Já era tarde da noite.
O céu aos poucos ia perdendo sua tonalidade laranja da tarde, se tornando um azul escuro e acinzentado.
Nuvens finas e fracas faziam sua passagem ao vento, conforme o clima ia gelando.
As ruas agora se encontravam vazias e silenciosas, a maioria sem um único poste de luz por perto.
Era quase início de inverno.
Naquele canto, mal passava cachorros de rua. O silêncio era tão predominante, que chegava a ser suspeito. Mal se podia ver carros estacionados aos cantos do asfalto, apenas alguns poucos veículos transitando pela br.
Um belíssimo quadro para qualquer tipo de crime violento, alguns diriam.
Pois esse era o cenário atual por onde Keith andava, junto de sua mala de mão pesada e seu pequeno celular. O garoto de cabelos azuis usava um casaco azul marinho, junto de uma calça moletom preta. E claro, também estava vestindo seu clássico boné vermelho de borda azul, virado pra trás.
O mesmo acabara de ter saído duma rodoviária próxima, onde andava a caminho de sua nova moradia. Com os olhos fixados em seu aparelho eletrônico, acabava entregando seu destino ao GPS, que o guiava por aquelas ruas.
Inesperadamente, recebeu uma notificação.
"Lindoca ❤ : Tá tudo bem aí? Já conseguiu se mudar?"
Keith suspirou aliviado ao ver que era sua namorada que havia lhe mandado uma mensagem. Com um sorriso pequeno porém sincero, começou a digitar uma resposta.
"Eu : Tô bem, e você? Acabei de sair da rodoviária, o ônibus atrasou mas tô bem �� morrendo de saudades de você ��"
O rapaz agora encarava a tela de seu celular ansioso, já que queria muito poder rever sua namorada e dizer o quanto a amava pessoalmente. Tudo tinha seu tempo, claro, mas ainda sim o garoto já sonhava em ter esse reencontro.
Só de pensar nela, já se derretia.
Seus cabelos longos e castanhos, seu vestido vermelho favorito além de salto-altos cor vinho.. Além de claro, sua personalidade e voz incríveis. Realmente, estava louco por aquela garota.
"Lindoca ❤ : Que bom que você tá bem, também tô morrendo de saudades! Mal posso esperar pra gente se encontrar nesse natal �� se cuida, tá?"
Novamente, o garoto de boné sorriu envergonhado, sentindo borboletas sobrevoarem seu estômago.
"Eu : Tudo bem, te amo ����"
"Lindoca ❤ : Também te amo ����"
Saindo do bate-papo e voltando para a tela do GPS, o garoto seguiu mais uns passos, refletindo.
"Se não fosse por essas notas, eu já poderia estar vendo ela agora mesmo.. Não acredito que tô me mudando de novo." pensava com receio. Já era a terceira vez que se mudava só nesse semestre, o que não agradava muito ao seu bolso. As passagens de ônibus estavam ficando cada vez mais caras, por algum motivo, além de que arrumar suas malas não era lá uma tarefa muito divertida.
Mas isso tudo era só resultado de seu desempenho.
Sabe, Keith não se dava muito bem com suas notas.
Não ligava realmente para faculdade, mas já estava se tornando um adulto, então, era uma obrigação ter pelo menos um certificado para poder trabalhar.
Porém, era difícil se concentrar nas aulas. Acabava gazeando de vez em quando, e até mesmo colava. Também não tinha muitos amigos de influência, estes sempre acabavam o metendo em situações bem delicadas, se tornando o motivo de Keith ser transferido para outra cidade praticamente todo ano.
Era por causa disso que estava ali, sozinho, caminhando num lugar desconhecido e sombrio.
"Amigos de merda. Nem sei se posso mais chamá-los assim."
Perdido em seus pensamentos, Keith de repente sentiu seu coração acelerar.
Jurou sentir algo passar do seu lado, arrepiando a pele de seu braço.
Num impasse ligeiro, ergueu a cabeça e olhou para todos os lados rapidamente, verificando se havia alguém por perto.
Ninguém.
Apenas casas escuras pelo beco apagado.
"Tô fodido.." engoliu seco. Jurava ter sentido alguém ou algo se aproximar, como se fosse uma sombra ou um vulto embaçado.
Aos poucos sua mente ia criando possíveis futuros para si mesmo, todos péssimos e fatais em seu percurso.
Já conseguia se imaginar num assalto, ou até mesmo pior, num sequestro, visto que não era lá alguém muito corajoso ou sequer com o espírito ligeiro.
Era um coelho no meio da floresta infestada de lobos, todos escondidos em algum canto.
"É melhor eu me apressar." pensou paranóico.
Passando o olho pelas várias casas espremidas no calçadão, conseguia ver sacos de lixo rasgados pelos cantos, além de uma rua sem saída pelo outro lado.
Novamente, engoliu seco.
Como se seu sexto sentido falasse mais alto, Keith acelerou o passo, sem tirar o olho ao seu redor.
Até sentir algo vibrar em sua mão.
Keith - Ah não, só pode tar de gozação.. - cochichou baixinho pra si mesmo, vendo que seu celular tinha acabado de descarregar. - Merda de bateria..! - guardou o aparelho no bolso de sua calça, seguindo sua trilha com uma face preocupada.
Não deu tempo para memorizar seu caminho, apenas o número do apartamento, nome do bairro e da rua.
Então, era isso, estava perdido.
Por hora, Keith tremia de medo. Sentia um nó formar em sua garganta, vendo só agora que corria risco real de vida por ali.
Porém, como iria saber?
O ônibus atrasou, e também, Keith viveu sua vida inteira em bairros de classe média ou alta, mal tinha noção do que fazer em uma favela, por exemplo.
O universo conspirava contra si, tanto que já até duvidava de que seu azar era uma condenação de seus atos na vida passada.
Então, Keith parou e suspirou.
"Eu preciso encontrar informação." pelo o que se lembrava, não estava nem perto de chegar ao seu destino. Se duvidasse um pouco, talvez ele só fosse chegar até lá a pé quando batesse meia-noite.
Então, num momento de desespero, encontrou uma rua de início de br. Se apressou, tendo a esperança de conseguir pegar uma carona.
Largando sua mala no chão ao lado de seu pé, o rapaz balançou a mão para frente, vendo alguns carros passarem.
Todos o ignoraram.
Keith - Droga.. Eu pareço um idiota aqui. - bufou, acenando para os poucos veículos que passavam por ali mais uma vez.
Keith não estava com muita paciência, sentia que algo ruim estava prestes a acontecer. Então, ou tentava a sorte e ficava mais um pouco ali, ou arriscava a se jogar entre as casas a procura de seu novo apartamento.
As duas ideias não pareciam nenhum pouco agradáveis. A de pegar carona era só a menos provável de dar errado.
Com o coração acelerado e a ansiedade aflorando em seu estômago, Keith viu uma luz forte de farol forte se aproximar.
De relance, conseguiu ver uma moto grande e bruta, com um rapaz de capacete montado encima.
Aos poucos o veículo veio chegando em sua direção, até parar completamente em sua frente.
Os olhos de Keith brilharam por uma fração de segundos.
O homem em sua frente estava montado numa Harley Davidson toda preta, parecendo levemente desgastada. Provavelmente, ela já tinha história.
Ele usava uma jaqueta de couro preta com detalhes vermelhos aberta, com uma camisa verde escura por baixo. Seu capacete de mesma marca da moto, cobria todo seu rosto, com a viseira refletindo a luz que vinha do farol do veículo.
O garoto de cabelos azuis suspirou de alívio. Finalmente, alguém havia parado. Porém, outra coisa lhe preocupava agora.
"Esse cara pode ter outras intenções."
Pegou sua mala de mão rapidamente, esperando o homem misterioso em sua frente falar alguma coisa. Estava muito desconfiado, claro, mas tinha de lembrar que ele mesmo havia se arriscado ao decidir pegar uma carona no meio da noite. Agora, era só seguir em frente.
Teria de lidar com a sorte.
Demorou um pouco, mas logo o indivíduo em sua frente se pronunciou.
??? - Carona? - uma voz rouca e abafada surgiu por debaixo do capacete, ascendendo os sentidos de Keith. Por algum motivo, aquela voz lhe parecia familiar. Dum jeito ruim.
Keith teimou. Olhou ao redor e pensou mais um pouco antes de decidir se realmente aceitava aquela carona.
Keith - Eu.. Tô meio perdido e-
??? - Essa rua é bem perigosa. - riu debochado - É melhor você montar logo. - o rapaz terminou em tom sério. Ele.. Estava obrigando Keith a subir?
Isso não é bom.
Keith - Ah.. - seu coração quase errou uma batida, o fazendo hiperventilar por conta da ansiedade. Não tinha ideia de como reagir, nem sabia se o homem em sua frente estava armado, então, decidiu obedecer. - Eu preciso ir pra esse endereço.. - arrancou um papelzinho amassado do bolso de seu casaco, o desdobrando levemente e mostrando ao outro rapaz.
O garoto de cabelos azuis agora mantia seu corpo tenso e estático. Já sabia que não podia confiar totalmente na companhia em sua frente. Porém ele estava entre a cruz e a espada; ou subia, ou se arriscava a andar pelas ruas sozinho, no meio da madrugada.
Então, já sabia: teria que subir.
??? - Beleza. Só não tenho outro capacete, então, é melhor se agarrar. - se moveu levemente pra frente e firmou as mãos no guidão da Harley Davidson, fazendo o motor do automóvel roncar alto. Seu ronco era estranhamente atraente, talvez fosse pela potência de seu som ou pelo fato de ser uma moto forte e almejada em todos os sentidos.
Keith - Tudo bem.. - respondeu apressado, passando sua mala de mão até seu ombro, logo subindo com um pouco de dificuldades, no final do banco da moto do desconhecido, que de início, não parecia se incomodar.
Keith então suspirou pesado, se sentindo levemente aflito.
Quando de repente, sentiu ambas as mãos serem puxadas bruscamente para frente, as fazendo pousar na cintura do motoqueiro.
Keith - Hck! - gelou por um instante, após ter tomado com certeza um dos piores sustos em sua vida inteira. Seu coração quase pulou do peito, e deu graças a Deus que não tivesse sido nada demais.
Ainda desconfiado, agarrou a cintura do piloto, preparado para seu primeiro 'passeio' de moto.
O desconhecido então, só pôs sua moto a roncar e deu partida. Feito um tiro, o automóvel raspou pela pista, correndo feito um leopardo.
Keith - AAAH!! - abraçou as costas do desconhecido com força, como se sua vida dependesse disso (se bem que em partes, dependia sim), quase voando pra trás - Puta merda!
??? - Hahaha! - o homem misterioso gargalhou maldoso, fazendo o motor ranger mais uma vez. Aquela risada parecia bem familiar, mas isso não importava. Keith não dava a mínima para os detalhes.
Agora, se preocupava mais em tentar não morrer num acidente de moto com um maluco, no qual nem sabia o seu nome ou sequer sua face.
Deveria mesmo ter pego essa carona?
Deveria mesmo ter feito aqueles amigos na faculdade?
Deveria mesmo ter fingido que nada disso importava?
Deveria mesmo ter cometido tantos erros?
De verdade, não. Keith agora rezava e pedia perdão por todos os seus atos passados, tendo certeza que a qualquer hora iria bater as botas.
Numa dobra de pista, a moto quase tombou pro lado, o que concerteza fez a alma de Keith abandonar seu corpo.
Keith - PORRA! - se agarrou no corpo do maior, entrelaçando os pulsos em seu peitoral.
??? - Hahahaha! - novamente o rapaz gargalhou com gosto, inclinando mais sua moto para amendrontar o menor. - Abre os olhos, cara!
Keith estava literalmente abraçado no desconhecido, enquanto seus olhos ameaçavam de chorar por conta do medo súbito da morte. Porém, por algum motivo, ele decidiu ouvir o outro e abrir seus olhos.
Como num filme, Keith ainda agarrado no maior, ergueu levemente sua cabeça, vendo o quão lindo se encontrava o céu.
Ele estava pintado em tons de violeta com azul, dando destaque as várias estrelas brancas que dançavam sob as nuvens.
O que tinha acontecido com aquela cor escura e melancólica de antes?
Keith - Wow.. - ficou boquiaberto, deixando uma pequena lágrima rolar em seu rosto. Estava tão maravilhado, que tudo o que lhe restou foi abrir um sorriso enorme, apreciando a vista e a sensação incrível que era estar numa moto a mais de 250 km/h.
De vez enquando o automóvel dava algumas quicadas pela rua, mas de resto, sua corrida era limpa, sem ser muito barulhenta.
Keith nunca havia sequer andado de moto antes, o que tornava aquela experiência ainda mais divertida e única. E pra melhorar, tudo com um estranho.
Em alta velocidade, o vento gelado colidia contra os corpos dos dois homens, o que trazia uma carga de adrenalina pesada e também muito boa, aliás.
??? - Se prepara! - de repente o homem se pronunciou, assustando Keith por um segundo.
O que estava por vir?
Só se deu para ouvir o ronco quente da Harley, que agora, literalmente voava pela rua estreita da br.
Keith - Wow! Haha! - de repente, o garoto gargalhou, finalmente se divertindo com aquela viagem tão perigosa mas ao mesmo tempo tão incrível. Não pode se conter, e deu um grito animado por último.
Olhando para trás, via poucos carros lá no fundo da estrada, todos lerdos e dentro do limite de velocidade.
Keith riu novamente, dessa vez baixinho só pra si mesmo.
Por um instante, conseguiu se sentir um pouco menos tenso do que antes.
Sua semana havia sido tão cansativa e estressante, que por um instante, Keith agradeceu por estar ali.
Queria ter aproveitado sua infância melhor, quando não se preocupava em pagar a luz ou sequer ir no mercado.
Pensando nisso, sorriu levemente atordoado.
Sentia saudades do seu bairro, de seus amigos.
Sentia saudade de ter seus 14 anos, quando corria pela vizinhança fazendo batalhas de rap bobas com amigos e vizinhos.
Falando assim, parece até ser uma coisa boba, mas a verdade era que Keith faria qualquer coisa para voltar para esses dias. Daria sua vida se fosse necessário.
Não se encontrava mais feliz como antigamente. Muito pelo contrário.
Morria de saudades só de pensar em seus antigos amigos e em sua antiga escola.
Porém, por conta daquele trágico dia, nunca mais os viu. Não teve nem tempo de dizer um último adeus.
Conseguia se lembrar perfeitamente do terror que foi ter ouvido o que ouviu dos noticiários.
O terror que foi saber que diversas vidas se foram, duma vez só.
Jurava que, bem ali, bem neste evento, sua infância tivera acabado.
Com uma expressão triste, acabou abaixando sua cabeça, voando em pensamentos e memórias.
Inconscientemente, o garoto acabou acomodando sua cabeça nas costas do desconhecido que pilotava a moto. Estava cansado e confuso por hora, queria apenas descansar a mente.
Com a sua cabeça apoiada ali, conseguiu sentir o cheiro do até então estranho. Era um perfume levemente familiar. Conseguia lembrar que alguém presente em sua infância o usava, só não sabia quem.
Por que estava pensando tanto, afinal?
Keith suspirou fraco, mantendo uma face neutra enquanto observava o céu.
Ao fundo da cidade, podia se ver vários pontos de luzes acesos. Também conseguia se ouvir o movimento das ruas, mesmo que não houvesse tantos carros transitando naquele horário.
Um cenário calmo.. Porém ainda sim, escuro e nostálgico.
Keith já se encontrava distraído, dedilhando suas mãos pelo corpo do piloto, à procura de melhor apoio. O corpo do estranho parecia bem aquecido contra o inverno, além de parecer um tanto malhado. Porém, Keith não estava o apalpando com segundas intenções. Apenas queria se ajeitar melhor no banco e dar uma relaxada, já que acabou tendo um dia apressado e cheio.
Sem querer, o garoto acabou apalpando algo na calça do outro. Algo bem duro.
"Mas o quê..?" arqueou a sobrancelha.
Por curiosidade, virou sua cabeça para o lado, vendo no que estava apalpando.
Keith - .. Hck! - mordeu a língua, longo tirando a mão dali. De repente, sentiu um calor súbito subir por seu corpo.
"É uma.. Glock?!" Keith gelou por completo.
De repente, seu corpo parecia mole e fraco. Como se tivesse perdido todas suas forças por conta do medo.
"Ele tá armado."
Olhou pra trás, com um olhar de desespero.
"Ele tá armado."
Seu coração acelerou de imediato, o fazendo suar frio.
Aquela pistola provavelmente estava carregada, não estava?
"E agora?"
Não podia simplesmente sair dali. Se gritasse, ninguém iria ouvir. Não tinha como descer, estavam em alta velocidade, e mais.. O que aconteceria se tentasse fugir?
Estavam realmente indo para o novo apartamento de Keith?
Keith - U-uh.. - tentava tomar coragem para dizer alguma coisa, porém nada saia. Mesmo que tentasse, sua voz continuava presa em sua garganta.
"Eu preciso descer. Agora." se ajeitou rapidamente no banco da moto, quase caindo pra trás.
Keith - Argh! Merda! - gritou aflito, se agarrando novamente ao corpo do motorista. Logo sentiu a mão dele tocar a sua, dando um sinal para que se firmasse melhor em sua cintura. Sem muitas opções, o rapaz de cabelo azul apenas obedeceu.
Seu coração quase pulava pra fora da garganta, enquanto o incômodo e a ansiedade não iam embora. Keith respirava pesado por conta do medo, rezando para que o pior não acontecesse.
A viagem seguiu silenciosa. Tudo o que se podia ouvir era o motor do automóvel trabalhando sem parar, junto de suas rodas deslizando ao solo.
"Eu preciso fugir."
"Eu preciso descer."
"Eu não posso continuar aqui."
A brisa da estrada não ajudava muito. Estava ficando cada vez mais frio, o que fazia o combo perfeito de um cenário criminal.
Até que de repente, Keith avistou um posto de gasolina lá pra frente.
Era a única parte da área ali que estava bem iluminada.
"Será que eu devo pedir pra parar?"
Aos poucos a Harley Davidson foi desacelerando, adentrando o posto de gasolina.
Keith - Por que paramos..? - perguntou num quase cochicho, ainda abalado pelos próprios instintos.
O desconhecido travou a moto ao chão, se levantando tranquilamente do automóvel, virando de costas para Keith.
Este que soltou rapidamente suas mãos do estranho, o encarando com terror.
Keith - Por que paramos? - arriscou-se a perguntar novamente, sentindo o nó em sua garganta se apertar cada vez mais. Seus olhos ameaçavam marejar, o fazendo soluçar por um segundo.
"O que vai acontecer comigo?" era o que rodava em sua cabeça.
"O que vai acontecer se eu desaparecer e não poder rever minha namorada uma última vez?"
Com angústia, Keith abaixou sua cabeça, praticamente derrotado.
Era uma vítima ali.
O rapaz estava armado, e talvez, caso tentasse fugir, ele não iria hesitar em puxar o gatilho em sua direção.. Se é que tinha algum intuíto de o sequestrar.
.. Talvez.
Tantas possibilidades.
Tantos arrependimentos. Por que Keith se sentia assim? Parecia que tudo o que ele fazia caía em uma ruína para o seu fim, como se algo conspirasse contra sua pessoa e o fizesse cair em vários buracos, um maior que o outro.
Por quê?
Com um tempo refletindo (e assustado, claro) o garoto tomou ar, pensando em diversas ações e possíveis rumos que tomariam cada decisão que lhe havia em mente.
Até que o desconhecido de capacete finalmente se virou, olhando para o garoto de boné vermelho.
Nada se via por debaixo de seu estiloso e escuro capacete. Tudo que era visível ali era uma faixa de luz que reluzia em sua viseira, agregando um ar de mistério e charme ao homem.
Keith - Uh..? - ergueu sua cabeça novamente, encarando o homem um tanto distante de si.
Tudo permaneceu em um prolongado e abafado silêncio. Somente o vento quase mudo era audível ali; a brisa gelada e sombria da noite.
Tudo perfeito para um enquadro criminal.
Tudo o que qualquer sequestrador, assassino, sempre almejou.
Keith outra vez se repreendeu.
Era tarde demais pra voltar atrás.
"Eu deveria ter ido a pé.. Bosta."
Até que, bruscamente, o homem misterioso e até então parado retirou então seu capacete, revelando seus cabelos ruivos espetados e também, seu rosto.
De repente, tudo ficou claro. Keith estava incrédulo, pois não conseguia acreditar em seus próprios olhos.
Só podia ser uma alucinação, algo criado por seu cérebro para o enganar, já que estava tão confuso e amedrontado.
Só podia ser isso.. Não é?
O homem até então parado ali, decidiu finalmente falar algo.
Pico - Oi, Keith.
Keith estava de cara com seu ex.
Com seu antigo amigo. E também, antiga e primeira paixão.
O assassino mais famoso da sua antiga vizinhança.
Era inacreditável.
Tão inacreditável, que um silêncio ensurdecedor surgiu, calando os dois.
O céu agora se encontrava escuro e sem vida, enquanto que alma nenhuma passava por perto do local.
Keith estava estático, gaguejando meias palavras, como se repentinamente tivesse esquecido como falar.
Mal podia encarar o ruivo em sua frente. Não tinha coragem. Não depois de tudo aquilo que presenciou nos jornais quando mais novo.
Mesmo depois de anos implorando para revê-lo novamente, não conseguia nem olhar em seus olhos.
Era um covarde.
Olhando pra baixo, Keith começou a soluçar.
"Não pode ser."
"Não, não pode ser ele."
Era impossível ser ele.
Pico não deveria sequer estar solto por aí.
Deveria estar preso nesse exato momento, não..?
"Como.. Como ele tá aqui..?"
