Desde o desastroso episódio com os diabretes, quase todos usaram o regulamento 137, que dizia que se tivessem a permissão dos seus responsáveis e conseguissem passar num teste mensal pra provar que estavam estudando poderiam não ir a uma aula especifica e tinha que ter uma boa desculpa que no caso era o teste que o Lockhart passou no primeiro dia, Harry ficava feliz em empresta sua copia pra eles, pra escapar das aulas de defesa contra as artes das trevas e passavam o tempo na biblioteca estudando com grupos de estudos pra fazer a prova pra provar que não precisavam das aulas.
A sala estava tão vazia que ele nem fazia mais questão de dar aula so falava sobre ele mesmo ate bater o sinal.
Na biblioteca depois do sinal ter batido Harry entregou a receita da poção Polissuco pra Hermione.
Cinco minutos depois, estavam barricados mais uma vez no banheiro interditado da Murta Que Geme.
Granger tinha vencido as objeções de Rony lembrando que seria o último lugar em que alguém sensato iria, e com isso garantiram alguma privacidade. Murta Que Geme chorava alto no seu boxe, mas eles não prestavam atenção e nem a fantasma aos garotos.
Hermione abriu o pergaminho, e se debruçou sobre ele.
– Esta é a poção mais complicada que já vi – disse Hermione quando examinavam a receita. – Hemeróbios, sanguessugas, descurainia e sanguinária – murmurou ela, correndo o dedo pela lista de ingredientes. – Bem, esses são bem fáceis, estão no armário dos alunos, podemos tirar o que precisarmos... Ih, olhem só isso, pó de chifre de bicórneo, não sei onde vamos arranjar isso... pele de araramboia picada, essa vai ser uma fria também... e, é claro, um pedacinho da pessoa em quem quisermos nos transformar.
– Dá para repetir isso? – pediu Rony ríspido. – Que é que você quer dizer com um pedacinho da pessoa em quem quisermos nos transformar? Não vou tomar nada que tenha unhas do pé de Crabbe dentro...
Hermione continuou como se não tivesse ouvido o amigo.
– Ainda não temos que nos preocupar com isso, porque os pedacinhos só entram no fim...
Rony virou-se, sem fala, para Harry.
– Eu tenho acesso liberado ao estoque particular do meu pai. Então os ingredientes vão ser fáceis.
Hermione fechou o livro com força.
- Unhas dos pés não, está bem?
- Ok.
– E quanto tempo vai levar para preparar a poção? – perguntou Ron, quando Hermione reabriu o pergaminho.
– Bom, uma vez que a descurainia tem que ser colhida na lua cheia e os hemeróbios precisam cozinhar durante vinte e um dias... eu diria que vai levar mais ou menos um mês para ficar pronta.
– Um mês?! – exclamou Rony. – Até lá, Draco poderia atacar metade dos nascidos trouxas na escola! – Harry já estava cansado de dizer que não era Draco. Mas os olhos de Hermione tornaram a se estreitar perigosamente e ela acrescentou depressa:
– Mas é o melhor plano que temos, portanto, vamos tocar para a frente a todo vapor!
No entanto, quando ela foi verificar se a barra estava limpa para eles saírem do banheiro, Weasley cochichou para Potter:
– Daria muito menos trabalho se você simplesmente admitisse que e o Draco e o derrubasse da vassoura amanhã.
Harry acordou cedo no sábado e continuou deitado por algum tempo, pensando na partida de quadribol que se aproximava. Estava nervoso, principalmente quando pensava no que Wood diria se a Grifinória perdesse, mas também com a ideia de enfrentar um time montado nas vassouras de corrida mais velozes que o ouro podia comprar. Nunca tivera tanta vontade de vencer a Sonserina. Depois de passar meia hora deitado ali com as tripas dando nós, ele se levantou, se vestiu e desceu logo para tomar café e já encontrou o resto dos jogadores da Grifinória sentados juntos à mesa comprida e vazia, todos parecendo nervosos e falando muito pouco.
À medida que as onze horas se aproximaram, a escola inteira começou a tomar o caminho do estádio de quadribol. Fazia um dia mormacento com sinais de trovoada no ar. Rony e Hermione vieram correndo desejar a Harry boa sorte quando ele ia entrando no vestiário. O time vestiu os uniformes vermelhos da Grifinória e depois se sentou para ouvir a preleção que Wood sempre fazia antes do jogo.
