A preparação para o torneio dos espadachins parecia ter preparativos sem fim. Eram escudeiros correndo para todos os lados com seus cavaleiros ao lado, todos querendo colocar as armaduras o mais rápido possível. Eram poucos os cavaleiros nobres que disputavam esse tipo de disputa, a maioria dos guerreiros de nascimento nobre preferiam as justas, pois alegavam que não deveriam lutar a pé como um qualquer. Aegon era um dos homens que acreditava nisso, mesmo que Rhaenys achasse que era mais provável que o garoto tivesse receio de fazer uma disputa a pé contra os outros soldados. Principalmente porque ele sabe que se lutar no chão contra Jaeherys iria perder.
O irmão mais novo de Rhaenys fora um dos primeiros a chegar para o combate. Com sua armadura negra com detalhes em vermelho e branco, todos aplaudiram ter um príncipe em um evento que muitos achavam não ser digno do nível de realeza do garoto. Mesmo assim, aquele não era um torneio somente com Jon como uma figura conhecida. Uma das pessoas que já estava presente era Robb Stark, para a surpresa de muitos, pois poucos esperavam que o Jovem Lobo fosse disputar alguma coisa, não era do feitio dos nortenhos virem para torneios. Segundo o que diziam, eles preferiam levantar suas espadas somente para matar um inimigo. A armadura do garoto Stark era bastante normal, não havia muitas decorações, seu elmo não era em forma de lobo, ou sua armadura decorada, ele usava vestimentas para combate, e a única coisa que definia sua casa era uma túnica de pano que prendia em sua armadura. O outro guerreiro que havia acabado de chegar sim, esse possuía uma fera em seu elmo, e para Rhaenys, aquele talvez fosse um elmo mais digno da principal casa do Norte, porém não era um lobo que representava e sim um cão. Era Sandor Clegane, um dos maiores guerreiros que a garota já havia visto. O elmo do homem impedia que qualquer um pudesse ver a horrenda cicatriz que tinha em seu rosto.
- Com licença, mas posso me sentar aqui? - Rhaenys é interrompida de seu pensamento na hora em que Thoros de Myr aparece para entrar na arena com sua espada em chamas e gritando.
- Claro, não tem problema. - era Daerneys Targaryen, a Lady de Pedra do Dragão. Havia muito tempo que Rhaenys não via a tia, que por sinal era quatro anos mais nova que a princesa. - Sinta-se à vontade para sentar ao meu lado, tia.
Rhaenys gostava de chamar Dany de tia, mas era por pura provocação. Embora se a garota reparasse nisso, nunca falou nada sobre. As duas estavam numa barraca que havia sido colocada especialmente para a família real e alguns membros seletos. Rhaegar e Lyanna sentavam-se em um local mais elevado, enquanto o espaço para os Targaryen restantes ficavam abaixo deles, e por último estavam homens como o mestre da moeda Renly Baratheon, o mestre dos navios Monford Velaryon, o local do mão do rei que havia sido sugerido à Tyrion Lannister para se sentar, todavia, ele recusara alegando que não podera ficar com a cadeira do pai. Por último estavam Sor Gerold Hightower e Sor Arthur Dayne, ambos representando a Guarda Real. Haviam dois lugares especialmente reservados para Aegon e sua noiva Margaery Tyrell, mas o Targaryen preferiu se sentar com a noiva na barraca feita especialmente para a família da Campina.
-Aegon parece estar se divertindo com a noiva. - Daenerys fala e Rhaenys percebe o irmão falando algo no ouvido de Margaery. Logo em seguida a menina dá uma risada tímida e fala algo no ouvido do príncipe, que ri do que ela fala também. - fico feliz que o casamento dele parece estar indo por um bom caminho.
Qualquer homem ficaria com o humor de Aegon depois da noite que tivemos juntos. Rhaenys pensa na noite anterior. Não fora a primeira vez que os dois tiveram relações, na verdade, eles mantinham há mais de quatro anos. Quando Aegon era apenas um jovem que gostava de ficar entrando nos quartos do castelo sem avisar a ninguém. A princesa lembrava bem da forma que havia acontecido, e de certa forma isso a faz sorrir, pois ela imagina que Aegon irá fazer com Margaery tudo que Rhaenys outrora ensinou a ele.