Keith desabou em choro sobre o banco da moto, abaixando sua cabeça ao ponto de apenas encarar o assento de couro e ver suas lágrimas despejando sob ele. Algo havia rasgado, se partido ao meio dentro de si.
Seu corpo tremia feito um prédio no meio dum terremoto, ameaçando desabar à qualquer instante.
Suas mãos agora tremiam sem parar, ao mesmo tempo que ele chorava incontrolavemente.
Não conseguia dizer nada.
Apenas soltou um grunhido abafado pelas próprias mãos, que de tão descontroladas, estavam começando a arranhar seu próprio rosto.
Logo, deixou um rio inteiro desabar de seus olhos.
Keith - Pico..! - gemeu com dor. Seu peito doía, junto de sua garganta, que sozinha ia se enforcando por conta de seu choro baixo. - Pico..!
Sua voz aos poucos ia sumindo, perdendo toda sua força.
Tudo em seu corpo queimava, ardia feito fogo. Era essa a sensação dum ataque de pânico? Era essa a sensação de se sentir tão sufocado e tão quente, ao ponto de jurar estar delirando?
Deu um soco fraco no assento onde estava sentado, tossindo em seguida pela falta de ar.
Não conseguiu segurar.
Esperou tanto para revê-lo. Então, por que não tinha coragem nem de olhar pra ele?
Seria o medo de saber que seu antigo amigo é um assassino?
A ideia de que, depois de tanto tempo, Pico só poderia estar morto?
Ou porque simplesmente o amou demais para perdê-lo?
Um livro de memórias se abria diante de seus olhos.
Como num flash de luz, conseguia se recordar de tudo, desde cada detalhe, cada ação, até a cada cenário.
Como se o tempo tivesse parado, um filme se dava início em sua mente.
— . ° ✌️ · · · �� ° �� ° · · · ��️ × ��. —
"Ey! Pico!" o garoto correu até o mais velho, puxando seu braço para lhe chamar a atenção.
"Hum?" o ruivo se virou confuso, dando um sorriso alegre ao ver quem era.
Keith, seu colega de classe um ano avançado, e possivelmente algo a mais para si.
Pico deu um riso pequeno.
"Você tem que ver isso agora, cara!" o mais novo puxou a mão do amigo, querendo o arrastar até um certo lugar.
"Ey, espera, eu tô no meio duma troca." disse revelando outro garoto que estava ao seu lado, com um estojo pequeno entre as mãos.
"E o que é?" Keith perguntou curioso, rindo em seguida.
Pico refletiu antes de abrir sua boca.
Era melhor Keith não saber de seus vícios.
Ainda mais quando eram ilegais, e somente indicados para adultos.
"Uhm.. Eu te falo outra hora. Mas enfim, depois eu vejo isso, me diz o que tu quer me mostrar."
Keith então arrastou Pico pela mão até a saída ao terraço da escola, onde havia um belo jardim que, até tal momento na memória de Pico, só continha grama.
Porém, agora havia algo além da grama.
Quando se deparou com um balanço de parquinho com 2 bancos, o ruivo ficou boquiaberto de imediato, o que logo fez um sorriso predominar em seus lábios.
"Não é foda?? Finalmente vai ter alguma coisa pra fazer aqui!" Keith disse animado, dando um soco fraco e de brincadeira em seu colega.
"Isso.. É foda pra caralho! Mano, finalmente pensaram nisso! Eu já tava cansado de ter que 'brincar' de enterrar o Darnell nesse gramado." Pico gargalhou, comemorando ao lado de seu amigo.
"Vem, vamo' testar essa belezinha!"
Os garotos correram até o brinquedo novo, logo ambos se sentaram nos banquinhos e começaram a se balançar.
"Fazia tempo que eu não usava um desses!"
"Nem eu!"
Os dois gargalharam, se balançando cada vez mais. Keith era o que mais ria, e com gosto enquanto brincava.
Pico então, diminuiu a velocidade em seu balanço, apenas analisando seu colega se divertir feito uma criancinha de 7 anos, mesmo que tivesse na realidade 13.
Um sorriso gostoso formou-se em seus lábios.
Era tão bom ouvir as risadas do garoto de cabelos azuis. Tão bom ouvir suas piadas, histórias, sua voz..
Tudo nele era tão especial e único.
Não era um garoto muito popular, mas talvez isso fosse um ponto positivo.
Sua amizade era valiosa. Não seria justo se todo mundo a tivesse assim, de graça.
Se bem que, na verdade, a relação que teve com Pico foi sim de graça, e bem inesperada aliás.
Foi num dia qualquer, numa semana qualquer e num mês qualquer.. De repente.
Keith foi o primeiro a ser seu amigo.
O primeiro que perguntou se Pico estava bem depois de ter ralado o joelho.
O primeiro que se sentou na mesma mesa que ele durante o recreio, conversando sobre coisas bobas como games e cartinhas de Pokémon.
"Hahaha! Eu espero que nunca tirem esse balanço daqui!" Keith gargalhou, se balançando cada vez mais rápido no brinquedo.
Pico suspirou admirando o menino de boné vermelho, completamente apaixonado.
Queria muito falar para seu amigo o que sentia por ele, o que realmente guardava em seu peito. Mas junto de todo esse sentimento de paixão, amor e admiração, também guardava receio e medo.
Medo de Keith o achar nojento ou estranho, e lhe abandonar.
Ou simplesmente dizer "desculpe Pico, não sinto o mesmo".
Aquilo com certeza era o seu pior pesadelo.
Até se mudar de repente de colégio e nunca mais poder ver Keith novamente, seria menos doloroso do que ser rejeitado pelo mesmo.
Amar dói.
Você corre o risco de ter uma desilusão, e se arrepender pelo resto da vida.
Amar é perigoso e arriscado.
Mas Pico já havia arriscado sua vida de qualquer jeito, várias e várias vezes.
Então.. Por que não?
"..Keith." ditou sério, chamando a atenção do mais novo.
Vendo o tom de sua voz, o garoto de cabelo azul logo parou de se movimentar no balanço para ouvir o que o amigo tinha a dizer.
"Oi..? O que foi, Pico?" arqueou a sobrancelha, com o sorriso leve abandonando seu rosto. "Você não tá se divertindo?"
De repente, o clima ficou um pouco denso. Mais denso do que devia.
Pico tirou forças de onde jurava que não tinha, respirou fundo e encarou seu amigo com receio.
Estava tremendo.
Seu coração palpitava alto e rápido, enquanto aos poucos seu rosto ficava vermelho por conta da ansiedade e adrenalina.
Será que deveria realmente falar?
Não era cedo demais?
"Pico..?" Keith deu um toque em seu colega.
"Keith.." fraquejou com a cabeça baixa "Eu quero te contar um negócio."
"Pode falar." o mais novo estranhou. Nunca tinha visto Pico daquele jeito, era realmente algo novo e estranho para si.
Pico cobriu a boca com a palma da mão.
Conseguia ouvir o próprio coração bater cada vez mais e mais rápido.
E agora?
"Eu gosto de você."
— . ° ✌️ · · · �� ° �� ° · · · ��️ × ��. —
Por que Keith se lembrava de tudo isso, mesmo querendo esquecer por tanto tempo?
Tantos momentos felizes.. Juntos.
Tantos momentos tristes.. Juntos.
Tantas memórias.
Tantos arrependimentos.
Keith apenas pôde se lamentar. Estava tão feliz e tão triste ao mesmo tempo, que nada podia descrever direito o que sentia dentro de si.
Parecia uma chama acesa, um fogo perigoso. Mas ainda sim, caloroso e confortável. Era um conflito dentro de si.
Numa tentativa fraca de olhar para Pico, conseguiu ver o ruivo se afastando aos poucos.
Suas mãos tentaram alcançar seu velho amigo, que apenas o observou de canto e colocou o capacete no guidão da moto, adentrando a pequena loja do posto de gasolina, sem dizer uma sequer palavra.
Keith estava sozinho ali fora.
Mesmo com o rosto vermelho e as lágrimas lavando suas bochechas, ele não se importou em chorar mais um pouco.
Um pouco mais alto, ainda.
Keith - Ghaa..! - socou o banco da moto novamente, agora pouco se importando em segurar suas lágrimas. - Pico.. Pico! - gemeu alto, chorando de forma desesperada.
Keith chorou ao ponto de se curvar. Ao ponto de apertar os próprios braços, de tremer indubitavelmente.
Seu coração estava tão acelerado, que por um momento ele pensou que teria uma parada cardíaca.
Seus sentidos estavam confusos. Mas de uma coisa eles sabiam.
Keith não poderia perder a chance de abraçar Pico pela última vez.
Com fraqueza, este tentou se recompor, fungando com o nariz.
Se arrastou mais pra frente no banco, logo alcançando o capacete de Pico com a mão.
Não sabia se deveria estar mexendo nas coisas dele, mas acabou se deixando levar pelas emoções.
Além do mais, não tinha nenhuma informação sobre o ruivo há 5 anos.
Meia década havia se passado.
5 anos sem uma das pessoas mais importantes em sua vida.
Com o objeto um tanto pesado entre as mãos, o rapaz fez um sorriso grande surgir entre seus lábios.
"Seu sonho era ter uma Harley." sorriu fraco, deixando escapar um riso bobo. Realmente, Pico quando mais novo vivia dizendo que não iria partir desse mundo sem ao menos comprar uma moto desse estilo. Pico dizia isso tantas vezes, que Keith acabou tendo esse modelo de moto em mente pelo resto da vida. Era a única moto que sabia o nome só de passar o olho.
Novamente, ele riu após se lembrar dessas doces memórias.
Em seguida passou a mão de forma nada agressiva sobre as voltas do veículo, apreciando sua beleza. Estava feliz pelo sonho do amigo ter se tornado realidade, afinal de contas.
É uma moto linda.
Parece cara.
"Eu preciso falar com ele.." afirmou mentalmente, enxugando as lágrimas com a manga do próprio casaco. Ainda estava sensível e abalado, mas isso não importava. Keith finalmente teve a chance de rever Pico, então, não a desperdiçaria.
Mais algumas pequenas lágrimas rolaram de seus olhos. Porém, diferente das outras, essas sim tinham uma emoção definida: felicidade.
Keith sorriu mostrando todos os dentes, logo escondendo o rosto entre as mãos pela alegria.
"Eu tô tão feliz que você tá bem. Por um momento jurei que você tava morto." chorou baixo outra vez, sentindo seus lábios tremerem involuntariamente.
Estava sorrindo feito um bobo.
Quase ameaçando a dar uma risada alta e sem vergonha, ali no meio da noite, no meio do nada.
Estava confuso, desorganizado. Fora pego de surpresa, afinal. Como saberia que o motorista de sua carona seria logo ele.. Logo, seu ex?
Bem que deveria ter suspeitado que aquela voz lhe era familiar.. Principalmente seu perfume.
O toque amadeirado com uma pitada de lavanda, além do cheiro do amaciante de roupas em seu casaco.
Tudo tão nostálgico..
Amava aquele cheiro.
Só de o sentir, a imagem do ruivo surgia em sua mente.
Que bobo.
Preso entre seus pensamentos, Keith viu a porta da loja do posto se abrir rapidamente, revelando Pico com uma sacola branca em uma mão.
Ainda ansioso, o garoto de boné o fitou com um sorriso aberto, mas ainda não conseguindo dizer uma única palavra. Ainda tentava pensar em quais usar para cumprimentar o outro.
Era tão estranho.. Não estava pronto pra esse reencontro.
O que deveria dizer?
Pico se manteve em mesma posição, se aproximando calado do antigo colega.
Keith não suportou mais.
Largou com tudo sua bolsa ao chão. Desesperado, se jogou no rapaz levemente mais alto que si.
Pico - Keith..? - antes que pudesse reagir, o mais novo já o apertava entre os braços, lhe dando o típico e gostoso abraço de urso.
De repente, parecia que o inverno havia sumido.
O calor partilhado de ambos os corpos dos rapazes eram o suficiente para matar o frio.
Como era bom compartilhar esse calor.
Era incrível.
Pico, com uma expressão de surpresa, se levou ao ouvir o próprio coração.
Agarrou o garoto encostado em seu peito, o abraçando bem apertado, sentindo seus olhos se encherem de água.
Ele também estava morrendo de saudades.
Keith - Aonde você esteve?! - gritou abafado no tecido da camisa de Pico, sem coragem de erguer o rosto para encarar o mesmo. - Me diz..! - arranhou as costas do mais alto, desabando em lágrimas mais uma vez.
O ruivo nada respondeu, apenas intensificou o abraço e manteve-se forte para não chorar.
Se sentia péssimo por todos os seus atos passados.
Queria se desculpar por tudo o que tivera causado e destruído.
Mas por algum motivo, não conseguia. Nada saía de sua boca.
Ele sabia que de nada adiantaria se desculpar. Então pra quê? Pra que insistir nisso?
Olhou para baixo, encarando o boné vermelho de seu antigo amigo.
Logo aumentou o aperto do abraço, porém sem qualquer tipo de carícia envolvida. Estava chocado demais para fazer algo do tipo. Era inacreditável ver que depois de tanto tempo almejando pelo menos o abraçar pela última vez.. Finalmente havia chegado a hora. Finalmente conseguiram se reencontrar.
Pico sabia que corria o risco de se afogar numa onda de emoções caso desse uma carona para Keith. Porém, não poderia deixar essa chance lhe escapar entre os dedos.
Não outra vez.
Teve muita sorte de o encontrar ali. No meio da noite, no meio dum bairro violento e mal cuidado. Bem quando estava pensando nele.
Era sortudo demais. Mesmo não merecendo tal sorte.
Keith - Pico.. Hnf, desculpa. - se afastou levemente do outro, limpando as lágrimas que rolavam por seu rosto com a mão - Eu só.. Ah, não sabe o quanto eu queria te ver de novo, idiota..
Pico sorriu satisfeito ao ouvir aquilo.
"Então.. Keith sentiu minha falta."
Pico - Quando eu voltei pro bairro que a gente morava quando éramos menores, descobri que você já tinha se mudado. - respondeu amargo, um tanto pensativo - Foi por causa do..?
Keith - .. Sim, foi por causa do massacre. - terminou a frase do outro, encarando o chão. Era uma memória ruim, não queria falar sobre aquilo. Só de pensar, seus olhos se enchiam de lágrimas outra vez.
Tantas vidas varridas num dia só. Sem mais nem menos. Sem dó nem piedade.
Todos os seus colegas.. Mortos.
Crianças assassinadas brutalmente.
Era horrível pensar nisso.
Horrível imaginar que tantos sonhos e histórias queimaram junto com a escola naquele dia.
Não restou nada.
Nada.. Além de Pico.
Pico - Pensei muito.. Em você. - colocou uma das mãos no bolso da calça, olhando para o garoto em sua frente.
Keith - Eu.. Também. - passou a mão em sua franja azulada, dando um sorriso fraco - Muito, na verdade. - olhou para o amigo.
Pico deu uma risada baixa, encarando o chão.
Pico - Achei que tivesse esquecido de mim, Keikei. - sorriu de forma ardilosa e provocativa. Estava usando o antigo apelido carinhoso que tivera dado a Keith, quando ainda estudavam juntos.
O azulado arregalou os olhos, sentindo um pequeno calor subir em sua face.
Keith - Você.. Ainda lembra? - riu sem graça, olhando dum jeito mais relaxado e curioso para o outro rapaz.
"Impossível que ele ainda lembra.."
Pico - Eu nunca esqueci. - olhou para o lado com uma expressão irritada, mostrando claramente que estava envergonhado.
Era esse o jeito que Pico demonstrava suas emoções, dum jeito mais agressivo, porém ainda sim fofo.
Keith tentava não pensar sobre isso mas, ah, não conseguia evitar.
O maldito sorriso bobinho não abandonava sua boca.
Era impressão sua, ou.. Pico estava levemente mais atraente?
Keith - Eu não sei nem o que dizer.. Desculpa por não ter o que falar. - fungou com o nariz, dando uma risada fraca - Eu realmente não esperava te ver de novo, Pico.
Que nome diferente e marcante, não?
Pico.
A primeira paixão de Keith.
Seu primeiro namorado.
Estava ali, na sua frente, depois de ter sumido por tantos anos.
Keith deixou mais algumas lágrimas escaparem, dando um sorriso melancólico para o mais velho.
Keith - Eu tava morrendo de saudades. - falou baixo, como se quisesse que só Pico ouvisse sua sentença.
Pico - .. Você é muito gay. - bufou, rindo debochado em seguida - Continua.. Incrível. - terminou falando baixo.
Quando se deu conta, o garoto de boné o analisava minuciosamente, com um sorriso mais que lindo no rosto.
"No que ele tá pensando?"
Pico sentiu seu rosto esquentar, então logo desviou o olhar e mudou de assunto.
Pico - Ehm, enfim, conheça o meu bebê! - se aproximou de sua Harley Davidson até então parada, dando tapinhas em seu banco.
O ruivo abriu um sorriso orgulhoso, pois amava aquela moto mais que tudo, e estava super animado para mostrá-la ao seu ex, provando que a promessa que fizera quando menor de ter um veículo daqueles, finalmente havia se realizado.
Keith - Eu vi! Ela é linda. - respondeu alegre, limpando as lágrimas de seu rosto mais uma vez. Passando a mão novamente pela moto do amigo, Keith sentiu que precisava dizer mais uma coisa. - Ela é a sua cara..
Pico - Hah, então ela é gostosa, né? - tirou sarro, fazendo seu colega rir.
Keith - Para, Pico! - riu com vontade, passando uma mão no braço do ruivo. Tinha saudade de rir de suas piadas inapropriadas e de duplo-sentido, mesmo que fosse vergonhoso, elas sempre o fizeram gargalhar por muito tempo.
Como Pico conseguia ser alguém tão.. Tão único, assim?
Um cara não tão amigável, mas ainda sim, uma ótima companhia. Mesmo com tantas coisas afetando sua vida, ele continuava tão ativo e atraente, que chegava à ser estranho.
Pico não mudou quase nada.
Continuou sendo o mesmo cabeça-dura, 'levemente' problemático e exótico de sempre.
Esquecendo todos os crimes que havia cometido, ele ainda tinha todo o seu charme, toda a sua beleza.
Suas qualidades e defeitos eram o que fazia do Pico, ser o Pico.
Era tão bom tê-lo por perto.
Mesmo sabendo que ele era uma ameaça em potencial.
Keith queria abraçar Pico mais uma vez, porém, não sabia se o mesmo iria estranhar, fazendo o clima ali ficar um pouco confuso.
Então, se conteve.
Conteve suas vontades para si mesmo.
Pico - Uhm, Keith. - sussurrou para o mais baixo, num tom de mistério.
Keith - Hm..? - encarou Pico de volta, dessa vez olhando em seus olhos completamente brancos.
Silêncio.
E.. Mais silêncio.
Keith não teve outra escolha há não ser admirar os olhos de Pico.
Aqueles olhos.. Completamente brancos. Indecifráveis, misteriosos e acima de tudo, estranhamente charmosos.
"Seus olhos.." as bochechas do azulado de repente ficaram levemente rosadas. Estava levemente hipnotizado por aquele par de olhos.
Será que..
Será que ainda guardava algum sentimento por seu ex?
Mesmo depois de tudo, e depois de tanto tempo longe dele?
Até mesmo depois de saber do que aquele homem era capaz?
Não, não mesmo.
Pico era sim seu amigo de infância, porém, infelizmente, era alguém perigoso.
E Keith sabia muito bem disso.
Doía muito ver que uma das pessoas mais importantes para si, alguém que ele realmente amava, havia se tornado um monstro.
Pelo menos, assim ele era descrito pelos noticiários e jornais do país.
"Um monstro preso num corpo de criança".
Não poderia mais gostar dele.
Não de um assassino.
E mais, já amava outra pessoa, de qualquer maneira.
Não iria rolar.
Não havia mais espaço para Pico em seu coração.
Keith não deveria nem estar ali, pois querendo ou não, corria sim risco de vida.
"Ele tá armado."
Relembrou.
"Ele.. Tá com uma glock no bolso."
Engoliu seco.
Quando notou, Pico ainda não havia dito nada. Tinha chamado sua atenção, mas manteve-se calado. Apenas o observando com os olhos fracos, enquanto lubrificava seus lábios com a própria língua de maneira discreta.
No que Pico estava pensando?
Keith - Pico? - Keith quebrou o silêncio, encarando seu amigo de forma confusa.
O medo atingiu-lhe em cheio.
No que Pico estava pensando?
Keith, só por precaução, ficou de olho no bolso da calça de seu antigo colega, mantendo a certeza de que o mais velho não ousasse puxar sua pistola dali.
Por que estava desconfiando dele?
Nunca tinha feito isso.
Teve dias que confiou sua vida à ele.
Então.. Por quê?
Keith - Pico...?
Pico - Ah! Nada, não.. Não era nada. - acordou de seu transe, desviando o olhar rapidamente. Pico não era muito de agir assim, mas sempre que ficava envergonhado ou vagando no mundo da lua, acabava ficando assim, meio perdido.
Keith então aliviou a tensão de seus músculos, ficando mais tranquilo.
Em seguida, suspirou.
Ele sabia do que se tratava.
Mesmo receoso, o mais novo passou levemente sua mão sobre o braço de Pico outra vez, finalmente conseguindo olhar fixamente em seus olhos brancos.
Deu um sorriso pequeno.
"Eu cansei de ter medo de você."
O ruivo foi pego de surpresa, o fazendo encarar o menor com uma expressão confusa.
Por que Keith estava tão.. Próximo?
Inconscientemente, Pico se sentiu provocado.
Então, formou-se um nó em sua garganta.
Será que.. Era essa a hora?
Deveria.. Tentar fazer aquilo?
"Isso não vai terminar bem."
