História Garoto mau - Nem tão mau

Izuku tinha cansado de correr atrás de uma pessoa que não lhe queria. Oremos aos céus por isso, mas porque doía tanto? Seu coração ainda sangrava ao pensar no ex...

Suspirou triste.

Demorou muito para que ele tivesse paz consigo mesmo, aceitando que sim ele é gay, e que foi apaixonado por um idiota que na primeira oportunidade o trocou como se muda de roupa e o pior ainda sem nenhuma habilidade, o que era horrível pois os alguns homens não ficavam com ele somente por causa desse pequeno detalhe.

E o triste fato é que um dia se deixou levar pelos comentários maldosos.

Estava obstinado a se jogar daquele penhasco, tinha ido naquele local afastado para pensar, local doloroso que o fez lembrar do pedido de namoro, um dos poucos momentos felizes que teve.

 Mas hoje percebia a dependência que criou do outro estava fraco demais, depressivo, entretanto o que poderia fazer se tinha nascido sem individualidade e era " um nerd idiota" ? Palavras que não saiam de sua cabeça e que e magoaram mais do que deixou transparecer.

A ida ao local não desfez sua angústia, então restava ao esverdeado voltar para casa. Muita terapia tinha dado a ele um rumo não ia se matar mesmo que a ideia tenha passando por sua cabeça algumas vezes. 

Mas o destino ria de sua vida miserável não era?

Entre cortar caminho num beco escuro e seguir pela rua vazia não parecia ter diferença. Então optou pela rua, não tinha pressa de chegar em casa.

Mas foi ai o seu erro.

De aparência frágil, e corpo franzino, o rosto com sardas com pele branca leitosa que dava mais destaque aos olhos verdes agora com pouco brilho e os lábios levemente rosados e ressecados pelo frio.

 Izuku tinha sua beleza mas não conseguia enxergar, foi muito maltratado e absorveu muitas coisas ruins para si mesmo.

Distraído com seus pensamentos foi surpreendido por dois ladrões, e obviamente não reagiu mas perdeu o pouco dinheiro que tinha mas não importava muito desde que não o ferissem. 

Ledo engano.

 Foi levado ao beco que cogitou passar, o cheiro não era muito agradável e na semi penumbra, já que a luz do poste não iluminava aquela região. 

Ninguém veria o que estava prestes a acontecer.

O toque forte e bruto do homem que tapava a boca do jovem com pressa no intuito de evitar sons na calada da noite, Izuku sentia a rigidez gélida de uma arma de fogo posicionada no seu quadril. Queria chorar mas não poderia dar esse prazer àqueles homens.

Sentiu o puxão bruto em sua calça jeans de lavagem escura, juntamente com a roupa íntima, deixando seu pênis flácido amostra ao sereno, fazendo com que o esverdeado estremecesse.

Foi virado de costa com força a mão que tapava a boca tocou os fios verdes com força, prensando a face na parede suja e acabada pelo clima.

Lágrimas escorriam em abundância dos olhos verdes agora, só restava ao esverdeado fechar os olhos e deixar que acabassem.

- Olha se fosse somente um assalto eu não veria problemas, agora estupro é algo nojento demais até para mim...

Os dois homens se assustaram quando uma voz soou no escuro do beco, estavam concentrados demais em conseguir prazer às custas do garoto indefeso para pensarem direito.

O homem que segurava o jovem abraçou Izuku e o usou como escudo de proteção, já seu comparsa tentou correr mas uma rajada de fogo azul tocou no homem que nem teve tempo de correr ou gritar.

O outro apertou o esverdeado  com força, Izuku sentia a tensão entre os dois homens. 

O fogo foi visto de novo, dessa vez na palma da mão do homem mostrando sua face.

Cabelos negros e olhos tão azuis quanto a chama em sua mão, não  tinha mais marca alguma em seu rosto ou corpo coisa que Izuko lembrou de ver na televisão algo como uma cirurgia plástica desse tipo. E também lembrou de quem ele era. Porém a expressão séria continuava e fazia o homem  parecer mais perigoso.

Midoriya só queria ir para casa... maldita hora que teve a brilhante ideia de ir no mirante da cidade tarde da noite.

O homem que o segurava emitiu um som estrangulado.

-Sr.Dabi nós... Eu...- Ele hesitou mas soltou o esverdeado mas mantendo a arma em contato com o jovem, o esverdeado  arrumou sua roupa escondendo sua nudez, as lágrimas já tinham secado, restando a Izuku esperar para ver o que aconteceria.

Deveria ter ficado em casa, mais uma vez seu cérebro o lembrou da enrascada que se meteu somente para tentar esquecer aquele idiota do Bakugou que não hesitou em ser babaca o suficiente para chifrá-lo com aquele loiro de farmácia, a raiva até lhe subia, deixando o rosto com sardas em pouco vermelho.

Os olhos verdes focaram na grande lua que iluminava a noite, e poucas estrelas no céu.

Enquanto Dabi observava o garoto esverdeado era interessante o modo como ele agia naquele momento de tensão parecia estar com a mente longe. 

