tocha humana: em minha defesa a primeira vez você merecia morrer, baekhyun

na segunda as coisas saíram um pouco fora do controle

noturno: “um pouco”, rsrsrsrs

tempestade: tinha até bombeiro e o notícia 24h tava atrás do meliante incendiário

tocha humana: mas vocês não esquecem disso nunca

sentinela: será porque a gente morava no mesmo prédio e quase foi queimado vivo e eu tava dormindo contigo no teu quarto, seu cabaço, tu batendo punheta comigo do lado????????

tocha humana: era muita paixão acumulada

noturno: avisa antes quando estiver acumulada de novo

tempestade: punheteiro

tocha humana: só eu, né? Bando de cabaço

quem for a Madalena que nunca teve sentimentos pelo tio Minseok que atire a primeira pedra

sentinela: filho da mãe, como posso negar isso

Tio Minseok senhor do gelo mas a sensação do verão de todo adolescente

tempestade: queria atirar a pedra, porém as circunstâncias não permitem

noturno: sempre fui imune

tocha humana: a audácia do mentiroso, tu sumiu dois dias lá pra Jamaica depois que o tio Minseok te chamou de meu anjo

noturno: lugar lindo lá

tempestade: deu pra perceber quando tu ligou a cobrar todo desesperado dizendo que não conseguia se teletransportar de novo, jongin

tocha humana: “mama, vem me buscar!”

todo mundo daqui teve uma quedinha por ele, ninguém se salva

 

Sentinela alterou o nome do grupo “Marvel evolution” para “Somos todos Jack Frost”

 

tempestade: minseok gosta do frozen

tocha humana: elsa feelings

 

Sentinela alterou o nome do grupo “Somos todos Jack Frost” para “Frozen, uma aventura não tão congelante assim”

 

jongin: let it go let it go~~~

sentinela: não é à toa que mal consegue chegar no gostoso de fotografia

olha que eu chego, hein

tempestade: olha que eu chego também, hein

noturno: não ousem

levo lá pro cu do inferno quem fizer isso

tocha humana: não faz isso que é capaz do baekhyun se apaixonar até pelo capeta

sentinela: alguém tem que sentar no colo dele

tocha humana: socorro

tempestade: jesus cristo, baekhyun

aliás, sério, jongin, se tu não chegar outra pessoa chega, porque aquele cara é lindinho demais pra ninguém gostar

para de ficar se escondendo quando passar perto dele, seu cabaço

sentinela: sábias palavras, padawan

pode parar de graça, hein, jongin, não quero ir em velório de virgem nenhum

voltando a notícia

tempestade: pode esperar, você esculhambou todo mundo menos o pinto do chanyeol

noturno: igualdade nessa bagaça é bom

sentinela: quer mais zoação do que ele ter um extintor de incêndio no quarto?

tocha humana: vou deixar vocês morrerem da próxima vez

tempestade: não sabe brincar

noturno: qual a notícia que eu tô com sono

tocha humana: manda brasa

sentinela: ha ha ha piadista

bom, querem a notícia boa ou a super hiper mega boa?

tocha humana: não tem nenhuma ruim?

tempestade: ia perguntar o mesmo

noturno: uma notícia boa sem uma notícia ruim?

suspeito isso

sentinela: nem tudo nessa vida é ruim

então, a notícia boa é que vai ter um festão pelo final do semestre

fonte de bebida, música eletrônica, muito beijo na boca

e a super hiper mega boa é que a gente vai nela

tocha humana: que dia

sentinela: no final de semana depois das provas

tempestade: mas ué

noturno: isso não fica na época do festival geek não?

tocha humana: é no dia do festival

e já digo que não vou

a gente nunca perdeu um

sentinela: tem a primeira vez pra tudo nessa vida, chanyeol

tempestade: dividido

amo o fest geek, mas eu também queria umas biritas, dar uns beijos e tal, dançar um pouco depois dessa bosta de semestre

sentinela: e tu, jongin?

noturno: eu já tinha terminado de arrumar a fantasia desse ano

sentinela: o gato de fotografia vai estar lá

o nome dele é sehun, sabe

oh sehun

nome lindo, né? Imaginar gemer esse nome, mds

tenho o número de celular dele e talvez

só talvez

tenha te arrumado um encontro com ele na festa

noturno: MEU DEUS

EU LOU

EU *DOU

*VOU

tempestade: dar pra ele todo mundo sabe que cê quer, bebê

esquema bom esse, baekhyun

tem um pra mim, não?

tocha humana: isso aí é golpe baixo!

Chantagem!

a gente ia de X-men esse ano!

sentinela: tenho um pra ti sim, jongdae

sempre tenho

aliás, tenho até pro cabaço do chanyeol que quase entrou em combustão depois daquela palestra quando a menina quis dar uns beijos nele e isso não é chantagem, chanyeol, é necessidade

tocha humana: mas a gente nunca perdeu um fest geek!

Minha fantasia do Ciclope tava pronta!

sentinela: chanyeol, neném, escuta só o que vou te dizer

fest geek tem todo ano e ano que vem juro que a gente vai do caralho que você quiser

mas não acha que é bom dar uma relaxada às vezes?

tocha humana: eu ia relaxar!

No.

Fest.

Geek.

sentinela: kim jongdae, seja útil a essa família, não sei o que mais fazer com esse pirralho

tempestade: ei, chan, vamo sim, vai ser legal

a gente bebe uns golinhos, dança, conhece pessoas novas

até dá pra beijar!

tocha humana: dá pra beijar no fest geek

sentinela: se for pra beijar cabaço cheirando vó eu beijo vocês, nem saio de casa

tocha humana: oloco

tempestade: Tu não quer beijar, não?

Esses dias atrás me contou que queria um namoradinho

noturno: hyung, vamo!

tocha humana: traidores

pau no cu de vocês

tempestade: isso eu quero mesmo

noturno: quero

sentinela: eu quero e quero meter também

e tem um cara que quer muito meter um pau nessa tua bunda seca, chanyeol

apenas avisando

tocha humana: QUÊ

tempestade: QUEM

noturno: trabalho com nomes

sentinela: lembra daquele cara lá do conserto de música da universidade, o gato músico

tempestade: não acredito

NÃO!

noturno: o da guitarra, todo tatuadinho?

mano, não pode ser ele

sentinela: ele mesmo

tempestade: caralho

nossa chanyeol se tu não for eu te mato

um raio que te parta ao meio

tocha humana: nem morto que vou

nem conheço

sentinela: motivos pra te matar eu tenho de sobra, chanyeol

te levo nem que for o cadáver

noturno: eu carrego, não se preocupe

tocha humana: tão bonito assim?

Quem é ele

tempestade: jesus, só vamo

espero que o meu esquema seja tão mais legal do que o do chanyeol, baekhyun

tô com inveja

sentinela: tu vai, né, chanyeol?

tocha humana: ano que vem a gente não vai perder o fest geek?

Promete?

sentinela: prometo até meu pau se tu quiser, bola de fogo

tempestade: o calor tá de matar~

noturno: vai me enterrar na areia?~

tocha humana: não, não, vou atolar~

vocês são os péssimos melhores amigos do mundo

e não faça eu me arrepender, baekhyun

sentinela: juro que não

juro

*

Fazer esse tipo de promessa quando se tem Park Chanyeol no negócio é meio perigoso. É como jogar um fósforo numa piscina cheia de gasolina e se sentar na borda com uma revista na mão. Por isso, antes mesmo de chegar na cuja festa que estava abalando os nervos de todo mundo, Chanyeol já se arrependia amargamente. E era por um bom motivo.