"Não vai dar certo."
"Não, não, já acabou entre vocês."
"Não resta nada além de memórias empoeiradas e cinzas."
"Nada além disso." era o que seu cérebro lhe relembrava.
Porém, mesmo tentando usar a lógica, ele não conseguiu evitar.
Não ligava mais para esses conceitos.
Ele precisava fazer aquilo.
Pico - Ugh.. Ah, que se foda. - bufou, avançando rapidamente no rosto de Keith e puxando seu braço em seguida. Quando este notou, Pico já estava beijando seus lábios de maneira sutil, leve e calma, tirando todas as palavras de sua boca.
Keith - ! - o garoto arregalou os olhos, sentindo seu rosto ferver num impasse de segundos. Se soltou dos lábios do mais velho por poucos segundos, apenas para gemer por seu nome - Ah.. Pico- fora interrompido pelo avanço dos lábios do ruivo outra vez, o que o calou por total.
A boca macia e levemente rachada de Pico roça contra a de Keith, iniciando um beijo demorado e levemente molhado.
Seus lábios eram cuidadosos e faziam um trabalho excelente, melhor do que Keith conseguia se lembrar.
Era uma sensação incrível.
De repente, parecia ser início de verão. Seus corpos eram assolados pelo calor íntimo e a respiração de ambos colidiam entre si, enquanto pequenos gemidos abafados escapavam aqui e ali.
O mais novo primeiramente pensou em se livrar do contato, porém, já era tarde demais. Não poderia simplesmente abandonar uma sensação tão gostosa.
Era errado.
Não deveria estar permitindo que algo assim acontecesse. Porém.. Ele queria mais.
Podia dizer com toda a certeza de que estava gostando disso. Tanto que não resistiu, e apalpou levemente o peitoral do mais velho, deslizando seus dedos pela área. Seu peitoral estava maior do que se lembrava, sinal de que Pico provavelmente andava malhando nos últimos tempos.
Algo.. Estranhamente atraente.
Com o estímulo daquele toque, o ruivo foi aprofundando o beijo, passando assim sua mão gelada na nuca quente de seu amigo, acariciando a área carinhosamente.
Keith se arrepiou inteiro com o toque frio e gelado, mas não podia dizer que estava surpreso.
Adorava o ditado que dizia: "Mão gelada, coração quente", pois com certeza Pico era a prova viva dessa frase. Desde o dia que Keith o conheceu, suas mãos eram geladas, o que de certo modo, combinava com sua pessoa.
Keith - Hm..! Ah.. - ambos se separaram rapidamente pela falta de ar, mantendo ainda sim pouca distância entre si. Keith sentia seu rosto inteiro pegar fogo, enquanto que seu coração batia cada vez mais rápido.
"O que caralhos eu tô fazendo?!"
O calor começava a tomar conta de seus corpos, estimulando a adrenalina que percorria por suas veias.
Era errado.
Não podiam estar fazendo isso.
Keith já tinha outra paixão, outra pessoa que ele amava muito, muito mesmo.
Seria terrível trair sua amada daquele jeito, visto que seu amor por ela, era gigantesco.
Mas então.. Por quê?
Por que caralhos era tão bom beijar seu ex? Seu corpo estava em chamas, nem mesmo beijando sua atual namorada se sentia tão excitado desse jeito..
Por que sentia isso?
O que havia de errado com si?
Pico gemeu baixo, encarando Keith com sua cabeça levemente baixa.
Keith se sentiu completamente hipnotizado. Aqueles olhos brancos praticamente sugavam sua atenção.
Ah é, havia esquecido o quão marcante e dominante era a presença de Pico.
Como pode esquecer de uma das coisas mais interessantes e atraentes de seu ex?
Pico lambeu seus lábios rapidamente e avançou outra vez, sem muita paciência. Queria mais, muito mais.
Agora, de forma mais agressiva, ambos desgustavam da boca um do outro, praticamente se devorando.
Keith finalmente fechou seus olhos, apenas aproveitando o momento.
Estava com saudades de fazer isso com ele.
Não demorou muito para que Pico pedisse passagem com sua língua, que na verdade, foi muito bem aceita. Keith abriu levemente sua boca para que ambos pudessem aproveitar um beijo quente e intenso, deixando a formalidade de lado.
Porém, algo que ele não esperava, era a presença dum objeto levemente gelado e pequeno vir junto na língua de seu colega.
Pico agora tinha um piercing em sua língua, o que pegou Keith de surpresa. E que também, deixou o beijo 10x mais interessante.
Os gemidos consequentemente aumentaram, a maioria vindos do garoto de cabelo azulado. Não podia evitar, já que realmente estava sentindo prazer durante o ato.
Keith - Hm..! Ahm.. Hm... ~ - sua boca agora era explorada sem piedade por seu ex, que com certeza já havia perdido o controle. Ele almejou isso por tanto tempo, que no fim, apenas foi com sede ao copo. Sua língua ágil, quente e molhada.. Era com certeza um dos 7 pecados. Ela conseguia enlouquecer Keith, o fazer ferver como se estivesse dentro dum forno e o fazer delirar como se estivesse sob o efeito de drogas.
Maldito seja.
Keith entrelaçou suas mãos ao pescoço de Pico, que agora massageava sua cintura já com outras intenções.
Ambos se perderam.
Seus corpos, agora praticamente colados, colidiam à procura de mais. Mais calor, mais toque, mais atenção. Suas virilhas se davam de encontro aqui e ali, o que só aumentava a tensão entre eles, mesmo sendo apenas movimentos lentos.
Junto a isso, o beijo ia ficando cada vez mais agressivo e quente, já que seus lábios não sentiam mais vergonha de serem chupados junto de suas línguas, que agora, já eram amantes incondicionais.
O toque dividido entre elas era algo fora do comum. Ambas dançavam lentamente em sincronia, como se fossem um só.
Que incrível. Mesmo separados por 5 anos, ainda sim se mantiam no ritmo, como se conhecessem cada palmo um do outro.
Keith acariciou os cabelos ruivos do maior, sem desgrudar do afeto.
Seus fios sedosos eram incrivelmente macios, o que fazia a experiência de acariciá-los se tornar ainda melhor.
Pico sem vergonha alguma, começou a descer suas mãos pelos quadris de Keith, provocando-o levemente.
Até tal ponto, não se importavam se o atendente do posto de gasolina os vissem ali, praticamente se engolindo no meio da calçada.
Nada mais importava.
O que realmente importava, era a presença um do outro.
Keith - Ahm, ah.. Ah! - se libertaram desesperadamente do beijo, ambos arfando intensamente - Porra, Pico.. - o menor sussurrou, analisando seu parceiro com uma expressão manhosa.
Pico - Ah.. Hah.. Desculpa. Eu precisava sentir isso de novo. - disse sério e convicto, logo com seus lábios indo de encontro ao pescoço de Keith.
Ali, depositou pequenos e diversos selos carinhosos, enquanto que com suas mãos livres, apreciava as curvas delineadas da cintura do rapaz mais novo.
Seu perfume era fraco, porém ainda sim, muito agradável.
Lavanda e mel, não é?
Pico amava essa fragrância.
Keith - Pico.. - aproximou seu rosto do ombro do ruivo, também apreciando o toque forte e amadeirado do perfume impregnado em suas roupas.
Um cheiro tão intenso.. E tão provocante.
Keith mordeu seu lábio inferior, repreendendo a si mesmo.
"Para de pensar nessas coisas."
"Você nem deveria estar fazendo isso."
"Você já tem namorada."
Pico - Desculpa. - de repente sussurrou lentamente no ouvido do mais novo, atrapalhando seus pensamentos.
Outra vez, Keith sentiu seu corpo todo se arrepiar.
"Desculpa..?"
Havia mil borboletas sobrevoando seu estômago naquele exato momento.
Seu rosto estava quase que totalmente vermelho, enquanto que sua respiração era a única coisa que ressoava entre os dois.
Pico deu um último beijo longo e demorado em seu pescoço, porém dessa vez, este ameaçava sair de um beijo para se tornar num chupão.
Mesmo sabendo disso, Keith não moveu um músculo para tentar interromper seu ex-namorado. Apenas agarrou com pouca firmeza em seu braço e esperou.
O deixou fazer o que bem quisesse naquele instante.
Porém.. Nada aconteceu.
Keith - Hm..? Pico?
Pico - .. Nada. - o ruivo se afastou de Keith ligeiramente, não deixando que o mesmo visse seu rosto. Em seguida, se virou e foi em direção de sua moto, como se nada tivesse acontecido.
Keith - Uhm? - o garoto de cabelos azuis ficou claramente confuso, e logo foi de atrás de seu colega.
Por um lado, Keith estava aliviado por Pico não ter feito nada em seu pescoço, já que chupões não somem tão facilmente. E mais.. Já era errado o suficiente ter beijado ele enquanto já estava em outro relacionamento.
Porém, pelo outro.. Notou que algo afetava o ruivo. Ele só não queria falar.
Pico então pegou e manteve seu capacete entre as mãos, observando Keith, que estava parado em sua frente.
Pico - Vamos indo. - colocou o capacete em sua cabeça e logo pegou a mala de mão de Keith, entregando-a para o mesmo.
Por que Pico estava agindo assim?
Keith - Pico.. Tá tudo bem? - não desistiu de interrogar o mais velho, pois ele de fato estava sim preocupado.
Pico - .. Sobe. - virou o rosto, em seguida dando partida em sua moto.
Keith sabia que caso perguntasse mais uma vez, provavelmente iria arrumar um grande problema pra si. Era melhor deixar o assunto morrer e seguir em frente.
Então o rapaz subiu na garupa da moto, entrelaçando seus braços na cintura do mais velho.
Um silêncio desconfortável se instalou entre os dois.
Mesmo com o motor da moto rangendo, era como se o silêncio fosse maior.
Esmagador.
Keith então decidiu tentar outra vez.
Keith - Onde.. Você tava, cara? - se aconchegou melhor no banco, praticamente abraçando seu antigo amigo.
Pico - O quê? - respondeu abafado, sem mover um músculo sequer de seu corpo. Estava tenso e arrisco, por hora.
Keith - .. Quando saiu a notícia, o país inteiro ficou sabendo. Pra.. Pra onde você foi?
Pico de primeira hesitou responder.
Era como se tentasse pescar uma memória que por anos tentou afogar, no lago profundo de seu subconsciente.
No fim, se rendeu.
Pico - Eu não lembro. - uma leve dor fez presença em sua cabeça, o fazendo grunhir fraco pelo incômodo.
Esse tipo de dor era rotineiro. Sempre surgia quando o ruivo tentava se lembrar dos detalhes daquele trágico e neblinoso dia.
Keith - É sério?
Novamente, Pico decidiu não responder. Seu corpo lutava para que não saísse daquele ponto.
Estava mentindo, não estava?
Keith - Desculpa.. Eu não podia te ver de novo. - suspirou. Um peso recaiu em seus ombros só de lembrar de quando teve de arrumar suas malas e abandonar a cidade às pressas. - Se minha mãe descobrisse que eu tentei te ver na época, eu tava fodido. Seu rosto tava estampado na capa da matéria.
Nada mais foi dito.
Ambos os homens se calaram dali em diante.
Então, finalmente, o veículo começou a se movimentar.
Abandonando o posto de gasolina, Pico pilotava sua Harley Davidson pela estrada fina, sem tanta velocidade como antes. Com a sacola branca pendurada no guidão da moto, a brisa batia com o calar da noite. Keith estava agarrado no ruivo, com seu rosto deitado em suas costas. Estava se sentindo estranho.
Seu coração ainda estava acelerado. Tudo o que transbordava de seus pensamentos era o beijo que acabara de ter com seu ex, que por coincidência do destino, estava o levando para sua nova residência naquele exato momento.
Como o mundo é pequeno.
Keith só conseguia ouvir as batidas rápidas e bruscas de seu coração, o que indicava que algo não estava certo.
Então, com manha, o garoto apertou o abraço que dava por trás do mais velho, aprofundando seu nariz no tecido da jaqueta do maior.
Um cheiro tão bom.. E tão confortável.
Mesmo depois de 5 anos, Pico usava o mesmo perfume.
Que.. Incrível.
O azulado sorriu fraco.
Só conseguia pensar em Pico.
Lembrar dos momentos incríveis que teve com ele.
Tipo do dia que os dois se beijaram pela primeira vez, atrás do muro da escola.
"Hah, a gente não queria que ninguém visse.."
Ou quando os dois ficaram jogando video-game naquele sábado, praticamente o dia inteiro, na casa da Nene, a melhor amiga de Pico.
Nene..
Keith se lembrava dela, mas não muito bem. Era asiática e tinha cabelos negros curtos, e também não era muito alta.
Conseguia lembrar de sua mania de usar apenas roupas rosas, e de como ela só arranjava namorados ruins.
"Espera."
"Onde tá a Nene?"
Keith - Pico. - disse alto o suficiente para que o outro rapaz escutasse.
Pico - Oi. - respondeu seco, focado apenas na estrada.
Keith - A.. A Nene. Você lembra dela, né?
Sem resposta.
O mais novo engoliu seco.
Deveria mesmo estar tentando conversar com Pico?
Keith - Ahm.. Você sabe onde ela tá?
Pico - Ela morreu. - disse irritado, porém ainda sim tentando manter o controle em sua voz.
Keith - O.. O quê?
Keith gelou.
Inconscientemente, se afastou um pouco das costas do maior, para que pudesse falar melhor com o mesmo.
Keith - Ela.. Morreu?
Pico - No massacre. - respondeu seco.
Keith - Mas.. Eu achava que ela tinha faltado no dia. Ela não veio a semana inteira por causa da herpes. - aos poucos o tom de sua voz foi diminuindo, como se sua esperança e ânimo se dissipassem lentamente ao vento. Que azar ela teve. Voltou logo no último dia de sua vida.
Estava incrédulo.
Não podia acreditar que Nene, a melhor amiga de Pico, estava morta.
Havia.. Outra pessoa próxima assim, dele?
"Eu.. Me lembro."
"O Darnell."
Keith - E.. E o Darnell..?
Pico - Eu não sei. - virou numa curva inesperada da rua, fazendo o garoto atrás de si se agarrar em seu corpo.
Keith - Ah.. - estava um pouco desanimado, mas aquela notícia de certa forma o aliviava.
Saber que pelo menos mais alguém estivesse vivo, era acolhedor.
Pelo menos, uma vida fora poupada durante esse evento brutal.
Keith - Eu espero que ele.. Esteja bem. - cuidou ao usar certas palavras, pois não queria que Pico achasse que ele estava o julgando por seus atos. Mesmo que fossem horríveis, irritá-lo não era uma opção.
E assim a 'conversa' se encerrou.
Keith sentia que precisava dizer mais alguma coisa, mas ele simplesmente não sabia oquê.
Talvez ele apenas quisesse conversar mais com Pico.
Será que.. Deveria o convidar para entrar em seu novo apartamento?
De primeira, não parecia lá uma boa ideia.. Porém Keith estava curioso, queria saber mais sobre como tivera passado a vida de Pico nos últimos 5 anos, e quais eram seus planos pro futuro.
Sonhou por esse momento. Sonhou em poder reencontrá-lo incontáveis vezes.
Não poderia deixar tal possibilidade escapar.
Precisava conversar com ele.
— . ° �� · · · �� ° �� ° · · · ⚠️ × ��. —
Keith - Obrigado por me trazer.. - sorriu de forma tímida, passando a mão atrás de seu pescoço. - Eu nem sei como posso te agradecer.
Pico e Keith agora se encontravam na calçada da frente dum pequeno prédio espremido entre outros dois de mesmo estilo, numa rua escura e também vazia.
O prédio era levemente sujo, e sobressaltava um ar sombrio de si.
Keith não estava muito confortável com sua aparência, mas era o que tinha. Esse seria seu novo lar, por hora.
Pico - Tá tranquilo. - deu um sorriso neutro, como se fosse apenas por educação.
Ambos os rapazes ficaram em silêncio, encarando o além.
"Que.. Constrangedor."
"Por que depois de 5 anos, eu não consigo falar com ele?!"
"Saco.. Pensa, Keith, pensa!"
Nada saía de sua boca.
Sua ansiedade o corroía por dentro, mas nada adiantava.. Estava paralisado.
Engoliu seco.
"Porra. O que eu devo falar?"
Pico - Quer que.. Eu te acompanhe? - disse um tanto sem jeito com a sobrancelha arqueada.
Keith - A-ah, sim, por favor. Eu.. Eu não conheço esse lugar e..
Pico - É, eu tô ligado. - se afastou de sua moto, ficando próximo de seu colega.
Keith - Ah, tá bem..! - respondeu com um sorriso nervoso.
O mais novo então logo adentrou sua nova residência, passando junto ao seu amigo pelo salão pequeno e vazio do térreo.
Era escuro, apertado e todo empoeirado. Parecia que havia sido deixado às pressas numa cidade abandonada. Também não tinha um cheiro lá dos melhores, e a pintura das paredes parecia fraca, prestes a descascar.
Não havia bancos, só havia uma única bancada contra a parede. Encima dela, um computador preto um tanto antigo, completamente desligado.
Mesmo parecendo um apartamento velho e mal cuidado, ao menos tinha um elevador.
Keith então se apressou e logo entrou na pequena cabine metálica dali, sendo seguido por Pico, que também não demorou muito para o acompanhar.
Keith - Número.. Seis. - apertou o botão do sexto andar, fazendo a porta de metal do elevador se fechar lentamente.
Logo, ouviu-se um ranger das engrenagens.
O elevador balançou por longos segundos, depois, se silenciou por total.
Pico cruzou seus braços, olhando um tanto inquieto para o teto do elevador.
Keith suspirou repentinamente, arrumando a posição de seu boné.
"Consegui."
"Cheguei aqui sem ser assaltado ou sequestrado."
Tirou rapidamente a tensão de seu corpo, sorrindo fraco.
Pelo visto, estava em 'segurança' em casa. Tudo isso graças ao Pico.
Mesmo querendo o agradecer por isso, o mais novo simplesmente não tinha mais coragem de iniciar uma nova conversa.
Então, manteve-se calado.
Após alguns instantes, o elevador havia parado. Estavam no sexto e último andar daquele prédio.
A porta de metal então se abriu, permitindo que os rapazes saíssem da cabine.
Keith passou os olhos pelas 4 portas daquela sala um tanto pequena, notando uma porta com a placa "604".
"É essa!"
Animado, o rapaz logo foi em sua direção. Puxou um molho de chaves do bolso e logo abriu a porta. Apalpou a parede por dentro de sua nova moradia e logo ligou o interruptor.
Um sorriso veio em seu rosto.
Por incrível que pareça, era bem menos pior do que ele imaginava.
Não era lá um apartamento tão espaçoso, mas era perfeito para a moradia duma única pessoa. Ainda mais uma que estivesse cursando alguma faculdade, o que era bem o seu caso.
Keith olhou para trás, vendo que seu colega Pico, estava apenas parado há alguns centímetros de distância de si, com uma expressão neutra.
Então, o azulado engoliu seco.
"Ok. É agora."
Keith - Uhm.. Obrigado por me trazer aqui!
Pico o observou de maneira confusa.
"Isso.. Soou falso?"
Pico - .. Tá tranquilo. - respondeu sem ânimo. - Eu.. Vou indo então. - disse virando seu corpo, pronto para ficar de costas para Keith.
Até esse o impedir.
Keith - Pico, espera! - puxou o mais velho pelo ombro, o fazendo olhar instantaneamente para si - Eu.. Uh.. Você não gostaria de.. Entrar?
Pico - Hm? - virou-se novamente, ficando de frente para o amigo. Um pequeno e quase imperceptível sorriso surgiu em seus lábios.
Keith - É que.. Tá ficando tarde, e eu tava pensando em fazer lasanha. - riu descontraído - Então.. Você, sei lá, não quer entrar..? A gente pode assistir alguma coisa enquanto jantamos.
Pico nada respondeu. Pelo menos, não com palavras.
O sorriso fraco porém sincero em seu rosto já dizia tudo. O ruivo então logo adentrou o novo apartamento de seu antigo colega, que veio junto de si e trancou a porta.
Na passagem da entrada da moradia, se dava o encontro pra cozinha, enquanto que ao lado ficava a sala de estar.
Não era um lugar tão espaçoso, mas para um apartamento pequeno, já era mais que o suficiente. Os móveis já estavam todos em seu lugar, e até uma TV de tela plana já estava lá. Estava tudo até que muito bem cuidado, só precisava um pouco mais de cor e personalidade.
Keith jogou sua bolsa de viagem no sofá para duas pessoas, sem se preocupar tanto.
Pico - Nada mal. - disse olhando ao redor.
Keith - Sim! Eu jurava que estaria caindo aos pedaços.. Hehe. - riu bobo - Enfim, eu preciso colocar meu celular pra carregar. Descarregou bem quando eu saí do ônibus de viagem pra cá. - disse retirando o celular do bolso, logo tirando um carregador do outro e os conectando numa tomada próxima.
Pico - Que azar. - riu fraco - Mas.. Por que tu veio pra cá? Não é um lugar bem falado. - questionou se sentando no sofá.
Keith - Problemas.. Com a minha faculdade. - respondeu um tanto sem graça, logo em seguida pegando sua bolsa e colocando-a numa mesinha baixa na frente do sofá. - Não é a primeira vez que sou transferido esse ano. - se sentou ao lado do amigo.
Pico - Tu ainda tá cursando?
Keith - Eu comecei ano passado. Mas.. É. Eu não tenho lá o melhor desempenho.
Pico riu baixinho.
Pico - Tá se envolvendo com as pessoas erradas. - encarou o além, como se nada o atormentasse.
