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História Girl Desire - Facécia


Escrita por: Koha

Capítulo 27 - Facécia


Fanfic / Fanfiction Girl Desire - Facécia

Uma eternidade de carros e buzinas e sons caquéticos pareceu se passar ante aquele encontro. Pessoalmente, não imaginava que iria o encontrar tão cedo, mas ali estava ele: Son Hak, mais precisamente: o noivo de Sakura. Por mais incrível que pareça, ele não parecia bravo ou irritado por ter nos pegado num momento muito íntimo — pelo menos, para mim era dessa forma que se descrevia o que Sakura e eu estávamos fazendo — na verdade, ele parecia estar prestes a sorrir.

— Eu tive uma reunião com uns chineses bem irritantes, não pude buscar você. — ele se explica para Sakura, com olhos culpados. Sakura balança a cabeça suavemente, mas não parece que é para se desculpar ou para qualquer coisa do tipo. Ela está dando um aviso. Que aviso? Hak me encara então e sorri conforme estende a mão. — Nós ainda não fomos apresentados, eu sou o Hak.

Achando a situação mais estranha do que habitual, eu demoro um pouco para apertar sua mão. Ele tem um aperto firme, e seus olhos me sondam bem mais do que eu gostaria que fizesse para um inimigo. Sim, eu me lembro, esse homem é um inimigo. Qualquer cara que dê um anel como o que ele deu a Sakura é meu inimigo.

— Hak. — eu testo o nome, e o incomodo um pouco, pelo sorriso sumindo em seu rosto. — Eu sou Sasuke, e eu não estava brincando quando disse que vou me casar com a Sakura.

Definitivamente, não há mais sorriso. E Sakura parece inquieta, de uma forma que mostra o quanto ela está irritada pela situação.

— Você é direto, Sasuke, como um bom homem de negócios deve ser. Eu gosto disso. — ele disse, seus olhos azuis se estreitando conforme o sorriso voltava. Dessa vez, seus lábios estavam apenas esticados, mas aquilo não era um sorriso amigável. — Mas a Sakura já está comprometida, e isso não está em negociação.

— Nisso, concordamos. Não há maior prova de comprometimento entre duas pessoas do que manter um sentimento que continua intacto. Concorda comigo, Hak?

Posso ver como seu rosto se contrai um pouco quando ele escuta minhas palavras, e mesmo encarando Hak, sei que Sakura está me olhando, um pouco mortificada. Eu não me importo, sinceramente, mesmo que isso possa deixa-la ainda mais irritada, é dessa forma que meus sentimentos são. Sakura — e agora Hak — vão ter que lidar com o fato de que eu estou determinado.

— Tudo bem, já chega. — Sakura fala, com os dedos pressionados na duas têmporas e os olhos fechados por um breve momento. — Eu não tô nem um pouco afim de continuar vendo essa competição de mijada, então me esqueçam.

Nisso ela se vira em seus calcanhares e segue rumo a entrada do hospital, deixando nós dois parados como duas mulas. Ao contrário de mim — que estou um pouco resignado com a situação — Hak parece estar se divertindo com a forma que Sakura parece irritadamente prestes a nos matar, se nos aproximarmos.

— Interessante. — ele murmura, mas eu o escuto. Nesse momento, seu celular toca, e quando ele atende, fica sério. — Pois é, dessa vez você ganhou, Sasuke. É melhor fazer valer a pena.

Quando ele se despede, eu não consigo parar de pensar no quão estranho foi toda essa situação. Hak me pareceu irritado por um momento, mas depois... atualmente, o vendo partir, não consigo tirar seu sorriso de divertimento dos meus pensamentos. Só que o melhor que posso fazer agora é seguir o conselho do meu rival.

Por sorte, quando chego a recepção do hospital, Sakura ainda está apoiada no balcão de mármore, conversando com a recepcionista. Quando termina, ela me encara, porque estou do lado dela e mesmo que ela queira muito, não dá para me ignorar.