– Hoje, Sonserina tem vassouras melhores que nós – começou ele. – Não adianta negar. Mas nós temos jogadores melhores nas nossas vassouras. Treinamos com maior garra do que eles, estivemos no ar fosse qual fosse o tempo... – ("Quem duvida", murmurou Jorge Weasley. "Não sei o que é estar seco desde agosto.") – ... e vamos fazer com que eles se arrependam do dia em que deixaram aquele trapaceiro do Draco pagar para entrar no time.
O peito arfando de emoção, Wood virou-se para Harry.
– Vai depender de você, Harry, mostrar a eles que um apanhador tem que ter mais do que um pai rico. Chegue ao pomo antes de Draco ou morra tentando, porque temos que vencer hoje, é muito simples.
– Por isso nada de pressioná-lo, Harry – disse Fred piscando o olho.
Quando entraram no campo, foram saudados por um vozerio, muitos vivas, porque a Corvinal e a Lufa Lufa estavam ansiosas para ver a Sonserina derrotada, mas os alunos da Sonserina nas arquibancadas vaiaram e assobiaram, também. Madame Hooch, a professora de quadribol, mandou Flint e Wood se apertarem as mãos, o que eles fizeram, lançando um ao outro olhares ameaçadores e pondo mais força no aperto que era necessário.
– Quando eu apitar – disse Madame Hooch. – Três... dois... um...
Com um rugido de incentivo das arquibancadas, os catorze jogadores subiram em direção ao céu carregado. Harry foi mais alto do que qualquer outro, apertando os olhos à procura do pomo.
– Tudo bem aí, ô Cicatriz? – berrou Draco, passando por baixo dele como se quisesse mostrar a velocidade de sua vassoura.
Harry não teve tempo de responder. Naquele mesmo instante, um pesado balaço negro veio voando a toda em sua direção; ele o evitou por tão pouco que sentiu o balaço arrepiar seus cabelos ao passar.
– Esse foi por um triz, Harry! – disse Jorge, emparelhando com ele de bastão na mão, pronto para rebater o balaço para os lados de um jogador da Sonserina. Harry viu Jorge dar uma forte bastonada na direção de Adriano Pucey, mas o balaço mudou de rumo em pleno ar e tornou a voar direto para Harry.
O garoto mergulhou depressa para evitá-lo, e Jorge conseguiu atingir o balaço com força na direção de Draco. Mais uma vez, o balaço voltou como um bumerangue e disparou contra a cabeça de Harry.
Harry imprimiu velocidade à vassoura e voou para o outro extremo do campo. Ouvia o assobio do balaço vindo em seu encalço. Que estava acontecendo? Os balaços nunca se concentravam em um único jogador; sua função era tentar desmontar o maior número possível de jogadores...
Fred Weasley aguardava o balaço no outro extremo. Harry se abaixou quando Fred rebateu o balaço com toda força, desviando-o de curso.
– Peguei você! – berrou Fred alegremente, mas estava enganado; como se estivesse magneticamente atraído para Harry, o balaço saiu atrás dele outra vez, e o garoto foi forçado a voar a toda velocidade.
Começara a chover; Harry sentiu grossos pingos de chuva caírem em seu rosto, molhando seus óculos.
Não tinha a menor ideia do que estava acontecendo no jogo até ouvir Lino Jordan, locutor da partida, dizer: "Sonserina na liderança, sessenta a zero..."
As vassouras superiores da Sonserina obviamente estavam dando conta do recado, enquanto o balaço furioso estava fazendo o possível para tirar Harry do ar. Fred e Jorge agora voavam tão junto dele, um de cada lado, que Harry não via nada exceto braços se agitando no ar e não tinha chance de procurar o pomo, muito menos de apanhá-lo.
– Alguém... alterou... esse... balaço... – rosnou Fred, brandindo o bastão com toda força quando o balaço desfechou um novo ataque contra Harry.
– Precisamos de tempo – disse Jorge, tentando simultaneamente fazer sinal a Wood e impedir o balaço de quebrar o nariz de Harry.
Wood obviamente entendera o sinal. O apito de Madame Hooch soou e Harry, Fred e Jorge mergulharam até o chão, ainda tentando evitar o balaço maluco.
– Que está acontecendo? – perguntou Wood quando o time da Grifinória se reuniu à sua volta ao som das vaias da Sonserina. – Estamos sendo arrasados. Fred, Jorge, onde é que vocês estavam quando aquele balaço impediu Angelina de fazer gol?
