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História Galway Girl - Capítulo Único


Escrita por: misharuno

Notas do Autor


Olá bebês, sei que tenho muitos capítulos a atualizar, mas hoje vim trazer uma nova história para vocês.

Galway Girl foi inspirada na música do cantor e compositor britânico Ed Sheeran, a one é um desafio feito pelas fadinhas Samehada e Sammpaz.

Algumas observações e curiosidades do capítulo.

Connah's Quay é uma vila galesa no leste do condado de Flintshire, perto da fronteira com o condado inglês de Cheshire. A vila está perto do rio Dee. No censo de 2001 Connah's Quay teve uma população de 16.526 e por isso é a maior localidade de Flintshire.

Grafton Street: A Grafton Street é uma das duas principais ruas comerciais do centro da cidade de Dublin, sendo a outra a Henry Street.

Jukebox é um aparelho eletrônico geralmente acionado por moedas, dinheiro ou cartão que tem por função tocar músicas escolhidas pelo cliente que estejam em seu catálogo. Costumam ser encontrados em estabelecimentos comerciais como bares e lanchonetes.

Sir George Ivan "Van" Morrison, é um cantor e compositor britânico, natural da Irlanda do Norte.

A cèilidh ( pronúncia gaélica escocesa ) ou céilí ( pronúncia irlandesa ) é uma reunião social escocesa ou irlandesa tradicional. Em sua forma mais básica, significa simplesmente uma visita social. No uso contemporâneo, geralmente envolve dançar e tocar música folclórica gaélica , seja em uma festa em casa, em um concerto maior em um salão social ou outro local de encontro da comunidade.

Carrickfergus é uma canção folk irlandesa.

Galway é uma cidade da Irlanda e é capital do condado homônimo. É a quarta maior cidade do país e a maior da província de Connacht.

O Luas (que significa velocidade, em irlandês) é um transporte público de Dublin também conhecido como metrô de superfície.

Frase citada por Sasuke: Something in the way she moves, Attracts me like no other lover. É de uma música da banda Os Beatles. Tradução: Alguma coisa no jeito em que ela anda, me atrai como nenhum outro amor.

The Caver Club: Um dos pubs mais famosos de Liverpool onde os Beatles fizeram sua primeira apresentação, na cidade de Liverpool na Inglaterra, Reino Unido.

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Antes de ir embora aqui vai meus agradecimentos:

Primeiramente a Samm e Same, que me desafiaram a uma One e surpresa, tem menos de 10 mil palavras.

A Suuhsz que fez essa capa maravilhosa.

E a Bella (sunrays) que corrigiu todo o capítulo.

Agora sim, conheçam Galway Girl <3

Capítulo 1 - Capítulo Único


 Connah's Quay, País de Gales.

Meia hora. Já fazia meia hora que eu estava embaixo do chuveiro passando parte do que seria minhas últimas horas no vilarejo de Connah’s Quay, no País de Gales. Em breve pegaríamos a estrada novamente e dessa vez o destino era a Inglaterra, mais precisamente a cidade de Liverpool onde a nossa próxima trip começaria. Em meus nove anos como Mochileiro um dos lugares em que mais tive ansiedade em conhecer foi a cidade de Liverpool, sim por razões básicas,  o berço de uma das maiores bandas de todos os tempos. The Beatles. Não que ainda não houvesse ido a inglaterra, mas no outro mochilão em que fizemos para conhecer o Reino Unido, marcamos as capitais como o principal - devido a nossa baixa renda e tempo de estadia reduzido - e tentamos conhecer alguns dos outros locais no susto, consequentemente, não houve tempo ou dinheiro para Liverpool. Eu deveria estar animado não? Eu era um homem de vinte e sete anos prestes a realizar um dos meus maiores sonhos, nem meus pais que já viveram a cinco décadas tinham tantos lugares carimbados no passaporte quanto eu. E por mais que eu ainda tivesse real intenção de conhecer a casa de Lennon e McCartney ou fazer parte do Magical Mystery Tour, uma pequena viagem de duas horas em torno de lugares que trouxeram a fama de Beatles, agora, nesse exato momento, eu gostaria de estar em somente um lugar. E é por isso que a quase quinze minutos, enquanto a água quente escorria por meu corpo eu tinha olhos para somente um local, e esse local tinha o nome de uma das principais ruas da Irlanda, Grafton Street, tatuado em runas com a letra dela. 

Quando completei dezoito anos meus pais certamente, me mandaram a universidade, eles escolheriam qualquer outro curso se fosse possível, mas eu escolhi o de turismo.  Não conclui, fiz somente um semestre e no segundo comecei a viajar pelo mundo afora junto do melhor amigo que a faculdade poderia me dar, quando voltei da minha trip de sete meses consegui arrastar meu irmão para a próxima e desde então eu disse que só iria parar de viajar quando encontra-se o meu lugar no mundo. Eu tinha real paixão por Estocolmo, minha cidade natal, mas sabia que não seria ali que eu passaria o restante dos meus dias. Aos vinte e dois anos pensei ter encontrado o meu lugar no mundo e me mudei durante um ano para Barcelona, aos vinte e quatro pensei novamente ter encontrado e passei um ano e meio em Reykjavik, capital da Islândia. Depois de passar meio ano com os meus pais, saímos novamente para uma trip, a qual já estava com a duração de quase um ano e que a cinco semanas me fez perceber que eu não estava procurando por um lugar. 

