Ella despertou ao sentir os cobertores serem movidos e os braços de Alcina a abandonarem, ainda com os olhos fechados tateou a procura da namorada para retornar ao sono mas não a encontrou novamente.
- Alci...?
- Está tudo bem, pode voltar a dormir, querida.
Apesar de tentar voltar ao sono, Ella não conseguiu; a cama parecia grande e vazia demais sem Alcina ao seu lado, solitária e ligeiramente mais fria com a ausência da namorada. Após virar algumas vezes, e falhar em adormecer, Ella desistiu e se sentou na cama ao esperar pelo retorno de Alcina; não era sempre que dormiam juntas, todas às vezes na casa da sua namorada e com Judith tendo uma festa do pijama junto a Bela, assim podiam cuidar das crianças e ter algum tempo a sós quando finalmente caíam no sono.
Ella esticou-se em direção ao relógio na mesa de cabeceira para ver as horas, passava das duas da manhã e não tinha pista alguma do que fizera sua namorada se levantar e sair do quarto, isto até que uma ligeira movimentação chamou sua atenção; a tela da babá eletrônica, estrategicamente colocada sobre o móvel, mostrava Alcina inclinada sobre o berço de Daniela. A menininha devia ter despertado após um pesadelo e era embalada nos braços da mãe, Alcina a ninou levemente e esfregou suas costas como Daniela gostava, a visão aqueceu o coração de Ella que não conseguiu deixar de assistir como a cena se desenrolava; levou alguns minutos, durante os quais Alcina continuou aninhando Daniela junto ao peito, mas finalmente a garotinha pareceu voltar a dormir tranquilamente e foi colocada de volta em seu berço, não antes de receber um beijo de boa noite.
A próxima foi Cassandra, e Ella sorriu ao assistir Alcina inclinar-se sobre a filha adormecida e beijar sua testa antes de ajeitar o cobertor macio sobre a menina.
Assim que Alcina saiu do quarto, Ella voltou a se deitar e esperou por seu retorno, o que não aconteceu imediatamente como esperava. Alcina devia ter se desviado do caminho ou encontrou algo que requeria sua atenção, embora não fosse comum deixar Ella na cama sozinha esperando que retornasse; não que isso a incomodasse realmente, só havia acabado de descobrir que achava muito difícil voltar a dormir sem os braços da mulher ao seu redor, não que pretendesse admitir isso tão cedo, não quando só estavam namorando há poucos meses e tudo era tão novo entre elas.
- Esperando por mim, querida?
- Sempre – Ella sorriu e voltou a se deitar – Dani está bem?
- Ótima, deve ter sido apenas um pesadelo – Alcina respondeu ao se deitar na cama – Já está dormindo novamente. Como sabe que Dani acordou?
Ella apontou para a tela da babá eletrônica.
- Assisti tudo enquanto te esperava voltar, foi fofo te ver com elas.
- Dani quase acordou Cassie, então teria duas crianças acordadas – Alcina a puxou para que Ella escondesse o rosto em seu pescoço e a abraçou – Aproveitei a oportunidade para verificar as mais velhas, Bela jogou o cobertor de lado e Judy tinha uma perna para fora da cama.
Com um sorriso nos lábios, afastou-se brevemente apenas pra conseguir beijar Alcina; como sempre acontecia quando se beijavam, foi como se um monte de borboletas agitasse seu estômago, e às vezes Ella esperava que essa sensação nunca mudasse. Alcina retribuiu o beijo e sorriu ao se afastarem, aplicou mais alguns beijos no rosto de Ella antes de voltar a se aconchegarem uma à outra.
- Volte a dormir – Alcina instruiu – Temos uma longa manhã pela frente.
- Nem me fale – Ella suspirou – Três crianças agitadas significam muitas xícaras de café.
- Prometo cuidar disso, mas a melhor ideia ainda é dormir.
Com os braços de Alcina ao seu redor, aninhada em seu peito, era muito fácil relaxar e voltar a dormir. Ouvir a namorada se referir a Judy e Bela como “as mais velhas”, como se Judy também fosse sua e não apenas uma criança tendo uma festa do pijama ocasional em sua casa, fez seu coração palpitar de forma agradável no peito.
Adormeceu com esse pensamento e um sorriso brincando no canto dos lábios, e só ficou melhor quando Alcina a apertou um pouco mais como se recusasse completamente a deixá-la se afastar.
A manhã pareceu chegar rápido demais, conforme Alcina previra, e Ella ainda se sentia parcialmente adormecida ao tentar fazer quatro crianças tomarem o café da manhã sem fazer a maior bagunça possível; por outro lado, sua namorada parecia muito mais composta e no comando de tudo, ainda que mesmo ela tivesse alguma dificuldade em acalmar Bela, Judy e Cassie que, por sua vez, estavam deixando Daniela mais agitada em seu cadeirão enquanto Ella tentava alimentá-la.
As três mais velhas iriam para um acampamento de verão por algumas semanas e estavam mais do que animadas com isso, Bela teve alguns momentos de receio por se separar da mãe por tanto tempo mas acabou sendo convencida com a possibilidade de passar aquelas semanas com Judy sem a supervisão direta, seja materna ou de Ella; já Cassandra era um capítulo a parte, completamente animada, e Alcina tinha certeza que a garota teria um tempo selvagem com as amigas.
- Mãe, eu não consigo encontrar meu maiô com estrelas – Cassandra reclamou – Preciso procurar.
- Está na sua mala, Cass – Alcina a tranquilizou – E qualquer coisa que vocês esquecerem, mamãe manda depois.
Pareceu ser o suficiente para acalmar Cassandra que voltou a comer seu cereal com tanta rapidez que Ella teve certeza que se engasgaria em algum momento, ao que sua mãe pediu que comesse mais devagar ou acabariam em um hospital. Já Bela e Judy pareciam completamente absortas em uma conversa, presas em seu mundinho particular, e Ella sorriu para a cena; manhãs agitadas como aquelas eram raras, normalmente eram apenas Judith, Agatha e ela em seu apartamento, então estar na casa de Alcina significava um cenário completamente diferente.
Colocá-las no carro foi um novo desafio, principalmente prender Dani à cadeirinha do carro e Alcina levou alguns minutos até conseguir enquanto Ella tentava acalmar as outras três e garantir que chegariam à escola a tempo de pegar o ônibus.