– Não acho uma boa ideia a gente ir nessa festa – ele resmungou se jogando na cama de Jongdae, no pequenino dormitório que dividiam os dois juntos.

O mais velho revirou os olhos para sua imagem toda arrumada no espelho. 

– O que pode acontecer de ruim? – perguntou.

– Posso listar pra você.

– O que pode acontecer de ruim além dessa lista?

Chanyeol bufou.

– Já esqueceu da tragédia que aconteceu quando nós quatro bebemos que nem gambás?

Jongdae soltou um risinho.

– Dia legal aquele.

Legal? – Chanyeol soltou exasperado. – Você conseguiu dar pane na eletricidade do prédio e do bairro inteiro naquela mão amiga do Baekhyun nas suas calças. Baekhyun deixou a noite parecendo dia, o Jongin foi parar num caixão, depois eu só não matei a gente queimado porque Deus tem misericórdia demais. Terminamos lá na Índia sem saber como.

– O tema do nosso trabalho era Índia, que jeito melhor de fazer uma pesquisa do que indo pra lá? – Jongdae tirou a camiseta que estava e foi atrás de outra dentro do guarda-roupa. – E a gente só tinha... o quê? Dezessete, dezesseis anos? Sem contar que nunca machucamos ninguém por causa do treinamento do tio Minseok. – Ele pegou uma camisa de botão escura muito sensual e vestiu, gostando do conjunto da obra toda refletida no espelho. O cabelo preto com mechas claras bagunçado, um perfumezinho gostoso na pele, o jeans justo, sapatos confortáveis porque iria dançar à beça. – Foi divertido, admite.

Chanyeol fez um beiço e soltou um baixinho “tá, tá”, porque tinha sido divertido sim. Viviam fazendo umas loucuras, especialmente quando se havia álcool na história. Mas graças ao treinamento de Kim Minseok, uma versão mais bonita, com cabelo e pernas gostosas do Professor Xavier, eles sabiam lidar com os poderes sem que ninguém saísse ferido. Então a energia desligava, as luzes brilhavam (quando Baekhyun estava com raiva mesmo), Jongin ficava instável sem saber para qual lugar iria ou se conseguiria voltar caso fosse muito longe, fazendo ligações a cobrar pedindo uma carona.

E Chanyeol... Bom, ele era considerado como um conjurador, mas fazia muito mais do que isso. Chanyeol criava o fogo, porque ele todinho era feito disso. Minseok dizia constantemente que existia um vulcão morando dentro do garoto, podendo controlar as chamas como bem quisesse. Não era à toa que Chanyeol fosse aquele com mais problemas de autocontrole, pois o fogo em si era teimoso e instável. Não era à toa também que Chanyeol às vezes sentisse ódio daquele poder.

Baekhyun, por exemplo, era a fotossíntese ambulante, a luz no fim do túnel, a estrela que brilha lá no céu. Uma boa companhia em dias de apagão, acampamentos na floresta ou a conta da força vencida. Ele até mesmo estava tentando se melhorar para conseguir viajar na velocidade da luz! Era...incrível isso. O universitário de física podia ser considerado como o próprio sol, uma estrela no qual todo mundo se sentia bem ao redor.

O Jongdae, então. Ele fazia aquela expressão “raio que o parta” valer a pena. Sem contar que sempre sabia quando pendurar roupa no varal ou sair de casa sem guarda-chuva. Jongdae era eletricidade pura, sabia de tudo, manipulava tudo. Até ficou em dúvida de cursar Engenharia Elétrica ou Meteorologia. Escolheu o segundo porque gostava de uma adrenalina e sonhava em seguir grandes tempestades (explicava a sua paixão maluca pela Tempestade do X-Men).

O novinho do Jongin era a versão melhorada do Uber com direito a um guia turístico. De todos ali, Jongin claramente era o mais inteligente. Precisava ser. Sua habilidade consistia em saber em que lugar ir, como voltar, como não parecer um turista perdido num lugar estranho. O estudo era dobrado e a concentração maior ainda. Por isso ele falava ao menos cinco línguas. Sabia a história de casa coisa, tinha mapas guardados na cabeça, um monte de paisagens desenhadas na parede do quarto. E fotos. Muitas fotos. A arqueologia combinava com ele e seu dom de exploração.

Já Chanyeol, poxa, não conseguia se sentir muito útil. Era fogo. Fogo fazia o quê? Fogo queimava. Estragava as coisas. Machucava as pessoas. Afastava todo mundo. Que diabos de poder era esse? Como que poderia se sentir confortável com alguém sem ficar com medo de feri-la? Chanyeol sempre ficava mais quente quando em contato mais íntimo com alguém e a única pessoa que nunca teve medo de machucar foi Minseok.

Lembrava perfeitamente do beijo gelado dele em sua boca, tal como as palavras do ordinário em dispensar um adolescente apaixonado com um pé no cu bem gentil – um dia alguém vai te amar muito do jeitinho que você é.

Um dia. Chanyeol estava esperando esse dia fazia tempo.

– Ei, Tocha Humana – Jongdae chamou com carinho, saindo de frente do espelho e se aproximando de Chanyeol já sentado na ponta da cama todo cabisbaixo. O amigo puxou o outro em um abraço, o rosto do mais alto escondido na sua barriga, e acarinhou seus cabelos tingidos de vermelho que escondiam suas alterações de humor que acabavam refletindo na cabeleira e nos olhos. – Nada de ruim vai acontecer. É só uma festa.

– Uma festa com um monte de gente.

– Você nunca machucou ninguém.

– Já quase matei o Baekhyun duas vezes.

– Bom, a primeira vez ele merecia mesmo e aposto que em todas as outras também – Jongdae falou e riu, tirando de Chanyeol um sorriso pequeno. – Só se diverte, tá? Um pouquinho só.

E para relaxar o amigo, Jongdae beijou a ponta do nariz dele e lhe deu mais carinho no cabelo, sentindo toda a tensão dos ombros de Chanyeol se aliviar aos poucos. Ficou mais um tanto abraçado com ele porque Chanyeol tinha um calor gostoso, confortável, do tipo que deixava a gente com vontade de se enrolar com ele na cama e dormir para sempre bem abraçadinho.

Aí Baekhyun chegou com Jongin naquela algazarra toda, os três se agarraram no mais novo e puf!, foram para a festa. Táxi who com Kim Jongin como amigo? Economizavam bastante no transporte e não poluía.

Se divertiriam bastante e nada de ruim aconteceria, certo?

*

Errado.

Muito errado.

A começar pela atualização da definição de uma festa. E uma festa bem louca. Aquilo era uma zona, meu Deus. A música estourando por todo o lugar. E que diabos de lugar era aquele? Sem contar o tanto de gente se espremendo e se esfregando umas nas outras com um copo de bebida na mão. Cheirava a álcool, suor, vômito, sexo e doideira, uma digna festa de universitário fodido com meses de sofrimento acumulados, porque quando faziam algo queriam tudo de uma vez só para a afogar as necessidades e lágrimas por notas ruins, bem compreensível.

Eles três combinaram um lugar para se encontrar, porque Jongin era a carona e sem Jongin não dava para ir embora de onde sabe-se as botas batidas de Judas estavam.

