- Assim está bom? Estou bonito o suficiente para o seu desenho?
O loiro sentado frente ao rapaz de óculos perguntou. Deixou seus cabelos jogados desleixadamente sobre seu rosto com a sua forma doce de sempre. Repousava-se sobre um banquinho de acordo com sua altura, performando uma bela posição para o desenho do outro.
- Você sempre está bonito... Isto é um fato. - Sorriu delicadamente ao ver o garoto. Se afastou um pouco, indo em direção ao quadro.
- Me elogiou?! Tem certeza que está passando bem?! - Indagou com uma expressão surpresa perceptível no tom de sua fala. Era de admirar já que proferir um encômio à alguém, não é e nunca foi do feitio de Saiko.
- É... Mas não vai se acostumando não. Sou bonzinho' somente de vez em quando... Você sabe. - Se aproximou da mesa com uns instrumentos específicos: tanto de desenho quanto de pintura e fotografia. Ali em cima também havia seus conhecidos e companheiros cigarros.
O garoto abriu uma nova cartela, já que a anterior havia acabado em instantes atrás. Puxou um de dentro, colocando entre seus dedos cuidadosamente. Procurou em sua calça, nos bolsos logicamente, o colega de todos os momentos: o isqueiro. Até que enfim encontrou do lado direito na frente do jeans. Levou a droga à boca, segurando apenas com lábios. Riscou um e outra vez, acendendo em segundos. Tapou com uma das mãos o vento, para não apagar com facilidade a chama. Logo, acendeu com sucesso o cigarro, puxando a primeira fumaça.
O loirinho apenas visualizava a cena, curtindo a vibe e mordendo os lábios de canto. Realmente: não tinha uma coisa mais excitante na vista de Gabryel. Ximenes era e, é o homem mais galanteador e charmoso do mundo, principalmente com um cigarro na boca.
- Vai começar o "serviço" ou prefere ficar com seu cigarro? - Irônico, voltou a chamar à atenção para si enquanto o maior ria do comentário.
- Sarcástico você né?! Mas vou cumprir o meu propósito. Já faz horas que estamos enrolando entre beijos e os cigarros... - Entendeu que não podiam mais ficar tanto tempo ali. Logo logo, o amigo iria precisar do estúdio e não teriam nem começado a fazer o que pretendiam.
- Estou bem assim? - Uma de suas pernas posicionadas no chão e a outra segura no banco; seus braços em descuido e desalinho assim como seus cabelos; e olhos fixados em Rodrigo, o que não era incômodo para nenhum dos dois. Uma imagem bem sexy para quem visse de longe.
- Está ótimo.
Principiou pelo delinear dos cabelos. Tinha feito um rascunho de como mais ou menos tudo iria ficar. Com o lápis mais fino, traçou com boa maestria os fios finos do cabelo do menor. Observava ele por trás do cavalete de desenho, rabiscando a folha com vontade. Saiko sempre fora um ótimo desenhista. Ainda mais sobre luzes vermelhas refletindo sobre o corpo de Ycaro, dando um ar de foco e sensualidade. Ao pensar nesse contexto de ser atraente e sedutor, veio de imediato uma ideia na cabeça de Rodrigo. Porém, faltava Carlos concordar e colaborar com tudo que imaginava.
- Ycaro... - Chamou o garoto após terminar uns rabiscos à mais no quadro.
- Oi... - Na posição, respondeu quase imóvel ao falar.
- Pode tirar a camisa? - Pediu Ximenes, analisando o corpo de seu namorado. Ycaro pareceu bem confuso com a solicitação do rapaz.
- Pra quê?! Meu fi' não tá satisfeito não? - Entendeu Saiko do que o moço estava se referindo. Pelo visto, queria mais e mais do que o menor disponibilizaria de ser sensual.
- Vai... Para de dar um de "cu doce". - Insistiu, clamando compreensão do que ele tinha pedido.
- Isso vai se tornar um desenho "sexy" ou um ato pornô? - Voltou à rir com o próprio ponto de vista. Se sentia um pouco envergonhado, mas bem mínimo o tamanho.
- Depende de como você interpreta... Isso é arte, não? - Não se deu ao trabalho de responder concretamente ao questionamento do loiro. Só retrucou com mais uma interrogação.
Fez assim como o namorado pediu. Nem precisou ter o trabalho de se levantar e tratar de fazer a ação. Mostrou-se corado, mas não deu pra observar bem o seu rosto tímido por conta do led e das lâmpadas em tom vermelho. Enquanto isso, Rodrigo foi até o cinzeiro não tão distante de sua posição atual e alcançou o seu cigarro que ainda estava aceso. Puxou mais um tanto da droga, soprando para longe a fumaça após tal ato. Notou também Ycaro voltando à sua acomodação inicial. Sim, da mesmíssima forma.
- Gosta do que vê?! - Provocou. Sabe que o ponto fraco de seu amado é quando mira seu corpo assim: dado... Jogado, como se fosse de presente para ele.
- Para de me provocar Ycaro. Acha que vamos fazer algo aqui? - Perguntou incrédulo, tocando suavemente o lápis de cor preta e ponta fina, levando-a entre os dedos.