- Preciso de férias – Alcina suspirou ao terminar de afivelar Dani na cadeirinha – Tem um acampamento para bebês?
- Não – Ella riu – Mas se tivesse, Dani dominaria o lugar.
- Pode ter certeza disso.
O caminho até a escola foi tão barulhento quanto o café da manhã, piorou ainda mais ao chegarem e se misturarem a balburdia de pais e crianças que tentavam encontrar o ônibus certo de acordo com a idade dos filhos; Cassandra não perdeu tempo em abraçar Ella, Bela e Judy antes de se despedir da irmã mais nova.
- Tchau, Dani! Eu prometo que quando for mais velha e deixar de ser um bebê, você pode ir comigo.
Dani acenou alegremente do carrinho, mesmo sem entender bem o que acontecia, ao assistir Cassandra praticamente arrastar a mãe até o ônibus que levaria as crianças da sua idade ao acampamento; Ella achou fofo, realmente encantador, Alcina se deixar levar pela menina animada.
- Ei, Judy – Ella ajeitou o cabelo da irmã e colocou uma mecha castanha atrás da orelha – Eu sei que está animada em ir para o acampamento e fazer novos amigos, mas...
- Não vou deixar Bela sozinha, ela é minha melhor amiga e quase irmã! – Judith pulou e estendeu o braço para mostrar o pulso – Temos até pulseiras da amizade.
Bela imitou o gesto para mostrar que também usava uma pulseira colorida igual a que Judy tinha no pulso.
- E Judy vai ser minha irmã completa quando você se casar com a minha mãe! – Bela exclamou.
Ella engasgou levemente e teve certeza de que estava corando, principalmente pelas risadinhas das meninas, pelo menos Alcina não estava ali para presenciar a cena.
- Muito cedo pra isso, não é? – Ella ajeitou os óculos em um gesto nervoso.
- Nós não achamos!
As duas responderam juntas e riram da expressão mortificada de Ella. Não que ela não estivesse apaixonada, estava, e muito, apesar de não verbalizar os sentimentos, mas não estavam remotamente perto de falar sobre um casamento. Alcina retornou sozinha alguns minutos depois e felizmente nenhuma das meninas retomou o assunto, Bela aproveitou a oportunidade para abraçar a mãe que acariciou seus cabelos.
- Está tudo bem, filha?
- Uhum – Bela aquiesceu – Vou sentir sua falta.
Foi uma confissão feita em voz baixa, quase envergonhada e que provavelmente só escapou devido estar quase na hora de partir.
- Também vou sentir sua falta, mas você vai se divertir muito lá – Alcina sorriu e inclinou-se para beijar o topo da cabeça da filha – Vai passar rápido e logo estará de volta, cheia de histórias para contar. Vocês duas vão.
Alcina também puxou Judith para o abraço e bagunçou seus cabelos.
- Vamos nos divertir muito juntas! – Judy exclamou.
Felizmente, as meninas deixaram de lado o assunto sobre serem quase irmãs e um possível casamento entre Ella e sua mãe.
A hora da partida não foi exatamente fácil, Ella descobriu que sentiu mais do que imaginava inicialmente ao ver Judith entrar ansiosamente no ônibus sem olhar para trás uma vez sequer; claro, sua irmãzinha tomou seu tempo a abraçando e a Alcina, mas ainda assim foi difícil vê-la partir.
Alcina parecia estar passando por algo parecido ao pegar Daniela nos braços, ainda que feliz por Bela estar tão animada por passar um tempo com crianças da sua idade; parecia que as duas mulheres adultas estavam passando por um momento de aprendizado, e que não importava o quão exaustiva é a maternidade, elas ainda se preocupariam mesmo à distância.
Daniela sorriu feliz e abraçou o pescoço da mãe ao mesmo tempo em que inclinava a cabecinha em direção a Ella, de alguma forma foi como se soubesse que as tinha só para si, sem a interferência das irmãs mais velhas ou de Judy e, pela primeira vez em sua breve vida, estava no comando de tudo.
A volta foi anormalmente calma sem todas as crianças no carro, ainda que Ella tivesse apenas Judith para cuidar já sentia falta da menina e sua ausência parecia deixar um grande buraco cheio de preocupação em seu peito; impossível não imaginar se Judy ficaria bem, se iria se adaptar logo no primeiro dia, se faria novas amigas ou não. Todas essas probabilidades assustavam e excitavam Ella na mesma proporção, quem disse que o primeiro ano era o mais difícil e depois melhorava era um grande mentiroso; Ella só sentia que tinha mais coisas a se preocupar.
No entanto, não sabia como verbalizar o que sentia, como admitir que já sentia saudades das garotas. Felizmente, Alcina fez isso em seu lugar.
- É estranho que eu queira buscar as três?
Ella riu.
- Não, mas duvido que Judy voltaria com você, ela falou desse acampamento por semanas.
- Por favor, Cassandra não voltaria de forma alguma! Minha filha do meio, rebelde e independente, me deu às costas assim que a soltei e ela sequer olhou para trás – Alcina balançou a cabeça em descrença, mas não tirou os olhos do trânsito – Mas aposto que seria capaz de convencer Judy e Bela.
- Em quatro dias ou menos eu teria uma menina chateada e entediada, exigindo uma nova atividade durante o verão – Ella argumentou.
- Oh, você achou que eu buscaria Judy e a devolveria assim? – Alcina riu - Não, ela ficaria comigo!
- Está me dizendo que pretende roubar minha irmãzinha? Eu praticamente sou a mãe dela!
- Não estou dizendo que não é, só que não a devolveria pra você e ganharia uma nova filha.
- Ótima namorada – Ella zombou – Planejando roubar minha filha.
- A maioria das pessoas se sentiria com sorte por namorar alguém que ama sua filha como eu amo Judith.
Alcina não pareceu reparar no que disse, e se o fez disfarçou muito bem, já Ella não conseguiu conter o sorriso bobo e apaixonado que tomou conta do seu rosto; ainda não haviam chegado ao ponto de dizerem “eu te amo” uma para a outra, mas ouvir Alcina comentando casualmente que amava Judith realmente mexeu com ela.
- Você precisa voltar para a livraria agora?