-Sim, meu irmão é um cara de sorte. - Rhaenys fala de forma encenada. - Lady Margaery também, ambos formam um lindo casal!
-É, formam mesmo - Rhaenys percebe que a tia a olha como se estivesse analisando algo. - mas e você? Achei que a essa altura já estaria casada com algum grande Senhor de Westeros. - essa era a pergunta que a princesa mais ouvia.
- Por sorte, meu pai se sente muito mal pelo que fez minha mãe passar. Então ele achou que seria uma boa ideia deixar a filha dele longe dos jogos pela coroa. - Aquilo que Rhaenys falou era verdade. Rhaegar realmente sentia-se culpado por Elia ser uma mulher divorciada. Se ela morasse em outro reino que não fosse Dorne, provavelmente estaria se sentindo numa situação muito mais humilhante.
- Isso é bom, porém sempre acreditei que a esta altura você já estaria interessada em algum homem. - Daenerys parecia querer retirar alguma informação. Isso estava começando a deixar a princesa desconfortável.
- Sou mais dornesa do que Targaryen, tia. Fora assim que seu pai e meu avô me declarou ao me ver a primeira vez. - a lembrança de uma garota de dois anos encontrando o assustador avô pela primeira vez. Naquela época a garota não sabia da loucura dele, e em menos de alguns meses estava sendo prisioneira na Fortaleza Vermelha como forma de obrigar Rhaegar a lutar pelo Rei e não tentar usurpar o trono. Aquilo fez com que Rhaenys repudiasse um pouco os Targaryen, até mesmo o próprio pai. Todos com exceção de Aegon. - Se sou de Dorne, eu devo me comportar como alguém de daquele lugar. Prefiro ter vários amantes em minha cama, do que um senhor gordo no qual só serviria para pôr seu filhos no mundo.
Logo após falar essas palavras Rhaenys percebeu que talvez tivesse ido longe demais. Daenerys a olhava com uma mistura de choque e depois sorriu de maneira estranha para ela, por um horrível momento a princesa achou que o pai a tivesse ouvido. Porém Rhaegar olhava atentamente para o centro da arena.
Agora o local estava cheio de guerreiros, deveriam haver pelo menos 50 dos melhores espadachins de Westeros todos reunidos no mesmo lugar. A grande maioria era de soldados anônimos dos senhores de Westeros, por isso, todos eles olhavam para Jaeherys como se o garoto fosse um incômodo terrível. Haveria um prêmio de mil dragões para o vencedor, porém era difícil obter esse dinheiro quando eles teria que derrotar um príncipe que se provavelmente o cortassem sem querer iria ser mortos. São tolos de acharem que meu irmão é apenas um garoto que veio brincar, Rhaenys sabia muito bem das habilidades excepcionais de batalha de Jon. Ele podia ser péssimo em política, mas era ótimo em batalhas. Daenerys olhava para o sobrinho mais novo com uma afeição exagerada, isso fez com que Rhaenys desconfiasse de algo. Se a tia planejava roubar algum segredo da garota, então ela deveria ter algum segredo desta também.
Um homem vestido com as cores Targaryen e segurando uma trompa aparece quando o último espadachim entrou. Todas as atenções se voltam para aquela pessoa. O homem puxa um rolo de pergaminho e quebra o selo para demonstrar que o documento não havia adulterado. Ele desenrola o pergaminho e solta um longo pigarro antes de começar a lê-lo.
-Venho por este, falar as regras deste torneio. - o homem começa a falar e os espadachins se aproximam dele para que pudessem ouvir, os mais próximos dele são Jon e Robb Stark. - A primeira regra, matar está terminantemente proibido. O guerreiro que matar outro será desqualificado e suas posses doadas a família do morto. As regras são semelhantes para o caso de mutilação. - os guerreiros começam a vaiar o homem que anuncia as batalhas.
- Isso é sério? - Sandor Clegane vocifera com escárnio e cospe de propósito no chão. - Se vamos ter que lutar como se tivéssemos vaginas, seria, melhor eu ter vindo de vestido. - terminou de dizer se afastando do grosso do grupo de espadachins.