— O que está fazendo aqui, Sasuke? Não tem nada para fazer na sua vida de magnata super poderoso? — antes que eu possa falar alguma coisa, ela se vira completamente para mim e me encara feio. — Sério, você já não fez o suficiente lá fora? E... cadê o Hak? Não me diga que você o jogou na frente de um carro?

Ela fala muito quando está brava.

— Pelo que percebi, ele tem problemas para resolver. — eu pego meu celular e digito uma mensagem rápida para a minha secretária. Em seguida, sorrio despretensiosamente enquanto coloco meu celular no bolso detrás da minha calça. — Diferentemente de mim, que acabei de limpar a agenda do magnata super poderoso que eu sou, pelo resto do dia.

Ela balança a cabeça, inconformada quando volta a se virar para a recepcionista. Com a cabeça inclinada para o lado, observando-a com meu sorriso honesto e nada sutil, eu percebo que ela também está sorrindo, por mais que queira evitar.

— Ele entrará comigo. Sasuke Uchiha. — ela informou a recepcionista, uma senhora de mais ou menos cinquenta anos, que me encarou com olhos suspeitos.

Ofereço um sorriso gentil, mas ela desvia os olhos de mim. Depois, pede um documento e digita rapidamente no computador, me entregando em seguida uma etiqueta com meu nome e um “visitante” embaixo.

— Vamos? — ela me chama, olhando para mim por cima de seu ombro quando dá alguns passos na minha frente.

— O que estamos fazendo aqui, exatamente? — pergunto, farto de segurar a minha curiosidade. Na verdade, só fiz isso até agora porque tenho receio das respostas. Quem está doente? Não quero que a resposta seja algo como “Eu, idiota”, porque não sei se posso suportar isso.

Eu deveria, claro, mas algo me diz que não é Sakura quem está doente, porque ela parece perfeitamente bem para mim.

— Você, está me perseguindo. — ela diz, me olhando de novo e erguendo uma sobrancelha sutil. — Eu estou indo visitar alguém.

Antes que eu possa fazer mais perguntas, ela me puxa para o elevador antes que as portas se fechem. Há outras pessoas ao nosso redor, e todas olham para ela. Sakura e bonita, e pelo que eu soube até agora, também é relativamente famosa. Só que a sua roupa de balada e seu cabelo molhado chamam a atenção de uma outra forma. Olhando-a de soslaio, não vejo qualquer indicação em seu rosto de que ela se importe com os olhares, o que me faz sorrir orgulhoso.

O elevador para no vigésimo andar, numa ala com uma sala de espera e um balcão com enfermeiros. Sakura parece conhecer bem o lugar, porque anda despreocupadamente e ninguém faz menção de pará-la.

— Sakura! Como você está? — pergunta uma enfermeira de cabelo curto e ruibo que estava passando por nós, com um sorriso caloroso.

— Estou bem, Shirley. Como está esse bebê aí?

— Inquieto, não me deixa dormir e nem comer. — falou a enfermeira, e só quando ela toca a barriga saliente é que eu percebo que ela está grávida. — Veio visitar sua criança?

Nesse momento, eu definitivamente esqueço de respirar, enquanto a enfermeira ruiva parece estar toda feliz e Sakura totalmente despreocupada em dar uma resposta. Eu não escuto sua respostas, porque estou mais empenhado em minhas confusões. Sua criança? Decididamente, foi o que Shirley disse. Sakura teve um filho?

— ...Estou morrendo de saudades. Onde ela está? — consigo ouvi-la dizer no fim, e Shirley rapidamente nos guia pelo corredor e através de portas. — O que foi?

Demoro um segundo para perceber que ela está falando comigo. E ela está me questionando seriamente.

— Você... ter tido... um... — eu não consigo terminar e, quando paramos, ela me encara com uma sobrancelha erguida. Eu limpo a garganta, tentando me manter seguro e relaxado. — Isso não muda as coisas entre nós, nem me faz querer ficar com você, menos do que antes.

Ela ainda parece não compreender o que estou dizendo, o que é quase cômico, se não fosse trágico. Ora, do que mais eu poderia estar falando? Ela acha que a noticia chocante de que ela teve um bebê nesses três anos não me abalaria? Quero dizer que sim, estou abalado, mas porque fui pego de surpresa, porque eu sei que ela tinha o direito de tentar seguir em frente...