– Deixem os telefones no modo vibratório e bem por perto – Baekhyun avisou em um tom que tio Minseok provavelmente se orgulharia de tão responsável. – Mas só me liguem mesmo se alguém estiver pra morrer, tá? Evitem estragar minha diversão. – A magia durou pouco.

Depois disso, cada um foi engolido na multidão.

Chanyeol se sentiu desconfortável no início, desejando matar Baekhyun lentamente como um porco no espeto por convencê-lo a abandonar a fest geek para ir se enfiar naquele antro de muita putaria e perdição.

Poderia estar desfilando pelo festival em seu cosplay do Ciclope. Seria maneiro. Aí discutiria com uns maluquinhos sobre quadrinhos, participaria de uns jogos, daria uma olhada nas novidades de lançamentos. Ele até se arriscaria a mostrar o jogo que ele estava anos trabalhando, desenhando personagens e criando cenários, o exoplanet. Mas não. Tinha seguido os amigos para aquela festa para beber, beijar na boca e dançar.

E afundado nesse desconforto, Chanyeol decidiu dar uns goles nas biritas. Se estava ali de qualquer jeito, que vestisse o papel de burro conformado direito. Foi uma cerveja. Depois outra. Mais outra. Partiu pela vodca, oferecimento daquela moça bonita. Experimentou uns trecos coloridos, bem doces, e repetiu também, não tinha culpa se era gostoso. Decidiu dançar. A música era gostosa, de um ritmo ragatanga particularmente vicioso que ele só se deixou levar no meio daquele pessoal suado fedendo a sovaco podre.

No meio daquele balanço ao som de alguma música do David Guetta feat alguma voz delícia demais para não se requebrar, Chanyeol sentiu a mão de alguém em seu quadril. Não achou o toque estranho. Tinha muita gente se tocando ali e o lugar estava abarrotado como atum na latinha. Daí teve outro toque, esse mais bruto, seus quadris sendo puxados em direção ao corpo alheio e o que Chanyeol sentiu tocar em suas costas não eram peitos, porque as únicas pessoas que haviam dado em cima dele até aquele instante eram garotas.

Não que não gostasse delas, gostava e gostava bastante!; foi e dançou com uma, flertou com outra, até trocou uns sorrisos com uma morena bonita que o convidou no meio da barulheira para ir ficar com ela e uma amiga num canto mais calmo. Quase foi, viu. Só não foi porque estava esperando um cara, porque com certeza Chanyeol gostava mais de caras e queria muito um naquela noite.

Virou-se para o desconhecido, rezando para que não fosse nenhum esquisito, ou um cara esquisito com ares da maldade do criador de quem cagou bonito e fechou os olhos (um vez tinha ido na balada com Baekhyun e um rapaz com bigodinho de tio embestou em querer conquistá-lo). Sorriu tímido ao se deparar com dono da pegada boa.

Era com certeza mais baixo, apenas uma cabeça. O cabelo escuro estava meio úmido e tinha um tamanho bom, daquele tipo perfeito para se puxar em um beijo – Jesus, Chanyeol já estava pensando em beijos!

A boca carnuda se encontrava avermelhada, em especial o lábio inferior mordido na ponta dos dentes ao olhar Chanyeol profundamente. (Nossa, com certeza queria beijar aquela boca, não havia dúvidas). A roupa era toda sexy, uma calça de couro preta muito, muito apertada mesmo, marcando cada músculo, cada pedaço daquelas pernas e coxas grossas. A camisa era uma branca de linho com botões, estando três deles abertos mostrando muita pele.

E tatuagens.

Havia muitas tatuagens ali.

Chanyeol sentiu um calor queimar sua pele ao dar uma espiada nos botões abertos.

Devia ser o cara que Baekhyun tinha mencionado como seu esqueminha.

O estranho sorriu.

– Oi – ronronou em sua orelha no intervalo de uma música eletrônica para outra. Era grave, num tom de arrepiar os pelos dos braços e aonde mais tivesse.

– Oi – Chanyeol devolveu do mesmo jeitinho, a boca colocada no ouvido.

– Kyungsoo! – falou mais alto dessa vez, contando seu nome. 

E Chanyeol só lembra que disse seu nome a ele do jeito mais sensual que pôde, o que o fez rir com vergonha e esconder o rosto nas mãos igual uma criancinha tímida.

Kyungsoo, contudo, fez questão de puxá-las com delicadeza para baixo, enrolando seus dedos com uma calma e de um jeito que Chanyeol nunca se imaginou fazendo com alguém estranho no meio da muvuca ao ponto de gostar da sensação. Então, com um pouco de coragem, Kyungsoo deixou um leve beijinho no queixo alheio, indo com a boca no ouvido do mais alto para lhe pedir uma dança que Chanyeol não recusou nadinha.

Era a música mais animada de toda festa, mas eles dançaram como se fosse a canção mais lenta e cheia de tesão na voz de uma Rihanna da vida sugerindo que ficassem pelados para fazer amor até o amanhecer. As mãos de Kyungsoo presas em seus quadris, ordenando o ritmo e as reboladas que Chanyeol se atrevia a dar uma viradinha para deixar com um punhado de valentia na cara. Kyungsoo lhe apertava, rodopiava e não permitia que mais ninguém se aproximasse daquela bolha particular de tesão.

Dançaram, dançaram, dançaram ao ponto do esqueleto pedir um arrego e Chanyeol precisar de um pouco de líquido para molhar a garganta trabalhadora em rir no pescoço de Kyungsoo ou gemer por uma mão boba em sua bunda.

– Tô com sede – Chanyeol disse a Kyungsoo e este imediatamente o pegou pela mão e saiu lhe puxando no meio das pessoas, fazendo um ziguezague sem nunca soltá-lo.

Chanyeol adorou aquele zelo todo. Fazia tanto tempo que não tocava uma pessoa, muito menos beijava ou podia se escorar no corpo alheio e rir no pescoço dela como se fosse a coisa mais natural do mundo, sem sentir medo ou sem ao menos se lembrar que podia fritar alguém; as vantagens do álcool, com certeza beberia mais vezes se pudesse ficar com uma pessoa daquela forma sem preocupações e neuras de incêndios e bombeiros chegando.

Kyungsoo comprou uma garrafinha de água num barzinho daquele circuito onde a festa acontecia. Chanyeol tomou um imenso gole, estendendo a garrafa para o outro que meteu a boca na garrafa de um jeito muito provocativo, passando a pontinha da língua nos lábios depois.

Ai, aquela língua... ainda mais a pontinha dela num lugarzinho que Chanyeol queria muito fazia tempo.

– Tá ficando com alguém? – perguntou num rompante de desespero, a voz mole pelo álcool que deixava sua cabeça leve, leve, mas não leve o bastante para não querer muito a língua de Kyungsoo, a boca e o seu amigo dentro daquela calça de couro injusta.

Era uma pergunta crucial que o faria piscar a vontade de seguir em frente, porque nada contra com quem saía por aí e pegava uns serumaninhos a rodo. Baekhyun fazia muito disso. O problema mesmo era essa pessoa ser comprometida, o universo ser muito pequeno e você descobrir que foi o amante da história numa foto rodando na universidade. Chanyeol queria dar uns pegas, mas com ninguém que tivesse compromisso.

Kyungsoo arqueou uma sobrancelha.

– Ninguém além da minha vontade de ficar com você.

Jesus.

– Tem doenças sexualmente transmissíveis?