Cobri as letras em meu antebraço esquerdo com a mão direita e fechei os olhos tentando pensar, eu deveria estar com tesão agora só de imaginar como seria quando eu chegasse na Inglaterra novamente, o único problema em tudo isso, é que por mais que eu conhecesse boa parte do mundo a fora, eu ainda não tinha provado o maior sentimento que as pessoas tinham a oferecer, e quando a cinco semanas atrás eu tive a oportunidade, senti um gosto amargo na ponta da língua ao deixá-la para trás. Na verdade, foi ela quem me deixou partir. Quando eu realmente queria ter ficado, eu não achava que queria, eu tinha certeza. 

Pensando nela, sai do banho com a toalha enrolada na cintura e sentei-me a pequena cama de solteiro sentindo o vento gélido do inverno bater contra a minha pele, peguei um pequeno papel e uma caneta colocando-me a escrever, alguns acordes foram tocados no violão, mas eu não consegui passar da linha em que dizia o nome da rua Grafton Street. 

“Eu a vi na Grafton Street, à porta do bar.”

— Sabe que estás sendo injusto, não sabe? — Naruto perguntou assim que entrou ao quarto e se deu conta de que eu ainda não estava pronto. — Ela é o seu lugar Sasuke, deveria voltar. — Continuou, enquanto eu dobrava o papel em quatro partes. 

— Pode até ser Naruto, mas eu não sou o lugar dela. — Me convenci, levantando-me para trocar de roupa, eu tinha de deixar mais um lugar para trás. 

5 semanas atrás

Dublin, Irlanda.

Já faziam uns bons minutos que meu irmão estava a flertar com o cara loiro, de cabelos compridos e olhos azuis como os de Naruto, o último citado não estava junto a nós já que durante a apresentação do músico a nossa frente, ele se mandou com uma mulher cujo eu sequer lembro o nome. 

Não passava das oito da noite, e esse era o nosso penúltimo dia - completo - na Irlanda, e como aparentemente eu era o único homem desacompanhado, decidi que seria melhor ir perambular pelo hostel, aproveitar o restante da feira cultural que acontecia por aqui, e deixar os dois homens adultos com interesses bastante comuns a sós, mais tarde eu poderia me aventurar pelos diversos bares da cidade. 

— Itachi — Chamei a atenção de meu irmão para mim.  — Acho que vou dar uma volta por aí. — Inclinei a cabeça indicando todas as pessoas que perambulavam pelo local. 

— Podemos sair mais tarde?! — Foi Deidara quem sugeriu, eu só não sabia se estava incluso. — Eu também preciso ir agora — Alternou o olhar de mim para Itachi. — Mas combinei de ir a um Pub na Grafton Street com a minha irmã mais tarde.  — Voltou o olhar para mim. — Ela iria vir hoje mas teve um contratempo, a alguns anos tocava aqui no hostel também, era violinista em uma banda Irlandesa. — Concluiu girando a long nec pela metade em mãos, e por um momento eu realmente me interessei. 

— Era? — Perguntei, gostaria mesmo de saber o que aconteceu com a banda Irlandesa. 

— Em umas dessas feiras culturais ela conheceu um cara Inglês, e meses depois foi morar com ele na Inglaterra. — Ele disse deixando a garrafa de lado, enquanto cruzava os braços de um modo que parecesse relaxado. 

— E o marido dela vem também? — Foi Itachi quem perguntou, claro que já aceitando o convite. 

— A não, eles não estão mais juntos. — Respondeu, enquanto Itachi virava um gole de sua cerveja. — Mas ela morou lá por alguns bons anos, é completamente apaixonada pela Inglaterra e como vocês disseram que em breve estarão lá, talvez ela possa dar dicas. 

— Não precisava contar toda a história da sua irmã pra me chamar para sair. — Itachi sorriu fazendo Deidara passar a língua entre os lábios, enquanto eu apenas cocei minha garganta. — Mas tenho certeza que Sasuke vai adorar dicas sobre a Inglaterra. — E iria mesmo. Para ser sincero, a garota sem nome, ex violinista de uma banda Irlandesa e moradora da Inglaterra, conseguiu despertar minha curiosidade, será que ela conheceu Liverpool? 

— As onze? — Perguntei e Deidara concordou, nos deixando sozinhos logo depois ao despedir-se de Itachi com um beijo na bochecha. 

Chegamos a Grafton Street por volta das onze e quinze. Como esperado a rua que era uma das duas principais do comércio de Dublin estava lotada, apesar de ser muito tarde e a maioria das lojas estarem com suas portas fechadas, havia todo o tipo de gente no local, aproveitando os restaurantes e pubs da cidade, assim como os milhares de artistas de rua, sim dizer milhares pode ser exagero, mas havia escultores de areia, estátuas humanas, dançarinos, acrobatas, desenhistas e claro que músicos, tocando diversos gêneros musicais. E eu poderia jurar que a estátua de Molly Malone era o monumento mais bonito daquela rua, na verdade, eu sempre jurei, até ver a garota de cabelos extremamente curtos e cor de rosa do outro lado da rua em frente ao Pub O’connell’s.  

Diferente de todas as outras mulheres do local que pareciam muito bem arrumadas, ela usava uma camiseta branca com uma camisa de flanela xadrez amarrada em sua cintura e uma jaqueta que não soube dizer muito bem se era preta, a calça jeans clara, era toda rasgada e nos pés um par de tênis branco. Não que eu fosse um amante de moda ou reparasse perfeitamente bem na roupa de todas as mulheres que me interessavam, contudo, ela parecia ser tão... 

