História Everybody Say Love - JJBA short stories - Noites de Terror Acalentadas- Jotapol (Angst e Fluff)

O forte trovão camuflou o grito desesperado de Jotaro; sua respiração ofegante dominava o quarto escuro e o suor escorria pelo rosto do mesmo. Seus dedos alisavam a pele coberta por cicatrizes, desde sua batalha contra o "Wheel of Fortune" até o quase fatal duelo com seu nêmesis, Dio Brando. Já faziam doze anos desde a viagem no Egito, mas, suas noites de terror já eram parte de sua rotina noturna. Inebriada pelo sangue e escuridão, enquanto o seu mundo onírico era preenchido pelos cadáveres de Kakyoin, Avdol e Iggy. Mesmo mutilados a sangue frio, eles sussurravam com ódio e dor:

"É TUDO CULPA SUA" - Avdol o sufocava com os braços que jorravam sangue por linhas invisíveis 

"ASSASSINO" - Iggy mordia sua perna com saliva espumando pelo canto direito da boca

"SUA FAMÍLIA É AMALDIÇOADA" -  Kakyoin gritava com uma buraco enorme no meio da barriga, vomitando poças de sangue enquanto o acusava de arrancar de si a vitalidade e juventude que pudera ter

"OS JOESTARS NOS CEIFARAM" - Os corpos dos fúnebres Crusaders gritavam com angústia pura e faziam as veias do Japonês esfriarem de medo

O coração, enfim, apertava e lágrimas começavam a descer. Atrás de si, uma figura masculina acordou preocupada. O cabelo platinado usual em um grande topete estava um pouco embaraçado, e ele coçava o olho bom que ainda possuía, com o outro coberto por um tapa olho rosa-transparente. Bocejando tranquilamente, ele passou as mãos pelas costas nuas do parceiro:

- Mais um pesadelo, pas non? - Polnareff perguntou abraçando-o e encostando sua cabeça nas costas do maior

- Sim...o mesmo de sempre; desculpa se eu te acordei - Kujo sussurrou cabisbaixo

- Não se preocupe, eu já tava sem sono mesmo; fica aqui, eu vou preparar um chá pra você - o mais velho falou conforme arrumava sua cadeira de rodas

- Espera, deixa que eu te levo... - O moreno tentou retrucar

- Jotaro, eu sei me virar! Estou na meia idade, não inútil! Agora fica quieto, eu volto já - 

Com a cadeira de rodas montada, ele se dirigiu a cozinha vestido em um roupão azul-ciano. Enquanto ignorava o temporal, uma pequena gata Sphynx, cujo nome fora dado de Étoile, subiu na cama e aninhou-se entre suas pernas, ronronando com o cafuné que seu dono fazia em si. Conforme os pingos de chuva cobriam a grande janela que iluminava a cama, Jotaro foi se acalmando, claro, ainda relutante de pegar no sono. Seu namorado chegou com uma caneca quente com uma aroma agradável de camomila misturada á erva-doce, ainda acompanhado do perfume natural do francês. O pânico e a depressão vinham nos momentos mais inoportunos, mas, tinha de agradecer por não estar sozinho como fazia na maioria dos meses, se entupindo de cerveja no escritório, se amargurando pelo que não fizera no Egito e como não estava presente na criação de sua filha.

Sua boca bebericava o chá, com todo o cuidado para não se queimar, enquanto o outro Crusader lhe olhava com um semblante preocupado, se sentindo impotente por não poder fazer nada:

- Você sabe que nada do que aconteceu em Cairo foi culpa sua, não é? Nem a morte dos nossos companheiros ou a sua ausência na vida da Jolyne, tudo que você faz é para proteger os outros, mesmo que bote a sua vida em risco - Os dedos cobertos de cicatrizes faziam cafuné - Não existe prova de amor maior que essa, e um dia, sua filha vai entender, assim, como os nossos amigos não te culpam pelas coisas horríveis que Dio fez 

- Yare Yare Daze, eu daria de tudo para pensar assim, eu não consigo deixar de pensar que o mundo inteiro me odeia e que eu não mereço piedade por nenhum dos meus atos - 

- Para com isso, ninguém lhe odeia! Eu te amo e estou aqui para provar que você ainda é digno de calor humano! Você não consegue ver o perdão á sua frente porque precisa de tempo e cuidado para tratar das feridas profundas que você tem; elas não se curam da noite pro dia - O espadachim recolheu a caneca e a colocou na escrivaninha - Dê tempo para si mesmo; deita aqui comigo

Ambos se deitaram no colchão e ficaram se encarando; Podia se afirmar que a dor que o japonês sentia era sentida também por Jean, que acariciava seu rosto com delicadeza:

- Jotaro, eu não consigo expressar por palavras o quanto eu amo você, por isso, para poder lhe provar que você é amado, fica do meu lado e deixa eu ser o teu conforto - O platinado puxou o mais novo para encostar a cabeça em seu peito, que ainda derramava lágrimas quentes e soluçava feito uma criança.

Com muito esforço, Kujo relaxou os músculos e parou o pranto; o francês ficou apenas em silêncio, pensando que o mesmo teria acabado de pegar no sono, contudo, ficou surpreso ao escutar uma voz abafada dizendo:

 - Deus por favor, eu só quero protegê-lo, me conceda esse único desejo; eu não aguento mais perder as pessoas que eu amo-

Por mais recluso que fosse, ele ainda seria um garoto esperançoso que ainda rezava para poder fazer a sua vida mudar. "Essa dedicação foi o que me atraiu tanto em você" pensou o francês, sentindo as bochechas enrubescerem:

- Jojo, je ne vous quitterai pas; Je t'aime, c'est ce qui compte - Polnareff deu uma risadinha baixa, sabendo como seu amante iria reagir

Como de súbito, Jotaro ficou por cima daquele platinado irritante, com uma expressão de leve irritação:

- Você sabe que o meu francês não é bom; se você falar algo legal, eu não vou entender. Yare Yare - O moreno parecia uma adolescente tsundere, era bem fofo aos olhos de Jean

- E como você acha que eu fico quando você fala Japonês? Eu fico mais perdido do que cego em tiroteio; eu só tava falando que eu te amo, grandão. E saiba você que tu ainda não perdeu os 1,95 da adolescência, tu tá pesando demais - Polnareff brincou com uma piscadela conforme enlaçava seus braços no pescoço do maior

- Se você achasse tão ruim assim, não me imploraria pra ficar nessa posição quando a gente fode; então fica quietinho - O usuário do Star Platinum deixou um selinho no namorado e riu sacana

- Viu? Eu tiro os melhores sorrisos da sua cara! E é isso que eu quero de você! Alegria e carinho! - O espadachim acariciou as bochechas do biólogo, fazendo um sorriso de mentira

- Urusai, baka - 

Logo, ele se reclinou, olhando a face alegre de seu parceiro, ambos fechando os olhos, e fazendo juras de amor eterno. Mesmo preocupado, Jotaro Kujo ficara divinamente agradecido por ter aquele francês para lhe confortar e lhe enlaçar em abraços calorosos durante suas noites de terror