– Estávamos seis metros acima dela, impedindo outro balaço de matar Harry, Olívio – respondeu Jorge aborrecido. – Alguém alterou aquele balaço, ele não deixa o Harry em paz. E não tentou pegar mais ninguém o tempo todo. O pessoal da Sonserina deve ter feito alguma coisa com ele.
– Mas os balaços estiveram trancados na sala de Madame Hooch desde o nosso último treino, e não havia nada errado com eles... – disse Wood, ansioso.
Madame Hooch veio andando em direção ao grupo. Por cima do ombro Harry viu o time da Sonserina caçoando e apontando para ele.
– Escutem – disse Harry ao vê-la chegar cada vez mais perto –, com vocês dois voando em volta de mim o tempo todo o único jeito de apanhar aquele pomo é ele entrar voando na minha manga. Se juntem ao resto do time e deixem que eu cuido do balaço errante.
– Não seja burro – disse Fred. – Ele vai arrancar sua cabeça.
Wood olhava de Harry para os Weasley.
– Olívio, isso é loucura – disse Alícia Spinnet zangada. – Você não pode deixar o Harry enfrentar aquela coisa sozinho. Vamos pedir uma investigação...
– Se pararmos agora, perderemos a partida! – disse Harry. – E não vamos perder para a Sonserina só por causa de um balaço maluco! Anda, Olívio, diz para eles me deixarem em paz!
– Isto é tudo culpa sua – disse Jorge furioso com Wood. – "Apanhe o pomo ou morra tentando", que coisa idiota para dizer a ele...
Madame Hooch se reunira aos jogadores.
– Estão prontos para recomeçar a partida? – perguntou a Wood.
Wood olhou para a expressão decidida no rosto de Harry.
– Muito bem. Fred, Jorge, vocês ouviram o que Harry disse, deixem-no em paz e deixem que ele cuide do balaço sozinho.
A chuva caía mais pesada agora. Ao apito de Madame Hooch, Harry deu um forte impulso para o alto e ouviu o assobio que indicava que o balaço vinha atrás dele. Ganhou cada vez mais altura; fez loops e subiu, espiralou, ziguezagueou e balançou. Mesmo ligeiramente tonto, mantinha os olhos bem abertos, a chuva molhando seus óculos e entrando por suas narinas quando ele voava de barriga para cima, evitando outro mergulho furioso do balaço. Ele ouvia as risadas do público; sabia que devia estar parecendo muito idiota, mas o balaço errante era pesado e não podia mudar de direção tão rápido quanto Harry; o garoto começou a voar pela orla do estádio como se estivesse em uma montanha-russa, procurando ver as balizas da Grifinória através da cortina prateada de chuva. Adrian Pucey tentava ultrapassar Wood...
Um assobio no ouvido de Harry lhe disse que o balaço deixara de acertá-lo por pouco outra vez; ele imediatamente deu meia-volta e disparou na direção oposta.
– Está treinando para fazer balé, Potter? – berrou Draco quando o Grifinorio foi obrigado a dar uma volta ridícula em pleno ar para evitar o balaço e fugir, o balaço rastreando-o a pouco mais de um metro; e então, virando-se para olhar Malfoy cheio de ódio ele viu... o pomo de ouro. Pairava poucos centímetros acima da orelha esquerda do Sonserino, e o garoto, ocupado em rir-se de Harry, não o vira.
Por um momento de agonia, Potter imobilizou-se no ar, sem ousar voar na direção de Draco, com medo de que ele olhasse para cima e visse o pomo.
BAM.
Permanecera parado um segundo a mais. O balaço finalmente atingi-o, bateu no seu cotovelo e Harry sentiu o braço rachar. Sem enxergar direito, atordoado pela terrível dor no braço, escorregou para um lado da vassoura encharcada, um joelho ainda enganchando-a por baixo, o braço direito pendurado inútil.
O balaço retornava a toda para um segundo ataque, desta vez mirando o seu rosto – Harry desviou-se, uma ideia alojada com firmeza no cérebro entorpecido: chegar até Draco.
Através da névoa de chuva e dor, ele mergulhou em direção à cara debochada abaixo dele e viu os olhos de Draco se arregalarem de medo. O garoto achou que Harry ia atacá-lo.
– Que di... – exclamou, inclinando-se para longe de Harry.
Harry tirou a mão boa da vassoura e tentou agarrar o pomo às cegas; sentiu os dedos se fecharem sobre a bola fria mas agora só estava preso à vassoura pelas pernas, e ouviu-se um urro das arquibancadas quando ele rumou direto para o chão, tentando por tudo não desmaiar.
