Um homem, com rosto jovem e de palidez mortal, de olhos enormes e revirados, muito alto surgiu em frente ao Rei Mago e Mirajane. Suas roupas também eram bastante estranhas e definitivamente esquisitas. Uma túnica luxuosa de design antigo; padrões escarlates sanguinário adornavam o tecido escuro como breu. Vestindo também uma batina preta, e uma aura maligna se desenrolou. Além disso, os padrões tingidos de vermelho carmesim no tecido eram como se estivessem manchados de sangue. E após um breve silêncio, onde os dois homens de encaravam, Gilles de Rais resolveu se pronunciar novamente:
- Vejo que tem uma coisa que me pertence! E agora tudo faz sentido sobre os acontecimentos de quatro anos atrás... Quer dizer que essa vagabunda conseguiu sair com vida.
O Rei Mago estreitou os olhos, enquanto sentia que Mirajane tremia apenas de escutar a voz do homem que passou anos torturando a mulher.
- Sabe, jovem Rei, essa mulher é minha propriedade e se você insistir em levá-la, poderia implicar em um problema político entre os...
- Poupe sua saliva, Gilles... Ela não vai a lugar nenhum, a não ser voltar para Avalon comigo. Se você não quiser se envolver em problemas, saia da minha frente. – Interrompe Naruto de maneira firme.
- Ora! Mas isso seria um grande problema... Todos esses anos eu fiz vista grossa sobre as coisas que seu reino fazia, mas isso já é um pouco demais, para simplesmente ser ignorado.
- Às coisas que Avalon vem fazendo? Você é louco? Foi graças às suas “pesquisas” que a floresta está desse jeito, foram graças suas magias, que feras medonhas e sanguinolentas frequentam essas terras e NÃO PENSE QUE ME ESQUECI DO SUPOSTO INCIDENTE COM MEUS PAIS, Gilles. – Naruto foi firme e raivoso na parte final de sua frase. – Não me faça tomar medidas mais violentas, para abrir caminho.
- Por acaso seria uma... Ameaça? – Ao encerrar a frase raízes avançaram em direção ao Rei mago, mas antes de tocá-lo, seus olhos brilharam em um azul intenso, fazendo com que elas congelassem.
- Não me faça repetir, seu verme! – Disse entre dentes. – Fazem muitos anos que estou me segurando, para fazer alguma coisa contra você, - Uma forte ventania congelante tomou conta da floresta. – Não force uma situação se não conseguirá controlá-la.
- Esse pirralho está ainda mais forte! – Pensou protegendo o rosto do vento gelado. – Muito bem! Muito bem! Jovem Rei, mas tenha uma coisa em mente. Esse seu comportamento encerra o elo de paz, que seus pais tanto desejaram...
- Esse “elo de paz” se encerrou quando encurralou meus pais, Gilles. – Disse Naruto fazendo com que seu cavalo avançasse.
- E você possui provas dessa alegação?
- É só por isso que está vivo...
Enquanto o Rei passava em frente a Gilles, o homem de olhos esbugalhados fitava Mirajane com um olhar doentio e antes de se afastarem ele sussurra:
- Você voltará a ser minha, e mal posso esperar para ver quanto de tortura seu corpo aguentará!! E ah, jovem Rei, engraçado ter mencionado isso, pois a minha pesquisa finalmente está concluída e agora eu possuo o poder completo das sombras e digamos que isso pode abalar um pouco a ordem natural das coisas. Já ouviu falar em espíritos elementares?
Ignorando completamente o homem, Naruto se inclina para a frente e diz:
- Snow, vamos rápido como o vento.... – E assim o cavalo do Rei Mago correu em uma velocidade assustadora, deixando apenas um rastro de gelo no chão.
Gilles, com um sorriso falso, esperou os três se afastarem e desfez o sorriso assustador dando, em seguida, a ordem aos seus lobisomens:
- Atrás deles!
Os uivos dos lobisomens foram ouvidos por Naruto e Mirajane, que não se surpreenderam nem um pouco com a situação, mas algo atraiu a atenção do Rei Mago, que fitou para seu lado esquerdo e viu um par de olhos amarelos o observando de longe. Quando passou por uma árvore, eles já não estavam mais lá e voltou a sua atenção no retorno ao seu reino. A volta foi tão turbulenta quanto à ida, porém, assim que entraram na densa névoa, tudo se acalmou e o Rei e Mirajane puderam retornar tranquilamente para os portões da primeira muralha.
