Harry acordara naquela manhã sem disposição alguma. Já se passaram dois dias desde que ele retornou a Hogwarts e da mesma que tudo permanceia igual, tudo também estava diferente, principalmente as pessoas. O garoto já estava acostumado com olhares vindo de alunos curiosos e com todos comentarem sobre ele, por mais que o mesmo odiasse isso. Esse ano, obviamente, não seria diferente. Os olhares e comentários ainda estavam presentes, mas dessa vez as fofocas não eram sobre o menino ser filho de Tiago e Lilian Potter, os últimos a enfrentar Lorde Voldemort, também não eram sobre sua aventura atrás da Pedra filosofal ou sobre seu envolvimento com a câmara secreta. Todos estavam a comentar sobre como Harry, sua família e Dumbledore estavam sendo retratados no Profeta Diário.
O garoto já sabia que teria que passar por tudo aquilo, mas não imaginava que até pessoas que ele considerava amigos iriam ficar com dúvidas sobre a sua integridade. Dino, aparentemente, não concordava com as informações e formas que os Potter estavam sendo retratados nas manchetes, mas também não se mostrava a favor de Harry, ele preferiu optar por ficar neutro diante de toda a situação. Simas, por outro lado, demonstrava de toda a forma o seu desagrado com Harry, chegando a quase ter uma briga com o rapaz dentro do salão comunal da Grifinória.
Harry sentia raiva por ver que pessoas que até o momento estavam do seu lado, de repente se mostraram completamente contrárias a ele. Tudo isso deixava o garoto frustrado, além de lhe trazer uma sensação de solidão, por mais que Rony e Hermione tentassem ajuda-lo a não pensar nessas coisas, era inevitável não se sentir assim. Até o dado momento somente Neville se mostrou crente nas afirmações de Harry e até chegou a declarar para o rapaz que estava do lado dele e de Dumbledore até o fim. Dumbledore, esse era outro problema. Desde que chegará na escola, o diretor não lhe dirigiu palavra momento algum, parecia até mesmo que Harry não existia.
Harry fora tirado de seus pensamentos ao avistar o estranho animal que virá em seu primeiro dia de aula sobrevoar o gramado em que ele estava deitado, próximo a uma árvore do lago. O animal voou para perto da entrada da Floresta Negra. Alguma coisa dentro de Harry dizia para seguir o animal, e então assim o fez.
Caminhara alguns passos até se deparar dentro de uma grande clareira, com poucas árvores presentes e um pequeno bando o cavalo preto que lhe chamara tanta atenção. Levou alguns segundos até perceber que havia mais duas pessoas presentes na clareira com ele, Cedrico estava de pé fazendo carinho em um dos animais enquanto Luna vasculhava dentro de sua bolsa a procura de alguma coisa. Por um momento o rapaz hesitou, mas logo em seguida estava se aproximando da dupla que tinha toda a atenção voltada para os animais.
- Olá, Harry Potter - cumprimentou Luna com sua voz serena e simpática de sempre - Como tem sido os seus primeiros dias em Hogwarts?
- Não tão legais quanto eu esperava - declarou o rapaz que não estava com vontade de mentir para Luna sobre como estava se sentindo - Todos estão fofocando sobre mim.
- Sinto muito por você - declarou Luna como uma forma de consolo -, mas eu quero que saiba que eu e meu pai estamos do seu lado e que acreditamos em você. Que Você-Sabe-Quem-Voltou e que o ministro e o Profeta estão armando contra você e contra Dumbledore.
O silêncio se estendeu por alguns segundos. Harry ficou feliz em saber que existia alguém além de seus amigos e pessoas com quem ele sempre convivia que acreditava nele, mas não sabia como demonstrar isso em palavras, então apenas deu um levo sorrissopara garota que lhe retribuiu da mesma forma.
- Que criaturas são essas? - o rapaz novamente teve sua atenção tomada por aqueles estranhos cavalos esqueléticos a sua frente.
- São testrálios. A maioria das pessoas ignora eles porque... você sabe. Eles são...
- Diferentes - completou Cedrico, demonstrando pela primeira vez após um bom tempo que estava presente no local.
- Isso. Eles também são muito difíceis de perceber a presença. Somente aqueles que já viram a morte podem enxerga-los.
- Quem você viu morrer? - Harry não queria parecer grosseiro nem nada, mas a palavras simplesmente saíram de sua boca. Em uma tentativa de se redimir o garoto rapidamente se dirigiu a Luna - Não se quiser falar tudo bem.
- Não tem problema não. - respondeu a garota com um sorriso simpático, mas um pouco melancólico - Fora a minha mãe. Era uma bruxa fantástica, mas gostava de fazer experiências. Um dia, um feitiço deu errado e... você sabe. Eu era muito nova quando aconteceu
- Sinto muito. - Harry tentou consolar a menina, não poderia imaginar a dor que seria perder sua mãe sendo tão novo.