- Não sei... Mais cedo estávamos nos beijando enlouquecidamente aqui. - Deu de ombros. - Além disso, eu trouxe camisinha. - Mordeu os lábios descaradamente. Ximenes apenas sacodiu a cabeça em movimentos contínuos, bagunçando o seu cabelo e levando embora os pensamentos sujos e maldosos.
~
O círculo vermelho do led na parede que encontrava-se atrás de Gabryel dava uma sombra perfeita, ainda mais quando aumentou a luminosidade. Aquele lugar um pouco mais fechados com algumas velharias e estantes com livros de anos e anos atrás tornava o local mais desejoso e um tanto interessante. O jeito estonteante de como se posicionava, emitia uma energia gostosa até mesmo para quem somemte apreciasse o autor e o protagonista do desenho. Rodrigo sempre dizia que não tinha muito talento para desenhar pessoas em si, como um bom caricaturista ou retratista. Porém, quando se esforçava e dava tudo de si, se traduzia como algo praticamente sem erros ou falhas.
E parecia ser o intuito do rapaz.
Até poderia ser, mas...
- Você acabou de dizer que quer algo bem sensual né?! - Disse com a maior vigarice. O plano já estava traçado e roteirizado na mente de Ycaro.
- Sim. Eu disse. Por quê? - Olhando para a folha, nem prestou atenção ao que Carlos fazia. Concentrado em delinear e esboçar alguns detalhes do pescoço e alinhar a sombra, passou despercebida a cena atual.
O garoto achava-se retirando a peça jeans de baixo, ficando somente com o pano fino e ao mesmo tempo chamativo que restava. Cueca essa de cor branca, sem nenhum detalhe à vista. Repousou-se sobre o banco, esperando Saiko olhar para ele novamente. Até que o mesmo o fez sigilosamente. - Você não tem jeito mesmo né?! - Completamente "tonto" e desnorteado com o comportamento do loiro, falou sem pensar.
- Me ver assim te faz tão mal amorzinho?! - Sarcástico, tentou arrumar os fios capilares dispersos e desordenados. Sorria de canto, terminando a ação. Nem se parecia com o rapaz tímido e retraído de horas atrás.
- O problema é que eu gostaria de te ver assim, mas em outro lugar... Ycaro, como eu te odeio! - Bateu a palma da mão em sua coxa. O moço não tinha limites.
- Não quer fazer uma pausa então?! Vem cá me dar um beijinho... - Satanás disse, tentando levar uma ovelha ao mau caminho. (Que de ovelha não tem nada, tá' mais pra um lobo vendo por outro ângulo).
- Cê' sabe que de beijo em beijo, nós vamos à outro patamar... - Respondeu a ovelha, caminhando e retornando à seu serviço.
- É essa minha intenção. - Revelou o bixinho' de chifres e rabo, mostrando-lhe a verdadeira intenção.
- Para com isso diabo! Acha que suas palavras vão me levar à tentação? - Rabiscava enquanto proferia. Também sorria do mesmo jeito com o qual falavam.
- Abestado...
[...]
Enquanto contornava os traços do abdômen do namorava, analisava quanto tempo iria conseguir resistir à Ycaro. O garoto não parava de trazer e demonstrar suas artimanhas. Às vezes, dizia coisas extremamente indecentes e imorais. Outras, fingia gemer baixinho, mordendo logo em seguida os lábios. Faltava bem pouco para perder o resto dos neurônios que lhe restavam. Pouquíssima coisa.
- Está na metade do desenho? - Inocentemente indagou, tentando observar o desenho da distância que permanecia, erguendo seu tronco.
- Creio que sim. Bem, é o que me parece. - Deu de ombros ao terminar sua frase. Jamais imaginaria o que aconteceria após.
- Está pronto para a próxima fase?! - Carlos se levantou de pronto.
- Que fase Ycaro? - Ainda observando detalhes e pequenos erros nos rabiscos. Pausou por um momento, já que viu o movimento da sombra do menor ir para o lado. Viu o garoto colocando a mão no cós da única peça, mencionando a retirada completa. - Carlos Ycaro, nem pense em o faz-
- Ops! Já fiz...
Totalmente despido.
Em contraste novamente com a luz, se ocultava um tanto da nudez pelos reflexos de objetos ou do próprio corpo. Rodrigo parecia ludibriado com a miragem, soltando o lápis em mãos. Riu com um misto de safado e surpreso, procurando o celular em um dos bolsos até encontrar. Queria saber das horas.
Era por volta das 4:30. O amigo só retornaria às 6h. Tinham o tempo suficiente para "brincar" como quisessem.
- O garoto mais desobediente da Terra sem duvida é você... - Jogou o celular no chão em desleixo. Aproveitou para tirar a blusa também. - Mas eu tenho a certeza que você é gostoso na mesma medida que tolo e desobediente. - Sorriu ladino.
- Estou esperando o meu castigo por ser tão mau e cruel! - Imitou um pedido de ajuda com a entonação sicronizada de sua voz, vendo o homem se aproximar.
Este que retirou o óculos e pôs na mesa ao seu lado, chegando e colando o corpo do namorado ao seu.
- E você vai ter o que merece...
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