A pergunta a despertou dos seus pensamentos e Ella balançou a cabeça. Apesar de ser sábado e um dos dias mais movimentados, Agatha estava cobrindo o turno para que pudesse levar Judith até a escola.
- Não, Agatha está lá. Só preciso voltar após o almoço.
- Ótimo, que tal um fim de manhã comigo e Dani? Podemos almoçar juntas.
Ao ouvir seu nome, Dani comemorou e bateu palmas no banco de trás; mesmo em sua tenra idade pareceu entender que estavam programando algo divertido em sua função, afinal de contas ela seria a única criança pelas próximas quatro semanas.
- Como eu posso dizer não pra essa carinha fofa? – Ella perguntou sorrindo ao apontar para Dani – Não dá pra resistir.
- Quem diria que meu bebê faria todo o trabalho duro – Alcina sorriu – Mas ela é fofa.
De fato, Dani era um bebê fofo com seus cachinhos ruivos.
Passaram o resto da manhã juntas e Ella voltou após o trabalho para passar a noite, aos poucos estabeleceram uma rotina só delas, dividindo responsabilidades e momentos de descontração. De longe o relacionamento mais maduro que Ella já havia tido, mas não podia ser diferente com Alcina.
As coisas continuaram bem pelos próximos dias, até que finalmente a merda bateu no ventilador.
Mais precisamente na terça-feira Klaus apareceu com uma oferta de almoço, carregando duas sacolas de delivery com hambúrgueres, batatas fritas e refrigerantes, completamente não saudável e delicioso; há algum tempo Ella não tinha um encontro com o amigo, Klaus preferia manter distância de Alcina ao afirmar que não combinava com ela, já Agatha afirmava que seu amigo não aguentava os ciúmes que sentia ao vê-la com a namorada.
Ainda assim, Ella imaginou que não seria um grande problema almoçarem juntos na livraria e foi divertido no começo, eles conversaram sobre assuntos leves como qual filme assistir no cinema, qual a música mais tocada em seu Spotify ou as curtidas na última foto postada no Instagram; foi como estar com seu melhor amigo de novo, antes de tudo mudar e Klaus desenvolver sentimentos, isto até que invariavelmente chegaram no assunto que gostaria de evitar.
- Então, como está sendo namorar a toda poderosa da cidade?
Ella sorriu.
- Toda poderosa?
- Não vai me dizer que não percebeu? – perguntou Klaus ao enfiar um monte de batatas na boca – Ela age como se fosse a rainha de tudo.
- Klaus...
- É sério, a cidade toda depende da vinícola Dimitrescu e você sabe disso.
Ella sabia. Basicamente a vinícola empregava grande parte da cidade além de servir como atrativo turístico, o que era muita coisa em uma cidade pequena como aquela; mesmo os comércios pequenos, como o de Ella, dependiam indiretamente do empreendimento da família Dimitrescu, não apenas com o turismo mas por fazer fluir a economia na cidade. Até mesmo o irmão de consideração de Alcina, Karl Heisenberg, tinha grande influência com sua fábrica, mas nada perto da sua irmã.
- Isso não quer dizer nada.
- Você sabe que sim – Klaus zombou – Até o irmão dela aluga sua livraria uma vez por semana.
- Primeiro, Karl e o grupo de amigos estranhos dele alugam a livraria nos sábados à noite pra jogar rpg e discutir teorias da conspiração; segundo, esse dinheiro pagou o acampamento de verão da Judith e terceiro, mas não menos importante, ele já fazia isso antes de eu conhecer a Alcina.
- Falando no Heisenberg e os amigos estranhos dele – Klaus baixou a voz como se pudesse ser ouvido a qualquer momento – O que eles fazem aqui?
Grata pela mudança de assunto, Ella sorriu.
- Eu não sei exatamente, nem eu fico aqui; nosso acordo inclui deixá-los sozinhos aqui e só voltar ao final de três horas, qualquer tempo extra é combinado previamente e pago. Funciona bem pra nós dois, então não posso reclamar dele.
- E o que sua majestade pensa disso?
Agatha escolheu exatamente aquele momento para se aproximar com alguns livros em mãos, Ella podia jurar que viu a amiga revirando os olhos antes de se afastar e teve vontade de fazer o mesmo.
- A única coisa que Alcina disse é que eu devia cobrar mais caro do irmão dela.
- Parece a cara dela – disse Klaus ao limpar as mãos em um guardanapo, mas pareceu notar a expressão desgostosa de Ella – Ok, já entendi, mas posso fazer uma última pergunta?
- Claro, mas eu me reservo ao direito de escolher se quero ou não responder.
- Parece justo. Eu juro que não é nada demais, só pra saber mesmo como é que a Judith está lidando com isso tudo.
Ella fez uma careta sem ter certeza se havia entendido bem a pergunta.
- Como assim?
- Sua última namorada não gostava dela e a atual é bem mais velha do que você.
Dessa vez Ella revirou os olhos, de fato Alcina era doze anos mais velha mas isso não importava de modo algum.
- Isso não é da sua conta, mas se está preocupado com a Judith, saiba que ela adora Alcina com todas as forças e é adorada de volta na mesma proporção, devia ver como se abraçam – Ella sorriu brevemente ao se lembrar – Judy adora as filhas dela, aliás ela e Bela só estão esperando o casamento pra serem irmãs completas.
- Casamento?
- Eu sei que só estamos juntas há alguns meses, mas não é isso que se espera ao estar em um relacionamento feliz? Quero dizer, espero ficar com ela e que nossa relação continue a evoluir.
- Não acredito nisso, achei que teria mais tempo pra... Pra você mudar de ideia e me considerar!
- O que? Klaus!
Klaus se aproximou sobre o balcão e segurou seu rosto como se fosse beijá-la, Ella o assistiu como em câmera lenta a medida que se aproximava cada vez mais; ao sentir a respiração dele fazendo cócegas em seu nariz, Ella afastou as mãos dele com um safanão e deu um passo para trás.
- O que pensa que está fazendo?!
- Estava prestes a perguntar a mesma coisa.
Os dois se viraram ao mesmo tempo em direção a Alcina que estava parada junto à porta os encarando com os braços cruzados sobre o peito, uma expressão nada agradável no rosto; Klaus se afastou alguns passos e pareceu intimidado, mesmo sem os saltos Alcina era mais alta e ameaçadora do que seu amigo.