O ladrão que estava com o revólver apontado para a cabeça do garoto cometeu o erro de achar que Dabi tinha abaixado a guarda somente nos segundos que olhava para o esverdeado e esse foi seu fim, um raio certeiro de fogo azul o tocou e rapidamente caiu em agonia.

Mesmo após o homem ter se tornado cinzas Midoriya nem se moveu.

Deixando o "vilão" curioso.

Agora era aquele momento estranho, Izuko se sentia pequeno e frágil porque conhecia aquele homem, afinal ele tinha a fama de ter desmascarado o Enji Todoroki o antigo herói famoso como sendo um sádico abusador, Dabi Todoroki o filho que teve marcas por isso.

Dabi ou Toya Todoroki era um homem charmoso e perigoso até, mas os garotos maus são aqueles que te levam ao céu não é mesmo?

Tinha quase sido estuprado e morto mas reparou no homem que o salvou? Seus pensamentos estavam confusos.

 Então Midoriya estava cansado de ser pequeno, frágil e seria algo que ele não poderia mudar, mas o pior era a bondade o que ganhou sendo bom?

Conhecido como um sem abilidade usado e jogado fora, aquele rapaz bobinho e idiota que sempre sorri e mesmo quando as pessoas são cruéis. Cansou de ser bonzinho, cansou de tudo e todos, porque era horrível chegar em casa e ver o olhar de decepção velada de sua mãe consigo, de pena. Estava cansado.

Se sentia sujo e nojento  naquele momento, e o silêncio era seu amigo ajudando a mente barulhenta a pensar em inúmeras coisas mas o corpo estava esgotado. Se sentou no chão sujo sob o olhar do homem de cabelos negros e intensos olhos azuis.

-Me pergunto porque você não correu?- Finalmente dizendo algo, Izuku captou a voz bonita com tons de grave soar naquele local mal iluminado e fétido. Os  passos eram lentos e cautelosos até Izuku que tinha abaixado a cabeça perdido nos muitos pensamentos tristes de sua vida. O usuário de fogo pôde escutar um soluço logo após uma resposta com a voz soando embargada pelo choro.

-E ser queimado? Não obrigado.- A resposta malcriada colocou um sorriso  pequeno no rosto de Dabi.

 O rosto do mais jovem visto de perto tinha sua beleza, mas os olhos verdes tinham um brilho opaco mas não deixava de ser bonito, mesmo com lágrimas não caídas e bochechas coradas e coriza descendo do nariz que também ficou vermelhinho, quando Izuko limpou-o com força passando a manga do suéter preto que usava.

-Posso te pedir uma coisa, senhor Dabi?- Olhos nos olhos, algo que as pessoas evitavam fazer. Mais um detalhe que o usuário de fogo pôde perceber. Somente assentiu  em resposta.

- Me leva com você?- Aquele pedido pegou Dabi completamente desprevenido. Deixou até transparecer um pouco da surpresa. 

-Porque?- Era a única coisa coerente que sua mente tinha formado em meio a vários questionamentos.

-Eu não quero mais ser bonzinho, aquele que os outros tem pena por não ter habilidade e não quero olhar na cara dos heróis hipócritas que são os primeiros vilões da história com sua arrogância e mentiras.- Deu uma pausa para respirar e logo continuou.

-Minha vida não tem sentido se eu continuar cometendo os mesmos erros...- Interrompeu o garoto, mesmo absorvendo as palavras dele, como ele poderia pedir algo assim para um "vilão"?

-E o que te faz pensar de que eu também não sou assim?- Era muita confiança ou burrice mas aquele jovem aparentemente frágil não era burro.

-Por que mesmo sendo "vilão"...- O esverdeado fez o sinal de aspas com as mãos para aquele nomeclatura idiota.- Você  me ajudou a troco de nada e parece ter mais caráter do que alguém que conheci.

-Confia em mim para levar você a qualquer lugar? - Agora sim Dabi estava quase rindo mas de fato o garoto estava certo. 

-Até vilões tem seu código de honra e estupro é a coisa que mais abonino depois de maus tratos.- Estendeu a mão para o esverdeado que logo aceitou. Sua mão parecia enorme ao tocar a mão delicada e pequena.

-Se estava com frio era só ter me dito.- Reclamou ao sentir o garoto gelado demais.

Naquela noite Izuku Midoriya tinha morrido. Fez sua escolha de deixar tudo para trás e ele não se arrependeu.

Sumindo naquele beco escuro com aquele homem que achou bonito.

Quatro anos depois

-Temos que repensar sobre isso, nada de sair de tade da noite e sozinho novamente.- Mais uma vez Dabi repetiu, ele se preocupava mas pior que sua preocupação eram os olhares que não eram bons em cima de Izuku, iria nascer um idiota que tivesse coragem de tentar estupro novamente um dia. Porém tinha desenvolvido essa proteção.

Estava orgulhoso do namorado por ser lindo, e ter adquirido com o tempo uma confiança em si mesmo. 

Bufou de como até em pensamento virou um bobão apaixonado. De um vilão destemido que acabou com a farsa de herói que seu pai tinha para um homem trabalhador e do lar, parecia piada.

