- Encontrou alguma coisa? – Ally perguntou e eu bufei, negando.
- Esse negócio é mais complicado do que parece. Os e-mails de todos os funcionários estão limpos. E a conta bancária não mostra transferimento ou recebimento de algum dinheiro. Quer dizer, fora o pagamento de alguma conta de água ou energia, por exemplo.
- Eu também não achei nada de suspeito aqui nessas empresas. Mas essas só são algumas das milhões que eu preciso ver, talvez as outras mostre algo de errado. – Ouvimos a porta ser aberta e nos viramos, vendo Normani entrar.
- Alguma coisa? – A morena se aproximou.
- Nada. Está tudo limpo.
- Okay, não vamos perder as esperanças. A patrulha policial tá vindo aí, a Sofia foi recebe-los. Vocês precisam ir pra sala de registros da empresa. Precisam revisar os dados de cada conta e território comprado nesses últimos meses. Vou checar os outros e-mails e depois vou dar uma olhada em algumas empresas, pra ajudar vocês. – Nos levantamos e Normani deu um beijo na testa de cada. – Boa sorte. – Demos um sorriso cansado e assentimos, saindo da sala em seguida.
- Minha cabeça vai estourar de tanto que ela dói. – Ally resmungou massageando as têmporas. Toquei seu ombro em sinal de conforto.
- Fica tranquila, pequena. Logo nós vamos embora e isso passa. Vem. – Entrelacei nossas mãos e abri a porta da sala, vendo dois notbooks sobre a mesa.
- Aqui tem as pastas com cada conta desde o começo do ano até esse mês. Precisamos revisar tudo pra não corrermos o risco de acusar uma pessoa inocente. – Pegamos todas as pastas e colocamos sobre a mesa. Me sentei na poltrona atrás da mesa e Ally pegou seu notbook, se sentando no sofá de couro que havia ali.
Ficamos algumas horas vendo e revendo cada conta. As que eu havia pego, todas estavam pagas em dia e nenhuma mostrava dívida absurdamente cara. Ou seja, nada se mostrava suspeito.
Batidas na porta nos chamaram atenção e logo Ally se levantou para abrir a porta.
- Boa tarde, senhoras. Nós somos da patrulha policial e fomos autorizados a checar a sala em ordem de... – Leu algo em uma folha. – Sofia Cabello. Se nos dão licença, vamos apenas dar uma olhada nos cofres e em algumas contas da empresa.
- Mas é claro, fiquem a vontade. – Me levantei da cadeira. – Eu e a senhorita Ally vamos nos retirar apenas para descansar. Quando terminarem toda a averiguação, façam o favor de solicitarem minha presença no bloco 07.
- Faremos isso. Qual o seu nome?
- Me chamo Karla Camila.
- Tudo bem, senhorita Karla, solicitaremos sua chamada.
- Obrigada. Com licença. – Fechei a porta e saí com Ally ao meu alcance. – Odeio formalidades.
- Por que?
- Não sei, não fico confortável com isso. É como se eu tivesse as pessoas com qual eu trato com formalidades aos meus pés. Não gosto dessa sensação.
- Pior que é uma coisa inevitável. Em horário de trabalho você terá que usar isso o tempo todo.
- Infelizmente sim. – Revirei os olhos e entramos no elevador. – Não vejo a hora de sair daqui e descansar.
- Você tá com uma aparência de quem não dorme a dias.
- É porque não estou acostumada com esse movimento todo. Eu não precisava ficar em frente a computadores o trabalho inteiro, vendo contas e resolvendo esse tipo de problema, entende? Eu era mais do lado de construção, então não cansava tanto a mente. Mas não é nada que eu possa tentar me acostumar em alguns dias ou semanas ficando aqui.
- Tudo bem. Mas quando chegarmos na sua sala, pedirei que levem uma analgésico e um café forte pra ver se você melhora até irmos embora. – Assenti. Seu corpo se chocou ao meu e eu a abracei apertado. – Volto daqui a alguns minutos para nós terminarmos com os registros e ir embora. Tenta descansar a cabeça enquanto isso. – Sorriu.