- Apenas um almoço entre amigos – Klaus conseguiu explicar sem gaguejar – Ella ainda tem permissão pra isso, não é?
Alcina ameaçou avançar um passo, mas Ella resolveu intervir antes que as coisas piorassem muito.
- Klaus já estava de saída – virou-se em direção ao amigo – Não é mesmo?
- Tem certeza disso?
A forma como Klaus falou, como se Ella fosse uma donzela indefesa e ele o cavalheiro de armadura brilhante pronto para salvá-la a deixou irritada; de algum jeito, quando Alcina fazia isso parecia galanteador e adorável, mas com certeza outra pessoa não causava o mesmo efeito.
Alcina riu com escárnio.
- Você acha que precisa protegê-la de mim? Não sou eu tentando beijá-la a força.
- Nem eu!
- Já chega! – Ella mandou: - Klaus, vá embora daqui antes de causar mais problemas.
Sem dizer mais uma palavra, mas parecendo desgostoso com a situação, Klaus passou por Alcina sem lhe dirigir o olhar e saiu pela porta. A tensão era praticamente palpável e Ella pode sentir a raiva irradiando da namorada, ainda que Alcina tentasse muito se controlar.
- Escute, Alci, nós estávamos almoçando juntos e...
- E precisava disso? – Alcina a interrompeu rudemente – Estou tentando falar com você a mais de uma hora, sem sucesso, e chego aqui para encontrar seu amigo que, a propósito, é apaixonado por você, tentando te beijar.
- Devo ter esquecido o celular na bolsa, não foi de propósito.
- Que conveniente, não é mesmo?
- Você não pode mesmo acreditar que eu estava te traindo – Ella suspirou – Foi só um almoço entre amigos, ou era pra ter sido.
- Acha que ele sabe disso?! Ou mesmo que ele se importa que você esteja em um relacionamento?
- Bom, eu me importo!
- Ótimo jeito de demonstrar isso! – Alcina parecia tremer de raiva mal contida – Mesmo sabendo como ele se sente, continua deixando que se aproxime como se gostasse disso.
Foi como levar um tapa no rosto.
- Não acredito que esteja dizendo isso.
- Eu que não acredito que ele estava prestes a te beijar e você não ia fazer nada.
Alcina saiu sem lhe dar chance de resposta, de explicar que fora pega de surpresa e que chegou mesmo a se afastar quando ela chegou e viu toda a cena; sua ausência só fez Ella se sentir pior e mais solitária, incompreendida e ofendida. Ao passo que desejava que Alcina voltasse, também não gostaria de vê-la novamente e foi extremamente confuso.
- Sinto muito, mas eu ouvi tudo – disse Agatha ao se aproximar e abraçá-la – Quer falar sobre isso?
Ella só conseguiu negar com um aceno antes que as lágrimas tomassem seu rosto. Pelo menos Agatha estava ao seu lado e jamais a deixou.
Levou três dias inteiros para que Alcina tentasse entrar em contato, Ella se recusou a fazer isso primeiro e passou o tempo todo remoendo aquele sentimento; houve tempo suficiente para entender que apesar de Alcina ter se sentido traída pela cena que presenciara, e pelo fato de que Klaus realmente havia demostrado sentimentos por ela em outras ocasiões, isso não lhe dava o direito de acusá-la de gostar daquilo.
Na sexta-feira à noite ainda não havia atendido qualquer uma das inúmeras ligações da namorada ou respondido suas mensagens, não sabia o que dizer e nem se queria ouvir Alcina.
Aquilo a estava matando por dentro.
Agatha se jogou ao seu lado no sofá e cutucou seu ombro.
- Então, um pote de sorvete, vinho barato ou chocolate? – sua amiga perguntou – Eu diria que sorvete combina bem com seu look de moletom e cabelo despenteado, mas talvez vinho barato seja o que você precisa, desde eu não seja... Você sabe.
- Sorvete é bom.
- Seu desejo é uma ordem.
Sua amiga a deixou rapidamente, apenas o tempo necessário para buscar um pote de sorvete de chocolate e duas colheres na cozinha.
- Muito bem – Agatha lhe entregou uma colher ao sentar-se novamente ao seu lado – Sou toda ouvidos.
- Não tenho muito a dizer – Ella deu de ombros ao encher uma colher com o sorvete e levá-la à boca – Você presenciou tudo.
- É, mas quero saber o que está sentindo agora.
- Pra ser sincera, eu não sei bem – admitiu – Eu sinto muita falta da Alcina, mas não sei se quero falar com ela também; tudo aquilo me magoou muito, a desconfiança e as acusações... Foi demais.
- Posso te dar a visão de alguém de fora?
- Por favor.
- Foi como assistir o drama de uma novela mexicana se desenrolando – as duas riram juntas com a comparação – Mas é sério, tinha o Klaus, apaixonado por quem não pode ter; você, que desejava um momento com o seu melhor amigo como nos velhos tempos antes que ele se apaixonasse, e Lady Dimitrescu, que assistiu o amigo da namorada tentar beijá-la não pela primeira vez. Não estou dizendo que ela reagiu do jeito certo ou oferecendo desculpas, mas você precisa concordar comigo que Klaus passou dos limites.
- É, eu sei.
- Falou com o Klaus pelo menos?
- Falei e ele pediu desculpas, prometeu que não vai acontecer de novo – Ella suspirou e encheu a colher de sorvete mais uma vez – Mil e uma promessas.
- E ela?
- Me ligou algumas vezes, mas não atendi e também não respondi as mensagens; pediu desculpas, pediu para me encontrar, para falar comigo... Mas não sei o que dizer pra ela, então só ignorei.
- Olha só, é apenas uma ideia – Agatha passou o braço pelos ombros de Ella e a apertou levemente – Responda a mensagem da sua namorada, diga que aceita um jantar pra vocês conversarem ou conversem antes disso e vá a um encontro depois só pra ver como se sente.
- Se eu a vir, vou perdoá-la na hora.
- Muito apaixonada essa minha amiga – Agatha zombou – Mais um motivo para ir a um encontro com ela, mas vá maravilhosa que é pra deixar a mulher sem falas!
Ella riu.
- Você não tem jeito mesmo!
- E eu estou errada? Vá conversar com a sua mulher, e se decidir ir a um encontro com ela vá arrasando corações para que Lady Dimitrescu saiba que precisa te valorizar mais.