Ao passarem pelo portão de madeira maciça, Naruto finalmente consegue relaxar seus músculos e observou à platinada, que continuava imóvel e com o rosto baixo, apoiando sua cabeça no peitoral dele. O Rei Mago olhou à sua volta e viu que seus homens haviam chegado a salvo e notou que as sementes já haviam sido entregues. De longe, os comerciantes reverenciaram o retorno de Naruto, que por sua vez inclinou levemente sua cabeça, manobrando seu cavalo e retornando para sua fortaleza.
O retorno, ao contrário de quando estavam indo para a escolta, foi em um galopar lento e tranquilo, enquanto o loiro apreciava a paisagem e o som dos animais noturnos. Os campos de plantações, agora banhados pela luz da lua cheia, graças ao céu estar parcialmente limpo, acalmavam os pensamentos do Rei Mago e fazia o mesmo com Mirajane, que aos poucos foi relaxando seus ombros e braços, até que soltou Naruto, mas continuou com a cabeça apoiada em seu peitoral. O silêncio perdurou até metade do caminho, mas por um impulso inexplicável, o Rei Mago se pronunciou:
- Parece que conseguimos concluir a missão bem... – Mirajane nada disse, sequer se moveu. – E... Atravessamos a floresta sem qualquer baixa. – O silêncio perdurou e o loiro já não sabia mais o que falar até que: – Mas ainda precisamos melhorar algumas coisas! Parece que a sua montaria ainda está muito, muito ruim mesmo. Como pôde perder o cavalo daquele jeito?
Mirajane levantou sua cabeça rapidamente, enquanto Naruto olhava para o horizonte, evitando a mulher, que lhe fitava com um olhar desconfiado.
- Talvez seja necessário aumentar seus horários de treino... E nossa, o que foi aquela magia de relâmpago? Totalmente despretensiosa e fraca. Sem qualquer elegância... Sua magia é de raios. Porque não criou um campo elétrico, evitando qualquer esforço? – Continuou o Rei em seu monólogo.
Mirajane logo entendeu onde Naruto queria chegar e lhe deu pequenos socos no peitoral da armadura, enquanto inflava as bochechas, e ele continuou:
- Mas você se mostrou mais calma e forte, claro ainda apavorada mas eu não te culpo. Você fez muito bem hoje... Estou orgulhoso! – Encerrou fitando a platinada, que o fitou no fundo dos olhos iluminados pela lua cheia e se sentiu corar, voltando a esconder seu rosto no peitoral do rapaz.
- O-obrigada! – A resposta foi em um tom baixo, fechando os olhos por um instante, com um pequeno sorriso no rosto.
- A propósito. Sobre seu aniversário... Acho que... podemos tentar dar uma volta.
Mirajane levantou sua cabeça novamente fitando o loiro, que fitava novamente o horizonte, mas dessa vez nitidamente envergonhado.
- Contanto que a gente evite os locais mais aglomerados! Pode ser assim? – Complementou.
A platinada abriu um largo sorriso e disse:
- Com certeza... – Encerrou dando um pequeno abraço no homem e voltou a repousar sua cabeça no peitoral dele.
Após a breve conversa, percebendo que havia conseguido animar a mulher, o Rei Mago se silenciou e desfrutou daquele breve momento de paz, que tinha até chegar ao castelo.
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De volta ao Reino das Sombras, Gilles parecia extremamente nervoso andando sem parar em frente ao seu trono negro. As palavras ousadas do Jovem Rei Mago perturbavam seus pensamentos.
- Forçar o caminho! Não aguentar com ele? Que ousado esse verme... Eu juro que isso não vai ficar assim! Vou acabar que aquela merda de Reino e pegar aquela vagabunda de volta. Ela é minha, minha propriedade! Minha escrava e minha mão de obra. Certeza que ela deve ter usado seus poderes de sedução, para fazer com que o Naruto ficasse com ela... Deve ter aprendido a usar seu lado feminino. Mulheres.... Traiçoeiras até o fim!! Não podemos confiar nesses seres desprezíveis. Me dá nojo o jeito que elas tentam te seduzir, para conseguir favores. Com você não foi diferente Joanne D’arc. – Mas o pensamento perturbado do homem dos olhos esbugalhados foi interrompido com um par de olhos surgindo no escuro.
- Majestade...
- Hum? Então você já chegou? – Disse fitando a pessoa escondida nas sombras. – Como foi?
- Como o senhor previu... Os espíritos estão perturbados. O desequilíbrio natural das sombras começou a incomodá-los!
- Ótimo! Com as minhas sombras ocupando cada vez mais os terrenos dos espíritos elementares, mais eles ficarão perturbados e incomodados. O conflito entre eles vai acabar sendo inevitável, pois eles precisam das energias que as minhas sombras matam, e quando isso acontecer eu terei certeza de estar lá, para captura-los e me tornar o quinto elemento. Aquele que reestabelecerá a ordem entre os espíritos elementares e os controlará.