Keith - Eu pensava que eram pessoas legais. Mas é incrível, eu pareço ser um ímã de desgraça. Em todas as faculdades eu só me dei mal por causa desse povo. - se jogou pra trás, dando uma espreguiçada. - Mas.. E você? Não fez nenhum curso?
Pico - .. É. - demorou para responder - Eu.. Tenho feito outras coisas. - apoiou o queixo em uma mão - Eu passei mais tempo tentando me esconder.. Do que realmente fazendo algo.
Keith - Se esconder..?
Pico - É. Foi difícil fazer a mídia e as pessoas esquecerem meu nome. Mas eu acho que as coisas se acalmaram.
Keith - Você.. Ainda tenta fugir dessas coisas?
Pico - Eu não fujo. - deu uma pausa - Eu só não quero que me perguntem sobre isso. - irritado, o ruivo suspirou pesado.
Keith - Ahm.. Desculpa. - virou pro lado, ficando sem graça. - Mas, hm.. Você tem um emprego? Ou algo do tipo?
Pico - Eu trabalho como assistente de mecânico. - disse simplista - E se apertar demais.. Eu tenho meus contatos.
Keith se sentiu um tanto irritado com o rumo da conversa.
Pico estava um tanto diferente do que se lembrava. Parecia alguém bem mais fechado e irritável do que antes.
Seria isso.. Por conta daquele ocorrido?
Keith queria muito saber.
Mas agora, não era a hora certa de perguntar.
Pico - Já foram cinco anos. - se ajeitou no sofá, cruzando as pernas.
Keith - Uhm? - saindo de seus pensamentos, o azulado voltou a encarar o mais velho.
Pico - Já foram cinco anos desde que eu não te vi. - disse neutro, mesmo não estando de fato tranquilo.
Keith - É, foi.. Puxado. - com determinação e a ansiedade no peito, Keith tomou coragem pra falar. - Eu senti muito a sua falta. - o ruivo imediatamente olhou em sua direção, esperando que ele continuasse - E.. É inacreditável ver que você tá bem aqui, bem agora, na minha casa, na minha frente. Eu, acho que.. Não tava esperando por isso. Eu não tava pronto pra te ver de novo.
Pico ficara levemente boquiaberto, e logo a culpa recaiu em seus ombros.
Parecia que num piscar de olhos, ele havia finalmente notado o que havia feito.
O estrago que tivera causado.
Um silêncio pertubador se instalou.
Até alguém criar coragem para dizer algo.
Pico - Eu só consegui pensar em você nesses últimos anos. Você virou a minha motivação pra seguir em frente.
Keith gelou.
O que Pico estava querendo dizer com isso?
Keith - Como assim?
Pico - Eu batalhei pra não acabar preso ou até mesmo numa cova. - abriu as pernas, ficando sentado de forma relaxada sobre o sofá - Eu até criei uma identidade falsa e os caralho. Tudo numa esperança de te encontrar de novo. Afinal.. Você foi o único, tirando eu e, talvez o Darnell, que estudou naquele colégio e ainda tá vivo.
Keith encarou Pico, em completo estado de choque.
"É.. É verdade."
"Puta.. Merda. Eu tive sorte de ter faltado naquele dia."
"Mas.. E se eu não tivesse faltado?"
Olhou receoso para Pico, que o encarava dum jeito.. Estranho?
O que estava passando por sua mente?
Keith não fazia ideia. E pra falar a verdade, nem queria saber o que o outro pensava.
A tensão em seu corpo aumentou. Estava ansioso mais uma vez.
Não podia se levar pela ansiedade.
"Respira fundo.
E esquece.
Esquece das possibilidades."
Suspirou.
Keith - O que acha de.. Vermos um filme enquanto eu deixo a lasanha no forno? - trocou de assunto rapidamente, se levantando do sofá.
Pico - Você tem algum filme? - perguntou curioso.
Keith - Ahg.. Não. - suspirou - Eu esqueci de pagar a conta da minha Netflix e..
Pico - Você pode usar a minha. - disse com um sorriso fraco e caloroso entre os lábios. Um sorriso.. Genuíno.
Keith - Quê? Ah, Pico, é muita gentileza, mas eu não posso aceit-
Pico - Pode usar a minha, não tem treta. - se levantou calmo do sofá, indo até a estante onde se encontrava a TV, pegando um controle ali. - Eu te dou meu e-mail e minha senha.
Keith - Pico, para.. Eu posso pagar a minha conta. - sorriu sem jeito, se aproximando do ruivo, passando a mão em seu braço de forma carinhosa.
Pico - Larga disso. Eu vou logar na TV e você pode criar um perfil pra tu. - disse simples, logo ligando a TV em sua frente.
Keith agora mantinha um sorriso extenso e carente em sua face, enquanto que tudo o que conseguia fazer era analisar o rosto do mais alto.
Por algum motivo.. Se sentia bem quando ficava próximo assim dele.
Sentia algo dentro de si ascender, gerando energia e calor pelo seu corpo.
Não deveria se sentir assim.
Era errado.
Mas ele não podia evitar.
Um pedacinho de si.. Ainda chamava pelo nome dele.
Ainda o amava.
O perdoava e o queria por perto.
Esse pedacinho.. Agora já não era tão pequeno.
Estava crescendo quase que lentamente, aos poucos. Se tornando algo bem maior.
Pico - O que foi? - quando o azulado notou, o ruivo o encarava um tanto desconcertado pela proximidade de ambos.
Keith - Ah.. Nada. É que você tá meio.. Diferente. Mas ainda sim.. Acho que ainda é você. - riu fraco.
Pico - Hm. - desviou o olhar, um tanto envergonhado.
Keith sentiu seu coração palpitar mais pesado.
O beijo não saía de sua cabeça.
Será que fora realmente um beijo verdadeiro? Apaixonado?
Ou.. Pico só estava bêbado ou algo do tipo?
"Acho que não. Ele dirigiu bem."
"Então.. Por que ele me beijou?"
Rodeado por pensamentos, o azulado sentiu uma mão abraçar sua cintura.
Olhando um pouco pra cima, viu Pico o encarar com os olhos baixos, e um sorriso pequeno no rosto.
Pico - Você tá me matando, sabia? - sussurrou, acariciando a cintura do mais novo.
Keith nada disse, apenas afundou seu rosto contra o peitoral de Pico, o abraçando. Esse que não recusou, apenas retribuiu o abraço.
O rosto de Keith estava afundado na camisa macia de Pico, apenas aproveitando o calor e a carícia dali.
Aquele maldito perfume, era uma tentação.
O garoto estava hipnotizado pelo cheiro.
Era muito gostoso, lhe trazia uma sensação de conforto e paz, junto da nostalgia de sua infância.. O fazendo recordar de memórias incríveis e alegres quando menor. Não podia evitar, não conseguia fugir desse aroma.
Keith não resistiu.
Seu rosto mudou de temperatura bruscamente, passando de gelado graças ao inverno, para fervendo graças a paixão.
Era a hora perfeita de mostrar que se importava.
Levantando seu rosto e se afastando um pouco do abraço, ele ficou nas pontas dos pés, e logo foi de encontro com os lábios do maior, os selando.
Antes que esse pudesse reagir, Keith já pedia licença para se iniciar um beijo quente e mais íntimo.
Pico claramente não recusou.
Ambos voltaram naquele jogo, brincando com os lábios e suas línguas. Tudo estava quente e apaixonante até tal ponto, mesmo que a brincadeira tivesse apenas começado.
Era ótimo.
Era bom.
Era bom demais.
Keith - Hm.. ~ - abraçou Pico de forma desesperada, à procura do calor em seu corpo e do carinho de suas mãos novamente.
Estava perdido, confuso.
Confuso sobre seus próprios sentimentos.
Porém, isso não importava agora.
Ele apenas queria beijar Pico, como se não houvesse amanhã.
E o fez.
Um beijo quente e prazeroso, lento feito o balançar das árvores e romântico feito uma caixa de bombons.
Pico beijava tão bem, que o fazia pirar.
Aos poucos sentia um calor subir por suas pernas, indicando que seu corpo estava excitado.
Keith - Ah.. Hm..! - tentava recuperar seu fôlego durante o selo, porém, Pico não o permitia. Seu fôlego parecia ser infinito, já que até tal momento não havia parado nem por um segundo para recuperar ar.
As mãos do mesmo logo acariciaram os quadris do mais novo, que aos poucos ia se derramando junto do tesão.
Até que de repente, um clarão tomou conta de sua visão.
Logo sua mente voltou a funcionar, o fazendo quebrar o beijo num único instante.
Os homens assim se separaram, ambos confusos.
"O que caralhos eu tô fazendo..?!"
Pico - Uhm.. Keith? - sussurrou perdido, abrindo seus olhos rapidamente.
Keith - Ah.. Eu.. Eu preciso preparar a lasanha! - se soltou do corpo do mais velho e apressado correu até a cozinha.
Pico, agora sozinho e perdido na sala, soltou um riso fraco, completamente destraído.
"Merda..!"
Keith - O que caralhos eu fiz?! - sussurrou desesperado, colidindo suas costas contra a parede gelada da cozinha.
"Eu já tenho namorada!"
"Eu.. Eu não posso!"
"Pico é um assassino! Isso é ridículo!"
Rapidamente, o rapaz escondeu o rosto entre as mãos, e ali deixou algumas poucas e finas lágrimas derramarem entre seus dedos.
Estava uma confusão.
Não entendia mais o que sentia, nem o porquê de ter feito aquilo.
Abafou a boca com uma mão, num ato de pânico.
Estava hiperventilado.
Seus pulmões lutavam para puxar e soltar ar, enquanto o sangue bombeado em suas veias carregava uma grande carga de adrenalina.
Com receio, ele passou uma mão contra a própria virilha.
Apalpando a área, viu que havia uma protuberância ali.
Só pelo toque, ele logo gemeu fraco pela sensibilidade.
"Merda.. Eu tô de pau duro."
Logo arfou pesado.
Não podia acreditar que estava tendo uma ereção logo depois dum momento tão bobo e errado como aquele.
"Eu.. Eu não acredito que eu tô duro por causa disso!"
Seu rosto agora parecia uma chaleira quente, fervendo sem parar.
Keith - Agh! - balançou a cabeça bruscamente, tentando afastar os pensamentos inadequados e sujos que perambulavam por sua mente.
"Eu não tenho tempo pra isso."
"Eu vou por logo essa lasanha no forno."
Dito e feito.
Keith abriu a geladeira branca que se encontrava logo ao lado do fogão e pegou o alimento embalado, logo o preparando para por no forno.
Já havia combinado com o dono da residência que sua primeira refeição no apartamento seria uma lasanha pronta, então, o proprietário lhe fez esse agrado já comprando o produto em seu lugar.
Parecia ser gente boa.
Logo preparou e colocou a lasanha no forno, ligando o forno e cuidando de sua temperatura.
Estava acostumado a preparar esses tipos de alimentos processados, então nem se dava mais o trabalho de ler as instruções.
Keith - Ok.. - pegou um copo da pia e logo abriu a geladeira, o enchendo com Coca-Cola. Seu refrigerante favorito, o bebia quase todos os dias feito água, mesmo sabendo que aquilo era super prejudicial à sua saúde.
Logo, foi com a bebida e o galão de refri em cada mão até a sala, com um sorriso desajeitado no rosto.
Keith - Pico, você.. Quer tomar alguma coisa? Tem Coca e.. Água. - riu sem jeito.
Pico - Não, valeu. - disse simples, apenas olhando Keith pelo canto do olho - Aliás, já coloquei minha conta, é só escolhermos algo pra assistir. - Keith passou o olho rapidamente pela TV de tela plana, vendo que já estava na seção de seleção de perfis da Netflix. Havia dois ícones, um verde escrito "Pico" e outro azul, escrito "Keith".
O azulado sorriu sem jeito para o ruivo.
Keith - Valeu cara.. E eu já coloquei a lasanha no forno. - colocou o galão de Coca-Cola sobre a pequena mesa à frente do sofá, logo posicionando seu copo ao lado. - O que você quer assistir? - se sentou no sofá.
Pico - Ahm.. O que tu quer assistir?
Keith suspirou fraco.
"Que clima estranho."
Keith - Pico.. Tem algo estranho.
O ruivo mencionado se aproximou, sentando ao seu lado no sofá.
Pico - Hm?
Keith - Olha, eu.. - antes que o menor pudesse terminar sua sentença, ouviu seu telefone próximo dali começar a tocar.
Logo, ele se levantou e foi em sua direção, vendo que estava recebendo uma ligação.
"Lindoca ❤ está chamando.."
O coração do azulado quase errou uma batida. No desespero, ele apenas atendeu e agiu normalmente, enquanto Pico o analisava curioso do sofá.
Sim. Estava curioso sobre o que se tratava a chamada.
Keith - Oi? GF? - disse com a voz mansa, claramente nervoso pela ligação repentina.
GF - Onde você tá?? - sua voz surgiu preocupada, o que atingiu em cheio a ansiedade do rapaz.
Keith - E-eu tô em casa, já cheguei aqui no apê novo.. Por quê?
GF - Eu te mandei várias mensagens e você não respondeu!
Keith - Desculpa, amor.. Meu celular tinha descarregado. - antes que pudesse notar, havia chamado sua namorada de amor, bem na frente de Pico, seu ex.
"..Merda!" sentiu uma onda de nervosismo subir por seu corpo inteiro, o fazendo ferver feito um vulcão em erupção. Era a adrenalina escalando por debaixo de sua pele, o fazendo suar frio.
Não tinha mais volta.
Não teve nem coragem de olhar para trás e encarar o ruivo no sofá.
Não é como se eles ainda tivessem alguma coisa, mas.. Por algum motivo, Keith queria que Pico não soubesse que ele estava namorando.
Ainda mais, logo depois de ter beijado ele.
Bosta.
GF - Ah, que susto! Não faz mais isso comigo, eu fiquei preocupada! - sua voz doce logo se tranquilizou.
Keith - Eh, desculpa..
GF - Mas e aí? Tudo bem?
Keith - Ah, sim.. Tudo bem. E com você?
GF - Você sabe.. Morrendo de saudades! - a garota disse amorosa.
Keith - Também tô morrendo de saudades.. - mordeu o lábio inferior. Não podia tratar ela mal, a amava, era a pessoa que vivia em seu coração, seria horrível não dizer que também sentia sua falta.
GF - .. Tá tudo bem mesmo, Kei? - merda, até o apelido que ela lhe tivera dado era parecido com o escolhido por Pico.
Keith - Ah, sim, é que eu tô de olho na lasanha que eu tô preparando, não quero que ela queime, haha! - sentiu um aperto em seu coração. Odiava mentir para sua namorada.
GF - Hmm, parece gostoso! Depois, me manda foto da lasanha! - disse risonha.
Keith - Claro! Hehe, parece 'tar uma delícia mesmo.
GF - Te amo muito, tá? Não esquece de mim, me manda mensagens, sabe que eu amo conversar com você.
Outra vez, Keith sentiu seu peito apertar.
Era seu coração quebrando em pedacinhos.
"Não esquece de mim.."
Keith - Tudo bem, linda.. Logo faço uma call com você.
GF - Fechado, então! Te amo, lindo!
Keith - .. Também te amo! - desligou a chamada, sentindo cada dedo de sua mão tremer.
Por alguns instantes, ainda conseguia sentir a adrenalina dominar seu corpo.
Estava com medo de se virar.
Medo do que Pico iria dizer sobre isso. Se é que ele diria alguma coisa.
Estava com tanto medo, que apenas deixou acontecer.
"..Diz alguma coisa."
"Vai, eu sei que você quer dizer."
Pico - Você.. Tem uma namorada? - a voz grossa e rouca de Pico se apresentou, de forma séria. De certo modo, ele agora se sentia estranho e um tanto culpado ao saber que havia beijado alguém já comprometido.
Era como se tivesse deixado levar por conta dos sentimentos. E agido feito um idiota.
Keith - .. Nos conhecemos logo quando eu me mudei do nosso antigo bairro. - ditou ainda de costas para o mais velho - Ela descobriu que eu estudei naquele colégio e foi logo a primeira a me acolher.
Pico cerrou o cenho.
Pico - Ah, saquei. - virou insatisfeito para o lado, puxando um baseado de maconha do bolso de sua calça.
Keith então finalmente tomou coragem para virar-se e encarar Pico.
Estava envergonhado de si mesmo.
Provavelmente havia dado esperanças ao ruivo, sem nem dizer que já estava num relacionamento.
Também se sentia culpado.
Keith - Começamos a namorar meses antes de eu me mudar de novo. - suspirou.
Pico - Legal. - disse completamente desinteressado, puxando um esqueiro do bolso e ascendendo seu baseado.
Keith - Você.. Ainda fuma?
Pico - Nunca parei. - juntou os lábios levemente rachados no objeto fino entre os dedos - Me faz esquecer dos problemas, e isso, eu tenho de sobra.
Keith - .. Pico, as coisas.. Mudaram. Se nada daquilo tivesse acontecido, eu com certeza não teria me mudado, e provavelmente estaria com você até hoj-
Pico - Eu não tô falando disso, porra. E segundo, não foi minha culpa. - soltou uma fumaça grossa da boca, lambendo seus lábios em seguida - Não fui eu quem começou o tiroteio. O bagulho foi tão rápido, que quando eu notei, eu tava fugindo dum massacre. E no fim eu ainda quase morri, já que o colégio pegou fogo e desmoronou.
Mesmo evitando falar do assunto de 5 anos atrás, Pico decidiu que era hora de contar aquilo para Keith duma vez só.
Estava cansado de guardar aquilo pra si.
Cansado das pessoas não ligarem para a sua versão da história.
Keith - Como assim? - se aproximou pouco do maior, curioso.
Pico - Ahh. - novamente tragou de seu baseado, logo baforando outra vez uma onda de fumaça - Aposto que esses repórteres de merda devem ter falado que fui eu que comecei. Por isso eu tava sendo procurado.. Mas não foi assim. - bicou o produto entre os dedos outra vez - Foi a Cassandra.
Keith - .. Cassandra? - tossiu fraco pela fumaça que planava no ar. O cheiro da droga que Pico consumia era forte, fazendo seus pulmões sofrerem de início com o aroma.
Pico - É, tu não conhece. Ela era da minha sala. Ela era satanista, anti-cristo, alguma merda assim. - se espreguiçou no sofá - E ela gostava de mim. Mas eu namorava você, então.. Enfim. Ela fodeu tudo. A gente tava na sala de aula e.. De repente ela ficou puta e atirou na professora. - disse neutro, como se não fosse nada demais.
Mesmo "não sendo nada demais", ele conseguia se lembrar daquela cena perfeitamente.
A cabeça daquela mulher loira, que antes tinha orgulho de chamar de professora, havia explodido. Sua carne se despedaçou na frente de todos os alunos, se derramando no chão.
Seu rosto (se é que depois disso, fosse um) ficou todo deformado. Só podia se ver a parte debaixo de sua mandíbula exposta e um pouco de sua testa. Ela estava morta, com certeza.
Seu sangue vibrante que jorrava de seu crânio aberto, pintou suas roupas rosadas de vermelho por completo. Seu corpo desabou ao chão, na frente de todos os alunos, que começaram a gritar em alarde.
Pico mal pôde fazer o mesmo. Estava paralisado, em estado total de choque. Nada saía de sua boca, sequer conseguia respirar direito.
As crianças berravam em desespero, iniciando o pânico. Porém, não por muito tempo.
Aos poucos, todas foram morrendo. Baleadas uma por uma, sem exceção.
O sangue juvenil espirrava contra as paredes daquela sala apertada, enquanto mais berros e gritos se espalhavam abafados durante o massacre.
Pico desistiu de ficar parado. Se abaixou e correu na hora, escapando da sala.
Era desesperador. Ele sabia que iria morrer.
Seu coração estava acelerado, tão acelerado que seu peito chegava a doer.
Lágrimas corriam de seus olhos brancos, enquanto ele dava tudo de si para achar uma saída de lá.
Antes que pudesse se tornar mais uma vítima.
Keith - Como você tá falando isso tão de boa?? - cruzou os braços, intrigado.
Pico - .. Eu consegui fugir da sala, e só deu pra ouvir a bala estourando lá dentro. Não deu nem um segundo e eu já tava correndo pelo corredor. Eu consegui pegar uma arma e.. Bem, eu matei um cara que tava me ameaçando. O nome dele era.. Cyclop? Cyclops? Ah, sei lá. - baforou mais fumaça - Eu não lembro. Só sei que ele tinha uma quedinha pela Cassandra, aposto que ele veio à mandato dela pra me intimidar.
Keith - Mas você simplesmente.. Matou ele? - Keith sentia um nó aflorar seu estômago. Não conseguia entender como Pico tratava do assunto de forma tão tranquila. Além do mais, ele havia varrido uma vida num simples tiro, como se não se importasse.
Pico - Porra, ele tava armado, ele meteu uma bala no meu ombro. - disse irritado - Mandei aquele merda pra puta que pariu.
Keith - .. E a Nene? Ela tinha morrido na sala?
Pico fez uma pausa, fumando mais um pouco.
Antes de responder, ele coçou a cabeça.
Só de lembrar daquela cena, algo embrulhava em seu estômago. Especificamente aquele momento.
Por algum motivo, só ele conseguia lhe trazer calafrios.
Aquele maldito momento em que viu sua melhor amiga implorar aos seus joelhos para lhe matar. O terror era claramente visto diante de seus próprios olhos.
As vozes voltaram.
Junto dos gritos.
Sua visão ficou levemente turva, enquanto uma aflição subia por sua garganta, já avisando o que estava por vir.
Pico - Ela implorou pra eu matar ela, no meio do corredor. - ficou com a cabeça levemente baixa.
Merda.
Keith sentiu seu estômago revirar; mal podia sequer dizer palavras inteiras sem gaguejar. Ele não conseguia imaginar aquilo sem se sentir péssimo, assustado e até mesmo enojado diante toda a história.