Ele bateu no chão, levantando lama, e rolou para o lado para desmontar da vassoura. Seu braço estava pendurado num ângulo muito estranho; varado de dor, ele ouviu, como se fosse à grande distância, muitos assobios e gritos. Focalizou o pomo seguro na mão boa.
– Aha – disse vagamente. – Ganhamos.
E desmaiou.
Voltou a si, a chuva batendo no rosto, ainda deitado no campo, com alguém debruçado sobre ele. Viu um brilho de dentes.
– Ah, o senhor, não – gemeu.
– Ele não sabe o que está dizendo – falou Lockhart em voz alta para o ajuntamento de alunos da Grifinória que cercavam ansiosos os dois. – Não se preocupe, Harry. Já vou endireitar o seu braço.
– Não! – exclamou Harry. – Vou ficar com ele assim, obrigado...
O garoto tentou se sentar, mas a dor foi terrível. Ele ouviu um clique conhecido ali por perto.
– Não quero uma foto deste momento, Colin – disse em voz alta.
– Deite-se, Harry – mandou Lockhart acalmando-o. – É um feitiço muito simples que já usei muitíssimas vezes...
– Por que não posso simplesmente ir para a ala hospitalar? – disse Harry com os dentes cerrados.
– Ele devia mesmo, professor – disse um enlameado Wood, que não pôde deixar de sorrir mesmo com o seu apanhador machucado. – Grande captura, Harry, realmente espetacular, a melhor que já fez, eu diria...
Por entre a floresta de pernas à sua volta, Harry viu Fred e Jorge Weasley, lutando para enfiar o balaço errante numa caixa. A bola continuava a resistir ferozmente.
– Afastem-se – pediu Lockhart, enrolando as mangas de suas vestes verde-jade.
– Não... não faça isso... – disse Harry com a voz fraca, mas Lockhart agitava a varinha, mas foi impedido por um grito de James Potter:
- SE AFASTA DO MEU FILHO - disse apontando uma varinha pra Lockhart.
- Você ta bem filhote?
- Quase, será que podiam me levar pra enfermaria?
Então com um feitiço de levitamento Harry foi levado para a ala medica e Madame Pomfrey não ficou nada satisfeita.
– A senhora vai conseguir conserta, ne? – perguntou James desesperado.
– Claro que vou, mas vai demorar um pouco – disse a Madame sombriamente, atirando um pijama para Harry. – Você vai ter que passar a noite...
Hermione esperava do outro lado da cortina que fora fechada em torno da cama de Harry, enquanto Rony o ajudava a vestir o pijama, depois que James saiu pra avisar do estado dele pro resto da família.
– Não está doendo mais, está Harry?
– Não – disse, sentando na cama.
Hermione e Madame Pomfrey deram a volta à cortina. Madame Pomfrey vinha segurando um garrafão de Esquelesce.
– Você vai enfrentar uma noite difícil – disse, servindo um copo grande de boca larga e fumegante e entregando-o a Harry. - Essa poção e bem ruim.
O líquido queimou a boca e a garganta de Harry e desceu, fazendo-o tossir e cuspir. Ainda lamentando os esportes perigoso, Madame Pomfrey se retirou, deixando Rony e Hermione ajudarem Potter a engolir um pouco de água.
– Mas ganhamos – disse Ron, um grande sorriso se abrindo no rosto. – Foi uma captura e tanto a que você fez. A cara do Malfoy... ele parecia que ia matar alguém...
– Eu queria saber como foi que ele alterou aquele balaço – disse Hermione sombriamente.
- Não foi ele- tentou Harry.
– Podemos acrescentar mais esta à lista de perguntas que vamos fazer a ele quando tomarmos a Poção Polissuco – disse o Weasley o ignorando, enquanto Harry deixava-se afundar nos travesseiros.
– Espero que tenha um gosto melhor do que esta coisa...- Potter falou.
– Com pedacinhos de alunos da Sonserina dentro? Você deve estar brincando – disse Rony.
A porta do hospital se escancarou naquele momento. Imundos e encharcados, os demais jogadores da Grifinória chegaram para ver o apanhador.
– Incrível aquele voo, Harry – disse Jorge. – Acabei de ver Marcos Flint berrando com Draco. Estava falando alguma coisa sobre ter o pomo sobre a cabeça e nem notar. Malfoy não parecia muito feliz.
Os jogadores tinham trazido bolos, doces e garrafas de suco de abóbora que arrumaram em volta da cama de Harry e davam início ao que prometia ser uma festança, quando Madame Pomfrey apareceu como um tufão, gritando:
– Esse menino precisa de descanso! Fora! FORA!