Um Chanyeol bêbado estava perguntando no máximo de seriedade que tinha, restando a Kyungsoo responder do mesmo jeito. Ninguém nunca na vida tinha perguntado algo assim para ele. Com certeza ninguém nunca na vida tinha perguntado isso para qualquer pessoa. E se tivesse, o outro ser humano deveria ter desistido de querer um envolvimento sexual por achar a criatura estranha e para lá de bêbada. Mas a única coisa que Chanyeol parecia naquele instante, entretanto, era um bocado adorável com as bochechas avermelhadas e a caretinha séria, um bico nos lábios.

Kyungsoo quis muito, muito, muito beijá-lo.

Porém negou, fazendo o rapaz suspirar aliviado e com uma nota mental de que caso as coisas dessem certo e pudesse olhar para o pau alheio, meter na boca também, verificaria se não tinha nada estranho mesmo; conhecia quase todas as perebas da vida graças a experiência de saideiras do Baekhyun, assim como a aparência que deixavam nos países baixos.

– Tudo em dia – acrescentou. – Inclusive depilado.

Chanyeol abriu um sorrisinho, os olhos presos no volume nada discreto ali embaixo e Kyungsoo sorriu junto.

– Camisinha?

Kyungsoo tateou os bolsos da calça de couro, tirando de lá um embrulho laminado.

– Seria muito pedir lubrificante? – perguntou com uma voz conhecida como manha, o cheiro de bebida alcoólica soprada no rosto de Kyungsoo, os dedinhos parando no cós da calça alheia.

A pergunta final.

Se ele dissesse “cuspe serve?”, Chanyeol daria meia-volta. Ficaria decepcionado e podia estar meio bêbado, talvez muito, e Kyungsoo podia ser bonito e tudo mais, só que não tinha desistido do fest geek para uma transa numa festa louca à base de cuspe que não ajudava em porcaria nenhuma. Tinha um restinho de dignidade e esse restinho pedia lubrificante ou qualquer coisa decente que ajudasse as coisas deslizarem mais fáceis.  

– Até com sabor se você quiser.

Fechou.

– Então me fode – gemeu na orelha de Kyungsoo, sua mão atrevidinha apalpando o pênis do outro por cima da calça. – Por favor.

E com a boca de Kyungsoo na sua, Chanyeol se derreteu inteiro como batatinha quando nasce e esqueceu de tudo. Até mesmo de que algo lá dentro de si estava borbulhando a cada beijo e toque do carinha tatuado, subindo e subindo, queimando suas veias e enchendo seu coração de fogo, deixando sua pele muito ardida e seus cabelos mais avermelhados do que o normal e seus olhos brilhantes...

*

– Nunca mais bebo na minha vida – Chanyeol resmungou rouco, escondendo-se debaixo das cobertas como um tatuzinho na toca abraçado a um Rilakkuma gigante de pelúcia. – Nunca mais, tá entendendo?

A gargalhada estridente da lamparina portátil do seu amigo fez sua cabeça doer em vários lugares diferentes.  

Esse era o lado ruim de simpatizar com um pessoalzinho de sangue fumado também: quando você quisesse um momento solo para se martirizar da ressaca e repensar em formas de dar fim aos limites da sua existência desgraçada, chorar umas pitangas e desejar nunca ter saído do aconchego da placenta da mãe, os caras não lhe deixavam quieto depois daquele claro e audível grito de “some daqui!”. Os ridículos simplesmente se materializavam bem dentro do quarto para fazer troça com a sua cara de gambá morto esquecido sem enterro.

– Você já disse isso antes e no dia seguinte encheu o cu de pinga – a voz de taquara rachada do Byun estourou em seus ouvidos.

– E dançou pelado também – Jongdae acrescentou estirado na cama com Jongin do lado, os dois mexendo no celular. – Melhor strip ever de uma bundinha seca ao som de Toxic. Tenho o vídeo salvo em algum lugar a– Ai, teu idiota! – Jongdae reclamou do travesseiro que Chanyeol atirou nele. – Cadê a amizade?

– Eu que pergunto onde foi parar a amizade de vocês. Vão ficar aqui pra me zoar ainda mais ou dar apoio moral, bando de zé cu? – Chanyeol falou afetado.

– Zoar, é claro! – Baekhyun respondeu, recebendo um chute de Jongin na canela. – Não era pra responder, ué?

– Você brilha no escuro, Baekhyun, não tem moral nenhuma pra zoar ele – Jongin devolveu.

– Pelo menos não fui eu que quase botou fogo no prédio do Kyungsoo por receb– ai, Jongin, que caralho! Vai bater no teu namoradinho gostoso, que saco.

Chanyeol se escondeu um pouco mais nas cobertas com a lembrança anuviada que ele tanto queria esquecer da noite anterior queimando seus olhos. Choramingou baixinho contra o bicho de pelúcia debaixo da coberta, se sentindo péssimo.

– Vaza daqui e deixa eu sofrer minhas crises existências sozinho, sua cópia barata da camisinha do Star Wars. – Fungou alto, virando-se de costas para todos eles.

– Não é pra tanto, Chanyeol – Baekhyun disse por causa da coação de receber mais um tapa de Jongin e do olhar eletrizante de Jongdae em atormentar seu bebê gigante; às vezes ele esquecia que aquele montante de perna e cara de mau era na verdade um neném muito sensível e que a noite passada da sua primeira vez tinha deixado o menino com traumas. – Veja pelo lado bom, não teve bombeiro dessa vez e o Kyungsoo só ficou com uma queimadura e um ar-condicionado derretido, mas tá tudo beleza. Ele ainda prometeu de mindinho que não contaria pra ninguém.

À menção do nome de Kyungsoo, Chanyeol suspirou audivelmente.

Ele tinha se machucado, caramba. Sem esquecer do provável susto que tomou por ter levado para casa um cara de quase dois metros de altura que ficou com a maçaroca vermelha pegando fogo, os olhos como duas burcas demoníacas e um pinto duro nas pernas.

Era mais um motivo para se odiar. Como pôde ser tão burro de beber tanto e cair na lábia daquele bonitinho do cacete? E aquela cena de ter pedido a Kyungsoo para ser fodido tantas e tantas vezes queimava seus neurônios. De que filme pornô tinha tirado aquilo? Não, com certeza a culpa era daquela porcaria dos erogês com as meninas guerreiras de peitão e pedidos insistentes de “put it in, put it in, senpai”. Ele jura ter chamado o Kyungsoo de senpai em algum momento.

A culpa também era de todas as punhetas batidas na carência, dos orgasmos reprimidos e daquela caixinha de sapato onde escondia uns brinquedos sexuais para brincar sozinho quando a necessidade apertava a cueca. Era um cabaço mesmo, sem tirar nem pôr.

Por isso se agarrou a Kyungsoo como se fosse um coala, a boca dele beijando cada partezinha do seu corpo, enquanto faziam o caminho até o apartamento do tatuado nos tropeços, risos e resmungos de que deveria ter a habilidade de Jongin pra chegar mais rápido, os dois bêbados que só.

E Chanyeol foi prensado contra a parede de um beco, teve o mamilo chupado e a bunda apertada, escutou umas besteiras de Kyungsoo no elevador do seu prédio, ganhou um tapa estalado no traseiro quando chegaram no ninho do amor e saiu correndo como se fosse um garotinho todo risonho em direção da cama, a bunda bem empinada para Kyungsoo assim que este se livrou das roupas, deixou a pele branca marcada de desenhos incríveis e botou o pênis duro para fora, prometendo fazer Chanyeol gemer seu nome ao ser fodido tão gostoso. 