Como raios Pico tinha passado por isso?
Com certeza deixou estragos.
Keith - E.. Você matou ela..?
Pico jurou ver um vulto beirar o canto da sala do apartamento.
Logo em seguida, uma risada aflorou em seus ouvidos.
Deu.
Era hora de parar de falar.
Pico - ... Eu preciso tomar meu remédio. - puxou um pote pequeno e alaranjado do bolso de sua calça, o abrindo ligeiro.
Já havia passado da hora de tomar seus remédios.
Keith - Você toma remédio..? Pra quê? - preocupado, o garoto de boné sentou ao lado do ruivo, mesmo com a fumaça prejudicando sua respiração.
Pico - Eu tenho esquizofrenia, transtorno bipolar e estresse pós-traumático. - respondeu sério - Eu tomo calmantes e anti-depressivos. - jogou duas pílulas em sua boca, as engolindo sem dificuldade.
Keith - .. Oh. Eu.. Lamento por isso.
Keith não fazia ideia que Pico passava por esses tipos de problemas.
Se sentiu abalado só de pensar como Pico deve ter se sentido durante o ataque, ou melhor, o massacre por inteiro.
Em sua mente, ele que havia começado tudo. Como era supostamente afirmado pelos noticiários e jornais.
Mas.. Será que deveria realmente confiar nele?
Pico - Tudo bem. Tu deve 'tar pensando que eu inventei isso tudo, já que sou esquizofrênico. Mas foda-se, não é como se eu precisasse que alguém acreditasse em mim. - sugou do baseado, logo exalando sua substância.
Keith - Eu não disse isso. Mas.. Pico. - fez uma breve pausa - Você.. Acredita em você mesmo? Acredita na sua memória? E mais, junto com tudo o que você tem.. Você não acha que isso pode ser tipo, tipo.. Uma alucinação?
Pico apertou o baseado entre seus dedos, fazendo um pouco da maconha queimada esfarelar sobre o chão.
Logo, cerrou o cenho.
Pico - Ugh. Eu não sei, Keith. Eu realmente.. Não sei. Não me enche o saco. - se curvou pra frente, passando sua mão livre entre os fios ruivos de seu cabelo. - Eu fiquei tanto tempo remoendo sobre isso que.. Agora não importa mais. Eu tô pouco me fodendo pra isso. Eu só quero a minha vida de volta, mesmo sabendo que isso é impossível.
Keith - .. Como assim?
Pico suspirou brusco, passando sua mão livre no próprio rosto.
Pico - Tu entendeu. Eu não vivo sem supervisão. Não vivo sem essas merdas. - fumou mais um pouco, referindo-se aos seus remédios.
Mesmo depois de tomar as pílulas, o ruivo ainda se sentia estressado e rodeado por vozes abafadas.
Era horrível, era estressante. Dependendo de seu estado.. Até mesmo desesperador.
Mas ele já estava acostumado.
Praticamente todos os dias aquele cenário se repetia em sua cabeça.
O sangue jorrando, os gritos, os tiros, o desespero.. Tudo. Era como se estivesse revivendo aquilo diariamente. Em carne viva.
Era horrível.
Ele revivia o pior dia de sua vida.. Todos os dias. Em algum momento da manhã, tarde ou noite.. Não importava. Ele sempre iria acabar se recordando disso.
Keith - Você vê coisas?
Pico acenou positivo com a cabeça.
Pico - Dormir também é foda. - soltou uma fumaça cinza dentre os lábios.
Keith - .. Como você escapou?
Pico - Hm?
Keith - Do massacre.
Pico - Se eu te falar, tu vai achar que eu sou idiota. - disse estressado.
Keith - Para. Eu sei que não é verdade.
Pico se recusou à contar.
Virou o rosto e continuou a degustar de seu fumo.
Keith decidiu deixar quieto.
Era melhor o assunto se encerrar por ali, mesmo. Não queria insistir em algo que Pico não se sentia confortável em dizer sobre.
Tinha um motivo pra isso, não?
Keith - Desculpa por.. Tocar nesse assunto.
Pico - Hm. Eu só não posso falar porque.. - apontou pra própria cabeça - Piora.
Keith - Entendi.. - abaixou o olhar, pensando um pouco - Pico.. O que você vê?
Pico hesitou primeiramente.
Do que ele estava falando?
Pico - O quê?
Keith - Tipo.. Você tem alucinações, certo? - o ruivo afirmou com a cabeça - Então, o que você vê?
Pico - Muita merda. - grunhiu rouco, por conta do estresse - Muita merda mesmo. - deixou a resposta em aberto.
Keith não pensou duas vezes.
Acariciou calmamente a mão de Pico, cuidando ao massagear a ponta de seus dedos. Era como se dissesse um "Tá tudo bem" mudo, numa esperança de trocar afeto com seu colega.
Ele não entendia muito bem de psicologia, ou sequer de como a esquizofrenia funcionava. Mas ainda sim ele queria tentar cuidar de seu ex. Ficar ao seu lado e mostrar que se importava, que queria vê-lo bem. Que sentiu sua falta por todos esses anos, torcendo para um dia o reencontrar.
E esse dia finalmente havia chegado.
Hoje.
Keith - Tá tudo bem. - sussurrou doce, sorrindo para o maior.
Pico o encarou confuso, mas em momento algum recuou da carícia. O observou feito um filhote curioso e arisco, porém ainda sim, carente por atenção.
Dava pra ver nos olhos dele que as coisas não iam bem. As olheiras levemente aparentes e avermelhadas já revelavam tudo.
Pico parecia solitário e estressado.
Como se algo terrivelmente estranho estivesse o afetando.
Ambos os homens se encaravam agora, sem trocar uma única palavra.
Seus corações aceleravam aos poucos, como se lentamente estivessem recordando de lembranças antigas ao mesmo tempo. Trocando sensações e experiências só pelo olhar.
A presença um do outro mexia tanto com suas cabeças que ambos estavam praticamente letárgicos.
Apenas conseguiam encarar um ao outro, partilhando do mesmo calor em suas respirações.
Era um silêncio calmo e agradável. Quente, reconfortante.
Keith entrelaçou seus dedos quentes e macios ao gelados e ásperos de Pico.
Suas mãos agora estavam conectadas num abraço amigável.
Keith sorriu, com as maçãs de seu rosto levemente avermelhadas.
Keith - Tá tudo bem.
Pico nada respondeu, apenas balançou sua cabeça de forma positiva.
Keith - Eu senti sua falta.
Pico - .. Eu também. - ambos cochicharam - .. Você tá com a sua mina, mas.. Eu não fiquei com ninguém, tipo, de um jeito sério. Eu só pensei em você.
Keith sentiu seu rosto ferver em uma fração de segundos.
Era realmente inesperado e.. De certo modo, maravilhoso ouvir Pico ditar aquelas palavras.
Era como se seu coração rochoso aos poucos fosse amolecendo, mostrando seu lado manso, pouco conhecido.
Keith - Para. Com certeza você acabou ficando com alguém, né?
Pico - .. Não. - desviou o rosto. - Eu só fui numas baladas e.. Não valeu a pena.
Keith - Nem mesmo tentou ficar com alguém? - o perguntou incrédulo.
Pico - Você.. Nunca disse na minha cara que queria terminar. Então, eu achei que ainda tinha algo entre a gente. - suspirou - Mesmo sem poder te ver. Eu fiz umas merdas mas, eu tava chapado. Mesmo assim, sempre esperei te encontrar de novo.
Keith estava fragilizado.
Seu coração, totalmente despedaçado.
Como se uma parte dele tivesse sido roubada.
Mal podia acreditar que sua primeira paixão ainda o esperava por todos esses 5 anos. Ainda guardando esperanças sobre reencontrar Keith mais uma vez.
E pior.
Estando do jeito que está agora.
Doía muito o ver desse jeito.
Estava claro que algo nele estava errado.
Parecia cansado, irritado.. Pertubado de certo modo.
Mas ainda sim.. Esperava por Keith.
Mesmo com tudo isso.
"Não. Não pode ser verdade.."
E ali estava o azulado.
Comprometido. Com outra pessoa.
Para ele havia acabado.
Para Pico, não.
Que mundo louco.
As pessoas não enxergam o mesmo quadro da mesma maneira.
Umas vêem azul.
Outras vêem verde.
Que.. Bizarro.
Keith - Lembra.. Quando você disse que gostava de mim? - sorriu fraco, olhando para seu colega.
Pico - .. Lembro. - encarou o chão, como se ali mesmo conseguisse ver a memória daquele dia.
Keith - Eu disse que também gostava muito de você, mas eu tinha entendido errado. - riu fraco, com seus olhos se enchendo de lágrimas salgadas - Aí você disse..
Pico -.. Que te amava, e que queria te beijar.
De repente, a mão de Pico reagiu. Ela agora também massageava a mão de Keith, o que contribuía na carícia.
Pico - Disse que te amava tanto que.. Só pensava em você.
Keith - E em como eu amava rap. Você até arrumou um dinheiro pra comprar um microfone pra mim..
Pico - Foi depois da aula, na terça-feira. - aos poucos as memórias iam voltando ao seu devido lugar em sua mente, enquanto que um sorriso ia aflorecendo em seus lábios. - No quintal de trás da tua casa.. A gente fez batalhas de rap até anoitecer.
Keith - Você me beijou na última música. - Keith não se aguentou, e acabou chorando baixinho. Só de lembrar dessas coisas, algo dentro de si se debatia, gritava, pulava à procura de Pico.
Ele ainda o amava.
Ainda o queria por perto.
As lágrimas que desabavam de seu rosto eram a prova pura disso.
Pico - O céu tava lindo. Tu me ensinou sobre as constelações naquele dia. - apertou levemente a mão do mais novo.
Keith - A sua favorita era a Ursa Maior. - fungou com o nariz - Lembra.. A gente ficou tanto tempo olhando pro céu, que depois ficamos com torcicolo. - riu mesmo com as lágrimas rolando por suas bochechas.
Pico - E mesmo assim.. Eu fiquei te beijando por horas. - riu fraco, com um sabor doce na boca graças a nostalgia. Gostava de se lembrar o quão bobo e inocente era quando criança, pois pelo menos era um garotinho sonhador e, claro, muito apaixonado.
Keith - Eu até briguei com você por medo da minha mãe acabar vendo a gente juntos..
Pico - E eu disse que se ela tentasse impedir o nosso namoro, eu iria te carregar numa Harley Davidson e te levar pra Nova York. - riu outra vez. Sua inocência era algo admirável.
Keith - Verdade.. - riu, chorando ainda mais - Só de raiva, eu e você andávamos todos os recreios de mãos dadas, lembra..?
Pico - Heh. Eu era louco por você. - fez uma pausa, pensando se realmente deveria acrescentar algo à mais em sua frase - Ainda sou. - olhou diretamente para Keith, sorrindo.
Keith - .. Eu também ainda sou. - sorriu de volta, com as bochechas rosadas e molhadas.
Pico - Você fica lindo até quando chora, vai se foder. - riu e secou as lágrimas do mais novo com o polegar, recebendo uma risada gostosa e baixa do mesmo.
Keith - Você é tão boiola.
Pico - Culpa sua.
Keith - Se você não tivesse dito que gostava de mim, eu nem sei. Eu não tinha coragem pra falar aquilo pra você. - acariciou as costas da mão de Pico que estava próxima ao seu rosto.
Pico - Esse dia foi.. Um dos dois dias mais felizes da minha vida.
Keith - E qual foi o outro dia?
Pico - .. Hoje. - voltou a olhar Keith, dessa vez com uma expressão mais acesa.
Keith - Por quê?
Pico - Porque eu consegui te encontrar.
Keith sorriu, massageando a mão áspera de Pico outra vez.
As lágrimas não paravam de escorrer por seus olhos.
A pura felicidade e paixão eram o que tomavam conta de seu corpo.
Sem dúvidas.
Keith ainda amava Pico. Ele só não sabia disso.
Até agora.
Os olhares de ambos se encontraram, feito uma ponte clara no meio do mar azul, infestado de peixes coloridos.
E num ato nem tanto de desespero, ambos dividiram do mesmo pensamemto e foram de encontro com suas bocas, uma na outra.
Outro beijo lento, necessitado e vívido se formou. Feito o início de primaveira, a paixão se ascendeu, desabrochando as flores de laços e conexão deles num campo quente e esverdeado, junto da brisa do vento.
Keith passou suas mãos no pescoço de Pico, acariciando a volta de sua mandíbula levemente marcada.
Pico apagou e soltou seu baseado encima da mesa pequena em sua frente, isso para que pudesse depositar suas mãos na cintura de seu amante.
O calor e a carícia eram os atores principais daquele teatro lento e leve. Havia amor, carinho, saudade, todos envolvidos num laço apertado e romântico entre os rapazes.
Era o terceiro beijo deles depois de 5 anos distantes um do outro. Divididos, separados; com seu relacionamento completamente apartado, feito o sol e a lua.
A dor era imensa para ambos os lados. Almejavam demasiado por isso. Cada toque, suspiro, e até mesmo interação eram valiosos para eles.
Não queriam se separar nunca.
Mal podiam se imaginar sem um ao outro novamente. Era impossível imaginar tal atrocidade no momento.
Então, não demorou muito para o beijo se intensificar, ficando mais agressivo e saliente. Novamente as línguas de ambos os homens se encontraram, as duas se tocando com prazer e suavidade. A troca de quantidade razoáveis de saliva não pode ficar de fora, umidecendo as bocas ali seladas.
Ondas de calor eram emitidas a partir do momento que arfares começaram a ser expelidos. A tensão só aumentava, enquanto que a temperatura não poupava em aumentar gradativamente durante o beijo.
O azulado tirou seu boné, o jogou no chão sem preocupação alguma e logo foi puxando o ruivo para cima de si, logo que assim, pudesse ficar deitado no sofá com o mesmo.
Estavam fazendo aquilo de forma inconsciente, em passos lentos e quase imperceptíveis para eles.
Era como se seus corpos ordenassem acima de suas mentes, acima da razão. Eram guiados puramente pelo calor do momento, pela emoção.
As chamas da paixão quase que esquecida entre os homens reascendeu, feito uma flor de pétalas vermelhas desabrochando nos meados de primavera.
Era incrível.
Keith não notara tamanha saudade de degustar dos lábios de Pico, até o fazer. Sentir o calor de sua boca, de seu corpo.. Era algo que ele realmente almejava, quase que sem ao menos perceber.
Este era um sentimento oprimido por si próprio. Tudo porque já estava num outro relacionamento.
Porém.. É impossível recusar ou até mesmo negar a luxúria e encanto de Pico. Sua presença por si própria já emanava a venustidade em sua pessoa, junto de sua personalidade mordaz e libidinosa.
Pico era quente, ardente feito a brasa constante que devora e queima os tocos de madeira duma lareira fria.
Era essa a descrição perfeita para ele.
Keith estava apaixonado por alguém, pela segunda vez, este sendo alguém indomável.
Keith - Hm.. Hm! - gemeu estreito, já que a língua do maior não era mansa e não temia em se aprofundar cada vez mais em sua boca. Num arfar desesperado, Keith tocou novamente o peitoral coberto de Pico, como se num pedido mudo quisesse manter mais contato corporal. Também não poupou deslizar sua mão pela área, apreciando o contorno dos músculos do rapaz. Era realmente atraente naquele aspecto.
As coisas estavam ficando acirradas.
Como chegaram à esse ponto?
Ambos não sabiam. E de fato, não davam a mínima para tal.
Pico abriu um de seus olhos brancos, quase que num relance. Quando viu, alcançou o controle remoto da TV da pequena mesa de centro e logo deixou rolando algum filme qualquer na Netflix, para que abafasse o som do apartamento.
Ele sabia o que estava por vir. Não era burro nem nada.
Bem.. Caso Keith quisesse, era melhor previnir.
Voltando ao beijo, ele logo ficou por cima do mais novo, encaixando-se entre suas pernas.
Seus corpos eram modelados feito duas peças de quebra-cabeça. Se encaixavam perfeitamente, como se por alguma ironia do destino, fossem "feitos um para o outro".
O azulado gostava dessa ideia.
Keith - Ahm.. Mwha.. ~ - deslizou suas mãos pelas costas do mais velho, apenas continuando a chupar e mordiscar a boca do mesmo. Estava assanhado e sedento por mais, portanto, a falta de ar era o que menos lhe importava naquele instante.
Seu corpo estava pegando fogo, e de verdade, à esse ponto, já não tinha mais volta.
Keith já não sentia mais culpa. Queria apenas aproveitar um momento com seu ex, e matar a saudade de ser completamente apaixonado por ele.
De se entregar ao seu toque, e deixar que tomasse o comando.
Não ligava mais para as regras.
Só queria aproveitar dum momento íntimo com a pessoa que mais amou em sua vida inteira. Como uma recompensa dos 5 anos perdidos que ficou longe de seu alcance, sem sequer saber se ele estava vivo.
Pico.
Keith - Haah..! - se separaram rapidamente pela falta de ar. Suas respirações desreguladas e gemidos abafados eram jogados contra suas próprias bocas, que estavam úmidas e levemente inchadas graças ao beijo. Ambos agora se encaravam com os rostos ligeiramente próximos um do outro, com expressões tensas e claramente maliciosas.
Partilhavam dos mesmos pensamentos impuros.
O cheiro de seus perfumes se mesclavam.
O doce e manso aroma de Keith agora casava com o denso e ardente de Pico, trazendo assim uma mistura agradável e diferenciada de cheiros. Eles degustavam de suas fragrâncias com ambição, tornando isso um gatilho para a tensão sexual entre si.
Estava ficando cada vez mais quente.
Cada vez mais provocante.
Keith estava morrendo de vontade de fazer algumas coisas à mais com Pico.
Aos poucos uma ideia libidinosa ia entrando em sua mente, o fazendo imaginar cenários e contos sexuais duma única vez.
Era.. Tentador.
As respirações fracas e abafadas, junto da proximidade de seus corpos.. Era tudo tão obsceno. Mesmo que não quisessem admitir, eles já conseguiam se imaginar nus e jogados sobre o sofá, sentindo seus corpos do melhor jeito possível.
O azulado mordeu o lábio inferior.
"Será que.. Eu peço pra ele?"
A lógica interveio.
"Mas.. E a sua namorada?"
Keith gelou, recobrando seus sentidos. Por que estava agindo daquela maneira? Não, não. Um beijo daqueles já era mais que o suficiente, não é?
De onde veio toda essa vontade repentina de transar com Pico?
Ele não sabia.
Talvez apenas estivesse confuso, afinal.
Muitas coisas andaram acontecendo nos últimos dias, e reencontrar Pico fora um baque emocional. É, só podia ser isso.. Não?
Pensar demais sobre isso o deixava ansioso, o fazendo lembrar de sua namorada.
Droga.. O que ela faria se soubesse que ele estava a traindo? Keith não conseguia nem imaginar.
Era mesmo certo.. Se levar pela emoção?
...
Estava cansado. Cansado de sempre pensar demais e por conta disso, acabar não vivendo dum jeito alegre e aventureiro.
Que se foda.
Keith - Ah.. Pico.. - o mais novo gemeu, e em seguida acariciou as bochechas do maior com ambas as palmas das mãos, sorrindo com os lábios molhados para ele - Você.. Quer transar comigo? - sussurrou tímido, claramente envergonhado. Se tratava dum assunto um tanto polêmico, mas de fato, porém não podia negar: estava no clímax. Realmente queria apagar suas vontades num bom e prolongado sexo.
Pico então riu ladino. Estava um tanto incrédulo ao ouvir as palavras do menor, mas não negou ter gostado.
Pico - Tu não tem vergonha? Heh. - riu debochado, encarando o menor fixamente - Quero. - levou de encontro sua boca ao pescoço do colega, logo mordendo e chupando a área dali.
Seus dentes beliscavam sem piedade a pele macia e clara feito porcelana do azulado, logo a deixando avermelhada e levemente roxa. Sua língua com o adereço de aço vez ou outra roçava por ali, talvez tentando amenizar a dor que ele julgava Keith estar sentindo durante o ato.
Keith - A-ah..! Hmm..! - segurou no braço do ruivo apoiado no sofá, arranhando o tecido de sua jaqueta. Um arfar pesado e abafado lhe escapou dos lábios por conta da dor, quase que inconscientemente. Era bom demais para ser apenas um chupão qualquer.. Como podia ser tão bom?
No calor do momento, ele então apenas foi com sede ao copo. Deslizou com malícia sua mão livre contra a virilha de Pico, massageando a região com sua palma. Podia estar indo rápido demais, porém isso não o pertubava. Estava louco pra fazer aquilo, de verdade, estava cansado de tentar esconder sua malícia até tal ponto.
Queria proporcionar prazer ao seu parceiro, juntamente aliviando suas vontades obscenas.
Com um leve aperto com os dedos, conseguiu sentir um certo volume ali, o que indicava que o ruivo também estava excitado. Um ótimo sinal.
Se aproveitando disso, ele apalpou com vontade a área, ao ponto de massagear a ereção de Pico.
Conseguia sentir suavemente as voltas de sua genitália, o que lhe agregava mais tesão ainda.
Pico - Ah.. - arfou com o ato do menor, deixando um sorriso provocante e indescente escapar dentre seus lábios, como se dissesse: "Eu sei muito bem o que tu quer." daquele jeitinho que só ele sabia falar.
Só por essa ideia, Keith estremeceu por inteiro, o fazendo sentir seu corpo pelar instantaneamente.
"Puta merda.. Que cara gostoso."
Aos poucos segundos que se passava, o calor e a tensão sexual apenas aumentava. Tanto que, as preliminares praticamente nem importavam mais. Tudo o que eles queriam era sentir o corpo um do outro. Pele na pele, tato e calor, tesão e carícia.