— Sasuke? — Itachi me chamou no momento em que ela olhou para mim, e eu respondi apenas com um hm. — Deidara. — Apontou, fazendo com que eu me desse conta de que a garota de cabelos cor de rosa estava ao lado dele o tempo todo. 

Olhei para itachi e apenas acenei com a cabeça já atravessando a rua, indo em direção ao cara sentado tocando um violão, tendo cada vez mais certeza que sua irmã era a garota em questão.  

— Ei — Deidara nos saudou se levantando, segurou o violão apenas pelo braço e comprimentou Itachi com um abraço ladino e um beijo no rosto, da mesma forma como foi comigo segundos depois, enquanto apenas um único olhar curioso nos observava. — Sakura? — Ele chamou a garota que agora tinha um cigarro entre os lábios e isqueiro entre os dedos. — Esses são Itachi e Sasuke, os viajantes que conhecia mais cedo no hostel. — A garota soltou a fumaça para cima, e estendeu seu cigarro a mim, deixando-me completamente absorto, aquele gesto era quase como um convite e seus olhos completamente hipnotizantes e persuasivos só reforçaram isso. 

Meus  dedos tocaram os seus e diferente dos meus, eles estavam quentes. Deidara começou a juntar a grana jogada dentro da case do violão, enquanto desenvolvia um assunto com Itachi do qual eu e ela não estávamos inteirados. 

— Então — Disse tomando o cigarro de meus dedos. — Estocolmo? — Perguntou, tentando criar um assunto só nosso. 

— Sim, a algumas milhas de casa. — Respondi enfiando ambas as mãos no bolso da calça preta. — Mas e você, como é estar de volta a Irlanda? — Perguntei e aparentemente eu não era o único a ter recebido informações. 

— Já fazem alguns meses. — Ela respondeu, passando-me o cigarro que já estava quase no final. — De todo modo é como se nunca houvesse ido. 

— Aqui é realmente sua casa. — Respondi, percebendo o quão a vontade ela parecia com tudo. 

— Sim e parece que você se encontrou aqui. — Disse observando algo em meu antebraço, graças a manga do casaco dobrado. — Tem algum significado? — Perguntou, tocando sem se importar em ter permissão a tatuagem em gaélico em meu antebraço.

— É uma música, de um amigo. — Disse olhando para o braço com certa nostalgia. — Ele escreveu no nosso primeiro dia aqui na Irlanda.

— Certamente estavam bêbados. — Disse com um pequeno sorriso nos lábios e brilho nos olhos. 

— É estávamos. — Confirmei aquilo que ela já sabia, e então olhei os dois homens entretidos um no outro. — Você quer beber algo? — Perguntei, indicando a porta do pub e a garota apenas acenou em concordância. 

— Sinto muito por Deidara ter usado minha estadia na inglaterra para ter atraído vocês até aqui. 

— Na verdade, acredito que ele me usou para se livrar de você. — É certo que em algum momento eles fossem querer ficar sozinho, só não pensei que fosse tão rápido e ela também não pensou. 

— Bom, — Ela se virou de frente para mim com os lábios comprimidos, seus dedos levaram os fios de seu cabelo para trás da orelha, quase que em vão, já que os mesmos voltaram a estar em frente ao seu rosto na altura de sua boca. — Não vou poder te mostrar muito sobre a Inglaterra mas, posso ser uma ótima parceira de bar aqui na Irlanda. — Disse olhando aos lados e sem deixar que desse qualquer resposta pediu para que eu escolhesse uma mesa. 

A garota voltou um pouco depois com duas doses de Uísque Jameson, o só fez com que meu interesse aumenta-se, nenhuma mulher havia tomado Uísque como ela em minha presença. Assim que a primeira dose acabou, ela estalou os dedos e um garçom anotou seu pedido, mais duas doses de Uísque Jack Daniels, por mais a vontade que ela estivesse às vezes tinha impressão de que ela só estava tentando quebrar tensão ou somente queria se divertir. Como um bom companheiro de copo que sou, evitamos mais palavras a princípio, tudo o que tínhamos agora era uma mesa com dois copos Guinness transbordando Uísque Powers, suas bochechas já estavam devidamente coradas, mas seus olhos passeavam pelos meus sem qualquer pudor, sem dúvida alguma era o olho mais lindo que eu já havia visto em minha vida toda. 

— Eu disse que aqui é realmente sua casa — Voltei a puxar assunto, enquanto a garota bebia mais da metade do líquido escuro em seu copo. — Mas, como foi sua experiência morando fora? 

— Bom, — Disse após apoiar seu copo sobre a mesa. — A inglaterra é linda, felizmente tive a oportunidade de conhecer muitos lugares quando estive por lá, fiz bons amigos, mas eu não fui pra lá da maneira mais fácil. — Ela comprimiu os lábios em um sorriso ameno e eu percebi esforço que ela fez para não se entristecer. — Mas quando voltei percebi que havia dado um tiro em meu próprio pé. 

— Podemos mudar de assunto se quiser. 

— De todo modo, você vai amar Liverpool. — Disse e eu a encarei, com um pequeno sorriso ladino em meus lábios.

— Tenho certeza que essa informação eu não passei ao seu irmão. — Segui a direção de seus olhos, e tinha de admitir que às vezes ela era mais observadora do que eu. — Ok, uma tatuagem, mas eu já estive na inglaterra antes! 