Tudo ‘tava indo bem até aí. Se beijaram um pouco mais, Chanyeol parava os beijos de Kyungsoo pra contar uma curiosidade que tinha descoberto no “Você sabia?” do twitter.

– Cê sabia que o músculo mais forte do corpo é a língua? – contou baixinho, o rosto ardido enfiado no travesseiro em êxtase ao sentir os beijos úmidos de Kyungsoo nas suas costas bem lento.

– Quer ver se é verdade mesmo?

– Como? – Chanyeol perguntou inocente, ouvindo o riso de Kyungsoo em sua orelha, um sopro de “fofo” vindo junto.

– Fodendo você com ela, Yeol.

Ao sentir as mãos de Kyungsoo em seu traseiro, a respiração quente dele bem em sua entradinha ansiosa, Chanyeol gemeu o nome do outro bem arrastado e foi aí que seus olhos começaram a mudar de vez. Seu corpo esquentou bem mais do que já estava, fazendo Kyungsoo parar de chupá-lo para perguntar se ele se sentia bem, porque parecia com febre. A temperatura do quarto então. Kyungsoo teve de ligar o ar-condicionado em determinado momento do pega tamanho o calor. Além disso, Kyungsoo estava muito bêbado ou o cabelo de Chanyeol parecia...fogo?

Fogo, cacete. Era fogo!

– Chanyeol, se cabelo tá pegando fogo, caralho! – Kyungsoo gritou, se levantando depressa todo duro para ir atrás do extintor de incêndio, tinha um escondido em algum lugar do apartamento e os olhos d– mas que porra é essa?   

As coisas saíram fora do controle depois disso. Chanyeol se assustou com a reação de Kyungsoo, se assustou com a sua imagem refletida nos olhos dele e ficou com medo, sentindo-se ameaçado e com raiva por aquilo acontecer justo quando estava quase para ser fodido, Jesus Cristo!

O ar-condicionado pifou nesse meio tempo pelo esforço sobre-humano que estava fazendo para deixar o lugar fresco, deixando o apartamento fedendo a plástico assado e mais fumaceado que área de fumante. Kyungsoo assistiu Chanyeol correr nu em direção do banheiro e se trancar lá, o som do chuveiro escorrendo contra seu corpo e um shhhhhhhhhh de quando a gente frita as coisas em óleo fervente ecoando pelas paredes. Assim que tocou na maçaneta para entrar e ver o que diabos estava acontecendo, queimou a mão. Chanyeol tinha tocado aquilo e estava superquente à beça. 

Chanyeol ficou trancado no banheiro com o chuveiro ligado por quase uma hora toda, dando sinal de vida apenas para pedir num sussurrinho atrás da porta fechada que Kyungsoo pegasse seu celular caído em algum canto do apartamento e ligasse a Baekhyun ou Jongin para buscá-lo depressa.

Foram muitas emoções para Kyungsoo num dia só. O cara que estava a fim fazia tempo e que quase fodeu (havia colocado só a cabecinha lá, poxa vida) tinha fogo no cabelo e os olhos vermelhos, daí ligou para os amigos dele que apareceram do nada no meio do seu apartamento como se fosse a coisa mais normal do mundo, tipo Harry Potter no modo aparatar.

O moreno alto com um chupão bem discreto no peito de camisa aberta deu uma olhadona em Kyungsoo de cima a baixo antes de sumir de novo, dessa vez para dentro do banheiro onde pôde escutar sussurros da parte de Chanyeol – desculpa mesmo, é tudo minha culpa, desculpa, Nini por atrapalhar seu encontro com o crush. Depois, só silêncio.

Baekhyun, aquele com quem teve um rolo de uns beijos e mão boba por um par de vezes no início da universidade, ficou para trás com o sorriso amarelo e aquela carinha de quem tem mil e uma explicações para dar. Quando ouviu um blá-blá-blá de superpoderes, Kyungsoo achou melhor encerrar a noite.

– Não vou mais botar os pés nessa universidade – Chanyeol falou decidido, olhando para os amigos. – Minha vida acabou.

– Você ainda não tem aquele projeto pra apresentar? – Jongin lembrou.

Chanyeol fez um biquinho queixoso, lembrando que o professor que tinha enchido a bunda deles de caralho o semestre inteiro havia adiado a data por conta de uma viagem extremamente importante de vida e morte – que na verdade, Chanyeol viu na rede social dele, foi mais um passeio chique com direito a vinho, sombra fresca e hotel cinco estrelas. Não podia deixar de ir, sua nota toda seria computada naquele projeto fodido.

– Vou apresentar essa porcaria e depois nunca mais vou sair da porra desse quarto – decretou. – Nunca mais.

– Nem pra ir no fest geek ano que vem? – Baekhyun provocou, recebendo de Chanyeol um olhar de queimar por dentro. – Ah, Chanyeol, pode parar de chorume. O Kyungsoo ficou de boa e ainda quer falar contigo.

– Comigo?

– Tu tem um clone por acaso? – Jongdae se intrometeu. – É claro que é contigo, anta da pira de fogo! E você deve falar com ele também e pedir desculpas.

– Por quê?

– Porque talvez você tenha assustado ele na sua versão boazinha da fênix, derretido o ar-condicionado do cara e gastado uma fortuna de água ficando debaixo do chuveiro? – Baekhyun listou, assoprando uma mecha do cabelo preto que caiu em seus olhos em seguida.

– Quem arrumou o esquema foi você, tá? – Chanyeol acusou.

– E você não recusou que a gente percebeu por esses chupões aí. – O Park voltou a se esconder nas cobertas para esconder a prova de que havia ficado bem a fim do esquema. – Se não tivesse pegado fogo, teria rodado no colo do Kyungsoo, seu falso do araque. 

– Você também estragou o pote cheio de camisinha do rilakkuma do banheiro dele – Jongin acrescentou com um sorrisinho bobo por alguma coisa que tinha visto no celular. – Sim, eu sei, camisinha bem interessante pra se ter de monte, mas quem sou eu pra julgar quando meu próprio amigo adora isso, né, Chanyeol? De qualquer forma, era um pote lotado que ele derreteu.

Jongdae suspirou, se levantando da cama e apontando o dedo na cara de Chanyeol.

– Você peça desculpas a ele o mais depressa possível e você – apontou para Baekhyun.

– Que que tem eu?

– Quero o número de telefone da garota de ontem pra hoje.

Baekhyun sorriu.

– Gostou da Myeonie, é?

– Só me passa o telefone logo, luminária de escrivaninha.

Enquanto Baekhyun foi encher o saco de Jongdae a respeito da noitada, Jongin se teletransportou para perto de Chanyeol na cama e mostrou o celular na sua mão com um sorrisinho de bobo apaixonado, suspirando no ombro do mais velho como um garoto de coração derretido por Oh Sehun.

 

crush: oi

Hmm, Baekhyun hyung me deu seu número e quis mandar um oi.

Oi.