- Eu vou. Até daqui a pouco.
- Com licença. – Se afastou e eu abri a porta da sala. Suspirei e me sentei na poltrona ali presente, abrindo meu notbook.
Esperei pacientemente que ele ligasse e feito isso, abri o Skype. Lauren não estava online, mas eu precisava vê-la. Ela conseguiria me fazer descansar sem esforço algum. Liguei e esperei.
Já estava quase desistindo quando vejo seu rosto aparecer do outro lado da tela.
- Oi, Camz! – Sua voz rouca me fez sorrir.
- Oi, meu amor. Como você está?
- Eu tô bem. Aqui está todo mundo sentindo sua falta, apesar de tudo. Você está bem? Parece cansada.
- Estou bem, Lo, mas toda essa bagunça está fazendo minha cabeça explodir. Eu queria tanto voltar. – Fiz biquinho e ela sorriu.
- Não fica assim, meu amor. Eu sei o quanto você deve estar cansada, mas você precisa ser forte para acabar logo com isso. Pensa que logo estará aqui comigo, com a DJ e os outros e não fica martelando sua cabeça com isso.
- Eu tento, Lauren. Eu juro que tento me distrair com as meninas aqui nas horas vagas mas o que eu mais queria era estar aí com você, sem ter que ficar vendo policiais entrando e saindo daqui. – Engoli seco com um semblante triste. Eu sentia vontade de chorar de tanto que eu sentia falta.
- Ah, meu amor, não faz essa carinha. Você não pode ficar triste, se não vou ficar preocupada. Você vai ficar bem, Camz, você precisa. Não vai demorar até que você volte, não precisa se afligir dessa maneira. Eu e os outros estamos todos te esperando animados para lhe dar um abraço apertado. E eu adoraria poder te dar um beijo para ver se você melhora, mas no momento a única coisa que podemos fazer é torcer para que isso acabe e vocês voltem logo.
- É estranho, sabe? Eu estou aqui a apenas três dias e estou enlouquecendo sem ter você. Não sabe como é difícil dormir sem ter seus braços me envolvendo no meio da noite. – Funguei. Meus olhos marejados não disfarçavam o quanto eu queria chorar.
- Eu sinto a mesma coisa. Eu acho que me tornei independente de você. – Sorriu para a câmera e eu sorri de volta. – O que vamos fazer caso nossa filha seja apegada com a gente assim?
- Eu não faço ideia. Mas se ela for, com certeza vai ter puxado nós duas. Somos muito melosas.
- Eu não me importo de ser melosa com você. Nossa filha também não vai se importar de ficar 24 horas grudada na gente. Tenho certeza que você vai ser uma boa mãe.
- Eu também tenho certeza que você vai ser uma boa mãe. Quem será a mandona de nós duas? – Me distraí com sua conversa.
- Com certeza eu. Quer dizer, assim como você, eu sou muito criançona, mas de nós duas a que é mais organizada sou eu.
- Que mentira! Não sou eu que brinco com as crianças.
- Também não sou eu que deixo a toalha molhada em cima da cama e nem que usa pijama infantil pra dormir.
- Ah, isso não conta.
- Claro que isso conta. Eu também não fico fazendo vozinha de bebê quando converso com o irmão da Dinah.
- Cala a boca, Lauren. – Digo sorrindo.
- Pena que você não pode me calar numa hora dessa.
- É uma pena sim. Porque do beijo, nós brincaríamos juntas debaixo dos lençóis. – Fiz uma cara maliciosa.
- Você é uma pervertida. – Ela riu negando.
- Eu sou pervertida por sentir falta de transar com a minha namorada?
- Você é uma ninfomaníaca, Camila. Não passou nem uma semana sem gozar e já quer de novo. – Bufei revirando os olhos.
- Não é como se você também não quisesse.