— Foi só um chute, de todo modo você é quase um Jude em Across The Universe, não é como se eu não fosse saber que esse é um de seus lugares do sonho!

— Sendo assim, — Toquei seu queixo para ter o seu olhar no meu, e Sakura passou a língua entre os lábios. — Você é a Lucy, mas é ainda mais bonita do que a do filme. 

— Você tem algumas moedas? — Pediu sem qualquer tipo de vergonha embutida por trás, contudo, mudando o rumo da nossa conversa.

Enfiei as mãos no bolso do casaco e entreguei as moedas à ela, ainda que desconfiado. Sakura levantou-se e caminhou em direção a Jukebox posicionada em um canto do bar, a melodia de uma das músicas de Van Morrison começou a soar pelo local e Sakura colocou-se a dançar no meio do bar. 

Diferente de todas as mulheres em seus salto altos, rostos impecavelmente maquiados e roupas que mostravam todas as suas curvas. Sakura é única. Seu cabelo é mais curto do que o meu e com certeza menor do que o de todas as outras garotas ao seu redor, sua pele parece porcelana e as sardas fazem com que suas bochechas rosadas ganhem ainda mais graça, eu sequer consigo imaginar o tamanho da maciez que sentirei ao tocar-lá, se é que eu vou tocar-lá. Seus olhos chamam a atenção e hipnotizam qualquer marmanjo sem qualquer linha negra o adornando. Sua boca é naturalmente vermelha, carnuda e com certeza aveludada. E seu corpo, por baixo de todos aqueles tecidos largos, é um mistério que eu quero muito desvendar.

Acho que não preciso dizer que eu não fui o único a colocar toda e qualquer atenção sobre a garota de cabelos cor de rosa, e acho que também não preciso dizer que o balançar de seu corpo, junto ao sorriso estampado em seus lábios e os olhos suavemente fechados me deixaram ainda mais atordoado, a irlandesa não estava tentando chamar a atenção de ninguém, ela apenas queria se divertir, apenas sentia a música, como ninguém mais. 

Nunca fui o tipo de cara que gosta de dançar, mas entendi nesse exato momento, por mais estúpido que tudo isso fosse, que eu queria ver aquela garota feliz, e se pagar mico ao meio de um bar lotado significasse isso, eu o faria, só para ter a sensação de ver aquele sorriso largo e cheio de vida sendo direcionado exclusivamente a mim. 

Levantei-me e caminhei até ela que agora estava de costas a mim, não resiste a vontade de beijar seu pescoço, e antes que o pequeno ser a minha frente pudesse me insultar, eu soprei em seu ouvido que só queria dançar. Ela pareceu aliviada quando me olhou, e após ofertar-me um sorriso foi dançando comigo a passos desajeitados até o outro lado do salão. Ela me desafiou a jogar dardos e sinuca, e sim ela venceu os dois. Contudo, se eu soubesse o que estava por vir, teria perdido para ela um milhão de vezes mais. 

Seu prêmio de consolação? Um beijo, daqueles que você nunca mais esquece. Eu sei que eu estou antecipando o momento, e  ainda que eu tenha vinte e sete anos e já tenha tido alguns do tipo, o dela, era diferente de todos os outros. A forma como ela se aproximou de mim encostado à mesa de sinuca, meus braços cruzados poderiam gritar que eu não queria o contato, mas eu queria muito. Seus olhos queimavam minha pele mesmo por cima do casaco, seus olhos, tão verdes, tão puros e inocentes, mesmo que o sorriso em seus lábios venham carregados de malícia. E ela foi a primeira garota a me beijar com os olhos, antes mesmo de tocar os meus lábios, provavelmente seria a última também. Ninguém faria como ela faz. Suas mãos tocaram minha cintura e minha guarda, se é que tinha alguma, abaixou. Ela encaixou-se entre minhas pernas e ficou na ponta dos pés, meus dedos apertaram seu pescoço fazendo a garota jogar sua cabeça para trás, mas ela logo se concentrou quando meus dedos entrelaçaram em seu cabelo curto, a puxando para mais perto. 

— Quantas vezes mais eu terei de perder? — Perguntei, já próximo a seu ouvido, enquanto nosso corpo se encaixava em uma dança lenta e silenciosa. 

— Algumas. — Foi tudo o que respondeu ao olhar nos meus olhos, como uma felina, suas pupilas estavam dilatadas o suficiente para denunciar que já não havia sanidade alguma em seu ser, e eu não a julgo, talvez eu esteja mais absorto do que ela, com certeza sim. 

Era como se não houvesse mais ninguém dentro bar, só eu, ela e o nosso beijo, e eu poderia fazer um texto de cinco mil palavras só para descrever isso, mas é indescritível. Por antecipação eu disse que ninguém faria como ela, e eu nunca estive tão certo. Seu beijo era único, característico e eu duvido que alguém pudesse ao menos se igualar. E eu queria ter mais deles, em outro lugar, um que realmente não existisse plateia - mesmo que ela fizesse esse detalhe, ser inexistente - eu queria mais.

— Porque não pedimos a saideira — Disse entre mais algumas mordidas e chupões. — e vamos embora daqui? — Perguntei, fazendo a garota finalizar o beijo com alguns selinhos. 

