Prólogo:
Shinji Ikari, Piloto da Unidade-01, garoto de 14 anos que possuí olhos castanhos alaranjados e cabelos azuis, é a terceira criança escolhida para pilotar um Evangelion, que derrotou o terceiro anjo Sanchiel e o quarto anjo Shamshel. O jovem tinha acabado de derrotar seu segundo anjo, porém devido ao grande estresse de batalha de sua última luta, o garoto decidiu que não iria mais pilotar e pediu para voltar a cidade ao qual morava antes de vir para Tokyo-03. Porém, isso mudou de última hora quando a Comandante e tutora de Shinji Misato Katsuragi fizesse com que o piloto mudasse de ideia sobre sua decisão. O garoto voltou para a base da Nerv com a comandante Misato Katsuragi, ele teria que apresentar seus serviços de volta a Nerv para voltar a pilotar o Evangelion novamente.
...
Capítulo 1: Pensando em você, apenas você
Shinji estava andando ao lado de sua Tutora Misato pelos corredores do QG da Nerv, ele estava pensativo sobre se tinha feito a escolha certa ao voltar, o medo, a angústia, pilotar o Eva era uma tarefa que não era nada agradável, mas se precisavam tanto dele para isso, algo dentro dele dizia para fazer. Pessoas como Toji e Kensuke poderiam se machucar com outros ataques se ele não estivesse aqui, sem falar na garota de cabelos azuis... Ayanami, ela teria que pilotar o Eva de novo, mesmo estando machucada, era a única piloto que a Nerv tinha ao não ser ele... Então, sim, o garoto achou que foi uma boa decisão, sem falar que ele estava se acostumando a conviver com Misato, era agradável ter a presença da mulher, por mais que a mesma fosse chata as vezes.
Ah sim... Outra coisa que o preocupava, era ter que olhar para a cara de seu pai novamente... O homem que o abandonou e só precisou dele para pilotar um robô que ele mesmo criou... Não, ele não iria pensar nisso agora, talvez Misato fizesse esse trabalho, ele não queria falar com seu pai...
Seus pensamentos foram dispersos quando o garoto virou a esquina do corredor junto de Misato e deu de cara com Ayanami, a garota de olhos vermelhos, cabelos azuis e pele pálida... Ela fez uma expressão de surpresa assim como ele ao se olharem, era compreensível, ele iria embora naquele dia e já estava voltando... A garota então voltou a sua expressão.
“Achei... que você tinha desistido de pilotar o Eva.” Disse Ayanami com jeito natural estoico de falar, Shinji sentiu que a garota estava olhando para ele com certo desprezo, por quê?
“Ah sim... É que eu acabei de voltar, eu... Eu decidi voltar...” Disse o garoto em resposta a Ayanami. Era estranho falar com a garota, ele mal tinha tido uma conversa com ela, sua voz era essa mesmo? Bem calma e serena.
“Não sei por que... Eu poderia muito bem pilotar a Unidade-01.” Ayanami disse de uma forma como se estivesse convencida de sua própria afirmação, parecendo querer demonstrar o seu valor. A garota fechou o rosto e desviou do caminho de Shinji e Misato, continuando a caminhar pelo corredor, na direção contrária em que Shinji e Misato estavam indo.
Shinji olhou para trás e viu a garota se afastando de pouco em pouco... Ele podia sentir a melancolia de não ser bem-vindo ali entrando no seu coração, essa tristeza passou se pro seu rosto. Por que ela é desse jeito? Mil coisas sobre aquele momento e a garota passavam pela sua cabeça. “Acho que... A Ayanami não gosta muito de mim...” Shinji comentou de forma triste para Misato enquanto permanecia observando a garota de cabelos azuis sumir pelo corredor.
“Não é isso, Shinji.” Misato colocou a mão no ombro do garoto antes de continuar. “A Rei é assim com todo mundo, não seria novidade se ela te tratasse assim também.” Completou Misato em tom de conforto, enquanto permanecia olhando para o garoto. “Se é um sorriso ao qual ninguém nunca viu, é o sorriso da Rei.”.
Shinji olhou para a mulher pensativo, porém isso o deixava mais intrigado, por que ela agia assim com todo mundo? Ele guardou as palavras de Misato em sua cabeça, e continuou caminhando com a mulher pelo corredor.
. . .