- Tem razão. – Ela disse e eu ri alto.
- Mas podemos resolver isso essa noite. Dizem que transar virtualmente é bom.
- Eu adoraria, amor. Mas não vai dar, nós vamos sair essa noite pra irmos no novo parque que abriu ontem. Dinah deu a ideia.
- AAAAH, POR QUE EU NÃO ESTOU AÍ? – Grito irritada.
- Calma, amor. Quando você voltar, podemos ir de novo. – Joguei a cabeça pra trás e suspirei.
- Tudo bem, eu vou tentar não pirar sabendo que enquanto vocês estarão em um parque de diversões, eu vou estar trabalhando.
- Eu amo você. Descanse e não enlouqueça. Tchau, Camz.
- Eu também te amo, Lo. Tchau. – Sorri uma última vez e sua imagem sumiu.
Bufei e joguei a cabeça novamente para trás. Ouvi batidas na porta.
- Entra!
- Com licença, senhorita Cabello, a senhorita Ally pediu que eu lhe trouxesse esse analgésico e o café preto.
- Muito obrigada. Pode deixar aí em cima, bebo daqui a pouco. – A mulher colocou a xícara fumegante e o comprimido sobre a mesa.
- Com licença. – Fechou a porta ao sair.
Me levantei e tomei o comprimido junto ao café, fazendo careta. Pisquei duas vezes fortemente e me sentei no sofá. Fiquei sonolenta em alguns minutos e logo dormi.
[...]
- Mila? – Ouvi uma voz distante. – Camila, acorda. – Abri os olhos com dificuldade e olhei ao redor, deduzindo que eu havia dormido em algo muito desconfortável por sentir dores insuportáveis na lombar. – Mila, você está bem? – Normani se encontrava abaixada a minha frente e tirava o cabelo do meu rosto.
- Eu estou bem. – Minha voz rouca saiu falha. – Onde eu estou? – Me sentei no sofá de couro e percebi que ainda estava em minha sala. – Deus, que dor de cabeça. – Acariciei a têmpora, tentando inutilmente diminuir a dor.
- Você dormiu o resto do expediente inteiro e Sofia pediu que eu te chamasse para irmos embora. Você parecia estar em um sono bem profundo quando eu vim mais cedo, por isso não te chamamos. – Se levantou e foi até o filtro.
- Deve ter sido o remédio. Mas eu acho que ele apenas me fez dormir muito, porque eu ainda sinto minha cabeça doer, meus olhos pesarem e meu corpo dolorido.
- Talvez sim. Tome um pouco dessa água e nós iremos direto para meu apartamento. Ally e Sofia acharam melhor comprarem a comida, já que assim como nós, elas estavam exaustas. – Se sentou ao meu lado.
- Obrigada. – Tomei toda a água. – Parece que um caminhão me atropelou. – Fiz careta ao ouvir o estalo alto de minha coluna.
- Não se preocupe com isso. Quando chegarmos no apartamento, vou preparar uma banheira pra você e Ally se ofereceu para lhe fazer uma massagem mais tarde. – Me ajudou a levantar e eu me senti tonta com o movimento. Porra de remédio forte!
- Porque não me deixa no hotel que estou hospedada? Acho que só uma noite de sono tranquila e eu melhoro. – Suspiro e pego minha bolsa.
- Sua irmã não aprovaria isso. Venha. Quando chegar em casa lhe preparo um chá.
Fomos caladas até elevador e ao chegarmos no estacionamento, entrei no carro de Mani e encostei a cabeça na janela, sentindo ela latejar tamanha a dor.
- Comeu alguma coisa que lhe fez mal? – Deu partida, saindo do estacionamento.
- Na verdade eu não comi nada o dia todo. Só tomei o café que a Ally pediu para fazerem pra mim.