Após cumprir seu objetivo na Liga Dos Vilões foi aclamado pelo público que finalmente os fez ver que não existem lados e que não se escolhem facilmente. O ser humano é ambíguo o bem e o mal coexistem dentro de cada um.

 Os heróis não são bons somente porque são heróis, o ato de salvar pessoas não diz se ele tem bom caráter, e finalmente as pessoas entenderam que vilões são aqueles renegados que nunca tiveram a chance de mudar. Mesmo que isso não mudou o fato de que ele matou pessoas mas fez a causa ser ouvida e notada. 

E muita coisa mudou  com o passar do anos, tempos atrás viviam em locais abandonados e hoje  os "vilões" tinham direito as coisas básicas que os foram negados por muito tempo.

A taxa de criminalidade baixou consideravelmente  e agora as escolas somente para Heróis tinha se tornado uma escola mista, para a pequena parte da população que  não tinha habilidade e uma forma de treinar aqueles que tinham.

Era um progresso consideravelmente grande em três anos, mas era o início.

Mas naquela noite ao chegar em casa, uma grande para abrigar todos os ex-integrantes da Liga dos vilões e tranquilamente mais pessoas. 

Estava com raiva de Izuku por não ter simplesmente mandando uma mensagem de que ainda não tinha chegado em casa. O resultado foi que as nove da noite mal tinha chegado e saiu novamente.

- Eu fui no mercado e demorou foi isso. - O que ninguém conta é que debaixo da aparência de bad boy se tem um namorado super preocupado, tanto que na volta Dabi estava lá, para ajudar com as comprar e vigiar Izuku para garantir seu bem estar, quase como um cão de guarda ou segurança particular.

Isso porque talvez a liga dos vilões fosse um local de desajustados que Midoriya encontrou em seu lar.

Todos no início desconfiaram de si, mas logo cuidavam dele como um irmãozinho mais novo.

-Izu... não faz de novo tá? Ainda mais com aquela roupa...- "Linda" seria algo que quase deixou escapar. 

Quase esquecendo de mencionar a mudança de vestiário de Midoriya para coisas mais ousadas e ele adorava o poder que as roupas tinham, se sentia poderoso quando atraía alguns olhares e elogios.

Era um modo que encontrou de se reinventar, dar um novo passo na sua vida.

 Há três anos sua mãe tinha se mudado  deixando somente um bilhete para o filho após a carta que Izuku escreveu, de certo modo ele estava abandonando sua mãe assim como o pai que não conheceu, mas não queria que ela esperasse por ele, e sofresse como sofreu por aquele homem.

Então de certo modo recomeçou e o modo de se vestir foi uma delas.

A roupa estava mais para look completo com um acessório de couro, que eram parecidas com amarras envolta do quadril e uma coleira de argola de prata no pescoço, complementando a blusa branca de manga curta e calça preta, que imitava o couro, um pouco marcante nas curvas do esverdeado.

 Deixou as compras que iam guardar no balcão da cozinha, a casa estava silenciosa pois era uma sexta-feira à noite e ninguém ficava em casa. Até porque ninguém lembra de ir no mercado, somente quando as coisas acabam. 

Viviam de porcaria esses idiotas. Não deixou de pensar.

- E porquê? -E às vezes, só às vezes, gostava de irritar o usuário de fogo que pode ser muito interessante usar essa habilidade para outros fins prazerosos.

- Embora os acessórios  deixam você sexy prefiro elas só para mim, mesmo que de fato eu goste de saber que eles nunca vão ter você.- Midoriya sorriu, foi até o namorado e o abraçou pela cintura já que Dabi era um Avatar de tão alto e ao seu lado Izuko era um Minion mas adorava a diferença de altura entre eles. 

-É mesmo?- Trouxe Dabi para mais perto de si, fazendo a expressão e voz mais neutra que conseguia.

O homem pegou Izuku no colo de modo fácil, trazendo mais perto de seu rosto roubando um beijo.

O esverdeado quebrou o contato acariciando o rosto do outro que estava mais focado em aproveitar o momento para enchê-los de beijos, colocando o corpo do namorado na bancada.

-Pois eu vou traçar nosso plano para a noite de sexta em casa.- Puxou um pouco os cabelos negros de Dabi para que ele olhasse em seus olhos e prestasse atenção no que ele dissesse e encaixando o corpo dele entre suas pernas.

 A noite ia ser produtiva, eles guardariam as muitas coisas que compraram, cozinharem juntos porção grande para todas as pessoas, que na madrugada chegariam caindo de bêbadas ou que só apareceriam no dia seguinte. E depois teriam um tempo só deles para namorar sem ninguém para atrapalhar.

Resumido seu plano para o outro a única resposta que recebeu foi:

-Podemos pular para parte que a gente namora para agora? Sabe é horrível ter que limitar o barulho mas agora a casa é só nossa...- Assim que Dabi terminou de falar Izuku explodiu em uma risada.

Mas o que poderia fazer se de maneira inusitada se apaixonou por um garoto mau?

Que nem era tão mau assim.