Já não dava mais para enrolar.
Pico abriu o casaco de Keith e logo levantou sua camisa para cima, de forma nem tão gentil. Agora, com o mais novo com seu torso completamente exposto, ele iria pôr seus planos em prática.
Pico - Ainda é virgem? - sussurrou com sua voz rouca e baixa, que sempre fazia Keith arrepiar só de ouvi-la. O azulado respondeu positivo, balançando sua cabeça - Então.. Vai largar de ser comigo. Heh. - riu baixo, satisfeito com esse fato. Seria um prazer ser o primeiro parceiro sexual de Keith.
Pico então depositou diversos selares pelo torso nu do companheiro, vindo logo a chupar carinhosamente um de seus mamilos rosados.
Estava tomando cuidado para não ser tão intenso e agressivo logo de primeira, já que seu amante não era experiente no assunto. Seria um pouco mais tranquilo que o rotineiro, mesmo que preferisse um sexo mais ligeiro e bruto.
Keith - H-hmm..! Ah! Pico.. Isso.. - jogou a cabeça para trás, acariciando os cabelos ruivos do maior contra seu peito - Hmm.. Ah..
Keith nunca imaginara que sentiria tanto prazer ao sentir essa área do seu corpo ser tocada. Era algo novo, e muito interessante em sua visão. Sentir a sucção dos lábios do maior em seu mamilo era incrível. A ponta de sua língua roçando contra a região, então? Sem palavras. Aquilo era tão prazeroso e excitante, que o azulado teve de se conter para não gemer mais alto do que já estava.
Pelo visto, ali era seu ponto fraco.
Se aproveitando disso, com a outra mão, Pico começou a brincar com o outro mamilo de Keith, o apertando e puxando para cima diversas vezes. Olhando um pouco para cima, o ruivo abriu seus olhos brancos, encarando Keith com um olhar persuasivo. Era difícil não se render ao seu charme.
Era torturante, mas ao mesmo tempo.. Delicioso.
Keith - Haa.. Ahm.. Ah! - gemeu mais alto. Ninguém nunca havia o tocado ali daquela maneira, por isso, estava realmente bem sensível. Seu corpo estava superaquecendo cada vez mais a cada segundo que voava no tempo. Estava se sentindo tão excitado, que ele mal conseguia dizer meia-palavras por conta do tesão. Nessa linha, seu pênis já estava mais que inquieto, já levantando contra sua calça quase que implorando pra sair. Também estava levemente dolorido graças ao aperto das roupas e da grande circulação de sangue, mas isso não era um grande incômodo.
Keith - Haah.. Hmm, Pico..! - logo o piercing gelado da língua de Pico fez contato com a borda de seu mamilo, lhe proporcionando um arrepio brusco. - Hah.. Ah! - entrelaçou suas pernas na cintura do maior, sentindo a virilha dele ficar colada em sua bunda. Já conseguia sentir um relevo até que grande beirar dali, quase roçando entre o meio de suas nádegas.
Keith arfava cada vez mais alto. Por sorte, os sons da televisão conseguiam abafar seus gemidos.
Após alguns segundos ali, o ruivo levantou seu rosto, dando um último beijo na bochecha do mais novo. Este que não resistiu, e apalpou outra vez sua virilha.
Pelo tato, já conseguia deduzir que a genitália de Pico seria um pouco maior do que o esperado.
Com esses pensamentos, Keith sorriu sem graça. Mesmo com vergonha, ele continuou massageando a região dali, arrancando alguns fracos gemidos do mais velho.
Queria tocar em seu membro sem nenhum tecido lhe impedindo, queria lhe masturbar e ouvir seu arfar contra sua orelha.
Quão libidinoso.
Pico - Ah.. Vem. - saiu de cima do amigo, se sentando no sofá novamente. Logo Keith seguiu seus passos, se aproximando - Aqui. - deu leves tapas contra sua coxa, mandando o mais novo sentar em seu colo.
Feito.
Keith - O que tá planejando..? - sussurrou carente, passando ambas as mãos nos ombros do outro.
Pico - Aposto que nunca pagou um boquete, né? - sorriu ardiloso.
Keith - Não fala assim, idiota..! - seu rosto agora parecia mais vermelho do que nunca, o que fez o ruivo gargalhar de forma sacana. Era engraçado ver o azulado daquela maneira, pelo visto não havia mudado nada desde quando era criança.
Pico - Tá bem, eu te ensino. - disse com um charme sexy e tentador em sua voz, provocando o menor.
Keith - Eu retiro o que eu disse. Você.. Continua o mesmo. - riu, descendo do colo do homem rapidamente.
Pico - Se ajoelha. - Keith ia seguindo suas instruções à risca, sem negar ou questionar - Agora.. - abriu o zíper de sua calça, logo abaixando levemente sua cueca.
Dali, saltou seu membro já ereto e levemente rosado em sua base, dotado de incríveis e merecidos 20.5 centímetros.
Sua glande rosa era exposta, e em sua base já erguiam algumas veias levemente inchadas aqui e ali, enquanto que em sua virilha, havia alguns pelos pubianos ruivos. Era agressivo, porém muito atraente, também.
Pico sorriu satisfeito, sentindo a leve brisa dar de encontro com a sua genitália. Conseguia ver Keith perplexo, já com os olhos arregalados, o que lhe fez soltar uma pequena risada baixa e rouca.
Não era a primeira vez que recebia esse tipo de reação.
Keith - Nossa.. - riu envergonhado, porém ainda sim, passando a palma da mão de forma indiscreta no pênis do maior, encarando seus olhos brancos com malícia. - É grande.. - disse alisando levemente as voltas do membro entre os dedos.
Pico - Heh. - o ruivo riu sacana, alcançando novamente o baseado daquela mesinha e o ascendendo com o isqueiro. Iria fumar mais um pouco, para ter o dobro de prazer e calma naquela noite. Que mal faria?
Mesmo sem ordem alguma, Keith decidiu então por a mão na massa.
Estava morrendo de tesão. Já não havia mais espaço para vergonha (visto que estava sedento por conta de suas vontades obscenas), então foi, e foi com vontade. Se arrastando de joelhos no chão, ele levantou levemente o pênis do parceiro com uma mão, iniciando um processo lento de masturbação.
Seus dedos massageavam com fome o membro do maior, subindo e descendo lentamente por sua base. Ainda estava maravilhado por seu tamanho, o que o deixava ainda mais faminto. Queria o sentir em sua boca, queria o chupar até cansar, até sua mandíbula doer.
Mal pôde conter o sorrisinho indecente, enquanto descia sua mão de forma lenta e desajeitada ali.
Pico - Ah. - baforou uma nuvem de fumaça, jogando levemente sua cabeça pra trás. - Isso. - disse rouco, lambendo os lábios de forma maliciosa por fim.
Keith alargou o sorriso.
"Ele tá gostando, né..?" riu baixinho.
Com pressa, se aproximou mais de seu colega, dando um pequeno e suave beijo em sua intimidade. Estava um pouco tímido, então preferia não manter tanto contato visual.
Após o pequeno selo, o azulado então se adiantou e começou a dar pequenas lambidas na glande do pênis ali, sendo delicado e paciente a cada passo.
Com o ato repentino, Pico o analisava minuciosamente com seus olhos frios, não deixando de tragar um pouco de seu baseado entre os dedos. A visão era ótima.
A língua avermelhada e quente de Keith roçava contra sua glande sensível, deixando escorrer um pouco de saliva pela área. Era uma sensação realmente incrível e prazerosa, o que fez o mais velho arfar ligeiramente; estava tomado pelo tesão.
Ambos os corpos dos rapazes estavam quentes, tomados pela excitação. Era inevitável soltar um gemido aqui e ali, pois de verdade, ambos estavam sensíveis naquele momento.
Keith fez charme, e passou sua língua lentamente por todo o membro de Pico, o ouvindo arfar por cima de si. Queria o deixar bem molhado, para que facilitasse mais pra frente.
Não tardou para que logo seus lábios macios começassem a chupar o pênis do maior, tentando ver aos poucos se tudo caberia em sua boca.
Pico - Não precisa ter medo. - riu debochado. Parecia que sua voz estava mais grossa do que já era, talvez fosse pelo fato de estar fumando.
Keith - Hm.. - o mais novo gemeu baixo, logo abriu sua boca e abocanhou o membro em sua frente. Como o esperado, nem tudo ia caber.
O azulado conseguia sentir a glande roçar contra o fim de sua língua, quase entrando em sua garganta. Era uma sensação estranhamente gostosa, o que fez Keith gemer apertado.
"É bem grande.."
Mal podia acreditar que estava realmente fazendo isso, e mais, logo com seu ex.
Entretanto, não pôde negar. Era uma das melhores coisas que já tivera feito em sua vida.
Pico - Agora, chupa. - botou o fumo em sua boca - E vai usando tua língua. - sorriu ardiloso, soltando outra onda de fumaça de seus lábios rachados.
Keith assentiu com a cabeça e apoiou suas mãos nas pernas entreabertas de Pico, começando movimentos fracos e lentos de vai e vem com sua cabeça.
Aos poucos foi pegando o jeito, conseguindo chupar corretamente.
Seus lábios sugavam com vontade o longo pênis do ruivo, junto de sua língua que o encobria, sempre mantendo a certeza de que ele estava bem lubrificado. Tinha um gosto bom, levemente agridoce e quente.
"Ah meu Deus.." o menor se arrepiou por inteiro.
Keith - Aghh.. - logo de início já estava se engasgando, mas mesmo assim não parava nem por um segundo. Seus olhos foram de encontro com os brancos de seu amante, que o observava com um sorriso pequeno porém fatal no rosto. Ele parecia levemente letárgico e sonolento, provavelmente por conta do tesão e da maconha, unidos.
Pico - Ah.. Tu é bom. - gemeu fraco, agarrando com calma os cabelos azuis do menor - Fica parado. - ordenou, fazendo o aroma forte e quente de maconha exalar de seus lábios.
O mais novo obedeceu, parando de se movimentar e o olhando com um olhar tímido, porém ainda sim cheio de malícia. Pico então mordeu o baseado, o mantendo fixo entre os dentes. Então, com as duas mãos, movimentou a cabeça de Keith pra frente e pra trás diversas vezes, fazendo seu membro penetrar com brutalidade a garganta do mesmo.
Keith - Agh! Ah! Ohg! Ahm..! - o homem gemeu desesperado, fechando rapidamente seus olhos - Ah.. Aghaa..! - fixou suas mãos nas pernas do parceiro, tentando manter um melhor apoio.
Pico agora ria baixinho e maldoso, enquanto não cessava com os movimentos feitos em sua genitália. Queria mais e mais, queria ver seu amante engasgar em seu pau para depois o lamber com vontade; queria ver seu rostinho claro e macio completamente vermelho, e de preferência, melado com seu sêmen.
Só de pensar nisso, seu pênis pulsava contra a boca quente e molhada de Keith, o mesmo que agora lacrimejava em meio do ato.
"Que incrível..!"
Seus gemidos agora escapavam completamente descontrolados, junto aos sons molhados que refletiam sobre o membro que entrava e saía de sua boca. Se engasgando com sua própria saliva, o rosto do rapaz estava ficando cada vez mais vermelho, enquanto que mais lágrimas saíam de seus olhos.
Era uma sensação sem igual. O membro adentrando sua garganta sem piedade, junto de seu sabor levemente agridoce.. Céus, era inexplicável.
Aos poucos um líquido fino e quente foi se derramando na língua de Keith por baixo dos movimentos, em seguida o conteúdo foi escorrendo lentamente para dentro de si.
Ele já fazia ideia do que era.
Com certeza era o pré-gozo de Pico.
Keith - Hmg! O-oh! Agh.. - os movimentos feitos em sua boca apenas aumentaram a frequência e velocidade, ao ponto do azulado simplesmente desistir de lutar contra e permitir que o ruivo fodesse sua garganta do jeito que bem entendesse. Seu rosto aos poucos ia se assemelhando cada vez mais com um tomate, o que fez Pico soltar um riso pequeno. Estava do jeitinho que ele queria.
Pico - Ah.. - encarando aquela cena, o rapaz segurou a cabeça de Keith contra sua virilha, o fazendo engolir seu membro por inteiro.
Sem dó nem piedade, ele o segurou naquela posição por longos e lascivos 10 segundos.
Queria ver o menor sufocar ali, queria vê-lo chorar diante de tossidas incessantes após tudo aquilo.
Seria incrível presenciar isso.
Keith - Ghhh.. Agh! - tentou tossir, porém, nada saiu. Tudo o que preenchia sua boca naquele momento era o maciço e pulsante pênis de seu ex, que agora já conseguia dificultar bastante sua respiração.
Então.. Era essa a sensação de ter um sexo oral com Pico?
Droga, sua dominância, malícia e até o tamanho quase inacreditável de sua genitália.. Tudo combinava perfeitamente com ele.
Ah, sim.
Depois de tanto tempo sem sequer saber se ele estava vivo, Keith estava ali, chupando seu pau como se sua vida dependesse disso.
Quão louco é a vida, não?
Pico realmente conseguia brincar com seus sentidos e emoções.
Era um manipulador nato na área.
Vendo que Keith não iria aguentar por muito mais tempo, Pico decidiu ser 'bonzinho' e soltou os cabelos azuis do rapaz, deixando-o ter sua liberdade, por hora.
Keith - Ahhg..! Aah! - feito um tiro, o rapaz rapidamente se soltou das mãos do maior, jogando sua cabeça para trás - Aah.. Ah.. Haa.. Cough! Agh.. - gemeu ofego, deixando a saliva junto do pré-gozo de seu parceiro escorrerem por seus lábios rosados. Logo, descansou seus músculos, tremendo e ganhando espasmos por alguns instantes.
Estava bambo, mole. Totalmente perdido.
O pênis avantajado e latejante em sua frente pingava com a sua saliva, parecendo cada vez mais e mais faminto. Logo este beirou próximo ao seu rosto, ainda ereto e quente. Então sem vergonha alguma, Pico o agarrou com uma mão e o bateu ligeiro contra a bochecha de Keith, em seguida o esfregando pela área de forma obscena. Em troca, recebeu um olhar apaixonado e tesudo do azulado, que se permitiu lamber o órgão sexual do ruivo uma última vez, com vontade.
Pico - Hm.. - fraquejou um suspiro esfumaçado, semi-cerrando os olhos de prazer.
Keith - Ah.. - deslizou sua língua aveludada pela base da genitália extensa, vindo a chupar de maneira sensual e lenta a beirada de sua glande. Keith não ligava mais, não estava nem aí se iria melar seu rosto ou não. Na verdade, aquela ideia lhe parecia bem excitante, até.
Pico - A tua namorada por acaso sabe que você é esse tipo de putinha gulosa? - sorriu afiado, liberando sua mão e deixando que o menor terminasse o que tivera começado.
Keith - Nha.. ~ - um calor mais forte que o anterior subiu por seu rosto, o fazendo olhar para baixo de maneira tímida.
Ele estava amando aquilo.
Por que ser humilhado e gozado por seu ex-namorado era tão excitante?
Pico - Tsk. Olha pra você. - acariciou os cabelos azulados do mais novo, trazendo um charme debochado em seu timbre - Tá desesperado. Nem parece que é virgem. - riu por fim.
Keith ao ouvir aquilo, desceu seu rosto para baixo, vindo a lamber de forma rápida e necessitada o pênis em sua frente. Estava louco de tesão naquele momento. Seus olhos eram preenchidos com luxúria e prazer, isso era caricato, mas o que mais impressionava o ruivo era ver a insistência do menor em seu membro após ter ouvido aquelas palavras.
Pico - Huh.. Então, você gosta de ser tratado assim. - sorriu satisfeito, puxando o baseado de sua boca - Eu quero te ver chupando meu pau como se tua vida dependesse disso.
"Seu pedido é uma ordem!"
Keith - A-ahh.. - massageou o membro do mais velho com uma mão, o batendo então contra a própria língua, de maneira provocante.
Pico - Hm. - arfou, deliberando a fumaça esbranquiçada da maconha por cima de seu colega.
Keith estava preso num estado total de êxtase, o que lhe fez abrir um sorriso vitorioso e satisfeito. Logo ele engoliu a pouca quantidade de pré-gozo e saliva retida em sua boca, arfando de prazer.
Para Pico, aquela era uma cena incrivelmente excitante.
Os cabelos agora bagunçados do mais novo estavam levemente caídos sobre sua testa, formando uma pequena franja que quase cobria seus olhos. Sua camisa levantada, deixava seu torso nu exposto, dando beleza para aquela pele macia e quase de porcelana que o homem tinha. Sem deixar de falar de seus mamilos totalmente rosados e inchadinhos, que chamavam a atenção sem qualquer sombra de dúvidas.
Tudo isso era um combo perfeito de tentação aos olhos do ruivo. E mais, aquele rosto levemente avermelhado com os lábios um tanto inchados do menor.. Era uma provocação sem fim. A cada segundo que se passava, Pico tinha cada vez mais certeza de que queria e iria foder Keith. Seu membro pulsava só de olhar para o mais novo daquele jeito, ajoelhado em sua frente, ofegante e parcialmente nu; isso o provocava duma maneira tão inexplicável, que o mesmo decidiu não perder mais tempo.
Pico - Deita no sofá. - ajudou o parceiro a se levantar e fazer o que lhe havia mandado, tudo com um tanto de pressa. Apagou seu baseado e o devolveu na mesinha da sala, estando impaciente.
Keith - Ah.. - gemeu tímido, como se num pedido mudo, quisesse que seu ex fosse gentil consigo.
Pico - Relaxa, vou pegar leve. - entendeu o que o menor queria dizer com aquilo, e logo se colocou por cima do rapaz.
Keith - Hm..! - se remexeu no sofá após sentir o maior abaixar suas calças duma vez, as deixando barradas entre seus quadris. - A-ah, Pico.. - disse abafado, acariciando o braço do colega. Sua genitália agora estava visível por completo, junto de metade de seus quadris e coxas.
Pico sorriu de maneira ardilosa, analisando o corpo exposto do rapaz por baixo de si. Seus olhos cheios de malícia e maldade viajaram pelas voltas do corpo de Keith, não poupando um sequer detalhe.
Sua pele clara, o contorno de sua cintura que dava início ao seu quadril, junto da sua bunda redonda e volumosa sendo apertada pela barra de sua cueca.. Uau.
Era.. Incrivelmente erótico. Sexy. Sensual, carnal. Um verdadeiro pecado, uma verdadeira tentação.
Outra vez o membro do ruivo latejou, sendo rodeado por um leve e passageiro formigamento. Estava muito excitado.
O rapaz arfou quente, pregando um sorriso largo entre os lábios.
Pico - Hm.. É uma pena que a tua namorada não vai ser a primeira à te satisfazer. - provocou. Keith incrédulo diante disso, resmungou baixo, virando seu rosto corado para o lado de forma envergonhada. De certo modo, aquela frase o havia deixado mais duro do que já estava.
"Merda.."
Keith - Haa.. - Pico então tirou as calças do menor por completo, em seguida pouco se importou ao jogá-las ao chão, dando um toque em seu joelho, para que o azulado abrisse as pernas. - Hahah, Pico.. - riu sem jeito, cobrindo o rosto com uma das mãos. - Você tá me deixando sem graça.. - sua respiração estava alta por conta da ansiedade e prazer, mas isso não o impediu de afastar as pernas e se entregar por inteiro ao mais velho.
Pico - É? Tsk. - mal teve a vergonha na cara de encarar seu amante naquela posição. Seus olhos só conseguiam focar no ânus rosado e virgem de Keith. Já conseguia simular o quão gostoso seria fodê-lo sem descanso, o quão incrível seria sentir seu pau adentrar lentamente o corpo do azulado, e o quão satisfatório seria gozar dentro de si.
Seria um verdadeiro espetáculo.
Era realmente excitante ver Keith em seu estado atual, visto que seu corpo parecia tão delicado e bem cuidado. Até seu pênis parecia ser feito de porcelana ou algo do tipo, algo estranhamente específico, mas ao mesmo tempo, congruente com a realidade.
Com uma mão, o ruivo apertou a coxa do azulado, o devorando por cima com os olhos. Seus dedos escorregaram na volta da virilha do menor, tocando 'sem querer' a glande sensível e rosa do pênis do rapaz.
Keith - Hmm..! - gemeu manhoso, balançando a cabeça rapidamente - Merda, Pico..
Pico - Caralho, tu tá bem duro, né? - sussurrou num riso fraco, agora massageando o membro do parceiro propositalmente. Seus dedos ásperos e agora quentes aos poucos iam se molhando com o pré-gozo do mais novo, ajudando nos movimentos obscenos feitos em seu pênis.
Keith - Aagh..! Haa.. Ah, meu Deus! - virou a cabeça levemente para trás, soltando gemidos altos e finos. - Hmm..! ~
Sem perder mais tempo, o maior lubrificou seus dedos médio e anelar com a própria boca, de maneira ágil. Em seguida, os friccionou contra a entrada rosada de seu parceiro, adentrando-a lentamente.
Keith - H-haa.! Ahn.. Ah! - arfou rápido, ainda com a própria mão cobrindo sua face.
Os dedos molhados de Pico estavam ao pouco adentrando em seu corpo, sendo gentis a cada centímetro que se aprofundavam. Era uma sensação nova e um tanto dolorosa, porém ainda sim, interessante afinal de contas.
Pico - Relaxa. Se tu ficar tenso, vai doer mais. - sussurrou, dando um beijo fraco e carinhoso no pescoço de seu ex.
Keith - T-tá.. Hmm..! Ah! Pico..! - gemeu dolorido após sentir os dedos dentro de si se abrirem duma vez só, iniciando movimentos lentos parecidos com os de uma tesoura. - Nghh..!