Bastou uma mensagem rápida para que Alcina a respondesse rapidamente. Àquela hora da noite Daniela já devia estar dormindo, então não era difícil imaginar Alcina usando roupas confortáveis ao relaxar sozinha, uma taça de vinho na mão e tão bonita como sempre; só a imagem mental de sua namorada foi capaz de deixá-la com mais saudades, a partir daí foi fácil se convencer de que deviam se encontrar o quanto antes.
Para seu alívio, Alcina parecia tão ansiosa quanto ela e foi bom conversar novamente com a namorada, mesmo que através da tela de um celular.
Combinaram de se encontrar no sábado à noite, apenas um jantar conforme Alcina prometera para tranquilizá-la, mas Ella não tinha certeza se era apenas isso que queria depois de tanto tempo longe. Claro, com suas vidas agitadas era impossível se encontrarem todos os dias, mas sempre estavam trocando mensagens e ligações quando possível. Estar literalmente longe, sem qualquer meio de comunicação, foi um meio de torturar a si mesma e Ella sabia disso, afinal de contas, foi sua ideia cortar qualquer possibilidade de conversarem.
As horas pareceram se arrastar até o sábado à noite e Ella olhava o relógio a cada cinco minutos, esperando que o tempo tivesse piedade da sua pobre alma e avançasse mais rápido; coincidentemente, era noite de RPG do grupo de Karl Heisenberg e Ella mal os deixou entrar antes de jogar-lhe as chaves e correr de volta ao apartamento que dividia com a amiga. Por sua vez, Agatha parecia mais animada do que a própria Ella, tentando dar palpite em suas roupas e maquiagem até a loira se exasperou.
- Qual de nós duas vai sair em um encontro?
- Você, mas isso não significa que não posso ajudar – Agatha jogou as mãos para cima e olhou para as roupas sobre a cama – Vai usar isso? Gostei do vestido.
- Mas?
- Mas não do resto do conjunto.
Ella, que ainda se encontrava enrolada em uma toalha, observou sua escolha de roupas e não achou tão ruim, além do vestido preto e justo que sabia ser um dos preferidos de Alcina, escolhera uma meia calça simples na mesma cor e uma lingerie comum.
- Qual o problema? Vou usar os saltos e maquiagem, isso eu posso prometer.
- Ai amiga, eu te dei uma lingerie perfeita de aniversário, lembra?
- Lembro muito bem.
O conjunto em questão, todo feito em renda preta, com cintas liga e meias 7/8, estava escondido no fundo do seu armário desde que o ganhara no seu aniversário anterior; apesar de achar que era muito bonito, Ella não tivera coragem de usar porque só de olhar para aquele monte de renda suas bochechas queimavam de vergonha.
- Aquilo é indecente de tão pequeno! – Ella cruzou os braços sobre o peito – Além disso, não vai acontecer nada entre nós essa noite.
- Continua mentindo pra si mesma que é bacana – Agatha imitou seu gesto – Me escuta, ok? Você usa a lingerie sexy e se acontecer algo vai estar preparada pra isso, e caso não aconteça nada, o que eu duvido muito, só você vai saber o que sua namorada perdeu.
Ella riu. Agatha era impossível quando queria ser.
- Talvez você esteja certa.
- Sempre estou. Agora vá se arrumar pra arrasar o coração da sua mulher.
Apesar de decidir seguir o conselho da amiga, e caprichar na maquiagem para completar o quadro de mulher fatal, foi Alcina a arrasar seu coração com um único olhar. Talvez tenham sido os dias que passaram afastadas, ou mesmo o simples magnetismo da mulher mais velha, Ella não sabia como explicar; tudo o que pode fazer foi balbuciar um “boa noite” muito patético ao sentir o coração saltar no peito e suas bochechas corarem.
Alcina estava maravilhosamente vestida em um terno de três peças preto que parecia ter sido feito sob medida, o qual sabia muito bem que a deixava com a boca seca, sorrindo de forma sedutora ao lhe estender um buquê de rosas tão vermelhas quanto seus lábios.
- Você está maravilhosa, draga mea.
- Obrigada – Ella sorriu ao aceitar as flores – Você também. Perfeita como sempre.
- Impossível chegar aos seus pés.
- Sempre galanteadora – Ella balançou a cabeça – Só me dê um minuto para colocar as flores na água.
- Eu faço isso!
Agatha pareceu se materializar ao seu lado e tomou as flores das suas mãos.
- Vão e divirtam-se, mas não façam nada que eu não faria!
Praticamente empurrada para fora do próprio apartamento pela amiga, Ella se viu no corredor frente à figura imponente de Alcina e de repente foi como no começo, quando ficava nervosa sob cada toque e olhar.
- Vamos? – perguntou nervosamente.
- Vamos – respondeu Alcina ao tomar carinhosamente sua mão e entrelaçar seus dedos juntos – É que você está tão linda que mal consegui tirar os olhos de você.
- Tão galanteadora – Ella revirou os olhos em brincadeira, mas sentiu-se muito mais calma – Obrigada por me buscar.
- Quando não fiz isso? Não seria cavalheiresco da minha parte deixar uma dama vagar sozinha por aí à noite.
- Uma mulher fora deste tempo.
Alcina não respondeu a provocação, preocupando-se em guiar Ella até o carro e abrir a porta em mais um gesto cavalheiresco. Como Ella gostava de dizer, Alcina parecia ter saído de outro tempo, com seus trejeitos rebuscados e educados daquele jeito; às vezes era difícil de imaginar como uma mulher daquelas pode ter se apaixonado por Ella.
Apesar da briga recente, caíram em um silêncio confortável assim que entraram no carro, não havia necessidade de forçar uma conversa aleatória só para ter o que falar. Alcina dirigiu com uma mão, a outra foi diligentemente pousada sobre a coxa de Ella em um gesto carinhoso, mas que também poderia ser interpretado como possessivo, e a loira descobriu que não se importava nada com isso.
Novamente, Alcina abriu a porta do carro e a ajudou a sair, pousou a mão em suas costas, na altura da cintura, em um toque carinhoso e a guiou para o interior do restaurante, mas assim que sentaram-se frente à frente foi como se tivessem que tocar no assunto incômodo mesmo que desejassem. Ella desviou o olhar sem saber como começar a conversa, de repente parecia muito mais difícil.