— Você pega? — Disse girando nossos corpos, minhas mãos foram a sua cintura e eu a ajudei a sentar-se na mesa de sinuca. — Eu confio em você. — Disse roubando-me mais um beijo, antes de eu ir. 

Fui até o bar e busquei duas doses de Uísque, por mais que a garota em minha companhia surpreendesse-me já havíamos bebido o suficiente. É talvez não, já que eu mesmo tive de virar as duas doses, uma vez que Sakura estava a dançar Ceilidh com alguns homens e mulheres no bar, encostei-me novamente a mesa de sinuca e foquei meu olhar ao seu, enquanto todos faziam movimentos com precisão, ela somente sentia a música. 

A música acabou e Sakura começou a conversar com dois caras enormes, quando menos esperei, ela estava em cima de uma mesa de sinuca de frente para a minha, os grandalhões começaram a pedir silêncio e quando todo aquela parte do bar finalmente se calou, Sakura começou a cantar, ditando a melodia da música somente com seus pés. Sua voz era doce, e o momento leve. Nada do que há vi fazendo até então saiu de forma forçada ou duvidosa, a mulher com quem baguncei durante toda a noite, era apenas ela, e mais ninguém. Nunca pensei que fosse encontrar um ser tão genuíno, mas encontrei e enquanto ela cantava Carrickfergus somente para mim, e eu entendi o quão sortudo sou. 

Eu estou bêbado hoje e estou raramente sóbrio

Um vagabundo bonito de cidade em cidade

Mas eu estou doente e agora meus dias estão contados,

Venham todos vocês homens jovens e me deito

— Você não cansa de me surpreender? — Perguntei a puxando pela mão assim que os dois grandalhões a ajudaram descer da mesa. — Desbanca muito cara bebendo Uísque sem ao menos fazer careta, adora Van Morrison e é a melhor jogadora de dardos e sinuca que já conheci, dança ceilidh como ninguém e de todas as vozes que ouvi cantar Carrickfergus a sua com certeza é a que mais se encaixa. — A puxei para mais perto, suas mãos foram a minha cintura e Sakura me olhou nos olhos. — Tem mais alguma coisa que eu devo saber sobre você? 

— Muitas. — Ela disse roubando-me um selinho. — Por ora, tem algo que eu tenho vontade de fazer. — E então sorriu como uma criança travessa. 

— Vai tocar violino? — Perguntei, o que de melhor teria para me mostrar se não a sua arte?

— Talvez mais tarde — Disse entrelaçando seus dedos aos meus. — Agora vem. — E eu fui sendo puxado por ela em direção a saída.

A noite estava mais fria do que horas antes quando chegamos, saia fumaça de nossos lábios e o vento forte amenizava o cheiro de cigarro e uísque em nossas roupas e a mulher de cabelos róseos, como se não houvesse ingerido uma gota de álcool decidiu alugar bicicletas. 

— Eu sempre quis fazer isso. — Disse assim que subiu em cima da bicicleta. 

— Andar de bicicleta, bebada às três da manhã? — Perguntei e seus lábios comprimiam-se na tentativa falha de esconder um sorriso.

— Não estranho. — Rebateu, lembrando-me de que éramos apenas estranhos curtindo a noite de vinte e dois de dezembro. — Não que seja de todo mal, mas na real eu quero te levar à um lugar — Olhando para mim, suplicou, seus olhos verdes me pediram permissão. — Acha que consegue me acompanhar? — Apenas gargalhei com sua pergunta, não tinha certeza nem que Sakura conseguiria sair do lugar, mas sim, me surpreendendo novamente, ela conseguiu. 

Tudo bem que nem sempre nossas bicicletas andaram em linha reta, que Sakura quase atropelou uma estátua viva e eu quase bati em um poste, ainda assim, mesmo com todos os obstáculos chegamos onde ela queria e novamente eu estava surpreso, nunca pensei que Sakura fosse me levar a um estúdio de tatuagem. 

Fomos recebidos por uma loira mau humorada que reclamou durante uns quinze minutos o fato de Sakura a ter tirado da cama a uma hora dessas, e realmente fazia sentido. Eu já havia feito uma tatuagem no local e se me recordava bem, a essa hora eles já estariam fechados a tempos.

— Gaara já se preparou? — Perguntou Sakura sobre o mesmo tatuador, que havia tatuado a frase em gaélico no meu braço.

— Estão esperando vocês na sala dele. — Disse e Sakura sorriu, agradecendo a amiga que descobri se chamar Ino e ser namorada do famoso tatuador de Dublin. 

— Obrigada por essa exceção. — Ela entrou dizendo e Gaara logo me reconheceu.

— Quando você disse que queria realizar seu sonho adolescente, nunca imaginei que seria com um estranho. — Disse cumprimentando-me, enquanto eu me preocupava com duas palavras “sonho” e “adolescente.”

— Sonho adolescente? — A encarei, mas quem me respondeu foi Ino.

— Sakura sempre teve vontade de tatuar alguém, provavelmente você é a cobaia. — Disse Ino já ajudando Gaara arrumar todos os materiais necessários. 

— Se não quiser, tudo bem. — Ela disse e eu apenas caminhei para mais perto da maca. 

— E perder a oportunidade de ter uma tatuagem feita pela garota de Dublin? — Seus olhos se estreitaram, mas então ela sorriu.

— Obrigada pela ideia. — Disse aproximando-se, suas mãos subiram mais a manga de meu casaco e Sakura escolheu tatuar em baixo da tatuagem de Naruto, em meu antebraço direito. 