- Água já está cedendo. Aos poucos perde sua força. Fogo e Vento ainda possuem muitas terras! Precisaremos de mais tempo para conseguir afetá-las e quanto à...
- Então só precisamos de mais um empurrãozinho, não é mesmo? - Interrompeu o homem.
- Majestade, se me permite... Apressar as coisas agora não é uma boa ideia! Água já está se descontrolando, se os três espíritos perderem suas fontes no mesmo tempo, podemos acabar....
- Cale a boca, sua nojenta!! Se ponha em seu lugar e não se esqueça por que está aqui.
- M-me desculpe! – Disse cerrando os punhos e abaixando a cabeça.
- Meu Rei... – Interrompeu um homem vestindo apenas uma calça de cabelos negros cumpridos e o corpo coberto por cicatrizes.
- O QUE?! – Gritou incomodado por ter sido interrompido.
- O Rei de Avalon conseguiu escapar novamente...Depois que ele entrou na névoa, nós acabamos...
- Fazem mais de 10 anos que aquela merda de névoa protege a floresta e faz a porra de 10 anos que vocês não conseguem me trazer aquele MOLEQUE!!!! – Disse criando uma pulsão de sombra atingindo o homem que caiu de joelhos.
- Eu mandei mais de meus homens, mas ainda não retornaram. Eles sempre acabam se perdendo da névoa e ao chegar em um determinado ponto, ele simplesmente retornam.
- É obvio que é uma magia de ilusão, seus Lobisomens inúteis! Não sei por que ainda os deixo ficarem aqui... Principalmente depois de terem deixado aquela... – Interrompeu a fala respirando fundo e se sentando no trono. – Vá embora daqui antes que eu te mate. – Disse passando os dedos em suas têmporas e de olhos fechados.
- Majestade... – Disse se levantando rapidamente e indo embora.
- Inúteis... – Disse olhando para as sombras e percebendo que a pessoa com quem conversava antes de ser interrompido havia ido embora. – Não vou deixar que aquele moleque me faça de tolo e por isso vou acelerar meus planos. Agora, onde eu estava... – Disse pensativo levando o dedo ao queixo. – Ah sim! Está na hora de avançarmos algumas etapas... – Encerrou abrindo um largo sorriso e fazendo uma poeira negra sair, aos poucos, de baixo de sua túnica e se esgueirando para fora da enorme fortaleza.
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As sombras foram seguindo o seu caminho na floresta escura. A fumaça negra sugava toda energia vital do que tocava: animais, plantas, árvores tudo morto após a passagem daquele elemento negro deixando, assim, um rastro de destruição no meio da densa vegetação verde.
Por alguns quilômetros a névoa negra se esgueirou, até que chegou a um enorme lago cercado de altas árvores. O lago cristalino, conhecido por muitos como um santuário, pois as água possuíam propriedades de cura, tinha uma cor azulada bem clara e mesmo estando de noite, suas águas eram brilhantes graças à grande quantidade de luz da lua cheia, mas conforme as sombras foram ocupando a superfície do lago, a visão foi se alterando cada vez mais, até que se tornou uma água escura e fosca e conforme a água ia se tornando turva toda vida que tinha nela foi se esvaindo aos poucos.
Com as sombras chegando exatamente ao centro do enorme lago a visão havia se alterado completamente, inclusive o cheiro se tornou algo insuportável. Porém, naquele mesmo local, as sombras não conseguiam avançar, deixando apenas um pequeno circulo descoberto. Aquela pequena circunferência do lago, intacta e pura, deu lugar a uma mulher, que ia emergindo aos poucos das profundezas daquele ponto de água cristalina que ainda restava. A mulher de cabelos azuis, longe que iam até a metade de suas costas, que usava um vestido branco até a metade de sua coxa, agora parada em cima da água notou que as sombras finalmente haviam conseguido encobrir completamente aquelas águas e, inclusive, encobriam seus pés. Sem entender, se questionou o que seria aquele elemento que envolvia seu local sagrado:
- Sombras? – Disse se abaixando e enfiando sua mão debaixo d’água analisando. – Tsc! – Resmungou ao perceber que todos os seres vivos, que ali existiam, haviam sido mortos e toda pureza daquele local havia sido sugada.
Após entender o que havia acontecido se levantou com um olhar assustador e olhou à sua volta, observando que em apenas um lugar as árvores estavam escuras e secas, percebendo, imediatamente, que aquele foi o caminho percorrido pela escuridão até chegar ao seu santuário. Após identificar a direção, começou a caminhar sobre a água, agora turva, lentamente enquanto sua feição parecia se transformar para algo completamente raivoso.
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