Rhaenys conseguiu ver muitas risadas vindo de todas as arquibancadas, principalmente vindo de onde Oberyn Martell e Tyrion Lannister estavam sentados. Ambos estavam com suas taças de vinho cheias e pareciam se divertir bastante com o tipo de comentário ácido de Clegane. A algazarra somente se acalmou quando o orador olhou diretamente para Rhaegar que apenas se levantou com uma pose firme e altiva que acabou fazendo com que todos os risos se findassem. A garota olhou diretamente para a espada embainhada que o pai carregava, Rhaenys podia jurar que nunca havia visto o pai portar aquela arma antes, mas claramente foi uma arma feita para Targaryens, e o rubi preso no pomo da arma parecia ter sido feito para que o rei usasse com sua armadura de batalha.
Após o término dos alardes, o orador conseguiu finalizar toda as regras do torneio. Para evitar que houvessem rixas e represálias, haveria uma regra simples. O homem que começasse sangrar primeiro ou deixasse a espada cair no chão estaria desqualificado. E os oito guerreiros que fossem ficar de pé, iriam participar de combates individuais, após essa parte do anúncio alguns dos homens, incluindo Jaeherys ficaram mais empolgados. Isso deixava o combate de espadas quase em igualdade ao das justas. Com isso, é dito para cada guerreiro ficar em um canto diferente próximo às arquibancadas, para que houvesse menos confusão possível na hora do combate começar. Os homens responsáveis pelas apostas estavam correndo para conseguirem atender todos os nobres ansiosos para desperdiçar dinheiro nos jogos. Rhaenys conseguiu ver até mesmo seu irmão Aegon entregar dez dragões de ouro para a bolsa do apostador, o que fez Margaery Tyrell sorrir de forma espantada e Loras, seu irmão revirar os olhos ao entender que aquilo foi um modo torto de demonstrar poder feito pelo príncipe. A garota teve que se controlar para não tentar descobrir se Aegon teria apostado em Jon, como seria o óbvio a se fazer ou se ele havia colocado seu dinheiro em outro dos favoritos.
Logo após ela observou o olhar de Daenerys para a direção de Jaeherys que caminhava para ficar exatamente alguns metros da arquibancada do rei. Rhaenys viu que a tia deles parecia ter uma afeição pelo príncipe mais novo, que logo pareceu demonstrar que os boatos sobre um possível envolvimento deles dois verdadeiro. Isso fez os pelos do pescoço da garota se eriçarem de tantos pensamentos que vieram em sua cabeça. O Jogo era algo que Rhaenys sabia fazer bem, mas não sabia se a tia estava querendo entrar nele também. Era óbvio que alguns senhores de Westeros iriam apoiar abertamente que Jon fosse o herdeiro legítimo de Rhaegar. Mas será que Dany seria tão ousada de querer ser a Rainha de Westeros? Ela se indagou sozinha.
- Tia, você vai querer fazer alguma aposta? - mesmo sabendo que não era usual as mulheres apostarem. Rhaenys decidiu tentar a sorte para ver se conseguia mais alguma informação sobre o possível envolvimento daqueles dois. - Parece querer apostar em Jon.
Dany se virou para ela nesse momento e apenas deu um sorriso indiferente. Ela pareceu compreender o comentário ferino de Rhaenys.
- Tenho apreço pelo seu irmão mais novo Rhaenys, porém mesmo eu sendo a Senhora de Pedra do Dragão, não gosto de me envolver com questões de aposta. - Ela termina de falar e volta a olhar para o centro da arena.
Rhaenys queria sorrir e saber mais sobre aquilo, talvez ela contasse para Aegon o que havia descoberto. Era certo que algumas pessoas em Dorne, principalmente Oberyn e Elia prefeririam que o filho mais velho de Rhaegar fosse o senhor de Westeros. Porém informação não era algo para ser desperdiçado tão facilmente.
A trombeta para o começo do combate foi soada e todos os presentes das arquibancadas gritaram de emoção. Com um berro em quase uníssono os guerreiros começaram a correr para dentro da arena.