Sakura foi trabalhar sua arte e Gaara a esperou pacientemente enquanto conversava comigo sobre a minha penúltima noite na cidade. 

— Acabei. — Disse entregando o papel para Gaara e logo as letras em alfabeto rúnico estavam visíveis em meu braço. 

— Em runas? — Se quer dei atenção para o que ela havia escrito.

— Não curti? — Perguntou meio incerta. 

— Você é mesmo uma caixinha de surpresas. — Disse voltando a olhar para as duas palavras e só então percebi que Sakura não era só mais uma na multidão da cidade de Dublin. — Garota de Galway? — A encarei e ela me ofertou um sorriso doce.

— Prazer, Sakura Haruno — Respondeu, e Gaara indicou seu lugar a ela com a cabeça. 

— O prazer é meu — Disse quando ela sentou-se à minha frente. — Garota de Galway.

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— Para onde vamos agora? — Perguntei, ainda olhando a tatuagem em runas no meu braço, não era a mais perfeita de todas, mas com certeza havia se tornado uma das minhas favoritas. 

— Acho que ir para casa seria o melhor agora, já está tarde. — Disse sendo logo a próxima para fazer a entrega das bicicletas.

— Tudo bem, eu te deixo lá. — Na verdade não queria, todo tempo ao lado dela era pouco, mas eu faria mesmo assim. 

— Obrigada. — Foi tudo o que disse antes de novamente me puxar pela mão. 

Fomos caminhando até a estação de metrô, compramos o ticket e logo estávamos dentro do O Luas, indo em direção a casa de Sakura. O silêncio tomou conta do nosso caminho, mas não é como se estivessemos desconfortaveis, pareciamos nos entender até mesmo nisso. Em boa parte do tempo, Sakura pousou sua cabeça em meu ombro e passou os dedos devagarinho por meu braço, próximo a nova tatuagem coberta por plástico filme. Ela sentia tanto quanto eu, não era loucura, eu podia sentir. E por sentir tanto, entendi que talvez aquela fosse a nossa despedida, nosso último momento juntos.

 — Está entregue. — Disse analisando a típica casinha colorida de dois andares em um bairro qualquer de Dublin.  

— Você… — Hesitou um pouco, até que conseguiu olhar-me nos olhos. — Quer entrar? — Perguntou. 

— Você precisa descansar. — Disse completamente consciente sobre o estado da garota, que embora forte, não estava nada sóbria. 

— Te ofereço Doritos e Vinho. — Insistiu, como se toda a bebida de antes não fora suficiente. — E um lugar quentinho! 

— Tudo bem, será que nossos irmãos estão aí? — Perguntei sem saber muito o que dizer. 

— Deidara não traz suas conquistas para casa, ele tem alergia a relacionamento sério e acha que colocar uma pessoa da porta para dentro é dar espaço para a esperança. — Concluiu sem olhar para mim, girando a maçaneta da porta e eu não hesitei em perguntar.

— E você? 

— Eu? — Indagou virando-se para mim imediatamente com a porta completamente aberta. 

— É alérgica a relacionamentos? — Sakura me encarou por alguns minutos e sua voz sumiu, vi quando seus olhos desviaram-se e ela engoliu em seco. — Novamente eu to falando disso, só fiquei curioso.

— Com o quê? — Questionou, criando coragem para falar.

— Você é especial garota de Galway. — Confessei,  sentindo uma estranheza em meu peito que batia completamente desgovernado. — Não entendo como um cara tem coragem de te deixar partir.

— Relacionamentos apenas não dão certo Sasuke. — Disse voltando a me encarar. — Você já deveria saber disso. 

— Eu não sei. — Novamente confessei. — Minha única referência são meus pais, e aparentemente se amam muito.

— Mas e você? — Deu um passo para trás, dando espaço para que eu entrasse de uma vez e assim eu o fiz. — Suas experiências? Relacionamentos passados?

— Não tive. — Disse de uma vez. — Nunca me relacionei afetivamente com ninguém. 

— E porque não? Quer dizer, quantos anos você tem? Não deveria querer casar, ter filhos, formar uma família? — Perguntou, indo até a pequena adega na sala de dois ambientes. 

— Você queria isso quando foi para a Inglaterra? — A questionei, enquanto ela abria o vinho com a maior facilidade do mundo. 

— Eu o amava. — Virou-se para mim. — O que mais poderia querer? — E ela tinha razão, é isso o que fazem quando duas pessoas se amam. 

— Eu nunca amei. — Disse caminhando para o sofá. — Ninguém nunca encheu meus olhos a ponto de me fazer desistir da minha vida. — A garota me seguiu, deixou a garrafa de vinho em cima da mesinha de centro e saiu em silêncio, voltando logo com uma vasilha cheia de nachos. 

Ela ligou a televisão e depois a lareira abaixo dela, diferente de mim que estava sentado no sofá, sentou-se ao chão encostando suas costas no móvel, pegou a garrafa de vinho e tomou direto do bico e eu sentei-me ao lado dela, fazendo o mesmo logo em seguida, fazendo com que ela tombasse a cabeça para o lado ao me olhar. 

— Quando acontecer, se entregue de corpo e alma. — Pronunciou e eu virei a cabeça da mesma forma que ela, fazendo com que nossos narizes quase se tocassem, seus olhos estavam baixos, as maçãs de seu rosto rubras e seu cheiro me impedia de pensar direito. — Não deixe que o nada é pra sempre te faça sentir medo. — Fechou seus olhos e umedeceu os lábios, respirando fundo logo em seguida. — Quando o dia de partir chegar, parta sem arrependimentos. 