De novo.

jongin: Oi [emoji sorrindo com bochechinha vermelha]

fico feliz por ter vindo mandar um oi

mas, ai... depois de ontem eu ficaria mais feliz se quisesse mandar outras coisas também

sabe

se você quisesse

crush: [emoji de ursinho todo tímido]

tipo o quê?

jongin: já disse que gostei muito do seu beijo? 

crush: não disse não

jongin: então, eu gostei muito

mas esqueci o sabor da sua boca

crush: e eu gostei de você [gif de um gatinho escondendo o rosto]

se quiser, posso te lembrar o gosto dela

quer?

jongin: só se for pra agora

crush: vem

jongin: vou sim

quer dizer

vamo

meu deus, tô nervoso

crush: deixa que eu te acalmo

daquele jeitinho, sabe

 

– Acha que ele gosta de mim? – Jongin se ajeitou contra o calor confortável do ombro de Chanyeol e suspirou profundo ao dar outra olhadela no celular.  – De verdade?

– Ele sabe que você pode...puff?

Jongin aquiesceu. Também, quando estava no meio de uns beijos bem dos gostosos com ele, um clima para lá de maravilhoso, o celular começou a tocar e a voz mandona de Baekhyun só disse que Chanyeol estava encrencado. Dizer um “pode me esperar um minuto? Volto logo, juro mesmo que eu volto” e então sumir na frente do rapaz era uma demonstração e tanto. Mas Sehun meio que já stalkeava Jongin de longe fazia tempo e havia notado que tinha algo de estranho nele, como quando o via em algum canto e num piscar o menino tinha sumido do nada.  

– Ele sabe sobre você e quer te ver de novo. Se isso não é gostar, não sei o que é.

Jongin sorriu felizinho e soltou outro suspiro de um apaixonado há tempos pelo cara gostoso de fotografia.

– Então o Kyungsoo também.

– Quê?

– O Kyungsoo sabe sobre você e quer te ver de novo – explicou. – Isso significa que ele gosta bastante de você, não é?

Chanyeol sentiu as bochechas arderem e a risadinha de Jongin em sua orelha era o sinal do triunfo.

Tinha que comprar camisinhas de Rilakkuma e pedir desculpas de uma vez.

*

Chanyeol havia dito que nunca mais beberia em toda a sua vida, mas quase meteu goela abaixo o gosto forte da coragem quando marcou de se encontrar com Kyungsoo. O menino rogou por uma companhia, que um de seus amigos fosse junto como tinha ido tantas e tantas vezes com eles pra ficar no posto que Baekhyun havia nascido para ser: a vela. Ninguém quis.

– Você foi sozinho pra casa dele na hora de fazer o acederrê, agora vai sozinho pra ajoelhar essa sua cara larga no milho da vergonha.

Foi sozinho. Deu sorte ainda de aquele dia estar particularmente mais fresco e gelado que os outros, podendo se enfiar nos casacos dois números maiores, com cachecol e gorro na cabeça para se esconder de alguma forma quando não sentia um arrepio do tempo castigando sua pele quente por existência. Passou o caminho todo repetindo o mantra que tio Minseok havia ensinado para se manter em controle, evitando o desespero arder nas veias. Tudo daria certo. Tudo daria, era só pedir desculpas e pronto.

Kyungsoo estava lá à sua espera, o corpo com tudo em cima embiocado num jeans e casaco escuros – não, não daria muito certo e pronto.

E ele era tão mais bonito assim, sem os efeitos alucinógenos do álcool futricando nos miolos. As sobrancelhas grossas, os olhos profundos atrás dos óculos que o deixavam com uma cara de músico gênio, daí sua boca carnuda castigada pelo dia frio, as mãos masculinas e cheias de calos guardadas nos bolsos do jeans. O cabelo! Chanyeol definitivamente adorava aquele cabelo preto de quem caiu do céu, de um tamanho perfeito para enroscar os dedos. Se lembrava de ter puxado muito aqueles fios quando...ah! Não era hora para se ter essas memórias na cabeça.

Mas e as tatuagens? Não se recordava perfeitamente de todos os desenhos, apenas que ficara maravilhado com vários e que tinha beijado e lambido alguns naquela noite, só que vendo Kyungsoo escondido debaixo daquelas roupas todas, Chanyeol daria tudo para dar uma olhadinha nelas apenas mais uma vez.

Frente a frente, um Chanyeol tímido disse oi e Kyungsoo respondeu rouco a saudação. Ficaram em silêncio por alguns segundos olhando um ao outro com mais atenção, percebendo coisas que o álcool daquele dia não havia deixado notar (embora Kyungsoo tivesse notado tudo em Chanyeol há muito antes quando o espiava rir com os amigos pelo campus ou andar para lá e para cá todo embananado com aqueles seus metros de pernas, a cara enfiada num livro ou no celular).

– Desculpa – o Park pediu por fim, quebrando o contato visual. – Desculpa por te assustar com a minha...aparência. Desculpa por ter te machucado.

Seus olhos vagaram para a mão que Kyungsoo tinha deixado cair ao lado do corpo, vendo as bolhinhas da queimadura na ponta do dedos e se sentindo mortalmente péssimo.

– Desculpa pelo ar-condicionado e pelo tanto de água que eu gastei naquela noite ficando debaixo do chuveiro. Desculpa por também derreter sua coleção de camisinha do Rilakkuma – falou sincero, rápido, olhando do chão para os olhos de Kyungsoo em intervalos curtos. – Não tenho muito dinheiro agora, mas prometo que vou pagar pelo seu ar e a conta de água. Quanto à sua coleção...aqui – estendeu a Kyungsoo uma sacolinha de papelão, contendo lá dentro um pote transparente recheado de camisinhas e vários tubos de pomada para queimadura. – Desculpa. De verdade.

O músico olhou Chanyeol demoradamente, vendo um leve rubor em suas bochechas.

Baekhyun tinha explicado o que Chanyeol e todos os outros possuíam de diferente. Nascer com habilidades como aquelas não era algo que acontecia todo dia e com certeza existia mais pessoas daquele jeito por mundo afora, mas eram inofensivos, viviam uma vida muito normal sem salvar o planeta das forças do mal e tudo mais.

Baekhyun também explicou que eles eram bem sensíveis no que tocava intimidade. Kyungsoo se lembrava de ver pela janela do carro como as luzes da rua ficaram malucas ao fazer Baekhyun gozar certa vez ou de como uma lâmpada estourava ou de como o rapaz parecia mais angelical, brilhoso em um contato de mão dentro da cueca, a boca em lugares indevidamente devidos. Nunca deu muita liga (na verdade, achava que Baekhyun precisava de um banho de água benta com sal grosso).

Ao invés de brilhar, Chanyeol queimava.  

Não negava ter se assustado com a visão naquela noite. Quem não se assustaria ao ver o cabeça da pessoa que estava prestes a foder pegando fogo, os olhos parecendo uma versão do mal mais bonita? Contudo, quando repassou as memórias que o álcool não havia embaçado, pareceu tão idiota ter se assustado. E a aparência de Chanyeol revolto em uma aura de chama era tão...sexy, tão bonito.

– É uma pena – Kyungsoo declarou.

Chanyeol saiu do seu transe de quietude e fitou o músico.

– O quê?

– Agora eu tenho um pote cheio de camisinhas do Rilakkuma e ninguém pra usar. – Deu uma espiadinha dentro da sacola, fazendo um bico claramente pouco satisfeito, depois voltou o olhar para Chanyeol e abriu um sorriso de canto meio tímido. – Baekhyun disse que você gosta. De Rilakkuma.

– Ah! – deixou escapar.

