História Dramas de Klébio Damas - Menino Cris

Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre
Sempre acaba!

Renato Russo - Por Enquanto

//Cristiam//

Tudo chega ao fim, mais cedo ou mais tarde. 

Não é como se eu tivesse desperdiçado os últimos dois anos da minha vida investidos num relacionamento que acabou. Sou grato por tudo que aconteceu. Não posso mentir e dizer que ainda não sinto nada. Pois eu sinto. E dói de saber que não estou mais com ele.

Depois daquela briga no início da manhã eu decidi que era melhor a gente se afastar. Peguei as roupas que cabiam na minha mala de mão e sai. Não era hora da gente discutir, ou poderia ficar pior. Eu só decidi ir embora por contra própria.

Eu não queria voltar pra casa da minha mãe, eu não queria dar a notícia pra ela tão cedo. Eu ia curar minhas feridas primeiro. Eu precisava de um tempo para mim. Decidi ir atrás de um velho amigo que me abrigasse por alguns dias.

...

— Eu ainda tô em choque que vocês terminaram - falou Eduardo Cilto, sentado na cabeceira da cama, segurando a caneca de café como se fosse algo precioso.

— Ainda não caiu a ficha, parece que tô vivendo um pesadelo. - falei dando um gole longo no café quente que ele tinha preparado para nós.

— Mas me conta, qual foi o motivo da briga? Quero dizer, quase sempre é a mesma coisa: Traição, relacionamento esfriou, estresse emocional, problemas familiares... - narrava Eduardo com seu conhecimento de autor e crítico de literatura.

— Não tem um motivo específico. Já estávamos notando um distanciamento. A briga que a gente teve hoje só serviu como estopim. - falei resignado.

— É tão triste, né? Todos nós sabemos que términos acontecem e deviamos estar preparados para isso, mas sempre saímos machucados. É o preço que pagamos por sermos seres sentimentais. - Eduardo falou poeticamente, como ele sempre gostava de fazer.

— Eu me pergunto se ele tá sentindo minha falta, assim como tô sentindo a dele. Será que eu fiz certo, saindo sem nos resolvermos? Eu devia nos dar uma segunda chance? - eu pedi um conselho pro Eduardo, ele era tão bom nisso.

— Você fez bem. Não ia adiantar discutirem no calor da raiva. Melhor vocês conversarem depois que a poeira abaixar. Não ia ter argumentos suficientes que apaziguariam os ânimos. Se deem esse espaço para pensar. - falou ele tocando meus joelhos com sua mão, seus dedos eram delicados, porém firmes.

— Por que mesmo a gente não deu certo, Edu? - eu desenterrei nosso passado, as lembranças do nosso lance breve me vieram a mente.

— Eu não sei. Nós dois falávamos de livros nos nossos respectivos canais. Tínhamos muito assunto quando conversávamos. Aí o Klébio apareceu e você deu mais atenção para ele. Até desistiu do youtube. A vida adora dar essas reviravoltas. Talvez não era pra ser. - ele falou e eu pude notar um certo ressentimento na voz dele.

— Fico me perguntando se eu tivesse namorado com você ao invés do Klébio, será que teria durado? - Disse recostando minha perna na dele, o colchão da cama era tão macio.

— Só poderíamos saber se tentássemos. Nunca é tarde pra se entregar a um romance... -falou ele com o nariz bem próximo ao meu.

Eu não sei se agi pelo sentimento nostálgico de vê-lo novamente, ou para tentar diminuir o peso que sentia no meu coração por causa do Klébio: nós nos beijamos.