HARRY TIAGO POTTER - P.O.V
Voei como se tivesse acabado de ver o pomo de ouro, sentindo o loiro na minha garupa agarrar minha roupa com força.
As labaredas do fogo estavam altas e minhas roupas logo se enchiam de fuligem e minha respiração começou a ficar fraca. Precisava sair dali imediatamente.
Eu simplesmente detestava essa tarefa que Dumbledore deixou para nós. Queria desesperadamente dormir e acordar com a guerra ganha e os comensais presos e todos felizes.
Sem contar que o peso de Draco estava incomodando pela força desnecessária ao apertar minha blusa. Nunca havia voado com ninguém na garupa antes.
Nem mesmo Gina.
— Não precisa segurar assim — retalhei, vendo as mãos finas e longas diminuírem o aperto ao redor da minha blusa.
Quando finalmente conseguimos sair da sala, Draco ao menos pediu obrigado, apenas saiu correndo de nós. Revirei os olhos.
Covarde.
— Ele é desprezível — resmungou Ronald — Deveríamos ter deixado ele lá para queimar. Sinceramente, Harry, sua bondade um dia vai nos matar.
Hermione deu um cutucão forte nas costelas do meu amigo, repreensiva.
— É porque você tem o emocional de uma pedra — respondeu a morena, abrindo a bolsa-tudo-possuo-dentro e tirando um lenço umedecido, limpando as nossas vias áreas da fuligem.
Meu peito doía.
Hogwarts parecia calma, alheia ao o que acabara de acontecer na sala precisa e eu sabia que essa paz não ia durar muito. Tratamos de nos distanciar e aparatar para um lugar seguro.
Saímos escondido do castelo, passando pelo banheiro da murta-que-geme e ouvindo um choro estrangulado.
— Deve ser a Murta — deduziu Ron e ninguém o contradizeu.
Mas eu sabia muito bem de quem eram os soluços e choro estrangulado e mesmo assim continuei andando.
Draco Malfoy não era um dos meus problemas.
***
Chegamos à sede da Ordem da Fênix por volta das 9 horas da noite. Estávamos exaustos mas precisávamos ser rápidos porque o ataque de Voldemort à escola estava previsto para daqui a 3 dias.
— Certo, já acabamos com 4 horcruxes — disse Hermione. — Acabamos com o diário, o medalhão, o diadema de Rowena Ravenclaw, o anel dele. Falta apenas Nagini e mais um que ainda desconhecemos qual poderia ser.
Respirei fundo, me jogando no colchão macio.
— Eu não faço a mínima ideia do que poderia ser — confessei. — Mas tenho uma intuição que me aponta um lugar que seria o mais fácil de descartarmos. Voldemort nunca seria burro de colocar em um lugar onde provavelmente pensaríamos que estaria.
— Deixe-me pensar. Um lugar que poderia ser completamente ignorado por nós e por todos os bruxos nesse momento… — ponderou Mione.
Dava quase para ouvir os barulhos das engrenagens na cabeça dela.
— Malfoy Manor? — chutei.
— Nah, muito óbvia — respondeu minha amiga. — Hmm… Nada me vem à mente.
— Voldemort tem uma parte trouxa, correto? Ele repugna esse aspecto da vida dele. E se a última horcrux estiver lá? Seria o lugar menos óbvio — disse Rony, fazendo Hermione e eu o olhar com surpresa. — Sempre o tom de surpresa.
Reviramos os olhos, mas ponderei seriamente o palpite do ruivo. Poderia ser facilmente escondido no mundo trouxa.
Encarei Hermione que assentiu, e eu me permiti sorrir. Ótimo. Tínhamos mais uma pista do que faríamos a seguir.
Só tínhamos 72h para achar a última horcrux escondida.
Esperamos o dia amanhecer e descansamos bastante para achar a próxima horcrux. Se fosse como estava sendo as últimas, iríamos necessitar de todo o nosso ânimo para conseguir destruir mais uma.
Apesar da infelicidade de ter que matar mais uma, o sentimento de felicidade ao saber que faltava pouco. Muito pouco de eu matar Voldemort de uma vez por todas.
Fiquei imaginando cenários diversos em que eu não estava preso a esse destino e que poderia ser um bruxo normal. Sem grandes feitos ou destino. Apenas… ser eu. Sem a sombra de alguém.
Tão logo a fantasia acabou quando senti os primeiros raios solares.
— Vamos, Harry — chamou Mione. — Tome um banho e se alimente. Iremos até o orfanato daqui alguns minutos, acho que temos uma boa pista por lá.
Assenti mecanicamente e segui para o banheiro, nem sentindo verdadeiramente a água descendo pelo meu corpo. Rony se encontrava no mesmo ânimo que o meu, que era quase inexistente.
— Mione, você tem alguma poção para enxaqueca aí? — questionou o ruivo, com a mão na cabeça.
Analisei o caso do meu amigo e suspirei. Se fosse para dar trabalho com dores era melhor ele ficar de fora dessa missão por hoje.
— Ron, fica hoje — aconselhei. — Eu e Mione damos conta. Você está reclamando dessa dor há um tempo. Talvez seja melhor permanecer aqui e esperar nós voltarmos.
Vi as feições do ruivo se entortarem em relutância, mas ao que parece ser uma pontada forte, o fez mudar de ideia e assentiu lentamente, concordando com o conselho. Pude ver pela visão periférica Hermione soltar um suspiro de alívio.