— Aisha! — ela grita subitamente, toda esbaforida e com um sorriso grande que surge do nada em seu rosto.

Quando ela me deixa, ignorando totalmente sua confusão de outrora, meus olhos seguem seu corpo correndo no corredor ao encontro de Shirley, que tem uma criança em seu colo. É pequena, não deve ter dois anos, sua pele negra reluzente e seu cabelo crespo amarrado com cordões coloridos em sua cabeça me confundem, mas pelo jeito que Sakura a segura em seu colo e solta risadas enquanto conversa com ela, essa definitivamente é a criança que Shirley estava falando.

Quando Sakura se aproxima com Aisha em seu colo, ainda estou confuso e tentando por mim mesmo resolver essa questão.

— Aisha, esse cara bonitão aqui, é o Sasuke. — ela segura a mão gorducha e pequena da bebê, fazendo um aceno leve. — E Sasuke, essa aqui é a Aisha, a bebê mais linda e perfeita que você irá conhecer.

Aisha é grande, mas ainda não tem dentes totalmente crescidos. Percebo isso porque ela sorri quando me vê, e seus olhos cor de amêndoas brilham um pouco quando ela ergue os bracinhos em minha direção.

— Nossa. — Sakura parece surpresa quando sou obrigado a pegar Aisha, porque pelo que parece ela quis assim. — Tirando eu, só Ashiley consegue pegar ela no colo. Ela... gostou de você.

Estou sorrindo quando encaro Aisha, que agora parece ter achado várias coisas interessantes para olhar. Ela tem cheiro de uva, e sua pele é cheia de gordurinha mas ela não é pesada. Ela está usando um macacão rosa de hospital mas, ainda sim, é muito linda. Algo dentro de mim parece compreender porque Sakura não tira os olhos dela, e também o motivo pelo qual seu sorriso está desenhado no rosto brilhante e feliz.

Alguns minutos mais tarde, nós dois estamos na sala de jogos, sentados entre vários ursinhos e a Aisha, que parece se divertir com eles. Sempre que a pequena bebê parece estar prestes a cair, Sakura saltita um pouco. É adorável.

— Eu não tive uma filha, Sasuke. — ela diz, me encarando enquanto mantem suas mãos na cintura de Aisha, que mal dá atenção a ela agora que achou coisa melhor para se entreter. — Conheci Aisha quando fui ao Malawi fazer trabalho voluntário, ela tinha uma doença difícil de tratar lá. Com a ajuda de Cristal, eu consegui trazê-la para ser tratada aqui tem pouco mais de três meses..

— Ela já está melhor?

Um pouco surpresa, ela me encara e então sorri aliviada.

— Sim, está. Mas ela precisa ficar em observação. — ela pega Aisha no colo de novo, seus olhos brilham enquanto ela balança o corpo pequeno dela. Aisha, por outro lado, está mordendo a mão e soltando alguns barulhos indecifráveis, mas solta uns risinhos quando Sakura  a sacode. — Sabe, Aisha não tem pais, não tem parentes, ela é totalmente sozinha.

Ela está séria, várias lembranças de seu passado doloroso passando em seus olhos verdes. Não gosto de vê-la recordar isso, mas o sorriso sutil em seus lábios me diz que ela não está tão preocupada com ela mesma nesse momento.

— Igual a mim. — ela finalmente confessa, respirando com força. — Eu não quero mais que ela fique sozinha, não quando existe alguém que a ama bem aqui.

Eu não havia percebido, até agora, o quanto Sakura cresceu. Eu percebi muitas mudanças em sua personalidade, percebi o quando a magoei no passado e no que isso resultou. Tenho em mente sua idade numérica, mas nunca havia pensando em como sua cabeça evoluiu e agora... essa garota simplesmente conseguiu me fascinar ainda mais como mulher.

Ela ainda parece estar chateada com a conversa, mas sorri quando Aisha começa a engatinhar em minha direção. — Uau, ela gostou mesmo de você. Tá vendo? Nem ela é imune ao seu charme.