- Tudo bem. As vezes sinto falta dela, mas isso faz parte da vida. - a garota enfim pegou um pedaço de carne de dentro de sua bolsa e deu para o pequeno testrálio que estava escondido atrás de sua mãe - Acho que vou voltar para o castelo. Vocês vão ficar aqui? - os rapazes apenas acenaram positivamente com a cabeça, e Luna saiu do lugar.
Cedrico estava muito quieto, e isso estava incomodando Harry. O lufano sempre foi sorridente e comunicativo, mas agora toda sua atenção estava voltada para as criaturas mágicas presentes a sua frente. Harry tomou coragem lara falar, mas antes que abrisse a boca Cedrico se adiantou.
- Eu nunca tinha visto os Testrálios antes.
"Mas é claro que é isso", pensou Harry. O garoto se culpou por alguns instantes por ser um tanto insensível com Cedrico. Passara tanto tempo pensando na forma como todos estavam o tratando; na forma como todos estavam vendo ele, que esquecera completamente do ocorrido um dia antes da volta a Hogwarts. Nem perguntara como o garoto se sentira. "Mais que belo amigo eu sou, viu."
- Como você está? Você sabe... - o garoto estava um pouco receoso em perguntar sobre aquilo, mas pensou que talvez Cedrico precisasse conversar com alguém.
- Sendo bem sincero, eu não sei. - o rapaz respondeu ainda admirando o testrálio - Eu sei que ela não iria querer que eu ficasse triste e choramingando por ai. Eu sinto falta dela, mas não sei de fato como eu devo me sentir.
- Você sabe que não precisa ser forte o tempo todo quando está perto de mim, né - Harry segurou a mão do outro - Eu estou aqui com você.
- Não estou sendo forte, Harry - o lufano voltou o olhar para Harry - Obrigado por se preocupar comigo. Eu... acho que o fato dela ter ficado mal durante desde o início das férias me preparou para isso. Não me refiro a estar preparado para perder alguém, mas estar acostumado com a ideia de ela não estar aqui. É meio estranho, eu sei, mas é o jeito que eu me sinto. Alguns dias eu me sinto mais triste do que os outros, mas não tem muito o que eu fazer. Saber que ainda tem pessoas aqui que se preocupam se importam comigo é reconfortante.
Harry não disse nada. Não sabia o que falar para alguém que estava passando por algo tão complexo assim, então optou em ficar calado para não falar nenhuma merda. O silêncio não fora algo incômodo, fora até algo um pouco reconfortante. Ambos os garotos refletiram sobre as palavras de Cedrico, e por último, ele acabou dando um abraço em Harry. Enquanto seus corpos estavam juntos ele levou uma de suas mãos até o cabelo do moreno e ficou brincando com alguns fios, enquanto Harry deixou os seus braços sobre o peito de Cedrico e afundou sua cabeça no local. Eles ficaram por ali algum tempo até Cedrico falar que precisavam voltar, pois já estava na hora do almoço.
Após o almoço, os garotos tiveram aula de feitiços com a Corvinal. Hermione conseguiu render 20 pontos para Grifinória, por conseguir congelar - de forma perfeita - três ratinhos. Agora, eles terão sua primeira Aula de Defesa Contra às Artes das Trevas com a nova professora Umbridge.
- Será que ela boa? - perguntou o Rony
- Pior que o Snape não deve ser. Isso eu afirmo. - respondeu Harry
- Não sei, não - comentou Hermione - Tem alguma coisa nela que me incomoda.
- Bom dia, crianças - uma voz aguda e irritante vou ouvida na parte de trás da sala, e lá estava a professora com cara de sapo, Dolores Umbridge - Guardem suas varinhas, não iremos precisar dela hoje.
Com um aceno da varinha, Umbridge começou a escrever algumas palavras no quadro negro da sala de aula. "Níveis Ordinários de Magia, são provas que vocês deverão prestar este ano. Os tão famosos N.O.M.s. Estudem e serão recompensados, deixem de estudar e sofram consequências severas." Mais um aceno da varinha dela, e agora vários livros estavam sendo colocados nas mesas de cada um dos alunos. "Ouvi dizer que o conteúdo de vocês nesta disciplina não fora prestado com muita competência. Afinal de contas, vocês tiveram um ex-auror maluco ano passado como um professor, e até criaturas que deveriam estar a quilômetros de distância de uma escola, foram contratadas como professores para vocês...
- Se a senhora está se referindo ao professor Lupin - interrompeu, Rony -, espero que saiba que ele foi o melhor professor que já tivemos.
- Fiquem felizes em saber - continuou Umbridge, como se a interrupção de Rony nunca tivesse acontecido - que o Ministério da Magia criou um curso de defesa teórico e muito mais prático para vocês. Sim, querida - Hermione levantou a mão - Como se chama?
- Hermione Granger
- Pois bem, senhorita Granger. Em que eu posso lhe ajudar?
- Não tem nada aqui sobre usar feitiços defensivos?
- Usar feitiços? - repetiu a mulher com uma pequena risada em sua voz - Me pergunto para que precisariam usar feitiços, minha querida. O propósito da escola é educar e preparar vocês para os exames, sem correr risco algum.