Se o mesmo não ficasse, tenho certeza que ela iria desmaia-lo. Eu faria o mesmo se fosse eu com meu namorado, tirando o fato que os dois panacas não se assumiram logo.
Eu estava esperando há 6 anos a grande revelação dos dois, mas parece que ficaria por isso mesmo: as encaradas constrangedoras e o cuidado excessivo.
Aparatamos na Londres trouxa e fomos comprar roupas mais comuns para nos entrosarmos entre o povo. Tão rápido compramos, pudemos perceber o clima aparentemente gostoso em Londres.
Se não tivéssemos em uma guerra agora, faria questão de parar para ficar olhando o horizonte, sem propósito nenhum além de admiração profunda. Eu sentia falta desses momentos sozinho.
— Aqui — Hermione ofereceu luvas e um gorro preto. — Para ser difícil de nos rastrear caso aconteça algum acidente perigoso que envolva crimes trouxas.
Soltei uma risada. Se essa horcrux fosse igual a última, um gorro e uma luva seriam insuficientes para nos despistar. Era preciso um milagre.
— Certo. Na minha lembrança com Dumbledore, o orfanato ficava mais ou menos para ali — apontei um orfanato trouxa aparentemente pobre e caindo aos pedaços.
— Merlin. Ainda está sendo habitado? — perguntou Hermione, chocada.
Realmente. O caso do orfanato estava deplorável, dava calafrios apenas de imaginar crianças sendo postas a tais circunstâncias.
Para o nosso alívio, o orfanato se encontrava abandonado e parecia que estava assim por algum tempo devido a infestação de ratos e as teias de aranhas presentes em praticamente todo o lugar.
No final foi bom Rony não ter nos acompanhado na busca por informações. O tanto de aranha naquele lugar o faria sair correndo em menos de alguns minutos.
— Eu acho que vou vomitar — resmungou Hermione com a mão na boca e verde de enjoo.
Eu não me encontrava muito diferente.
— Vamos nos separar em busca de algo que pareça ser tocado por magia negra. Assim será mais rápido e eficiente — sugeri.
Andamos pelo orfanato inteiro e nada muito interessante ainda havia prendido minha atenção. A ausência de barulho era perturbadora, como se o lugar tivesse prendido o fôlego e deixasse só aquele grande ar quente preso.
Aquilo parecia um forno. Abafado e fedorento.
Passei as mãos pelas quinas, pelos porta-retratos e todos os outros objetos pela casa e não encontrei nada que aparentava ser uma horcrux.
Suspirei frustrado.
Estava contando que acharíamos algo.
— HARRY! — ouvi o grito de Hermione e sai correndo a sua procura, encontrando-a de cara com uma serpente.
A serpente estava sibilando em sinal de perigo, mas Mione por não ser ofidioglota não entendia que era um método de a proteger.
Cobras sempre tão mal-compreendidas.
— Desculpe-me pela minha amiga. Ela não entendeu o aviso — sibilei, ganhando a atenção do réptil.
— Você me entende?
— Sim. Gostaria de saber o que você tanto nos esconde.
— O último que conseguia falar comigo impregnou esse lugar de magia ruim. Por que eu deveria confiar em você?
— Porque eu vim para destruí-la.
— Muito bem, mas é por sua conta em risco. Me siga.
Olhei para Hermione que encarava fascinada a interação entre nós e inclinei a cabeça em um gesto mudo de que era para nos seguir.
Entramos em uma espécie de porão e atrás de uma grande parede, no canto mais externo, havia uma saliência do papel de parede. Hermione fez um feitiço breve que removeu em segundos e abaixo tinha uma porta de madeira.
Franzi o cenho.
— O que é que tem atrás dessa porta? — perguntou, Mione, analisando com cuidado mas aparentava ser apenas uma porta simples e comum.
Adentrei até o quarto minúsculo e vi apenas um grande espelho bem adornado parado no centro da sala. Estava cercada de um feitiço desilusório que tiramos rapidamente.
— Cuidado — avisou a cobra. — Não caía dentro. Nunca vi ninguém regressar de dentro dele.
Suspirei fundo.
Andei até o mesmo analisando. Era um espelho lindo, com adornos de ouro, cravejado de esmeraldas. Dei a volta atrás do mesmo e encontrei escrito:
“Se for amado,
quanto mais recíproco
mais correspondo ao amor.
Se sou esquecido,
devo esquecer também.
Pois a liberdade é igual espelho:
Tem que ter reflexo.”
— Curioso — disse Hermione.
— O que é isso? — perguntei, confuso.
— Parece ser um poema — avaliou a morena, dando voltas ao redor do espelho. — Ou uma charada. Não entendo.
— Bom, você está com a espada? — questionei, impaciente. Não estava com clima para charadas.
— Não sei, Harry. Esse espelho parece que não pode ser quebrado por fora… — disse Mione, em dúvida.
— Não custa tentar.
E enfiei a espada de Godric Griffyndor com força no espelho já esperando o pior, mas senti apenas um puxão forte e logo eu me encontrava dentro do espelho.
Merda.
Olhei para trás e a barreira do espelho ainda estava rasa, podendo ver Hermione encarando o espelho assustada. Tentei me comunicar com ela, mas minhas tentativas foram falhas.
Eu estava preso.
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