- Então, como a Dani está?
Alcina riu baixinho com a pergunta.
- Sabe como ela aperfeiçoou a arte de andar sem bater nos móveis? – Alcina perguntou e Ella confirmou com um aceno – Agora ela aprendeu que correndo vai muito mais rápido, logo temos muito mais galos e choros pela casa.
Impossível não rir junto a namorada.
- Sinto falta da Dani! Na verdade, de todas elas, mas a Dani ainda é um bebê e é ótimo acompanhar suas façanhas.
- Eu sabia que devia ter usado Dani para falar com você! – Alcina se fingiu de escandalizada – Aparentemente, meu charme nem se compara ao dela.
- Você é uma mulher sábia.
Alcina alcançou sua mão sobre a mesa e a apertou levemente.
- Me perdoe, meu amor. Sei que agi errado com você, devia ter mantido a calma – Alcina falou com sinceridade – Perdi a cabeça e te magoei, mas também saí de lá ferida.
- Eu sei – Ella suspirou – Mas tenta me entender e acredite em mim quando digo que só queria meu amigo de volta, fiquei tão feliz que ignorei que para ele podia parecer algo diferente.
- Te entendo. Agora, de cabeça fria e ânimo mais calmo, consigo ver isso.
- E Agatha me fez ver que pode ter sido difícil pra você também.
- Foi – Alcina admitiu – E tenho alguns problemas para controlar minhas emoções, mas realmente sinto muito por te machucar.
- Eu sei disso, amor.
O termo carinhoso fez Alcina sorrir de forma brilhante.
- Está tudo bem entre nós? – a mulher perguntou – Sinto falta da minha namorada.
Ella fingiu pensar por alguns segundos, puro charme, já estava completamente entregue.
- Estamos bem – confirmou com um sorriso enorme – Mais do que bem.
- Que bom, draga mea – Alcina apertou sua mão – Senti muito a sua falta.
- Quero dizer, vamos ter que conversar mais sobre isso futuramente, mas estamos bem.
Foram interrompidas pelo garçom e fizeram seus pedidos, foi como ter um encontro no começo do relacionamento tudo de novo; jantaram trocando olhares e sorrisos bobos, apaixonados até, a forma como Alcina a olhava não deixava margem para duvidar dos seus sentimentos. Outras pessoas poderiam achar que havia perdoado Alcina muito rápido, mas chegava a ser covardia a forma como aquela mulher podia desarmá-la rapidamente.
- Então... – Alcina começou a falar assim que saíram do restaurante – Te levo para casa ou...
- Para sua casa é perfeito.
Ella estremeceu levemente e cruzou os braços a fim de evitar o frio, ao que Alcina rapidamente tirou o próprio paletó e jogou sobre seus ombros.
- Minha casa está ótimo, mas preciso dizer que Dani não está lá e sua única companhia serei eu.
- Droga – Ella fingiu desapontamento – O que farei sem minha menininha?
- Ficar comigo.
Inclinando-se sobre Ella, por ser tão mais alta, Alcina a beijou. O contato foi insuficiente para matar a vontade que estava sentindo da namorada, leve demais ainda que carinhoso e cheio de sentimentos, mas Alcina parecia disposta a provocá-la até que não aguentasse mais.
- Prometo que vamos tomar uma taça ou duas de vinho e que vou me comportar – Alcina prometeu – A não ser que você queira que eu não me comporte.
- Vou decidir quando chegarmos lá.
Alcina a beijou novamente, apenas um selinho rápido, antes de abrir a porta do carro para que entrasse. Ella tinha certeza que sua namorada estava fazendo de propósito apenas para provocá-la, bem aquele jogo poderia muito bem ter duas jogadoras e ela tinha uma carta na manga que Alcina desconhecia.
Passou todo o caminho reunindo coragem para o que estava prestes a fazer, o que não lhe fazia nenhum sentido dado que Alcina já a havia visto em vários estados de nudez mais vezes do que poderia contar; estavam juntas há meses, completamente apaixonadas, e era praticamente manter impossível manter as mãos longe uma da outra sempre que tinham cinco minutos a sós, mas agora estava nervosa com o simples fato de usar uma lingerie nova e reveladora.
- Podemos ir para o seu quarto?
Perguntou nervosamente assim que adentraram a mansão Dimitescu, se Alcina notou algo de estranho não comentou.
- Claro, draga mea – Alcina enlaçou sua cintura e a guiou através das escadas – Qualquer coisa que você desejar.
Tudo estava exatamente como sempre, exceto talvez pela falta de brinquedos espalhados por todos os lugares, e Ella sorriu ao entrarem no quarto da namorada; ali tudo imaculado, nunca havia visto os aposentos de Alcina em estado diferente da perfeição, assim como a mulher centrada que o ocupava.
- Cá estamos – Alcina sorriu – Algum plano?
Ella vacilou, faltou-lhe palavras para assumir o que pretendia e acabou se tornando uma bagunça nervosa.
- Podemos assistir a um filme? – sugeriu nervosamente – Isso é bom, não é?
- É ótimo, draga mea – Alcina a tranquilizou e a beijou rapidamente – Quer vestir algo mais confortável? Tenho roupas suas no meu armário.
- Sim, isso seria ótimo! – Ella se apressou em responder -
Ella saiu do quarto e deixou-a sozinha, ao que Alcina pegou o controle remoto para escolher algum filme, felizmente elas tinham um gosto bem parecido e não devia ser difícil escolher algo que agradasse a ambas. Ella estava agindo de modo estranho, mas Alcina supôs simplesmente que se devia ao fato de terem brigado há alguns dias.
- Amor?
- Sim? – Alcina respondeu sem tirar os olhos da televisão – Precisa de algo, querida?
- Amor, pode olhar pra mim?
- É claro que eu pos...
Alcina se virou e deixou o controle cair no meio do movimento, seu queixo caiu e ela podia estar babando sem perceber. Ella estava parada, mas poderia muito bem ser a própria imagem de uma deusa sensual; sua namorada usava um conjunto completo de lingerie de renda preta composto por um sutiã que levantava ainda mais seus seios deliciosos, uma calcinha quente como o inferno e cintas liga presas nas meias 7/8. Alcina tinha certeza que havia morrido e ido diretamente para o céu, caso contrário estava prestes a morrer e aqueles poderiam ser seus últimos momentos de vida.