– E eu gosto de você, então... – Kyungsoo deu de ombros, vendo os olhos e a boca de Chanyeol se abrirem em surpresa. – Faz tempo – acrescentou meio sem jeito. – Queria te dar tantos beijos, te encher de abraços, te chamar de amor – falou acanhado. – Usar esse pote de camisinha inteiro contigo.

Kyungsoo deu alguns passos em direção do maior e este foi para trás instintivamente. O Do insistiu e estendeu sua mão para Chanyeol, num pedido mudo de que pegasse, de que se aproximasse, de que quisesse ficar junto também.

Chanyeol olhou da mão para Kyungsoo e sentiu medo. Não queria machucá-lo de novo, nem ver nos olhos dele o modo como parecia quando aceso em chamas. Mas, de alguma forma, sentia saudade da sensação da mão de Kyungsoo na sua como na festa, do calor do corpo dele contra o seu, do cheirinho gostoso da sua colônia, da sua voz sussurrando coisas sujas em seu ouvido, do jeitinho bom como Kyungsoo o fazia se sentir querido e especial no seu abraço.

Com a ponta do dedos, tocou delicadamente a mão estendida do músico, logo assistindo os dedos se embrenharem rápido e se unindo de uma forma para nunca mais soltar.

– Você quer? – Kyungsoo perguntou.

O Park sentiu seu coraçãozinho dar uma falhada brusca, acabando por capotar ao receber um beijo carinhoso de Kyungsoo na costa da sua mão enlaçada à dele.

– Quero, sim.

Chanyeol iniciou o beijo e Kyungsoo só fez durar por muito mais tempo depois.

*

Kyungsoo não era ligado nessas coisas românticas de ficar com alguém.

Se fazia adepto à política do espírito livre – se quer beijar, vamo; se quer baixar a calça e foder, também vamo, depois até mais ver e talvez uma próxima vez? Valia uma próxima se a coisa tivesse sido gostosa com aquela pessoa.

Ele curtia mesmo era a simplicidade no negócio. Quanto mais rápido se acertasse pra cair na boca de uma pessoa, mais rápido teria a chance de direcionar seus interesses em outro ser humano pegável. Não era à toa que tivesse passado a rasteira em bastante gente naqueles seus anos de universidade. O fato de ele ser músico, de ter aquela aura mais quieta que chegava no jeitinho no cangote de alguém, a pegada boa e uma magia negra nas arte de sedução ajudava muito. Chanyeol tinha sido um dos alvos escolhidos para investir em beijos na boca.

Mas o bagulho com o cara azedou quando Kyungsoo deixou de querer essa coisa de uma noite. Ao vê-lo rir todo escandaloso contra o ombro de Baekhyun, Kyungsoo queria saber o motivo daquilo que o fazia feliz – queria ser o motivo do seu riso também. A sua careta de estudioso na tela do laptop em uma das mesas da biblioteca fez Kyungsoo debater internamente um milhão de vezes se deveria ir se sentar perto dele e puxar papo. Desistiu de todas por motivos ainda mais estúpidos – ele vai me achar estranho, aposto. Mal sabia que o garoto superava sua esquisitice em qualquer sentido.

Viu Chanyeol correr atrasado para a aula um montão de vezes, o cabelo avermelhado dele cheio de cachinhos bagunçados de uma forma adorável que Kyungsoo se pegou desejando fazer cafuné. E as mãos imensas dele, Kyungsoo queria segurar. Mas segurar para não soltar nem depois nem nunca.

Estava ferrado por Park Chanyeol e não era pouco.

Tanto é que pediu a ajuda de Baekhyun para ajeitar um esquema que, bom, não foi lá mágico e perfeito, mas único daquele jeito que uma primeira vez deve ser. E querer namorar Chanyeol a sério fazia Kyungsoo pensar em quantas coisas únicas e engraçadas, momentos que lotariam as lembranças eles dividiriam.

O primeiro encontro no cinema que gerou aquela discussãozinha boba.

– Escolhe o filme – Kyungsoo pediu.

– Não, escolhe você – Chanyeol devolveu.

– Você.

– Você, vai – o grandalhão falou manhoso, balançando os ombros.

– Você... – Kyungsoo resmungou contra o pescoço de Chanyeol, beijando o local com demora.

– Okay. – Chanyeol soltou um risinho e grudou sua boca na de Kyungsoo em um beijinho estralado, voltando os olhos para a escolha do filme. – Quero esse aqui – apontou para o cartaz colorido de uma franquia de super-heróis.  

Kyungsoo franziu o cenho, sua cara de desgosto não pela escolha do filme, pelo super-herói como personagem principal. Não suportava o Capitão América, Jesus Cristo. Aquela cara dele de mauricinho de revista, o ar presunçoso de ser o único salvador da pátria; era um porre, sem mais.

– Sério? – perguntou.

– Alguma coisa contra? – a voz dele estava rouca, daquele jeito quando ficava encucado com algo. – Quer escolher um filme?

Temendo que ele pegasse fogo bem ali no meio do pátio do cinema, Kyungsoo negou.

– Só quero o que você quiser, bebê.

Chanyeol o encarou sério antes de abrir um sorriso que fez o coração de Kyungsoo ter um leve siricutico, descendo a boca em direção da sua para um beijo lento.

– Vem, me ajuda a escolher um filme – sussurrou contra a orelha de Kyungsoo, ganhando um olhar confuso da sua parte. – Não gosto dele também – explicou.

– Lê pensamentos agora?

– Só os seus.

Kyungsoo deu uma olhadinha para os lados vendo se alguém notava com muita atenção o casalzinho apaixonado de muitos carinhos e sorrisos a escolher um filme. Então mordeu o lábio daquele jeito provocativo e lançou uma piscadela ao Park nada discreta, sussurrando um gemido manhoso de “gostoso” contra a boca do mais alto.

– Consegue ler o que eu tô pensando agora?

Chanyeol prendeu seus dedinhos no cós da calça do namorado.

– Acho que a gente vai ter pegar lugar no fundo.

– E você vai ter que gemer baixinho.

Havia as noites em que Kyungsoo e Chanyeol passavam trocando mensagens atrás de mensagens.

 

kyungsoo: ouviu a música que te mandei?

chanyeol: é tão bonita ela, e com uma batida bem...legal, sexy, quente

gostei muito

kyungsoo: não sentiu nada ouvindo ela?

chanyeol: além de querer beijar você e fazer um monte de coisa com você?

kyungsoo: sem roupa

chanyeol: sem roupa

kyungsoo: sabe em ocasião que ela combina?

chanyeol: sei que em festa de criança que não é

kyungsoo: bobo

chanyeol: desculpa soo, rs

em que ocasião

kyungsoo: a gente fodendo

imagina que gostoso, você lá no meu colo

a gente se beijando, sua mão no meu pau e a minha no teu

a música tocando ao fundo, então a gente tira todas as roupas e eu te beijo todinho ao som desse “your body is my party”

tem tanta música que quero foder você ao som dela

chanyeol: você não pode falar essas coisa pra mim e não estar aqui

bem que podia ter o poder do jongin pra aparecer na minha cama

kyungsoo: chan

eu tenho moto, esqueceu?

posso ir aí se você quiser

chanyeol: por favor, vem

kyungsoo: 5 min

liga a música e se prepara pra mim

 

Ou:

 

kyungsoo: ei, sabe o que eu queria agora?

chanyeol: o quê?

kyungsoo: você

em cima de mim

chanyeol: shy shy

ai, soo

mas sabe o que eu também queria agora?