— E se eu disser que já aconteceu e que eu tenha que partir sem ao menos me dar a chance de entregar-me de corpo e alma? — Sussurrei as palavras, sendo precipitado demais, no entanto, eu estava atordoado, alcoolizado e ela era a causa de tudo isto, a única culpada. 

— Quando você vai? — Ela perguntou, deixando me surpreso. 

— Domingo de manhã. — Disse desviando meu olhar do seu, nunca fui tão aberto com alguém, como com a garota de Galway, e mesmo que eu não entenda parte do sentimento que explode em meu peito, eu não tenho medo. 

— Então você só tem algumas horas pra fazer valer a pena. — Meus olhos novamente encontraram os seus, Sakura me olhou em expectativa e eu não a dei tempo para que mudasse de ideia.

Ela mordeu seu lábio inferior e eu umedeci os meus, nossa respiração estava tão embolada quanto meus dedos em seus fios de cabelo, e a tensão por todos os nós na junta de meus dedos, foram embora quando minha boca tomou a sua, e não foi leve ou calmo. Eu estava ansiando por isso, desesperado por isso, quase como se eu tivesse sentido a falta de seu beijo por uma vida inteira, e há pouco eu nem ao menos o conhecia. Entretanto, tinha  desejo, vontade de explorar todo e qualquer canto do pequeno espaço que se encaixava perfeitamente ao meu, morder, sugar seus lábios e também todas as outras partes de seu corpo. 

É insano pensar que em vinte sete anos de vida, ninguém havia conseguido me envolver tanto, me instigar tanto e diante de toda essa coisa que sequer sei nomear, não queria que ela fosse apenas uma incógnita em meu cérebro, queria desvendar cada trejeito seu, desde sua mente até seu corpo, por inteiro. 

E ela? Ela também queria isso, talvez tanto quanto eu, não sei, pode ser alucinação. Mas suas pernas em volta as minhas apertando-me possessivamente e sua cintura movendo-se como uma dança ditada pelo ritmo do nosso beijo, não me deixava espaço para dúvidas.  Alguns segundos depois, nossos casacos já estavam no chão, e os seus dedos quentes por dentro da minha camiseta preta me fizeram delirar, ter suas mãos por todo o meu corpo parecia certo demais e o sorriso crescente em seus lábios, no momento em que a peça também caiu ao chão, fez com que eu entendesse que finalmente, havia encontrado o meu lar. 

Something in the way she moves… — Talvez fosse a bebida em meu sangue. — Attracts me like no other lover. — Mas a gargalhada alta e sem filtro após eu sussurrar em seu ouvido trechos de uma música dos Beatles me deixou extasiado. 

Ter me entregado a ela, foi a coisa mais sensata que fiz em todos os meus anos. 

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— Sasuke? — Escutei a voz de Itachi a me chamar pela quinta vez. — Ela não vem cara.

— Ela deve ter se atrasado, podemos esperar mais um pouco? — Perguntei a ele, não poderia deixar a cidade sem me despedir, sem entender tudo o que aconteceu na noite passada e sem saber qual era o futuro que nos esperava.

— Sasuke, já fazem duas horas... — Itachi novamente se pronunciou e eu me levantei, puxando para meus pulmões todo o ar que pudesse conseguir. — Você precisa terminar de organizar suas coisas, temos de ir. — Continuou, sendo o mais cauteloso possível. 

— Eu realmente preciso. — Foi tudo o que disse antes de deixá-lo para trás, o escutando perguntar onde diabos eu iria. 

Como se ele não soubesse, não é mesmo? Durante todo o caminho tudo o que consegui fazer foi pensar no porquê de Sakura não ter aparecido, tenho certeza que ela havia garantido que estaria lá, independentemente do que isso pudesse significar, independentemente do quanto isso pudesse doer, e iria doer? Eu não sei, mas assim que a porta de sua casa abriu… eu tive certeza que sim. 

— Oi. — Foi tudo o que ela conseguiu dizer após cinco minutos de completo silêncio. 

— Eu esperei, eu disse a mim mesmo que você só tinha se atrasado — A encarei comprimindo os lábios em um meio sorriso. — Você não tinha a intenção de…

— Eu sinto muito! — Ela me cortou, sua voz estava forte, mas fria. — Isso não vai dar certo…

— Quem disse? — A confrontei encarando seus olhos, completamente decididos. 

— Somos estranhos, você vai embora e eu… — Engoliu em seco, olhando para seus pés. — Eu não posso deixar a minha vida para viver a sua! 

— E quem disse que eu te pediria isso? — Me aproximei, segurando seu rosto com ambas as mãos. — Eu posso ficar Sakura.

— Não, você não pode! — Ela se desvencilhou de meu toque dando um passo para trás. — O seu mundo ele é, completamente diferente do meu — Novamente ela olhou para seus pés, e então para suas mãos. — Eu não posso ser egoísta Sasuke... 

— Não acha que está sendo, se impedindo de ser feliz? — Toquei em seu queixo e a fiz olhar para mim. — Eu sei que o vivemos.