Aos poucos seu corpo foi se acostumando e perdendo a tensão em seus músculos, algo que ficou visível após seus gemidos ficarem um pouco mais calmos e manhosos.
Não iria negar; era uma sensação boa.
Logo, os movimentos mudaram um pouco. Pico uniu seus dedos, os movendo agora para frente e para trás lentamente, sempre dando um toque leve e provocante na próstata de Keith.
Keith - Ah.. Aí, bem aí.. Hm, ah.. ~ - disse ofegante, vindo a acariciar o pulso do maior.
Pico - Hmm. É bom? Heh. - olhou rapidamente para baixo e aumentando a velocidade em sua mão, vindo em seguida à lamber a volta da mandíbula e pescoço do azulado. Seus dedos entravam e saíam do menor com facilidade, criando um ritmo barulhento e molhado entre os dois.
Keith - Ahmm, sim.. - finalmente tirou a outra mão de seu rosto, a levando então até o pênis volumoso do mais velho, iniciando outra masturbação nele. Desta vez, teve a coragem de apertar a glande do mais velho com seu dedão, torturando silenciosamente o membro entre os dedos.
Era malicioso e minucioso. Realmente..
Pico - Ngh. - grunhiu fraco. Não iria mentir; estava bem sensível no momento, e aquilo que Keith fazia com sua mão em seu membro, Deus.. O enlouquecia. Pico tinha certeza de que já estava completamente fora de si, e aquilo, não ajudava muito em seu quadro.
Ambos os rapazes agora arfavam fraco colados um no outro, trocando olhares apaixonados e quentes à todo instante. Estavam à mercê de seus destinos, que agora, finalmente estavam entrelaçados novamente.
Era incrível poder compartilhar o calor corporal um do outro. Confiavam em si, em seu relacionamento. Queriam dividir momentos de prazer juntos, da melhor maneira possível.
Quão banal.
Quão.. Interessante.
Pico impaciente, retirou seus dedos de Keith, se ajeitou no sofá e apoiou suas mãos em volta no assento onde o azulado estava deitado. Queria chegar ao ponto duma vez só.
Keith - Pico.. - num sussurro fraco e desesperado, o rapaz entrelaçou suas mãos no pescoço de seu amante e ergeu levemente suas pernas, deixando a região entre suas nádegas visível por baixo do corpo do ruivo.
Era como se pedisse para que ele não tardasse a penetração; pelo visto, ambos estavam pensando numa mesma linha de raciocínio. Ambos queriam aquilo, e de imediato.
Seus corpos estavam começando a suar por causa das ondas intesas de calor que ali eram aplicadas, dificultando com que os rapazes pensassem corretamente.
Pico em uma posição dominante, gemeu rouco, abrindo um espaço entre suas pernas. Dali, seu membro vasto e saliente se ergueu totalmente duro, preparado para o próximo passo.
Keith - Hum.. Aah.. - sentiu a genitália levemente úmida do maior roçar contra sua intimidade, ameaçando adentrar seu ânus - Hmm.. Vai, ah.. - deitou a cabeça no assento do sofá, fazendo manha. Estava completamente perdido em tesão até tal momento, então, não importava mais.
Pico - Agh.. - o ruivo estava tendo problemas durante o processo. Parecia que não iria caber (ou sequer entrar, pra falar a verdade) e com isso, trazia junto o medo de acabar machucando o seu parceiro.
Ele então tomou uma atitude um pouco mais cuidadosa: segurou seu pênis com uma só mão, e o empurrou levemente contra a entrada do menor.
O corpo de Keith não estava de fato preparado, então inconscientemente, seu ânus se contraiu de maneira intensa, impedindo a entrada da genitália do maior em si.
Foi uma luta de início.
Pico bufou irritado; estava impaciente. Porém, entretanto, não poderia se estressar por causa duma coisa tão banal. Seu ex ainda era virgem, e isso já era de fato esperado.
Teria de ter calma naquela situação.
Pico - Relaxa. - sussurrou de maneira calma - Tu não pode ficar tenso. Se não, não vai entrar.
Keith - H-hm, tá.. - suspirou, tirando a tensão de seu corpo. Foi um tanto complicado (visto que estava ansioso e nervoso diante a situação) mas no fim, o azulado conseguiu relaxar.
Keith - Hmm.. A-awhn! - quando o rapaz menos esperava, o mesmo sentiu algo grande e quente adentrar seu corpo, invadindo com brutalidade o interior de seu ânus - A-aghhn..! Pico..! Ah, meu Deus..! - gemeu alto, levando o aperto de suas mãos do pescoço do ruivo, para agora, suas costas. O maior se arrumou outra vez, agora colando seu corpo no do mais novo abaixo de si.
Pico - Ah.. - pousou os lábios no pescoço do azulado, firmando seu corpo para frente. Nesse movimento, seu membro avançou mais e mais no corpo do menor, o fazendo gemer continuamente.
Keith - Aaah.. Ghhn! Pico..! É m-muito.. Grande! - as paredes de seu ânus se contraíram com prazer, apertando com força o pênis presente ali - O-oh.. Ah! ~ É muito.. Agh! ~
Pico - Ah..! - gemeu junto pelo aperto em seu membro. De fato, o ruivo não estava preparado pra isso, mas não negou, até que gostava daquela sensação. - Hm..
Keith se contorceu de prazer e dor combinados, soltando um gemido longo e arrastado, que graças ao universo, fora abafado pelo som da televisão. Seu corpo estava tenso, domado por adrenalina e tesão; seria difícil não deixar algo escapar.
Pico - Tsk, você é muito apertado.. - sussurrou com a voz rouca, fazendo a pele de seu parceiro se arrepiar na hora. Logo, o ruivo se movimentou para frente outra vez, dessa vez com mais potência em seus quadris - Hmm.
Keith - Aaawhn.. Pico..! - gemia o nome de seu ex sem parar, sentindo o membro dele avançar cada vez mais contra seu interior. Parecia não ter fim. - Ah..
O ruivo se sobrepôs por cima do rosto corado do azulado, roubando-lhe um beijo rápido e direto, já abrindo passagem para suas línguas manterem contato outra vez. Queria o calar por alguns instantes, visto que ele parecia não dar conta de manter seus gemidos silenciosos naquele momento.
O menor então claramente aceitou o pedido, e cedeu às vontades do mais velho.
Agora, ambos os homens estabeleceram uma frequência longa e baixa de arfares aqui e ali, durante as pequenas pausas para conseguirem recuperar fôlego. Pico não perdeu tempo e começou a movimentar suas pernas, iniciando movimentos lentos e fracos de vai e vem no interior de Keith, só pra aquecer.
Keith - Hmm..! Hm! Ahm..! - grunhiu fraco, cerrando os olhos com força. Já tinha a certeza de que o membro de seu colega estava acertando sua próstata, visto que parecia estar bem sensível e também mais excitado que anteriormente. Não sabia que esse tipo de toque nessa região específica fosse tão boa; agora, entendia o porquê de tantos caras gostarem de ser passivos. Realmente, era uma sensação incrivelmente gostosa.
Por hora, ambos encerraram o beijo. Lhes faltava concentração para manter aquele contato, então apenas o cederam.
Aos poucos os movimentos orientados pelos quadris do ruivo iam tomando velocidade, com seu membro apertanto cada vez mais a cavidade de Keith.
Keith - Aghhn..! Ahm! Ah! - abriu um pouco mais suas pernas, gemendo dolorido. Sentia que seu ânus estava alargando cada vez mais por conta do tamanho descomunal do membro de Pico, o que o fez choramingar baixo. - Aah.. Meu.. Pai amado!
Pico - Hm.. - o ruivo sorriu pequeno, aproveitando a sensação. O interior de seu parceiro era quente e apertado, um verdadeiro brinquedo para lhe satisfazer. Aquele interior amaciava e se contraía em seu pênis, fazendo as coisas ficarem interessantes rapidamente. Então, numa troca repentina de ritmo, o mais velho levantou o rosto e tomou força em suas pernas, aplicando aos poucos movimentos mais profundos e ligeiros ali.
Keith - A-aahn..! ~ Ah! Hya.. P-Pico.. - ergueu as pernas, descansado sua cabeça ao deixá-la deitada sobre o sofá. Estava tão excitado, que parecia que seu corpo inteiro estava ficando dormente, junto do calor incrível que lhe tomava de cima a baixo. Então, simplesmente perdeu a força de seus músculos, e simplesmente deixou seu ex continuar a lhe dominar.
Era uma sensação incrível.
Aquele membro grosso e pulsante era invariavelmente ágil, se movimentava pra frente e pra trás em seu interior bem rápido, sempre dando uma pequena apertada em sua próstata.
Merda, aquilo era incrível.
Keith - Ahhn..! - sorriu malicioso, se deixando por degustar daquela maravilhosa sensação. - Haa.. Ah!
Keith já conseguia sentir seus olhos lacrimejarem, resultado de tanto tesão e prazer. Então, com um olhar baixo e apaixonado, ele sussurrou para seu ex.
Keith - P-Pico.. Mais.. Mais rápido.. - fechou os olhos durante o pedido, sendo encurralado pela vergonha e timidez - M-Mais.. Rápido..! ~
Pico então, com um sorriso maldoso e confiante, lambeu os lábios de forma rápida e simples.
Pico - Certeza? Ok, então. - disse rouco, deitando metade de ambos os braços sobre o sofá.
Agora sim as coisas iriam à loucura.
De repente, o ruivo deu início à um processo longo de uma sessão de movimentos. Agora, estocadas rápidas e nada gentis eram aplicadas no interior de seu parceiro, que logo de primeira, gemeu sofrido e por um certo lado, arrependido.
Uma pontada leve de dor lhe atingiu, mas por algum motivo, ela não era ruim. Muito pelo contrário; era estranhamente.. Gostosa.
Keith - Ha-a-ahn! Gh-ah a-ah! Hmm.. Hm! - revirou os olhos, arfando ligeiro por conta da excitação. Agora, era tarde demais; Pico já estava fora de controle, isso era caricato.
Seu pênis agora socava sem dó nem piedade o ânus de Keith, feito diversos disparos duma pistola em dia de assalto. Seu tamanho exorbitante era com certeza o que fazia Keith delirar entre seus gemidos, conseguindo vir à tomar conta total de seu interior.
Novamente, graças à Deus que aquela TV estava ligada.
O sofá já estava rangendo por conta dos movimentos feitos pelos rapazes, e aquele barulho incessante e vistoso dos quadris do ruivo batendo contra as nádegas do azulado, já eram o suficiente para levantar suspeitas sobre o que estava acontecendo naquele apartamento.
Keith - A-aw, ah ahn..! A-aghh..! - seus gemidos seguiam o ritmo bruto das estocadas de seu parceiro, que por cima de si, deixava lhe escapar arfares aqui e ali. - Aagh.. P-Picoo.. Ow, ohn..! - arranhou com firmeza as costas do parceiro.
Pico - Huff.. Hm.. - cerrou os olhos, sendo domado pelo prazer. Estava cego pelos seus atos, o que explicava o porquê de estar sendo tão rápido e agressivo durante a penetração.
Aos poucos o membro do ruivo foi liberando uma longa e quente quantidade de pré-gozo, algo que serviu de lubrificante para o ato sexual. Os barulhos das estocadas agora saíam molhados e escorregadios, trazendo cada vez mais emoção para aquele cenário.
Keith - A-aghh.. Aa-aw, ah a-ah! ~ P-Pico.. Pelo a-ah.. Amor de-eh.. D-Deeee- hm, eeus..! - gemeu apertado, deixando lágrimas ferventes derramarem de seus olhos. - Aghh..! Me fode, vai, ah! ~ - o quase sêmen quente e grosso de seu ex agora derramava entre suas pernas, vindo a molhar o colo do ruivo juntamente.
Ambos arfaram desesperados.
O calor assolando seus corpos agora quase que queimava suas peles suadas. O cheiro de suas fragrâncias mescladas os matavam de tesão; era como se aos poucos tudo ia fazendo sentido, fazendo os rapazes pensarem que estavam fazendo a coisa certa, na hora certa.
Como ambos almejaram aquilo.
Transar depois de anos sem sequer ver um ao outro, era como um brinde num meio dum jantar.
Seria só o começo.
Pico - Uhh.. - cerrou o cenho, analisando o rapaz por baixo de si.
Droga, era uma cena linda.
Keith mantinha uma cara do maior e mais puro prazer. Seus olhos semi-cerrados e marejados junto de sua boca entreaberta e bochechas avermelhadas, já demonstravam tudo oque ele sentia. Principalmente seus gemidos.
Pico sorriu sofrido, arfando outra vez.
Pico - A putinha, ah.. Tá gostando? - ditou maldoso, vindo a acariciar o peitoral do menor. Queria degustar e apreciar aquela região do corpo de seu parceiro, principalmente por conta de seus mamilos rosados. Falando nestes, o ruivo apertou um deles com falta de piedade, sem perder sua frequência de estocadas.
Keith - A-ahh.. Isso, hm..! ~ - olhou pra baixo, vendo com curiosidade os movimentos ligeiros e brutos que eram feitos entre suas pernas - Ahh.. Hm! Me fode, Pico.. Vai! Ahn..! ~ - disse incentivando o maior, aproveitando de camarote aquela cena incrível que ocorria diante de seus olhos. Era estranhamente excitante ver aquele membro enorme e rosado entrar e sair de si, vindo à molhar com pré-semên suas nádegas macias e levemente avermelhadas. Puta merda!
Pico não perdoava.
Queria mais.
Mais do que poderia ter.
Não tinha mais volta.
Que se foda o que a namorada de Keith fosse pensar, caso soubesse do caso dos dois.
Que se foda tudo.
Keith - A-aah.. - não resistiu, e veio à masturbar rapidamente sua própria genitália com uma das mãos. Já sentia que estava próximo de seu ápice, mesmo mal tendo começado a transar com seu amante. E, até onde se conhecia por gente, não conseguia ter um orgasmo assim, tão facilmente.
Bem.. Pelo visto era esse o efeito que Pico tinha sobre si.
E falando no diabo..
Pico - Hm, ah. - encaixou o rosto na volta do pescoço do azulado, despejando seus gemidos fracos e roucos ali, algo que fez o menor se arrepiar novamente.
"Merda.. Ele tá me enlouquecendo.."
Keith acariciou os cabelos ruivos de Pico, soltando um riso pequeno.
Mesmo estando completamente sóbrio, ele se sentia estranhamente lerdo.
Solto. Fora de si próprio. Parecia um maldito bêbado ali, quase caindo as beiradas.
Bem.. Já não era mais virgem, afinal.
Era sua primeira experiência sexual. Era comum se sentir desse jeito, não?
Keith - Haa.. Awhhn.. ~ - gemeu sofrido, deixando lágrimas longas e quentes derramarem por seu rosto. Estava totalmente sem forças. Seu corpo apenas permanecia ali, sendo penetrado diversas vezes sem pausa. Não tentava lutar contra, sequer se mexer; já estava ótimo e gostoso daquele jeito mesmo.
Pico - Tsh.. - o ruivo lambeu graciosamente o pescoço de seu colega, vindo quase que em seguida a mordê-lo.
Keith - Hwa! Ah! - arranhou as costas do mais velho outra vez.
"Ah.. Meu pescoço vai ficar roxo!"
Pico - Nhum.. - chupou intensamente a área já avermelhada e úmida, coagulando todo o sangue que circulava pela região numa única mordida. Provavelmente Pico estava jogando sua tensão corporal naquele único chupão, pois puta merda, aquilo era insano.
Keith - A-Ah! Haa.. - foi calado por uma investida bruta e intensa em seu interior. Esta que foi se tornando em duas, três, quatro.. Diversas estocadas. Quando ele já não achava que podia ficar melhor, o maior veio e lhe provou o contrário. - W-waah! Agh! A-aah! Oh! Hmm..! Ghn! Ah, ah.. A-aah! ~ - contorceu o corpo, logo sendo barrado pelo peso do de Pico, o que lhe obrigou a ficar estático dali pra frente. - P-Pico! C-Calm- Aah! Awhn! Merda e-eu.. Ahgg! Vou! G-gozar! Awgh! ~
Os sons ficavam cada vez mais altos.
O calor só aumentava, junto da frequência de estocadas.
Tudo isso se combinados, conseguiam criar um combo perfeito.
Um combo perfeito para algo chamado de "incômodo dos vizinhos".
Infelizmente, o som alto da TV já não era mais capaz de abafar o sexo dos indivíduos naquela sala.
Porém, isso de certo modo, só melhorava as coisas.
Keith - Ha-ah! Ah, hmm.. Ahm, mha, a-ah! ~ - sorriu de forma carente, passando suas mãos delicadamente sobre as costas do ruivo. Havia arranhado aquela região até alguns segundos atrás, então, quis retruibuir isso com uma carícia.
Pico então pegou uma das pernas de Keith, a levantando para o alto. Em seguida, se deitou ofegante por cima da barriga do menor, dando um descanso curto e necessitado de suas ações.
Pico - Ah.. - empurrou com força seu pênis dentro do azulado por fim, sentindo-o pulsar intensamente contra as voltas quentes e úmidas do ânus do rapaz. - Puta merda..
Ambos os homens se deixaram soltar um longo arfar, se encarando por alguns instantes. A tensão emanava do ar fraco deliberado por suas bocas, junto de tamanho tesão que ambos compartilhavam ali, juntos.
Era um mix de sentimentos e emoções. Keith estava confuso na mesma medida que perdidamente apaixonado pelo ruivo. Sua personalidade, seu jeito de lidar com as coisas.. Era surreal. O rapaz era tão charmoso e atraente que quase chegava a fazê-lo se perder completamente entre os pensamentos.
Perguntava-se a si mesmo se Pico também sentia o mesmo por si. Porém, sem muita insistência; não queria pensar de forma egoísta diante aquilo.
Tudo o que tinha em mente era o quão agradecido estava por estar ali com ele naquele momento.
Aquilo não tinha preço. Nada poderia pagar tamanha felicidade e paixão que lhe eram preenchidas sobre o peito.
Keith - Ha.. Ah.. - cobriu os olhos com o braço, suspirando ligeiro - Eu tava quase.. Ah.. Gozando..
Pico - Quem te disse que acabou..? - Pico sorriu ardiloso com todos os dentes, fazendo Keith abrir uma reação assustada em sua face - A gente mal começou.
Então assim, num piscar de olhos, as posições se inverteram.
Quando Keith notou, estava deitado sobre a barriga de Pico, com seu queixo encostado no tecido da camisa que cobria o peito dele.
Keith - A-ahn..? - surpreso, ele encarou o mais velho, lhe entregando uma feição confusa.
Pico - Sabe cavalgar? - num sorriso simples, o ruivo acariciou o rosto do menor com seu polegar, apreciando a maciez de sua bochecha.
Keith - Tsk, você fala dum jeito.. - riu bobo e corado.
Pico - Ey. - seu timbre baixo e incrivelmente tentador voltou, ressoando nos ouvidos sensíveis de Keith - Não sou eu quem tava gemendo alto pros vizinhos ouvirem agora pouco. - arqueou as sobrancelhas, fazendo o homem por cima de si lhe encarar espantado.
Keith - V-você acha que eles ouviram?! - cobriu a boca rapidamente, com o rosto inteiro em chamas - Merda.. Eles podem reclamar pro dono, eu tô fodido..!
Pico - Mais do que eu já te fodi? Nah. - sorriu sacana - Relaxa. Provavelmente não ouviram.. Eu acho. - soltou uma risada nasal, vindo a acariciar a orelha do colega com o polegar.
Keith - Merda.. O único jeito é torcer pra que-
Antes que Keith pudesse terminar sua sentença, um som alto e vibrante surgiu no meio da sala, chamando a atenção dos dois no mesmo instante.
"Meu.. Celular?" o azulado sentou por cima do maior, tentando ver dali quem estava lhe ligando, e ainda mais à essa hora. Ele já tinha uma certa ideia de quem poderia ser, algo que não trouxe sorriso algum em seu rosto.
A ansiedade voltou de um bucado, e ele olhou para Pico uma última vez. Esse que o encarou confuso, dirigindo o olhar a si e depois para o celular carregando no chão, como se perguntasse "não vai atender?".
Então, Keith apenas suspirou e se esticou levemente para ver o que aparecia diante a tela de seu celular.
Seu coração com certeza parou por um segundo ao ver que a ligação vinha dela.
Dela mesmo.
Você sabe de quem estou falando.
O rapaz engoliu seco, sentindo os ombros pesarem com a culpa. Logo sentiu um pico de ansiedade o atingir sobre o peito, lhe fazendo arfar pesado na mesma hora.
Ok. Não poderia simplesmente ignorá-la, não é?
Era sua namorada.
Que covarde seria capaz de ignorar a própria namorada?
Keith - Puta que pariu.. É a minha, hm.. N-namorada. - disse sem jeito, mal conseguindo ter coragem para sequer ver a reação de seu ex. Estava tenso demais para tal. Já até imaginava o que o ruivo diria sobre aquilo, e de verdade, nenhuma suposição era boa.
Pico - .. Hm. - o ruivo então ficou de cara fechada, porém, logo uma ideia maldosa e no mínimo sem escrúpulo algum lhe surgiu em mente, o fazendo abrir um pequeno e maléfico sorriso no rosto. - Tá, de boa. Vai lá atender. - disse com o timbre calmo, o que de certo modo confundiu o outro. Porém, entretanto, este preferiu não questionar.
Keith suspirou baixo, aliviado por talvez, somente talvez, Pico não parecer tão irritado diante aquilo. Então com pressa, o garoto pegou seu celular da tomada e veio a se sentar no sofá novamente, ao lado do ruivo que também havia se acomodado no assento.