Passou um tempo dês de que Misato conversou com seu pai, e para a sua felicidade, ele não teve que olhar e nem conversar com o homem ao qual sentia tanta angústia, um dos motivos foi por Misato ter mais voz que ele para esses tipos de coisas, e por seu pai estar ocupado com algum tipo de pesquisa sobre o núcleo do anjo ao qual ele derrotou.
Shinji estava lá, rodeado de cientistas trabalhando e maquinários pesados, Misato e Ritsuko estavam conversando sobre alguma coisa sobre o núcleo em questão, mas isso não era de seu interesse, e mesmo que fosse, ele não estava entendendo nada do que a duas estavam falando... Mesmo que o garoto tentasse prestar atenção. Foi nesse momento de distração que Shinji viu, ele viu seu pai tocando aquele núcleo e o analisando com alguns outros cientistas... Era estranho ver a imagem de seu pai tão perto dele, mas ao mesmo tempo sentir-se tão longe do mesmo. Suas mãos eram..., Estranhas. Estavam queimadas? Sim, existiam algumas queimaduras bem visíveis nas mãos de seu pai, por que daquilo?
Shinji comentou sua descoberta com Misato e Ritsuko, foi quando a doutora começou a contar a história do motivo dele ter essas queimaduras... Pelo que o garoto entendeu, seu pai se machucou tentando salvar Rei de um teste de ativação com a Unidade-00 que tinha dado problema. A capsula voo para fora do e ficou superaquecido, isso explicava por que Rei estava toda machucada quando ele a viu pela primeira vez, mas... Seu pai se preocupava com a Rei? Ele havia aberto a escotilha do plug de entrada com a mãos nuas, foi assim que ele machucou suas mãos... Então ela era importante para ele... Ele se importava com alguém que não era nem sua própria filha, mais do que seu próprio filho... Isso causava angústia no coração do garoto...
. . .
Shinji estava de volta a sua escola, o dia seguinte ao qual ele havia desistido de pilotar o Eva, mas que havia voltado. Ele havia acabado de chegar em sua sala, ainda era estranho estar ali, a sensação de talvez não pertencer aquele lugar, ou que ele não merecia estar ali, enchiam seu coração.
“Ei, Shinji! Chega ai!” Shinji ouviu uma voz masculina a sua frente. Shinji que estava em pé olha em direção a quem o chamou, era Toji balançando as mãos de um lado para o outro.
Shinji apenas obedeceu o comando e decidiu seguir em direção ao garoto... Foi quando no caminho ele avistou Rei na janela, na mesma posição, no mesmo lugar, com a mesma expressão, sua expressão estoica, na cadeira ao lado da janela, com a mão levantada para apoiar o queixo e olhar a janela ao seu lado. Aquele olhar enigmático da garota, olhando o horizonte do outro lado do vidro, um olhar indecifrável, por que estava sempre desse jeito, e o que ela pensava quando estava assim...? A garota de olhos vermelhos era tão reservada, bem mais que ele, mas se ele quisesse muito saber o motivo, ele duvidava que conseguiria, ele não podia fazer muito e não era alguém de conversar... Tantos pensamentos rondavam sua cabeça por apenas ver Rei... Ele finalmente chega na cadeira perto de seus colegas e se senta ali.
“E aí, Shinji, Tranquilo?” Perguntou Toji para o garoto ao seu lado.
“Tô sim, ainda tô me acostumando...” Respondeu Shinji um tanto retraído em sua resposta.
“Não seja assim, aliás, seja bem-vindo de volta, e eu espero que você não guarde rancor do Toji por ele ter de dado um soco, né não?” Disse Kensuke dando leves cotoveladas em Toji, como se quisesse chamar a atenção dele pra algo.
“Ah é! Eu sei que eu já me desculpei antes de você tentar ir embora, mas eu tenho que tentar te recompensar de alguma forma, então pode me pedir qualquer favor.” Disse Toji ficando levemente constrangido ao dizer essas palavras.
Shinji deu um sorriso tímido enquanto ouvia a proposta. “Ah... Que isso, não precisa disso não...”.
“Precisa sim! Então quando precisar, pode me pedir qualquer coisa.” Disse Toji cerrando os punhos a frente do rosto com um leve sorriso.
“Isso aí, você não vai querer perder uma oportunidade dessas. Você pode pedir pra ele fazer algo muito vergonhoso, ele não vai poder recusar.” Disse Kensuke dando leves gargalhadas enquanto colocava a mão atrás da cabeça.