- Se fosse sua irmã no meu lugar ela estaria te dando um grande esporro. – Sorriu de canto, tendo toda sua atenção na estrada. – Por que não comeu nada? - Ignorei sua pergunta e peguei o celular na bolsa e vi que Lauren havia me mandado uma mensagem. – Nada disso! – Um celular foi tirado bruscamente de minha mão. – Você parece extremamente cansada, está com os olhos vermelhos e sua cabeça deve estar explodindo de dor. Olhar pro celular só vai te fazer ficar pior. – Entrou no estacionamento de seu apartamento e logo abriu a porta, vindo até mim em seguida. – Venha antes que sua irmã lhe veja assim.
Subimos até seu apartamento em silêncio e entramos no local, que se encontrava arejado.
- Se sente aí e fique à vontade, tudo bem? Volto logo. – Me sentei no sofá e suspirei. Meus olhos pesavam.
Não sei por quanto tempo fiquei olhando para a TV desligada, mas minutos – ou segundo, horas, não sei – depois, Normani apareceu. Disse alguma coisa e me empurrou para o corredor.
- Tire esses saltos e deixe aqui. – Assenti.
Entrei no banheiro e vi a banheira cheia, uma toalha branca sobre o mármore e umas roupas.
- Eu deixei umas roupas para você escolher, e você pode tomar banho até se sentir melhor.
- Obrigada, Mani. Eu não sei o que faria sem você e as meninas para cuidar de mim. Provavelmente teria dormido naquele sofá até amanhã. – Lhe dei um abraço preguiçoso.
- Não tem o que agradecer, Mila. Apenas tome um banho e venha para a cozinha que eu vou lhe preparar o chá. – Ganhei um beijo na testa.
Apesar de toda a mordomia, não queria abusar, portanto me limitei a me ensaboar e logo sai da banheira. Peguei as mudas de roupa e analisei as estampas. A primeira tinha uma foto de Paris e a segunda tinha o nome ‘Los Santos’ e a imagem dos personagem de GTA, o que eu achei estranho, pois nunca imaginaria que Mani ao menos conhecesse esse jogo.
Vesti a roupa e a calcinha nova, escovando os dentes em seguida. Calcei os chinelos que estavam ali e saí do banheiro.
- Não sabia que gostava de GTA. – Comentei primeiramente ao entrar na cozinha. Aspirei o cheiro bom de chá invadia minhas narinas.
- Meu jogo preferido. – Sorriu ao me ver usando seu moletom. – Ficou ótimo em você.
- Obrigada. – Me sentei na cadeira.
- Ally e Sofi logo chegam. Elas acabaram descobrindo que o restaurante Japonês estava fechado, então decidiram ir comprar uma pizza. – Deu de ombros e pegou uma xícara, enchendo de água e colocando folhas machucadas dentro.
- O que é isso? – Pergunto estranhado aquilo.
- Chá de camomila. Não gosto de chá artificial, então sempre compro as folhas. É mais forte e surte efeito mais rápido. – Assenti, dando de ombros. – Pegue. Você vai gostar. – Peguei a xícara e olhei antes de tomar. A água meio amarelada tinha uma camada de uma coisa escura no fundo.
- O que é isso no fundo? – Balancei, vendo que não desgrudava.
- Caramelo. É gostoso, prove. – Encostei o lábio na borda e tomei, para em seguida suspirar. Aquilo era maravilhoso.
- Onde você aprendeu a fazer isso? – Perguntei tomando mais um pouco da bebida morna.
- Minha avó fazia quando eu sentia dores fortes. – Se senta ao meu lado.
- Eu com certeza vou tentar isso quando voltar para casa. A Dinah vai adorar. – Tomei mais um pouco.
- Dinah? É a sua amiga? – Pergunta concentrada no celular.
- É sim. Vem me dizer que conhece ela também? – Pergunto com um sorriso brincalhão. Eu já me sentia bem melhor.
- Não pessoalmente, mas eu tenho ela na lista de contatos. – Virou seu celular e eu vi a foto da minha amiga.
- Deve ser da primeira vez que você me ligou. – Dei de ombros.