- Não vai dizer nada?
Ela queria responder, realmente queria, mas ao abrir a boca saiu apenas um gemido. Alcina nem conseguia se lembrar a última vez que corou e perdeu as palavras daquele jeito, provavelmente ainda na adolescência, e ali estava Ella a transformando em uma bagunça.
- Alcina?
- Oh – Alcina balançou a cabeça – Você está tão gostosa... Espera, você ainda está brava e estou sendo castigada ou é um prêmio por ser uma ótima namorada?
- E isso importa?
- Importa pra mim, na primeira opção você não me deixa te tocar e sou obrigada a te assistir assim – Alcina fez um gesto em direção a Ella – Na segunda opção nós nos divertimos muito.
- É um presente.
Alcina se aproximou sem nunca tirar os olhos da namorada.
- Você estava vestindo isso à noite toda?
- Sim.
Ella respondeu com a voz rouca e Alcina pegou sua mão, fazendo-a girar lentamente.
- E pensou em me mostrar isso a noite toda? – Alcina deu uma palmada na bunda da namorada e a agarrou com fora ao se aproximar para beijar seu pescoço – Pensou como seria quando finalmente estivéssemos sozinhas? No que eu faria com você?
- Sim – Ella gemeu quando Alcina lhe deu outra palmada.
- Sente-se na cama.
Ella obedeceu prontamente e Alcina se despiu sem tirar os olhos da mulher que a assistia; peça por peça, e com uma calma que não lhe pertencia, Alcina ficou completamente nua antes de se aproximar da namorada.
- Não me toque – mandou assim que Ella fez menção de tirar as mãos do colchão.
- Não vai fazer nada, Alcina?
Sua namorada era uma provocação e Alcina sabia disso, assim como sentia seu sexo se contraindo e sabia que estava molhada só com o pensamento do que faria com Ella.
- Deite-se.
Não havia espaço para contestação, Ella se afastou para o centro da cama e se deitou para esperar por Alcina; a mulher não perdeu tempo e subiu na cama, esgueirando-se sobre sua companheira com um sorriso de loba nos lábios, engatinhou até ela e sentou em sua barriga com uma perna de cada lado fazendo Ella gemer.
- Você sente como estou molhada por você? – Alcina perguntou e rebolou levemente sobre a barriga da namorada – Você me deixa assim.
Alcina se inclinou para frente e capturou os lábios de Ella em um beijo apaixonado, dominante, e foi prontamente correspondida.
Deixou um rastro de beijos pelo queixo e pescoço de Ella, chupou o ponto sensível que sabia que seria responsável por um hematoma e sua namorada gemeu; Alcina gostou da reação e passou a distribuir beijos pelos seios deliciosos presos no sutiã sem, contudo, tirá-lo. Passou a língua pelo monte macio e então mordiscou a pele levemente, apenas o suficiente para arrancar suspiros de Ella; sua namorada estava deliciosamente sexy naquela lingerie e Alcina ainda não se sentia pronta para se despedir da visão, então continuou a distribuir beijos pela pele macia enquanto descia por seu abdômen e deu uma mordida bem próximo à linha da calcinha, fazendo Ella arquear os quadris em busca de mais contato.
- Paciência...
Alcina continuou beijando o corpo da namorada, marcando, experimentando e venerando Ella ao mesmo tempo.
Virou Ella para que ficasse de bruços e lambeu, mordiscou e beijou a pele macia das costas, assim como deu alguma atenção ao pescoço sensível. Alcina adorou cada gemido que escapava dos lábios suculentos da namorada, sentindo-se cada vez mais ansiosa pelo que estava por vir.
Alcina se abaixou e passou os lábios pela bunda perfeita da namorada, mordendo com um pouco mais de força, e quando Ella levantou os quadris em busca de mais contato Alcina aproveitou para puxar sua calcinha e dispensá-la no chão. Agarrando a bunda de Ella, Alcina a fez levantar os quadris e lambeu o sexo quente e molhado, sem perder tempo penetrou a língua em sua entrada e fez Ella gemer um pouco mais alto além de rebolar contra seu rosto; Alcina então agarrou a cintura de Ella com mais força e enfiou as unhas na carne macia para mantê-la no lugar, cansada de provocar, fechou os lábios sobre o clitóris da namorada e chupou ganhando um gritinho de surpresa e uma série de gemidos quase pecaminosos.
Alternou entre chupar o feixe nervos e passar a língua ao redor dele, provocando e levando Ella ao limite algumas vezes antes de se afastar e voltar a penetrá-la com a língua.
- Alcina... – Ella gemeu – Por favor, me deixa gozar.
Alcina parou o que estava fazendo e se afastou, ganhando um gemido inconformado da namorada, mas antes que Ella pudesse protestar tirou uma tira de seda vermelha da gaveta superior da mesa de cabeceira e se aproximou novamente.
- Palavra segura?
Ella engoliu em seco.
- Vermelho.
- Muito bem - Alcina vendou com cuidado os olhos de Ella– Vou deixar suas mãos livres, mas nada de se mexer sem minha permissão, entendeu?
- Sim – Ella se contorceu levemente – Alcina, eu preciso de você.
- Oh, eu sei que você precisa de mim – Alcina respondeu com a voz rouca enquanto caminhava até a cômoda e abriu a primeira gaveta, tirando de lá o strap-on que guardara para uma noite especial – Uma menina muito travessa vestida assim durante toda a noite, admita que queria ser fodida por mim o tempo todo.
- Eu queria. O tempo todo, desde que te vi no corredor.
- Tanto tempo... – Alcina vestiu a cinta, ajustou as correias ao redor dos quadris e espalhou um pouco de lubrificante no comprimento do strap-on só para garantir – Tanto tempo esperando por mim... Não se preocupe, menina, eu vou cuidar de você agora.
- Sim, Lady Dimitrescu!
Ella nunca tinha chamado Alcina desse jeito na cama antes e aquilo fez se sentir orgulhosa, mas também despertou a vontade de possuir sua namorada imediatamente. Alcina subiu na cama e levantou os quadris de Ella, mas a fez deitar a cabeça nos travesseiros e deixar a bunda empinada em sua direção; ela não podia negar que a visão do sexo encharcado da namorada naquela posição a deixava ainda mais excitada, Ella era tão sexy completamente entregue a Alcina em um claro sinal de confiança.