Toji por sua vez parece não ter ficado muito contente com o comentário do garoto de óculos. “Qual é Kensuke! Dá ideia não! Você vai me ferrar muito assim.” Exclamou Toji segurando a gola de Kensuke e chacoalhando o garoto levemente.
Shinji não pôde deixar de rir da situação, talvez não fosse tão ruim continuar, de pouco em pouco ele estava se sentindo mais bem-vindo com seus amigos, era agradável estar com eles, mesmo que uns dias atrás um deles tenham lhe dado um soco... Mas ainda assim, os pensamento sobre Rei estavam absortos em sua cabeça, suas atitudes, sua forma de agir...
A conversa com seu grupo de amigos continuou, mas ele não conseguia parar de pensar na garota de cabelos azuis, até decidir dar algumas olhadas na direção da garota sem seus amigos perceberem. Lá estava no seu mesmo lugar, mas dessa vez, um livro, a garota estava lendo um livro, um livro de capa rosa que era difícil de entender ou enxergar os detalhes... Então Rei gostava de ler, talvez o garoto pudesse usar de pretexto pra algum dia falar com ela... Ele queria um motivo para falar com a garota, nem que fosse algo simples.
. . .
Shinji já havia chegado de sua escola, estava de noite, e ele estava em casa ao qual compartilhava com Misato, porém para sua infelicidade, lhe foi delegado uma tarefa, a tarefa de cozinhar mais comida aquela noite pois a Doutora Akagi viria jantar com eles. É claro que Misato tinha conhecimento de si mesma sobre não cozinhar nada bem, e claro que iria passar essa tarefa para o pobre garoto, mas claro, Shinji também sabia que muitas vezes era por preguiça de fazer algo, já que a mulher nem mesmo ajudou o garoto com algumas coisas simples...
Não demorou muito até que tudo ficasse pronto antes que Akagi chegasse ao local. Então a campainha tocou, Foi então que o garoto tomou a frente para ir atender e deu de cara com a visita esperada, Akagi.
“Olá Shinji, como está?” Disse Akagi o cumprimentando.
“Estou bem senhorita Akagi, entre por favor.” Disse Shinji devolvendo o cumprimento.
Akagi riu por um instante. “Não há pra que tantas formalidades Shinji, querido. Pode me chamar apenas de Ritsuko fora do trabalho.” Disse a mulher entrando em seguida.
“Ah... Certo, Ritsuko...” Disse Shinji ficando levemente ruborizado com a fala da mulher. Em seguida o garoto fechou a porta e acompanhou a mulher até a sala, onde a mesa estava preparada.
Ritsuko se encontrou com Misato e as duas se cumprimentaram. Ambas ficaram conversando enquanto Shinji foi buscar a bandeja com a comida que havia feito para todos ali, não demorou muito para que ele deixasse tudo pronto em cima da grande bandeja e voltasse para a sala. Ritsuko e Misato já estavam sentadas em frente a mesa, Shinji apenas colocou toda a comida ali no meio.
Em meio a conversa e alguns assuntos sobre o trabalho, eles iam se servindo, porém, ao Ritsuko dar a primeira mordida na comida, ela faz uma cara de espanto.
“Puxa, Isso está tão bom! Faz tanto tempo que eu não como comida de verdade.” A mulher dá uma pausa para morder mais um pedaço. “No laboratório, muitas vezes nós temos que comer apenas comida congelada.” Ritsuko deu um sorriso de gratificação após a frase. “Misato tem sorte de ter um cozinheiro tão talentoso.” A doutora lançou um olhar sorridente para Shinji, que sentiu suas bochechas esquentarem com o elogio.
“Ah... Isso não é nada demais, eu apenas sei equilibrar bem o tempero...” Disse Shinji de uma forma sem graça enquanto desviava seu olhar para a comida, com vergonha de olhar nos olhos da mulher. “Além disso, alguém tem que cozinhar, a Misato não sabe fazer muita coisa além de esquentar comida congelada.” Disse Shinji dando uma leve risada na tentativa de entrar mais na conversa das duas.
“Haha, engraçadinho...” Disse Misato murmurando enquanto dava outro gole de sua cerveja.