Alguns combates começaram quase que imediatamente, porém alguns guerreiros pareciam ser evitados nas batalhas. Com a regra de que os melhores iriam para o combate individual, não seria vantajoso se arriscar contra bons espadachins enquanto eles ainda estavam cheios de energia para o combate. Jon conseguiu interpelar um guerreiro da Árvore e o desarmou em questões de segundo, Rhaenys percebeu a frustração do irmão ao ver que aquele era um homem com medo de lutar contra um príncipe Targaryen. Outro que estava tendo dificuldades para arranjar um combate era Sandor Clegane, com sua enorme espada o homem derrubou um espadachim do Vale com apenas um golpe. O homem tentou se defender, mas com a força do golpe ele viu sua espada voar longe para o chão e seu braço parecia estar em uma posição diferente que a habitual.
Contudo, a exceção era Robb Stark, o Jovem Lobo parecia correr para cima de qualquer espadachim, ávido para conseguir vencer os combates. O garoto atacava como se incorporasse um lobo de verdade, incansável e feroz. Ele enfrentava dois guerreiros ao mesmo tempo e não parecia ter nenhuma dificuldade com isso. Enquanto isso, um guerreiro corajoso o suficiente da casa Kettleblack tenta enfrentar Jaeherys. Desta vez o príncipe parecia não ter dificuldade com o adversário que realmente queria lutar. Eles trocaram vários golpes de espada como se estivessem tentando testar as habilidades um do outro, mas os berros vindo de guerreiros lutando e caindo em todos os cantos fizeram com que os dois começassem a lutar para valer. O Kettleblack tentar cortar Jon, com uma estocada leve na direção de seu braço, porém o príncipe é mais rápido e se move com velocidade para bloquear o golpe, logo em seguida ele contra-ataca fazendo um arco com a espada e cortando de leve a perna do homem. O guerreiro parece nem querer se importar com isso e tenta avançar contra o Jon e continuar o combate, porém antes mesmo que pudesse fazer algo sua espada já estava no chão e ele percebeu que fora desarmado sem perceber pelo jovem guerreiro.
Os que perdiam tinham que esgueirar-se pelas beirada a fim de sair para fora da arena, alguns saiam com expressões de raiva, outros de culpa e havia aqueles poucos que tinha alívio. Ao contrário das justas, os combates corpo a corpo eram bastante agressivo e com pouca cortesia.
- Como eles podem gostar disso? - Dany murmurou ao lado de Rhaenys. - É brutal que homens lutem pela diversão uns dos outros, não acha que esses combates deveriam ser evitados?
- É um pensamento bonito tia, porém quase impossível de se acontecer. - Rhaneys responde, perdendo o foco dos combates. - Se os homens não lutarem em torneios o que iriam fazer? Acabariam por arranjar meios menos ortodoxos para ganhar dinheiro e usar a espada. Aqui pelo menos eles conseguem usar os seus dons sem que alguém tenha que vir se queixar com o seu senhor por causa de um estupro ou roubo.- Ela pode perceber que a tia não pareceu aceitar muito bem suas.
- Talvez seja esse o problema Rhaenys, nós ficamos habituados a essas selvagerias - Dany para de reparar de repente e olha o vazio - infelizmente não sei se existe alguma forma de mudarmos esse mundo que vivemos.
Rhaenys começou a achar Daenerys intrigante. Claro que sempre imaginou que a tia fosse alguém bem forte, principalmente porque conseguiu encarar a morte de Rhaella Targaryen com muita calma, e ainda por cima sustentou-se contra a tentativa de estupro feita por Viserys. Mesmo assim conseguia administrar Pedra do Dragão de forma exemplar, Rhaenys sabia que o rei Rhaegar nunca havia recebido nenhum tipo de pedido da irmã para ajudar na administração do lar ancestral dos Targaryens.
Elas ouviram de repente uma trombeta indicando que metade dos competidores já haviam sido eliminados. Jaeherys, Sandor Clegane, Robb Stark, Beric Dondarrion e outros guerreiros ainda jaziam em pé, nem sequer pareciam estar cansados depois de tantos combates. As arquibancadas pareciam ficar cada vez mais empolgadas, homens tentavam apostar mais dinheiro em seus campeões. Até mesmo Rhaegar, que sempre tentava ser mais imparcial possível havia se levantado para começar a torcer pelo filho. Rhaenys pode ver que Lyanna estava angustiada olhando para Jaeherys lutar contra um oponente enquanto girava e golpeava com precisão o adversário. E ela não aparentava ser a única, a garota viu que a mãe do Jovem Lobo olhava preocupada para o filho que estava conseguindo derrubar um espadachim da casa Tully - a casa de nascimento de Catelyn. Outros como Jaime Lannister olhavam animados rindo e apontando para a arquibancada onde Tyrion estava como se estivessem conversando. Rhaenys tinha que admitir que embora fosse bárbaro, a luta de espadachins estava deixado a todos empolgados.