- Mas do que adianta. Se nós vamos ser atacados não será sem riscos.
- Alunos devem levantar a mão para falar em minha aula. - a professora respondeu de forma curta e grossa, virando de costas por alguns segundos para a turma - Pois bem - a velha voltou a fitar os alunos, com um sorriso perverso no rosto -, para que vocês irão precisar aprender feitiços se não há lada lá fora que pretenda machucar alunos de uma escola?
- Bom, talvez haja sim. - Harry começava a ferver de raiva, estava prestes a explodir. Hermione segurou em sua mão e murmurou em seu ouvido "Harry, se acalma".
- Bom - o sorriso de Umbridge se tornou ainda maior -, creio que o senhor Potter deva saber algo que até mesmo próprio ministro da magia desconheça. Me diga rapaz, quem gostaria de ferir alunos de uma escola?
- Talvez, Lorde Voldemort.
A sala inteira se mergulhou em um profundo silêncio quando Harry citou aquele nome. O sorriso de Umbridge diminuiu gradativamente, até se tornar uma expressão de desgosto.
- Vamos deixar uma coisa bem clara - ela disse de forma calma e pausada - Houveram boatos ultimamente que um certo bruxo das trevas retornou do além. Isso, meus queridos alunos, não passa de uma grande mentira.
- Não é! - Harry explodiu de raiva - Eu o vi e lutei contra ele.
- Detenção, senhor Potter. E não quero ouvir mais nenhuma palavra até o fim dessa aula.
Harry estava pronto para revidar, mas Hermione segurou seu braço mais uma vez e murmurou para ele "Não vale a pena". Harry se sentou e ficou quieto, um grande sorriso apareceu no rosto de Dolores Umbridge e permaneceu ali até o fim da aula.
- Senhor Potter - Umbridge o chamou antes dele sair da sala de aula -, esteja em minha sala logo após o jantar de hoje. Espero pontualidade vindo de você. Agora pode ir, querido - ela se despediu com uma risadinha.
O jantar passara rápido, mais rápido do que Harry esperara. O mesmo estava subindo as escadas para dentro da sala de Umbridge. Estava dois minutos atrasados, e não dava a mínima para isso, afinal aquela bruxa velha não iria morrer com um pequeno atraso. Ao se posicionar em frente a sala de Umbridge, ele bateu três vezes e adentrou o local ao ouvir um "pode entrar".
- Perdoe-me pelo atraso - disse Harry de uma forma um tanto forçada.
- Não há problema, querido - ela respondeu com um grande sorriso no rosto, o que fez Harry quase querer vomitar o que acabara de comer - Eu não vejo problema algum em você se atrasar, creio que tenha surgido algum imprevisto no caminho. Porém, acho que seria incorreto de minha parte não lhe fazer refletir sobre essa falta de responsabilidade. Foram dois minutos de atraso, logo são mais dois dias de detenção.
- Mas...
- Gostaria que seja três dias de detenção, senhor Potter?
Harry não respondeu, apenas se sentou na cadeira e ficou esperando que a bruxa lhe passasse quais seriam as suas obrigações para cumprir nessa detenção.
- O senhor irá escrever algumas frases para mim hoje - Harry se abaixou para pegar sua pena e um pedaço de pergaminho, mas fora interrompido - Não precisa pegar sua pena. Irá usar uma especial que tenho aqui.
A bruxa lhe estendeu uma pena fina e preta, o garoto ficou esperando ela lhe entregar um tinteiro, mas a mesma disse que não seria necessário e lhe mandou escrever a frase Não devo contar mentiras, até a mensagem penetrar. Assim Harry obedeceu. Começou a escrever a mensagem várias e várias vezes até sentir um pequeno formigamento na parte de cima de sua mão esquerda. Optou por ignorar aquela situação, mas quanto mais escrevia mais o formigamento piorava. Em um determinado momento a sensação passou de formigamento para dor. Ao olhar para sua mão, Harry entrou em choque por um curto momento, aquela maldita estava a torturar ele de uma das piores formas que se podia realizar.
- Deixe-me ver como estamos. - ela ordenou e segurou a mão do garoto. Analisou por alguns segundos a pele roxa e viu o corte formado na parte de cima da mão do garoto, formando de forma legível a frase que ela lhe mandou escrever - Acho que a mensagem deve penetrar mais. Continue.
Harry passou grande parte da noite a escrever aquela frase repetidas vezes na própria pele. Quando a bruxa achou que já estava bom para o dia, mandou ele guardar o material e retornar no dia seguinte, sem se atrasar. Harry desde quando chegou no dormitório até o momento de ir se deitar escondeu a mão da vista de todos, e fugiu das perguntas de Rony e Hermione sobre o seu castigo. Apenas dizia que tivera que escrever algumas frases. Deitou a cabeça em seu travesseiro e após alguns longos minutos de dor - sua mão ainda estava doendo - ele conseguiu cair no sono.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.