- Ela é bonita. – Divagou e eu a olhei com um sorriso malicioso.
- E está solteira. – Disse como quem não quer nada e ela riu.
- O que ela tem de bonita, parece ter de heterossexualidade. – Brincou.
- Ela nunca beijou uma mulher. Talvez seja só falta de experiência. Olha pra mim, nunca tinha beijado uma mulher, beijei a Lauren e hoje estamos aqui.
- Como é essa Lauren? A Ally ficou falando dessa menina ontem até a hora que nós fomos embora.
- Se você me devolver meu celular, quem saiba eu te mostre ela. – Fingi olhar as unhas com meu velho deboche. Ela revirou os olhos e puxou meu celular, me entregando.
Agradeci com um sorriso cínico e peguei o celular, entrando na galeria, especificamente na pasta ‘Mi amor’, que era onde estavam todas as fotos de Lauren. Acho que aquela era a pasta com mais fotos.
Abri uma foto favorita e sorri. Deus, como aquela morena era linda.
- Aqui. – Lhe entreguei o celular e esperei por sua reação.
- Caralho... – Deu zoom e olhou pra mim com um sorriso sapeca. – Acho que gostei mais dessa.
- Nem vem, pode tirar o olho. – Puxei meu celular de sua mão e ela riu.
- Eu tô brincando. – Riu um pouco mais. – Mas ela é linda. Você tem uma puta sorte. – Eu nunca havia visto Mani xingar, mas combinava com ela e aquilo me fazia saber que tínhamos uma amizade que apenas bastava ser fortalecida e logo teríamos uma amizade concreta. Eu já a considerava uma pessoa especial.
- Eu sei. Ela é maravilhosa, Mani. Você não tem ideia. – Suspiro apaixonada e passo a mão sobre a tela. – Sinto tanta saudade dela. Nem parece que tô aqui só a três dias.
- Fica tranquila, Mila. Logo vocês se veem de novo e matam a saudade. – Ouvimos a campanhia. – Estranho. Eu não tô esperando ninguém e Ally tá com a chave.
Se levantou e foi até a porta. Destrancou a porta e a abriu. Sofia se encontrava enrolada com a bolsa quase caindo do braço com várias sacolas em mãos e Ally estava quase sumindo atrás das duas caixas de pizza e sua bolsa no ombro. Sorri.
- Desculpa, Mani. Não dava pra abrir a porta. – Ally entrou com um sorriso amarelo. Mani logo pegou uma das caixas e eu peguei uma das sacolas da mão de Sofia. – Como você está, Mila?
- Eu melhorei bastante. Acho que aquele chá da Mani me deixou melhor. – Ganhei um beijo na testa.
- Ele faz milagres. – Brincou e eu assenti com um sorriso. Fui até minha irmã.
- Como você está, cariño? – Perguntou usando o apelido que mama sempre usava.
- Eu estou bem, Sofi.
- Tem certeza? – Deixou sua bolsa sobre o sofá.
- Tenho sim. – Seu corpo chocou contra o meu e ela beijou minha cabeça.
- Caso se sinta mal, me avise. – Assenti e nós seguimos até a cozinha.
- O que são essas sacolas? – Pergunto colocando as sacolas sobre a mesa.
- Ally vai preparar cookies com gotas de chocolate! – Mani comemorou e eu ri.
- Por que essa animação toda? – Sofia perguntou risonha. Não era como se elas nunca tivessem comido.
- Eu não sei o que é, mas esse cookie da Ally, eu nunca provei igual. É muito bom!
- Se você diz. – Dou de ombros. – Eu coloco os refrigerantes e vocês cortam as fatias. – Elas assentem.
- Vou colocar os colchões no chão e agorinha faço uma massagem em você, Mila. – Pisca pra mim e eu assinto animada com a ideia.
- EU TAMBÉM QUERO! – Sofia grita.