Eu sorrio um pouco, contagiado pelo rosto rechonchudo e ansioso de Aisha.

— Vem aqui, Aisha.

Eu pego Aisha no colo e brinco com ela, o que parece diverti-la bastante. Pelo visto, a bebê gosta de atenção, e parece gostar ainda mais do meu cabelo porque fica o puxando toda hora, o que diverte não só ela, como Sakura. De repente, Aisha e eu somos quase um só, com suas mãos gorduchas em meu cabelo, e com Sakura deitada no chão vermelha de tanto rir.

— Aisha, será que você não gosta de cabelos cor de rosa? Não parece algodão doce? Hum? — eu tiro suas mãoszinhas delicadamente do meu cabelo e a coloco em cima de Sakura, que se contorce toda para fugir das mãos assassinas de cabelo que Aisha tem.

— Golpe baixo, Sasuke!

Depois de rir muito e bagunçar nossos cabelos, Aisha dormiu em meu colo. Tenho noção de que estou olhando-a como um idiota, mas a verdade é que ela é linda, tão perfeita e cabe tão perfeitamente nos meus braços. Quando Shirley leva Aisha para seu quarto, Sakura e eu suspiramos exaustos, mas quando nos olhamos — quando olhamos a bagunça que Aisha fez, para ser mais específico — começamos a rir de novo. Ela se inclina um pouco na ponta dos pés para arrumar o meu cabelo, mantendo seu sorriso pós Aisha em seus lábios.

— Você não precisa apelar tanto, sabia?

— Não estou fazendo isso. Eu gostei da Aisha, ela é tão... — eu procuro as palavras para descrevê-la perfeitamente, mas não as encontro. — Linda e... o sorriso dela é tão...

— Sim! — Sakura me interrompe, toda sorrisos e olhos brilhantes. — Ela tem covinhas e os dentes de baixo estão perto de nascerem e é tão...

— Incrivelmente fascinante. — quando eu toco seu rosto com a palma da minha mão, seu sorriso esvanece e seus olhos ficam maiores e inquietos. — Eu estou muito orgulhoso da pessoa que você se tornou, Sakura.

Ela ficou me encarando por um tempo, sem reação, o que é bom. Eu pude observar seu rosto um pouco mais, sentir sua pele esquentar sob a palma da minha mão e seus lábios tremerem conforme ela corava.

— Sasuke você... — ela respira, hesitante, então me encara com determinação. — Você nunca voltou mesmo com a Karin?

Eu me inclino um pouco em sua direção e seus olhos, tentados pela aproximação, encaram meus lábios. Eu sussurro, bem próximo dos seus:

— Eu estava muito ocupado pensando em você, para cogitar a ideia. — Sorrio, de maneira honesta, o que a faz suspirar. E então, me afasto, fazendo a piscar como se acabasse de sair de uma hipnose. — Posso levá-la para a casa?

Depois que o clima da nossa aproximação e conversa se dispersa, ela limpa a garganta e assume seus olhos astutos que rolam conforme o sorriso esperto volta aos seus lábios.

— Adianta dizer que não?

— Com certeza, não. — quando começamos a andar pelo corredor, eu a encaro, um pouco sério. — Quero ver a Aisha de novo, Sakura.

Ela hesita, e eu tenho quase certeza de que ela vai recusar, mas Sakura ainda é uma pessoa muito sincera e consciente e ela sabe que eu realmente gostei de Aisha. Definitivamente, isso não faz parte de um jogo para conquistá-la e ela tem consciência disso, porque me conhece melhor do que ninguém.

— Eu vou voltar aqui amanhã, se você quiser...

— Eu quero. — respondo, com um sorriso feliz, que a faz sorrir também.

Não sei exatamente o que aconteceu hoje, mas cada fibra em meu corpo reconhece um avanço quando seus dedos tocam suavemente nos meus enquanto andamos lado a lado. O que era apenas um toque, se tornou lentamente em seus dedos entre os meus até que nossas mãos se juntassem.


Notas Finais


Próximo capítulo é o último <3 e depois, tem o epílogo, que será pelo ponto de vista da Sakura.


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