O guerreiros estavam todos sujos de terra e alguns finalmente começavam a ficar ofegantes quando finalmente perceberam que havia apenas dezesseis deles sobrando. Eles conseguiram parar por alguns segundos, até que Jaeherys troca um olhar significante com Robb Stark. Rhaenys vê os dois garotos correndo na direção um do outro, logo em seguida eles partem para cima de Cryspin Celtigar e o derrubam juntos. Ao verem a estratégia adotada pelos garotos, alguns guerreiros tentam fazer o mesmo, porém a maioria foi infrutífera. Dois foram desarmados ao tentarem correr para algum colega e buscar uma aliança e um terceiro ao tentar falar com Sandor Clegane tomou um chute no peito que o jogou no chão inconsciente. Apenas Thoros de Myr e Berric Dondarrion aceitaram uma união momentânea.
Com isso, sobraram apenas dez guerreiros na arena. Nesse momento Rhaenys viu Sandor rugir e ir para cima de Robb e Jaeherys, os dois aceitam o desafio e partem para cima do Cão. Jaeherys tenta fazer uma finta para perfurar o flanco do inimigo, mas ele usa a própria armadura para golpear. O homem possuía um aparato completo, com um elmo em forma de cão que o deixava quase invulnerável, até mesmo no rosto. Robb tenta cortar a perna de Sandor, mas ele desvia para o lado e tenta usar sua enorme espada para cima do Stark. Jon bloqueia o golpe e Robb aproveita o embate dos dois e acerta um encontro com toda sua força no peito do adversário. Clegane recua alguns passos e os dois avançam com espadas a postos contra a enorme arma dele, elas se chocam e faíscas são ouvidas.
Rhaenys estava prendendo o fôlego de tal forma que quando os guerreiros afrouxaram as armas e se afastaram com expressões frias nos rostos ela ficou atônita com o ocorrido. Até que olhou para o orador e juiz do combate, ele estava com a trompa próximo a boca. Então a garota percebeu que toda a batalha teve que para porque já haviam apenas oito guerreiros em pé.
Por um breve momento, ela decidiu olhar para tia e sorrir de empolgação pelo sucesso do irmão. Jaeherys parecia ser invencível naquele combate, em nenhum momento ele teve dificuldade com qualquer guerreiro que enfrentou. Porém agora iriam acontecer os combates finais. Foi-se então anunciado um intervalo de 2 horas para os guerreiros descansarem e retomar aos combates que estavam ocorrendo antes. Enquanto estes saíam pelas laterais das arquibancadas Rhaenys viu o irmão mais novo com uma expressão bem séria. Ao contrário de Aegon que era muito fanfarrão, Jaeherys era muito sério e concentrado. Eles eram a ótima representação dos dois lados da moeda dos Targaryen. Embora que para a garota, o irmão mais velho sempre foi algo mais como uma peça bruta, que se for lapidada da forma certa, iria vir a se tornar um bom rei - ou alguém vai ter que comandar por ele - pensou a garota consigo mesma.
Por fim, servos dos castelos começaram a aparecer pelas arquibancadas carregando vinho e comida para a plateia poder se alimentar. Enquanto Rhaenys se servia com um pouco da bebida, ela se levanta e sente vontade de ir conversar com seu tio Oberyn e sua prima Arianne Martell. Antes de conseguir dar o primeiro passo ela finalmente resolver ir na direção do pai, que conversava alegremente com Renly Baratheon. O mestre das moedas se sentia orgulhoso de ter conseguido levantar fundo o suficiente para organizar todos os eventos que estavam ocorrendo. Rhaenys aguardou até que a empolgação dos homens cessasse para ir conversar com o pai. Trocou uma breve olhar com a Loba, ambas tinham uma boa relação, em muito porque Lyanna sempre se sentia em débito pelo que havia ocorrido com Elia. Então sempre havia a tratado como própria filha, e mesmo que dissesse para Oberyn e os outros Martells que ela odiava a madrasta, no fundo sentia um pouco de carinho pela mulher. Renly percebeu que a filha do rei estava ansiosa para uma conversa mais privativa e resolve se levantar para “esticar as pernas” e com isso levando Monford Velaryon consigo. Sor Arthur disse que queria conversar com Jaeherys sobre o seu desempenho e também sai.