- Tudo bem. Os copos já estão aqui e todos os pratos estão preparados. Vou ajudar a Mani. – Sofia saiu e eu fiquei com Ally, ajudando-a com as coisas mínimas, já que não queria atrapalhar seus cookies.
[...]
Lágrimas corriam pelo meu rosto e eu me controlava para não fungar. As meninas ao meu lado também choravam e toda aquela situação seria engraçada, se o filme não fosse tão triste.
- E-Eles morreram? – Ally perguntou depois de um tempo. Engoli seco.
Nós havíamos assistido O Menino Do Pijama Listrado. O final daquela história era a morte do filho de um dos nazistas e de um judeu. Eu nunca imaginei chorar essa noite, mas com esse filme, o muro que eu tentava segurar assistindo, nesse final desabaram sobre minha cabeça de uma maneira que me fez desabar junto.
- E-Eu não quero mais assistir. – Ally escondeu seu rosto em meu pescoço e eu apenas pisquei uma última vez, inerte, sem conseguir acariciar seu cabelo em um consolo.
- G-Gente, vamos pensar no lado bom. É um filme fictício e e-eles não morreram de verdade. – Normani disse secando suas lágrimas enquanto tirava do filme.
- M-Melhor a gente ir dormir. E-Eu vou tomar água. – Sofia se levantou tentando esconder as lágrimas. Ri e limpei o rosto.
Depois de terminarmos os cookies, eu e Ally fomos para a sala arrumar as comidas sobre a mesinha de centro. Cookies em um prato, as duas pizzas de calabresa ao lado e o refrigerante. Antes que começássemos o filme, Normani se ofereceu para me fazer uma massagem que eu prontamente aceitei, assim como Sofia que agradeceu Ally milhões de vezes, dizendo que ela tinha mãos de fada. Nos posicionamos nos dois colchões de solteiro e eu e deitei com Ally, enquanto Sofia dividia o outro espaço com Mani.
Tamanha era minha intimidade com a baixinha, que ela não se importou quando rodeei seu corpo com minha perna e passei o braço sobre sua cintura, deitando em seu ombro em seguida. Na verdade foi o contrário. Com seu extinto carinhoso, Ally me fez um cafuné e também se entrelaçou a mim, me fazendo sorri. Já éramos boas amigas também.
Agora estávamos todas deitadas e chorando pelo final desse filme.
- Como eu nunca tinha visto esse filme antes? – Normani se levantou e desligou o aparelho da TV. – Se eu soubesse que ia chorar feito uma condenada, teria deixado para assistir sozinha. – Se sentou novamente no colchão, com os olhos inchados.
- Alguém quer água? – Sofia apareceu com uma jarra de água gelada. Prontamente me levantei. – Desculpa, Mani, invadi sua geladeira. – Normani sorriu e negou, dizendo que ela poderia ficar a vontade.
- Gente, nós não vamos arrumar isso aqui antes, não? – Ally perguntou, apontando para as caixas de pizza aberta e o refrigerante que já deveria estar sem gás.
- É melhor. Pega as caixas e eu jogo o litro de refrigerante fora e lavo os copos. – Me levanto.
- Não, nada disso, Camila. Não precisa. – Normani interveio e eu sorri. Um sorriso cínico.
- Meu amor, você falou para eu me acomodar e fazer o que eu quisesse. Dois beijos, vou lavar os copos. – Dei um último sorriso e peguei os copos e o litro, saindo da sala, não me importando com as reclamações de Normani.
Depois de organizarmos e limparmos qualquer sujeira da sala, nos deitamos novamente.
- Boa noite, gente. – Sofia desejou, para em seguida apagar a luz.
- Boa noite, meninas. Durmam bem. – Ally, que ainda estava vindo para o colchão, deixou um beijo na testa de Mani e Sofia e logo veio até mim. – Boa noite, Mila. – Me deu um beijo também na testa.
- Boa noite, Ally. – Ela se virou de costas e eu passei o braço por cima de sua cintura, caindo no sono em seguida.
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