A conversa continuou, com Shinji as vezes fazendo alguns comentários sobre o que entendia do assunto das duas mulheres, mas no resto do tempo, o garoto permanecia mais quieto enquanto apreciava sua comida. Em um determinado momento, Ritsuko e Misato entraram em um assunto sobre como era ter Shinji vivendo com Misato.
“... Pois é, ter ele aqui facilita bem mais o trabalho da segurança. Inclusive, ele acabou de ganhar o cartão permanente.” Disse Misato enquanto balançava a latinha de cerveja na mão.
“Ah, é verdade! Shinji querido, poderia fazer um favor pra mim?” Disse Ritsuko chamando a atenção de Shinji enquanto começava a mexer em sua própria bolsa. “Você poderia entregar o cartão novo de acesso pra Rei antes de ir para a base amanhã?” Completou a mulher tirando o cartão de acesso da Rei de sua bolsa e o entregando para Shinji. O garoto sentiu suas bochechas esquentarem um pouco após a fala da mulher. “Eu estive muito ocupada ultimamente e acabei esquecendo da última vez que ela foi a base. Se eu não entregar esse cartão, ela não consegue mais entrar.” Disse a mulher dando uma leve risada da situação.
“Ah... Sim, claro que posso...” Disse Shinji que estava levemente corado com o pedido, ele estava pensando naquele momento como faria esse tipo de coisa, ele mal conversava com a garota pra isso. Ele permanecia olhando para o cartão enquanto pensava em como faria isso futuramente, talvez isso tenha chamado a atenção das mulheres ali em volta.
“O que foi?” Misato perguntou a Shinji em um tom provocativo. “Tá secando a foto da Rei, gatinho?” A mulher se inclinou para o lado enquanto balançava sua latinha de cerveja em sua mão, provocando o garoto.
“O que? N-não... Não é nada disso!” Gaguejou Shinji sentindo suas bochechas queimarem mais ainda. O garoto balançou a cabeça dum lado pro outro de forma negativa.
“Ai que fofo, ele tá todo vermelhinho.” Misato soltou uma leve risada enquanto colocava a mão na boca, isso deixou Shinji ainda mais constrangido e irritado com a situação.
Antes que o garoto pudesse retrucar o comentário da mulher novamente, Ritsuko chamou a atenção dele, que estava com um papel e caneta nas mãos. “Aqui.” Disse Ritsuko entregando um papel para ele. O garoto analisou e parecia um número de telefone, tinha um nome acima, ‘Rei Ayanami’. “Talvez precise. Esse é o número de telefone da Rei, caso não a encontre.” Ritsuko deu uma breve pausa. “Esse telefone nós usamos apenas para emergências, mas não se incomode se quiser ligar apenas para conversar.” Completou Ritsuko que deixou Shinji com o rosto fervendo, ele sentiu um tom de provocação na voz da mulher, até ela estava brincando com ele.
“Que seja!” Disse Shinji muito constrangido com toda aquela situação. “Eu só estou desse jeito por apenas não saber como falar com ela...” A expressão de irritação do garoto ia se esvaindo para uma melancólica e pensativa. “Ela é uma garota diferente, apenas...”.
“Está tudo bem. Rei é realmente uma menina confusa, igual ao seu pai. Mas não se preocupe, ela não morde.” Ritsuko deu uma leve risada após sua frase.
Mesmo assim... O garoto pensou.
Após isso, a noite continuou normalmente. Conversa, goles de cerveja e alguns comentários passaram ao decorrer da noite até chegar o momento de Ritsuko voltar para seus aposentos. Shinji e Misato por sua vez arrumaram toda a sala para poderem ir dormir.
Já o garoto em seu quarto, ele não conseguia parar de pensar no dia de amanhã, a tarefa de entregar um cartão era fácil, se essa pessoa não fosse Rei, a garota a qual o intrigava tanto. Ele estava deitado em sua cama ouvindo seu walkman enquanto pensava sobre tudo isso, talvez se ele fosse um carteiro, um funcionário comum da Nerv, essa tarefa fosse simples, mas ele era ele, Shinji Ikari, e apenas por isso, ele sentia que Rei não gostava dele... Tão difícil. Talvez ele estivesse se preocupando demais com algo bobo e que não merecia tirar esse seu sono, mas a garota não saía de sua cabeça. Por que tanto o intrigava a garota?
Por que eu não consigo parar de pensar em você? Pensando em você, apenas você.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.