— Mas um relacionamento não é só isso! — Ela cruzou seus braços criando um bloqueio entre nós. — Eu vou machucar você, e você vai me machucar. — Fechou seus olhos lentamente, esquecendo-se de como respirar. — E quando tudo der errado, eu não quero que você se frustre, que se arrependa…

— Eu não vim aqui pedir para que me deixe viver a sua vida Sakura. — Ela abriu seus olhos e eu engoli em seco, sentindo o gosto amargo do pior veneno já experimentado por mim. — Eu vim pedir para que nós, juntos, construíssemos algo só nosso. 

— Isso é loucura. — Ela desdenhou, balançando a cabeça em negativa algumas vezes. — Eu não sei nada sobre você. — Disse baixo, mas só eu sei o quanto aquelas palavras soaram irredutíveis. 

— Mas eu sei sobre você! — Disse aproximando-me mais, jogando para o alto qualquer bloqueio que pudesse existir entre nós, minhas mãos tocaram sua nuca e as suas agarraram o tecido do meu moletom. — Eu sei que você ama Uísque e que é a mulher mais forte para bebidas que eu já conheci. — Encostei minha testa a sua, sentindo sua respiração descompassada.  — Sei que vence qualquer cara nos dardos e na sinuca, que gasta moeda de estranhos para escutar Van Morrison nas Jukebox da cidade, que a sua versão de Carrickfergus é a melhor que já existiu no mundo todo, e isso tudo é só para começar… — Disse fechando meus olhos, sentindo as mãos de Sakura subirem por minhas costas. —Apenas diga, apenas peça, qualquer coisa que me faça ficar. — E então, suas mãos me deixaram.

— Eu não posso dizer o que você acha que quer ouvir. — Ela voltou a cruzar seus braços, apertando forte o suéter de lã em que estava vestida. — Eu realmente sinto muito… — Minhas mãos deixaram sua nuca e as últimas palavras dita por ela, me fizeram entender que não havia mais nada a ser feito. — Adeus Sasuke. 

Tudo o que vi depois foi a porta de sua casa fechada.

Dias atuais.

Liverpool, Inglaterra.

— Ei. — Itachi entrou no quarto do hostel em que estávamos hospedados a pouco mais de quatro horas. — Eu e Naruto vamos dar um volta pela cidade, não quer vir? — Perguntou fazendo com que eu olha-se brevemente, desviando meus olhos novamente ao papel amassado em minhas mãos. — Você precisa superar, já se passou um mês Sasuke, ela não vai aparecer como mágica. 

— Eu sinto que, pudesse morar em qualquer lugar em que ela estivesse. — Olhei novamente para meu irmão, que entendia bem o tamanho do significado de minhas palavras. — Eu finalmente o encontrei, e o dei as costas no primeiro não em que ouvi. — Itachi poderia dizer que eu estava exagerando e talvez estivesse, mas ele conhecia bem o irmão que tinha. 

— Você precisa respirar. — O mais velho disse tacando uma camiseta para mim. — É seu sonho estar aqui, — Indicou a saída da porta com a cabeça. — Precisa aproveitar. 

Sim, eu precisava. 

Como já se passava das cinco da tarde, deixamos para conhecermos os pontos turísticos no dia seguinte. Naruto sugeriu que fizéssemos algo mais underground e  que encontrássemos um bom lugar para nos alimentarmos já que há dias só comiamos porcarias, após isso Itachi tentou animar-me dizendo que deveríamos ir ao The Cavern Club, que por anos foi o lugar em que mais ansiei conhecer assim que estivesse na cidade inglesa, agora nem tanto pelo fato do lugar ser um Pub. O Pub em que os Beatles realizaram sua primeira apresentação, até mesmo a minha banda favorita me lembrava ela. 

— Vocês podem ir entrando, eu vou ficar um pouco aqui fora. — Disse após jogar a bituca de meu cigarro ao chão. 

— Quer que eu leve? — Naruto perguntou sobre o violão em minhas costas e eu apenas acenei que não.

Quando ambos entraram, caminhei em direção ao lado esquerdo da rua e encostei-me a uma parede, tirei o violão da case e a coloquei aberta no chão, na intenção de receber alguns trocados, apoiei o violão sobre minha perna esquerda e fechei os olhos pensando em uma melodia para a letra de música escrita horas mais cedo, enquanto eu estava na estrada. Por mais que a forma como tudo terminou não tenha sido a melhor delas, Sakura não era uma música triste. A garota de Galway não era. E eu não via outra jeito de fazer isto. 

She played the fiddle in an Irish band/Ela tocava violino em uma banda irlandesa

But she fell in love with an English man/Mas ela se apaixonou por um homem inglês

Kissed her on the neck and then I took her by the hand/Beijei-a no pescoço e a levei pela mão

Said: Baby, I just want to dance/ Disse: Querida, eu só quero dançar. 

Pouco tempo depois de começar, senti olhos vidrados sobre mim e eu conhecia aquela sensação. Involuntariamente um sorriso nasceu em meus lábios e quando olhei para a frente eu a vi, e não era uma miragem. Ela usava calça jeans, camiseta branca e uma jaqueta na cor vinho. Seu cabelo rosa estava esvoaçado graças ao vento forte que corria e seus olhos verdes estavam completamente vidrados em mim. 

E o sorriso, esse também permanecia o mesmo. 

Minha bela garota de Galway Girl. 


Notas Finais


Bom, eu vou ficando por aqui.

Espero do fundo do coração que vocês gostem da minha One, foi feita com muito amor e dedicação.

Fui ♥


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