Keith - Ok.. - engoliu seco - De boa. - deslizou seu dedo sobre a tela, atendendo assim a ligação e logo colocando o celular em sua orelha. - Alô?
GF - Oi, meu dengo! - a voz linda e doce de sua namorada voltou a preencher seus ouvidos, o que de certo modo, lhe deixou feliz por alguns instantes. Amava seu timbre manso e belo, que mesmo sendo totalmente contrário do de Pico, era o suficiente para lhe animar.
Keith - Oi, como você tá, linda? - tentou agir o mais natural possível, já que bem, não queria que sua namorada suspeitasse de algo. Principalmente de que estava tendo um caso escondido com seu ex, bem ali, bem agora.
Até que, quando Keith menos esperava, Pico agarrou sua cintura silenciosamente, lhe trazendo aos poucos em seu colo, selando ambos os corpos deles outra vez.
O calor voltou a tomar conta, se espalhando feito veneno contra as pernas dos dois. Estava ficando cada vez mais quente.
O azulado tentou falar, porém, se lembrou imediatamente do que estava fazendo naquele instante. Estava numa ligação.. E com sua namorada.
GF - Tô bem, morrendo de saudades!
Keith - Também tô.. Morrendo de saudades! - disse nervoso, sentindo o maior lhe abraçar por trás. O mesmo que veio em ao pé de ouvido e sussurrou baixo para si.
Pico - Relaxa, é rapidinho. Ela nem vai notar. - acariciou lentamente a volta da cintura do menor, dedilhando descaradamente seus dedos pela região pélvica do mesmo.
Era esse o plano dele?
O azulado se arrepiou por inteiro, soltando em seguida um arfar pesado. Seu rosto estava vermelho novamente, e parecia que suas orelhas estavam pelando por tamanha vergonha.
Logo, um pequeno e quase imperceptível sorriso surgiu em seus lábios.
Isso seria divertido.
Perigoso, arriscado. Porém.. Divertido.
GF - Ah, aliás, você não vai acreditar o que aconteceu! - disse animada, intervindo os pensamentos impuros de seu namorado.
Keith - O-oque..? Hm.. - o rapaz mal podia prestar atenção em qualquer coisa que a morena dizia do outro lado da chamada, visto que Pico agora brincava com seus mamilos rosados outra vez, os apertando e puxando aos lados sem muita gentileza. Seu jeito bruto era o que dava a graça para a estimulação; era uma tortura delirante, o que fez o azulado suspirar por um segundo.
GF - Meu pai deixou eu ir aí no seu novo apê, pra te visitar nesse fim de semana! Demorou pacas pra convencer ele, mas ele deixou! - riu alegre, afinando a voz - Ai, Kei! Vai ser muito divertido!
Keith - S-sério? Isso vai ser incrível..! Hmm.. Nossa como que, você convenceu ele? Ts.. - mordeu o lábio inferior logo após sentir o membro quente do ruivo levantar latejante entre suas coxas, provavelmente sedento por mais, beirando seu ânus outra vez. Seu corpo estava aceso novamente, e agora, tinha de tomar cuidado redobrado sobre o controle de seus gemidos.
GF - Vou te contar! Nossa, foi uma loucura, haha, eu devo uma pra minha mãe. Se não fosse por ela, meu pai não iria aliviar a barra. Eu disse que não te via há meses..
Keith - Aham.. - empurrou sua cabeça contra o peitoral do maior, sentindo o mesmo pegar suas pernas, as separando e levantando levemente ao alto. Ele estava estranhamente lento, como se estivesse dopado ou algo do tipo; então, só pôde responder sua namorada com mais simples e curtas respostas que lhe vinha em mente. A excitação já estava tomando conta outra vez, fazendo sua genitália quase que formigar diante aquela cena.
Só a ideia de que sua namorada poderia descobrir sobre esse caso banal e às escondidas que ele estava tendo com seu ex, lhe fazia arfar quente.
Era realmente excitante, mesmo que perigoso e demasiado arriscado.
Porém, Keith estava fora de si no momento. Não estava mais usando sua cabeça de maneira correta; então, apenas entrou na 'brincadeira'.
GF - E ele foi um completo babaca, disse que quanto mais longe de você, melhor.. Pfft. Dá pra acreditar?
Keith - Puts, que merda ein.. - apertou um dos braços de seu ex, já sabendo o que estava por vir. - V-vai com calma.. - sussurrou para ele, logo recebendo do mesmo um beijo macio e amável em seus lábios.
GF - E.. Ahm? Você disse alguma coisa?
Keith - A-ah! Não, pode continuar..
GF - Hm, ok.. Aí eu disse pra ele que se ele não me deixasse ir, eu mesma iria dar um jeito. Além do mais, eu já tenho 19 anos! Não sou mais uma criança, poxa. Eu tô ficando puta com isso, sério.
Keith - Não liga pra isso, seu pai é um babaca mesmo.. Hmm..!
Pico não tardou para logo penetrar o azulado novamente, como também pouco se importou se iria ser barulhento ou não. Dessa vez seu pênis havia entrado com facilidade no interior de Keith graças à lubrificação natural do pré-gozo, fazendo seu membro deslizar facilmente dentro do menor, logo se movimentando lentamente aos poucos em sua cavidade.
GF - E.. Tá tudo bem?
Keith - Ah.. S-sim, por quê? - riu nervoso, vindo a cobrir sua boca com a mão, evitando soltar um gemido indesejado. A sensação do imenso e caloroso tesão voltava a tomar seu corpo, junto do calor agradável e excitante em sua genitália; realmente.. Incrível.
A sensação quente e dolorosa do pênis de seu amante entrando e saindo levemente de si era sem igual. O contorno úmido e aquecido daquele membro abrindo espaço dentro de si outra vez.. Wow. Era.. Realmente possível segurar seus gemidos?
GF - Eu achei que tinha ouvido um barulho..
Keith - Ah, não.. É só que- Pico sem ter piedade alguma, aplicou uma única e profunda estocada em seu interior, lhe fazendo avançar para frente - Agh! T-tô com uma tosse, sabe..? - riu desajeitado - Tô meio.. Hm, resfriado.
O ruivo sorriu maldoso.
Era um verdadeiro capeta.
GF - Ah, tem que se cuidar, Kei. Odeio ver você mal. Veste bastante casaco e usa bastante cobertor, tá entrando o inverno e é daqui pra ali pra pegar uma gripe pesada, viu?
Keith - V-você também. Mas vai dizendo aí.. O que seu pai falou?
Pico - Shh. - assoprou quente em seu ouvido, trazendo de volta movimentos liderado pelos seu quadris contra a entrada do parceiro.
Infelizmente para Keith, e felizmente para Pico, o barulho vindo das estocadas era alto, principalmente do impacto das coxas de ambos os homens.
Estava mais do que claro sobre o que estava acontecendo ali.
Nem mesmo a barreira de vidro da tela do celular foi capaz de abafar o som.
GF - Ah bem, eu nem me lembro mais.. Que som é esse?
Keith - D-deve ser do vizinho do lado! Agh! - cobriu rapidamemte a própria boca, mal tendo firmeza para segurar o celular na orelha. - Cough.. Aff! - fingiu uma tosse, deitando a cabeça na volta da clavícula e pescoço do ruivo.
GF - Kei.. Tem certeza que tá tudo bem? Você tá estranho. - disse confusa.
Keith - T-Tá tudo bem.. Por quê? - quando este menos esperava, seu ex repentinamente aumentou a velocidade dos movimentos das estocadas, junto assim aprofundando sua intensidade, fazendo Keith quase quicar em seu membro. - A-ah ah ah aah! A-awh..! Porraa.. Awhn! ~ - mal pensou duas vezes e encerrou a chamada de voz duma vez, deixando o aparelho cair de sua mão e atingir o solo - P-Pico! Merda, ela ouviu..! Ah..
Pico - Ts, hah. - fraquejou aliviado, entrelaçando os braços nas coxas do mais novo, fechando suas pernas e revelando suas nádegas avermelhadas - Foi mal.. Eu não me aguentei. - disse maldoso, prosseguindo com as estocadas ligeiras e brutas.
Keith - A-aghh! Aw- ah! Aaah! O-owh.. Meu Deeeus.. Hm-mm! Haa.. Ahg! - gemeu apertado; uma grande quantidade de sangue subiu por sua face pelo aperto de sua posição atual, avermelhado sua face por inteira. Logo ele arfou pelo pequeno espaço, vindo a segurar um dos braços do ruivo que lhe mantia no colo - P-Picooo..~ Agh! A-aaah..
Faltava o ar para ambos os homens, os obrigando a ofegar alto pelo cansaço e sufoco. Tudo isso apenas melhorava o quadro sonoro daquele ambiente, que se tornava cada vez mais barulhento graças aos movimentos e gemidos dos dois.
Era realmente espetacular.
Pico - Huff.. Heh.. - acertou um brusco e curto tapa contra a bunda do azulado, logo fazendo a pele daquela região tomar cor dum vermelho vivo e levemente arroxeado. Diante disso, Keith apenas gemeu dolorido, com aquele sorriso impuro e manhoso pregado nos lábios, que mostrava muito bem o quão tesudo ele estava naquele instante.
Tsk! Aquele tapa ia deixar marca.
Keith - H-haaah.. P-Pico eu.. E-eu.. Eu vou gozar..! A-awwhh! Ahg.. ~
Pico - É? ~ Ha.. Bom saber. - encerrou os movimentos, apenas deixando seu pênis pressionado contra a próstata do menor. Pico não era bobo nem nada; sabia muito bem sobre o que estava fazendo. Aquele simples ato iria barrar o orgasmo de Keith, lhe fazendo ficar preso naquela sensação formigante e com certeza fatal por um bom tempo, o que iria triplicar a intensidade de seu ápice.
Keith - H-hwaa..? Hmg, P-Pico..! Por favor, agh..! - protestou sofrido, acariciando um dos braços do colega - C-continua..!
Pico nada disse, apenas continuou imóvel em tal posição. Queria ver seu parceiro implorar e gemer mais vezes por seu nome, até chegar ao ponto de voltar a fodê-lo por puro dó de seu quadro.
Seria interessante.
E assim se manteve por longos e lascivos segundos. Algo que para Keith, parecia durar horas. E ele deixou isso bem claro no tom fraco e arrastado de sua súplica.
Keith - A-aah..! P-porra, Pico.. Agh! Eu.. Hmm! - quando tentou se movimentar numa tentativa de se masturbar, o maior lhe agarrou com firmeza e se jogou para o lado, fazendo ambos se deitarem novamente no sofá.
O azulado estava confuso, porém mal podia questionar algo naquele momento. Ele apenas esperou para que alguma atitude fosse tomada por parte de seu amante, e bem, não demorou muito para que o mesmo o fizesse.
Pico deu liberdade para suas pernas, o deixando então solto e deitado por cima de seu torso. Tudo que o ruivo precisou fazer foi apenas ajeitar suas pernas e voltar a investir em estocadas contra a bunda do mais novo, dessa vez com calma e lentidão em seus movimentos.
Merda, aquilo sim era tortura.
Keith - Aghhn..! A-awhh.. P-Picooo..! ~ - gemeu sofrido, sentido o pênis do maior socar sua próstata quase que sem piedade alguma (pra variar). Logo, não tardou para que novas e finas lágrimas quentes derramassem de seus olhos, as mesmas que caíram contra as beiradas de suas bochechas mais rápido que os próprios movimentos que seu ex realizava naquele momento.
Estava tudo tenso e agitado, já dando indícios do que iria acontecer.
Keith sentia aquele calor acompanhado de cócegas subir por sua genitália. Estava ficando cada vez mais intenso, cada vez mais lúbrico, cada vez mais..
Fodidamente gostoso.
Keith - A-aaaggh! Merda, a-aah.. Eu tô.. Aaah..! ~ - enquanto lágrimas desciam em abundância por seus olhos, seu corpo leve e tenso enfim perdeu a tensão em seus músculos, fazendo suas pernas perderem a força e caírem no colo do ruivo de forma desajeitada, e vindo à trazer uma sensação inexplicável e incrivelmente satisfatória à si duma única vez.
Finalmente, o orgasmo.
Todo o seu tesão de seu corpo se uniu numa única quantidade e jorrou de seu pênis em forma de sêmen, vindo à se derramar contra o próprio abdômen do rapaz. Uma pequena porção daquele líquido quente e grudento ainda saía de seu membro, que pulsava diversas vezes diante de tamanha excitação. Agora, seu gozo estava espalhado por cima de sua barriga, quase que derramando para o canto de seu quadril.
Tsk, aquela sensação fez o azulado arrepiar-se por total.
Ainda não satisfeito, seu corpo ganhou diversos espasmos, trazendo junto de si contrações anais intensas, que com certeza foram notadas por parte de Pico, que encerrou as estocadas por hora apenas para desfrutar daquela sensação junto de seu ex.
Pico - Ah.. - as paredes quentes e molhadas do ânus do menor apertavam rapidamente seu pênis ereto, principalmente sua glande. Aquilo era realmente excitante e prazeroso, algo que até para o ruivo, se tratava de algo novo. Seu tesão estava se intensificando cada vez mais. - Agh, merda.. - acariciou o quadril do colega, aproveitando aqueles poucos segundos de prazer intenso.
Ambos os rapazes arfaram apaixonados, Keith vindo a deitar de lado seu rosto contra o peitoral coberto de Pico, logo acariciando com uma mão os cabelos ruivos do mesmo. Algumas pequenas lágrimas ainda rolavam em seu rosto, o que por um certo lado, era satisfatório e aliviador.
Keith - Ah.. Meu Deus.. - ainda conseguia sentir seu membro pulsar contra o próprio colo, algo que lhe deixava ainda mais aliviado.
Wow, nunca tivera sentido nada parecido.
Era totalmente único, e claro, incrível.
Porém, não tinha acabado.
Ainda.
Pico - Uh, vem. - sussurrou calmo, abrindo levemente as pernas do outro homem por cima de si. Logo dali, soltou um breve suspiro, ajeitando suas pernas e seu membro no interior do menor. Com um início lento e pacífico, ele voltou a movimentar-se intensamente contra as pernas do mais novo.
Keith - A-aaawh! Uhmm.. Hmm! - gemeu baixo e fino, com um tom manhoso em sua garganta. Estava bem sensível depois de ter acabado de gozar, e ele de fato não esperava voltar à ativa tão facilmente. Então deduziu que seu ex provavelmente também estava perto de seu clímax.
Novamente o calor havia voltado para os dois, e agora, com o dobro de intensidade.
Pico bufava com seu casaco lhe cobrindo, algo que estava se tornando um incômodo naquela hora. Sua pele suava muito, quase que pelando diante à temperatura alta, e todo aquele esforço de movimentar seus quadris com a força adequada para manter o sexo com seu parceiro estava o matando (visto que à tal instante ele mal respirava direito).
Porém, ele prosseguiu. Não queria parar tão cedo, visto que já estava domado pelo tesão.
Pico - Huff.. Ahg! Ha.. - não se conteve e abraçou o menor por cima de si, na intenção de o manter parado para que seu pênis não deslizasse para fora da entrada do mais novo.
Keith - Gghaaa..! Awhm! Haa.. Ah! ~ - cerrou os olhos, se deixando a levar pelo comando do outro.
Novamente, os movimentos aceleraram.
Pico estava impaciente e acreditava estar próximo de alcançar seu ápice, então, ele fez o que lhe era possível para chegar até lá.
Nessa frequência longa e agitada de estocadas, o ruivo acelerou seus movimentos duma única vez, fazendo Keith quase que quicar contra seu colo.
Pico - Hmm.. Huh..! - levantou-se levemente para a frente, firmando o abraço apertado que manteve com o menor. Logo nessa posição, ele encerrou seus atos, finalmente podendo descansar seus músculos de forma apropriada.
Keith estranhou de início, mas logo entendeu do que se tratava após sentir um líquido quente e grosso preencher seu interior. Logo a substância leve e clara transbordou, vindo a derramar-se lentamente entre suas nádegas.
Junto dela, o membro do ruivo pulsava rapidamente contra a região apertada e molhada ali, se mantendo assim por mais alguns poucos segundos.
Keith - Haa..! Hmm.. - gemeu aliviado - Puta.. Puta merda.. - arqueou fraco, literalmente perdendo toda a força de seu corpo. Estava exausto.
Ambos os rapazes suspiraram por fim. Pico afrouxou a tensão de seus braços contra o peitoral de Keith, degustando assim dum quente e amável abraço com ele.
Realmente, aquilo havia sido maravilhoso, não tinha como negar. E também havia consumido uma boa energia de ambos. Pelo menos assim, uma agradável quantidade de dopamina seria liberada em seus corpos, trazendo assim o conforto e também leve sonolência para eles.
Pico - Huh.. Incrível. - riu fraco, um tanto sem jeito afinal - Hmm. - aconchegou o abraço, levando seu nariz até os cabelos azulados de seu parceiro. Era um cheiro realmente agradável, algo como shampoo de cereja mesclado com um pouco de amaciante, talvez pelo uso frequente daquele boné avermelhado que ele usava.
Era um aroma ótimo. E lhe trazia uma sensação de nostalgia também, o que o fez corar brevemente sobre isso.
Realmente se sentia feliz em poder rever Keith. Gostaria de ser capaz para dizer ao mesmo o quanto havia realmente sentido falta dele, porém, lhe faltava palavras e de certa forma coragem para tal.
Keith - Ah, Pico.. Obrigado. - disse num sorriso calmo e quieto, passando levemente sua mão contra o peitoral do mais velho numa espécie de carícia suave.
Pico - Hum? - grunhiu confuso - Pelo quê?
Keith - .. Por voltar. - sussurrou para que somente o ruivo ouvisse. Mesmo se sentindo terrivelmente culpado por ter traído sua namorada, algo o fez esquecer desse problema naquela hora. Tudo o que queria era dormir abraçado com seu amante e quem sabe até passar mais alguns dias com ele.
Não poderia deixar a paixão de lado, não depois de finalmente a reacender com o próprio que havia a cultivado em seu coração.
Pico.
Keith olhou para Pico, admirando seu rosto. O ruivo logo notou seu olhar, lhe observando de mesmo jeito.
Keith - Hm.. Nossa, você cresceu.
A última vez que havia visto Pico, ele era somente um adolescente. Ambos eram. Agora, já haviam crescido e virado adultos. Era um tanto estranho, mas ao mesmo tempo interessante também.
Ainda mais por Pico estar mais lindo e atraente do que já era.
Keith riu baixinho pela ideia, sentindo os olhos se encherem de lágrimas outra vez.
Estava sendo perseguido pela nostalgia e saudades. Só de poder estar ali com seu ex já fazia tudo valer a pena; ainda mais depois de passar anos acreditando que, infelizmente, ele estivesse morto.
Keith - Pra onde você vai depois? - pediu baixo, um tanto triste.
Pico - Eu não sei. - desviou o olhar - Talvez pra casa. Se é que eu posso chamar aquele lugar assim.
Keith - Você.. Quer dormir essa noite aqui?
A pergunta pegou o ruivo de surpresa.
Pico - .. Claro. - sorriu fraco ao ver as gotículas de águas descerem dos olhos do menor, algo estranhamente fofo e adorável em sua visão.
Keith sorriu animado, sem parar de chorar.
Keith - Eu te amo. - sussurrou fraco, apertando o abraço. Assim repousou seu rosto no calor da camisa de Pico, quase adormecendo só de sentir o aroma gostoso do mesmo.
Pico - Eu também te amo. - deu um risinho pequeno, acariciando os cabelos azulados de seu parceiro lentamente.
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Pico - Espera.. Que cheiro de queimado é esse? - estranhou com uma careta.
Keith - Queimado..? - levantou o rosto sonolento, até se dar conta de que alguma coisa estava errada.
Espera.
Pico - É. Parece queimado-
Keith - Merda! A LASANHA! - o azulado levantou duma única vez, catou suas roupas e as vestiu mais ligeiro que o Flash, logo correndo desesperado até a cozinha.
Pico também se vestiu e foi até a cozinha, vindo para ajudar o colega com o jantar que agora, infelizmente estava queimado.
Uma fumaça cinza e pesada preencheu aquele cômodo, fazendo ambos os rapazes tossirem forte pela toxina do local. Até mesmo Pico que era um fumante experiente não estava aguentando aquele cheiro terrível, que a cada segundo só piorava com o calor do fogão.
Keith - Merda! - pegou um pano de prato e retirou cuidadosamente a lasanha do forno, logo jogando sua forma num espaço livre da pia. - Que merda, agh! Droga! O que a gente vai comer agora..? - disse tristonho e irritado, abaixando a cabeça em derrota.
"Não era pra ter sido assim!"
Havia tentado preparar um jantar impressionante para si e seu amante, porém, havia estragado tudo. Como não notou que deveriam ter feito aquilo outra hora?
Pico - Ey, relaxa. - tocou no ombro do mais novo, lhe entregando um sorriso calmo e acolhedor - Eu comprei uma coisa.
O ruivo saiu ligeiramente dali para ir até a sala, onde havia deixado em um canto qualquer a sacola de compras que havia feito naquele posto de gasolina onde havia se revelado para Keith. Logo ele voltou para a cozinha, mostrando em mãos um pacote médio e laranja de miojo de tomate.
Keith - C-como você..? - os olhinhos de Keith brilharam ao ver o alimento industrializado que Pico carregava entre os dedos; se alguém era um amante, fanático, doido e talvez doente por miojo, esse alguém era Keith.
Pico - No posto de gasolina. - disse simples e animado ao ver a reação do outro - Vem, bora preparar esse miojo.
Keith comemorou com um pulo e um grito animado, se esquecendo facilmente da tristeza e da lasanha que acabara de queimar no forno.
Aquela seria uma noite diferente para os dois.
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