Kyungsoo: espero que seja algo relacionado comigo

chanyeol: tudo o que eu penso é sobre você, kyungsoo

sobre te beijar, te abraçar, poder ganhar seu carinho e te encher o saco

kyungsoo: você nunca enche meu saco, neném

só de tesão

chanyeol: e você me enche de amor, meu amor~ [gif de coelhinho tímido]

kyungsoo: aff, chanyeol

se você quer ser adorável, vem ser na minha cama pertinho de mim pra eu te dar uns beijos porque não aguento isso

 

E ligações até tarde da noite, fazendo Jongdae pensar em estremecer o céu em um raio de partir bem o meio da cara.

– Desliga você – Chanyeol sussurrou manhoso.

Não, você primeiro.

– Você, Soo.

Desliga você, vai.

– Então me dá boa noite.

Boa noite, docinho.

– Amor, diz amor.

Kyungsoo riu no telefone.

Boa noite, amor.

– Boa noite, amor. Vou desligar.

Okay.

– Desligando, hein.

Chanyeol ouviu um bufo irritado do outro lado do dormitório e os olhos de Jongdae brilhando no escuro foi o bastante para ele ver que estava encrencado.

– Se você não desligar esse telefone agora, Park Chanyeol, vou desligar ele pra sempre.

– Eu nem terminei de pagar ainda!

– Pois então dá tchau ao seu namoradinho e desliga – falou decidido. – Boa noite, Kyungsoo e se tiver roupa no varal acho bom tirar, vai cair um tororó! – completou em um grito, voltando a se deitar na cama.

Kyungsoo e Chanyeol deram um bom uso àquele pote de camisinha de Rilakkuma. Tiveram até mesmo que comprar mais um punhado delas e deixar de estoque; não podiam fazer nada se gostavam bastante de foder (Chanyeol insistia contra a boca de Kyungsoo que era fazer amor pronto e acabou, poxa). E o Do simplesmente achava lindo aquela parte em que Chanyeol ficava em chamas, literalmente. Os cabelos em um tom mais vivo, a íris dos seus olhos se tornando carmim na medida que beijos eram deixados em sua pele ou Kyungsoo indo mais fundo dentro dele.

O fogo de Chanyeol não machucava o namorado nem nunca machucou. Só havia muito calor, o que era bom em dias frios – especialmente para foder. O Park era como um aquecedor ambulante, um casaco de pele macia cheirando a sabonete de morango, a fonte de gás do seu botijão, o sinônimo de aconchego no qual Kyungsoo (e qualquer outra pessoa) gostava de estar por perto sempre para pegar na mão ou encostar a cabeça em seu peito. O calor de Chanyeol sussurrava lar.

– Você é como um Charmander fofinho do tamanho de um Charizard – disse ao namorado certo dia, estando preso dentro do abraço gostoso dele.

– Um Charmander fofinho do tamanho de um Charizard só seu.

– Meu. – Kyungsoo beijou a boca alheia, adorando aquele momento mais que tudo. – Que mora na pokebola do meu coração.

Os dois riram bobinhos, se olhando nos olhos.

– Vai ser muito brega eu dizer pra sempre?

– A gente é brega, Chanyeol.

– Então pra sempre.

E falando em lar, pra sempre e coisas bregas, Kyungsoo foi conhecer a família de Chanyeol.

Esse tipo de experiência não estava incluída na sua vida, mas se apaixonar por um cara de quase dois metros de altura que soltava fogo também não era previsto. Que que custava ir ver a família dele, ser apresentado como o namorado, almoçar em conjunto num dia de domingo, ouvir as piadas ruins de tios e perguntas indecentes da irmã, os questionamentos dos pais sobre a intenção com seu filho, ser o motivo de risinhos bobos dos amigos de Chanyeol nas suas costas? Sobrevivia.

– Acha que vão gostar de mim? – Kyungsoo perguntou pela décima vez naquele dia, parando em frente de Chanyeol em seu apartamento com a camisa engomadinha de botões que estava vestindo para a ocasião. – Os seus pais?

Chanyeol riu.

– Você gosta de mim. – Fez um carinho nos cabelos penteados do namorado, bagunçando os fios e recebendo uma carranca. – É claro que vão gostar de você.

 – Mas e as tatuagens? – insistiu. – Eles gostam de tatuagens?

As mãos quentes do conjurador de fogo impediram Kyungsoo de fechar o restante dos botões, acabando por abrir a camisa de vez para traçar o dedo indicador nos desenhos feitos na pele do seu peitoral, descendo pela barriga, sumindo nas costelas, escorrendo nos braços e crescendo nas costas.

– Eu gosto delas, Soo – disse baixinho. – Muito.

Chegaram atrasado no almoço de domingo e por um bom motivo: Chanyeol tratou de beijar cada nota musical, cada constelação, cada traço delicado de uma flor, as cores vibrantes, os desenhos abstratos, pedaços de frases, e, em especial, aquela fênix que Kyungsoo tinha tatuado sobre o coração fazia tempo por pura coincidência, tornando-se mais tarde um segredinho dos dois cheio de significados.

Brigavam, é claro. Por enê motivos. Pela carência, pela saudade, por um dia ruim na escola, pelo cansaço, por um ciúmes bobo que acabavam nutrindo sem querer, quando ambos só tinham olhos para a pessoa que carregava no dedo anelar o anelzinho de compromisso. Mas normal, coisa que qualquer casal goals por aí passava um dia. O importante mesmo era que, fazendo chuva ou sol, o sentimento era verdadeiro e recíproco.

 

charizard: eu odeio ele!

vela de reza:

agora me conta uma verdade

charizard: o kyungsoo é tão...ARG, idiota!

Aquele idiota lindo que eu quer encher de beijo mesmo sendo um cavalo sem coração do caralho

vela de reza: e sabe o que é isso?

cê ama ele, sua tocha olímpica de duas pernas

charizard: EU SEI

amo sim, caramba

demais

vela de reza: mandei print pra ele e saí correndo~

vai fazer as pazes, vai

 

No final de tudo, acabavam sempre juntos fazendo confessas de amor ao pé da orelha (Kyungsoo dizendo umas sujeiras de bônus, deixando o coração do menino mais mole que sorvete derretido), vendo vídeos fofos de gatinhos, porque se tinha uma coisa que Chanyeol gostava bastante depois de Rilakkumas, era ver vídeos dos bichinhos adoráveis no youtube. E se Chanyeol gostava, Kyungsoo gostava também. Perfeito? Perfeito.

A verdade mesmo era que para Kyungsoo, Chanyeol tinha nascido com um único superpoder e ele era o de fazer seu coraçãozinho se apaixonar todo dia naquele famoso e bem brega que era o para sempre deles todo hot e com ar-condicionado queimado, a chama do amor fazendo hula-hula no peito do tamanho de um Charizard.


Notas Finais


se tu sobreviveu até aqui, brigada por ler e perdoa os erros de digitação que vou corrigir com mais calma ♥

sobre os apelidos de chanyeol jongin jongdae e baekhyun nas conversas: todos eles são personagens da marvel cujo poder bate com os deles; o sentinela é luz, a tempestade manipula a eletricidade/raios, o noturno se teletransporta e o tocha humana é literalmente uma tocha humana uahsuahs. Mas caso tenha mais alguma dúvida, só perguntar.

e escrevam power!au plss, é bom demais gente!

XOXO


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