Alcina agarrou a bunda da namorada com vontade e se abaixou para passar a língua no sexo de Ella, dividindo sua atenção entre os pequenos, grandes lábios e sua entrada, em movimentos circulares. Então decidiu subir e provocar as dobras do orifício intocado de Ella, experimentando, e recebendo gemidos lascivos em resposta.
Cansada de brincar, Alcina se levantou nos joelhos e posicionou a ponta do stranp-on contra o centro da namorada e penetrou-a lentamente, dando tempo para se acostumar com sua grossura, e continuou avançando enquanto Ella agarrava os lençóis e ofegava. Alcina empurrou cada centímetro dentro da companheira até que suas coxas bateram contra a bunda dela, demonstrando que todo o comprimento estava dentro de Ella àquela altura.
- Alcina – Ella gemeu e rebolou contra ela – Você me enche tão bem...
Alcina se inclinou, aumentando a pressão contra Ella e ganhando mais grunhidos indistintos em troca, e beijou suas costas enquanto afundava aos dedos na pele da sua cintura.
- Me diga, você está pronta pra mim?
- Pronta. Tão pronta, Lady Dimitrescu...
Ella se mexeu de frente para trás, buscando algum alívio para o incômodo entre suas pernas. Ser preenchida por Alcina era ótimo, mas ela precisava de mais, ansiava por ser fodida por ela até que esquecesse o próprio nome.
Alcina não a decepcionou, sem sair de onde estava e ainda beijando e lambendo as costas de Ella, iniciou movimentos curtos e rápidos, entrando e saindo de Ella e fazendo-a ofegar e gemer por mais. Alcina se levantou e, agarrando os quadris de Ella, aumentou os movimentos tirando quase todo o vibrador antes de empurrá-lo novamente com força; a cinta pressionava seu clitóris inchado a cada nova investida fazendo Alcina gemer e puxar Ella em direção a seu corpo para encontrá-la no meio do caminho, o prazer se espalhando por Alcina era potencializado pelos gemidos da namorada.
- Eu preciso de mais! Estou tão perto – Ella gemeu e mordeu os lábios, sentir Alcina dentro dela, fazendo suas paredes se esticarem para acomodá-la, a estava levando tão perto da borda – Por favor, Lady Dimitrescu, me faça gozar pra você.
Como se Alcina pudesse negar um pedido daqueles.
- Ah, minha menina, não se preocupe... Vou cuidar de você.
Alcina aumentou a força das investidas, mal saindo de Ella antes de golpeá-la novamente, e se inclinou para tocar seu clitóris inchado. Ella estremeceu e gritou quando o orgasmo finalmente a atingiu, deixando-a com as pernas bambas enquanto sua excitação escorria-lhe pelas coxas trêmulas, mas Alcina continuou a penetrá-la até que outro orgasmo seguisse o primeiro e Ella caísse exausta na cama.
Alcina diminuiu os movimentos gradativamente e saiu devagar, sorrindo quando Ella gemeu em desgosto, tirou a cinta e jogou-a no chão ao lado da cama. Seu clitóris latejava dolorido por atenção, mas Alcina se ocupou em virar a namorada que ainda tinha a respiração ofegante; espalhou beijos carinhosos por todo o abdômen de Ella e tirou sua venda, sendo premiada com um olhar satisfeito e ainda anuviado pelos orgasmos.
- Você...
Ella balançou a cabeça e puxou Alcina para um beijo, se entregando assim que a mulher exerceu sua dominância. Alcina tirou o sutiã rendado da namorada e se afastou do beijo para abocanhar o seio, chupando-o devagar e com força, fazendo Ella se contorcer embaixo dela; passou a língua ao redor do mamilo e o puxou entre os dentes, Ella gemeu e arqueou as costas em busca de mais contato, mas Alcina tomaria seu tempo com os peitos deliciosos da namorada.
Ela adorava os seios macios de Ella, adorava colocá-los na boca e chupar sem pressa, adorando como a namorada gemia e agarrava seus cabelos para que não se afastasse. Alcina deu atenção a um e depois ao outro, fechou os lábios sobre o biquinho intumescido e sugou enquanto massageava o outro seio, sentindo-o em sua mão e então apertando o mamilo entre os dedos. Cada gemido e grunhido de Ella fazia seu clitóris latejar e a deixava ainda mais molhada.
Ella levou a mão até o sexo de Alcina, encontrando-o completamente encharcado, necessitado por ela, e sem aviso a penetrou com três dedos. Alcina gemeu e rebolou contra os dedos de Ava, sentindo suas paredes se esticarem e obteve algum alívio.
Alcina não se afastou dos seios de Ella, sua namorada agarrou seus cabelos com uma mão para mantê-la no lugar e a penetrou repetidamente com a outra mão, cada vez mais rápido e com mais força, depois de todo o estímulo do strap-on contra ela não demorou para que Alcina gozasse em seus dedos.
Ella saiu da namorada devagar e Alcina gemeu a perda do contato, mas assistiu quase hipnotizada sua namorada levar os dedos à boca e sugá-los.
- Você tem um gosto tão bom – Ella gemeu – Eu amo isso...
Alcina beijou o pescoço e então os lábios de Ella, sentindo seu próprio gosto ali.
- Eu amo você – ela voltou a beijar o pescoço de Ella, sabendo que a namorada adorava abraçar após o sexo – Te amo tanto.
Finalmente aquelas três palavras que criaram um milhão de borboletas em seu estômago e de forma surpreendente, foi muito fácil respondê-la.
- Eu te amo – Ella sorriu contra os lábios de Alcina e segurou seu rosto – Me dê alguns minutos para descansar e vou te mostrar o que quero fazer com você.
Mas Alcina parecia ter uma ideia bem diferente, e a puxou para um abraço apertado.
- Hoje é sobre você, prefiro dar a receber – a mulher sorriu ao aplicar vários beijos carinhosos no pescoço de Ella – Eu te amo muito.
E o que mais Ella poderia querer? Mal podia esperar para contar a Agatha, mesmo sabendo que a amiga a provocaria.
Alcina abraçou-a por trás e continuou aplicando beijos em sua nuca e pescoço.
- Também te amo muito.
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