- Minha filha Rhaenys! - Rhaegar se levanta e dá um abraço caloroso na menina. Uma parte sua adorou o afeto, enquanto a outra se sentiu desconfortável. - Estávamos falando agora a pouco sobre você, sabia disso?
Que coincidência, pensou a garota. Provavelmente era sobre o assunto do casamento. Embora Rhaegar não a quisesse forçar a fazer isso, ele sempre que podia entrava nesse assunto, principalmente depois de Rhaenys ter passado dos vinte anos.
- Querido, não force a Rhaenys. - Lyanna o repreendeu, e a garota se sentiu grata por isso e em seguida trocou um olhar com Rhaneys de cumplicidade.
- Tudo bem, não irei forçar. Mesmo sabendo que pelo que dizem, o próprio Jaime Lannister esteja esperando uma oportunidade para cortejá-la. - Rhaegar falou com uma animação tão genuína que a garota decidiu rir da ideia. Embora quisesse dizer que Jaime preferia mulheres loiras e que tivessem saído do mesmo útero que ele. Se bem que eu faço a segunda coisa também, então não tenho como julgá-lo, pensou a garota consigo mesma. - Mas me diga, o que deseja tanto falar minha querida filha?
- Sobre os combates, foi impressionante o desempenho de Jaeherys. - isso havia sido uma verdade. O príncipe havia tirado da boca de qualquer apostador que o torneio tinha regras diferentes por causa de sua participação. - Acredito que o senhor deseja dar algum presente especial para ele, caso vença o torneio.
- É sobre isso que deseja conversar? - o pai parecia um pouco decepcionado pelo assunto não ser a vida afetiva de Rhaenys. - Eu deixei que o vencedor do torneio de espadas pudesse eleger uma Rainha da Beleza, caso Jaeherys vença e deseje coroar uma mulher que queira casar eu irei apoiá-lo na decisão. Com isso Rhaenys percebeu que o único casamento estratégico fora o de Aegon com Margaery, sem dúvidas havia sido uma estratégia de Tywin Lannister. Com a união de um meio-Martell e uma Tyrell, as duas casas que tem uma longa rixa iriam ter que aceitar uma paz vindoura, ainda mais porque os filhos destes seriam os herdeiros do Trono, era um casamento genial.
- Somente isso? - Rhaenys tentando utilizar seus artifícios para ganhar algo do pai que aprendera desde pequena. Rhaegar sempre fora facilmente manipulável pela filha, quando ele quis fazer com que ela se casasse com Renly quando tinha dezesseis dias do seu nome, ela o havia convencido que desejava casar por amor assim como Lyanna e Rhaegar. Então o pai aceitou essa decisão.
- Bom, existe mais algo que eu desejo dar ao seu irmão. - Rhaegar não quis continuar o assunto, porém Rhaenys viu sua mão tocar no pomo da espada. Foi então que ela finalmente entendeu. A bainha negra, a empunhadura era negra também, e parecia que a guarda era dourada, com um rubi preso nela. O pai não precisou desembainhar a espada para que ela soubesse que a espada era a lendária espada de aço valiriano Irmã Negra.
Rhaenys se viu com a maior informação que poderia ter tido em todos os tempos. Não sabia como o pai havia recuperado uma espada que desapareceu por cem anos, mas ali estava ela. E da última vez que um Targaryen que não era sucessor do trono ganhou uma espada da família, este homem foi o responsável por quase um século de rebeliões para tomar o trono. Uma espada gerou a rebelião Blackfire. De repente ela olhou para o irmão Aegon sentado ao lado da noiva, ele percebeu seu olhar e sorriu para a garota levantando a taça de vinho como se quisesse fazer um brinde aos dois, mesmo que ninguém mais soubesse da relação dos dois.
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