E Potter foi deixado sozinho, sem nada para distraí-lo da dor horrível no braço.
Muitas horas depois, ele acordou de repente numa escuridão de breu e deu um ligeiro ganido de dor: o braço agora parecia cheio de grandes lascas. Por um segundo ele pensou que fora isso que o acordara.
Então, com um choque de terror, percebeu que alguém estava passando uma esponja em sua testa.
– Fora daqui! – gritou ele alto e em seguida. – Dobby!
Os olhos arregalados, parecendo bolas de tênis, do elfo doméstico espiavam o grifinorio na escuridão. Uma lágrima solitária escorria pelo seu nariz longo e fino.
– Harry Potter voltou para a escola – murmurou ele infeliz. – Dobby avisou e tornou a avisar Harry Potter. Ah, meu senhor, por que não prestou atenção em Dobby? Por que Harry Potter não voltou para casa quando perdeu o trem?
Harry se ergueu, apoiando-se nos travesseiros e empurrou para longe a esponja de Dobby.
– Que é que você está fazendo aqui? – perguntou. – E como sabe que perdi o trem?
O lábio de Dobby tremeu, e Potter foi assaltado por uma repentina suspeita.
– Foi você! – disse lentamente. – Você impediu a barreira de nos deixar passar!
– Com certeza, meu senhor – o elfo confirmou vigorosamente com a cabeça, as orelhas abanando. – Dobby se escondeu e esperou Harry Potter e selou o portão, e Dobby teve que passar as mãos a ferro depois – mostrou a Harry os dez dedos compridos enfaixados – mas Dobby não se importou, meu senhor, porque pensou que Harry Potter estava seguro, e Dobby nunca sonhou que Harry Potter fosse chegar à escola por outro meio!
O elfo se balançava para a frente e para trás, sacudindo a cabeça feia.
– Dobby ficou tão chocado quando soube que Harry Potter tinha voltado a Hogwarts que deixou o jantar do seu dono queimar!- Harry afundou de volta nos travesseiros.
– Você quase fez com que Rony e eu fôssemos expulsos – disse furioso. – É melhor desaparecer antes que o meu braço se conserte, Dobby, ou eu estrangulo você.
Dobby deu um leve sorriso.
O elfo assoou o nariz numa ponta da fronha imunda que usava, especifica pra quando saia para que ninguém desconfiasse que os Malfoys tratavam bem seus elfos. Bom tirando Dobby, que Harry sentiu a raiva se esvair contra a sua vontade.
– Harry Potter precisa ir para casa! Dobby achou que o balaço dele seria suficiente para fazer...
– O seu balaço? – disse Harry, a raiva tornando a subir-lhe à cabeça. – Que é que você quer dizer com o seu balaço? Você fez aquele balaço tentar me matar?
– Não matar, meu senhor, nunca matá-lo! – disse Dobby, chocado. – Dobby quer salvar a vida de Harry Potter! Melhor mandá-lo para casa, seriamente machucado, do que ficar aqui, meu senhor! Dobby só queria que Harry Potter se machucasse o bastante para ser mandado para casa!
– Só isso?! – exclamou Harry furioso. – Suponho que você não vai me contar por que queria me mandar para casa aos pedaços?
– Ah, se ao menos Harry Potter soubesse! – gemeu Dobby, mais lágrimas escorrendo pela fronha esfarrapada. – Se ele soubesse o que significa para nós, para os humildes, para os escravizados, para nós escória do mundo mágico! Dobby se lembra de como era quando Ele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado estava no auge dos seus poderes, meu senhor! Nós, elfos domésticos, éramos tratados como vermes, meu senhor! A vida melhorou para gente como eu desde que o senhor venceu Ele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Harry Potter sobreviveu, e o poder do Lorde das Trevas foi subjugado, e raiou uma nova alvorada, meu senhor, e Harry Potter brilhou como um farol de esperança para todos nós que achávamos que os dias de trevas nunca terminariam, meu senhor... E agora, em Hogwarts, coisas terríveis vão acontecer, talvez já estejam acontecendo, e Dobby não pode deixar Harry Potter ficar aqui, agora que a história vai se repetir, agora que a Câmara Secreta foi reaberta...
Dobby congelou, tomado de horror, murmurando: "Dobby ruim, Dobby muito ruim..."
– Como você sabe sobre a câmara?
Ele agarrou o elfo pelo pulso ossudo quando viu a mão dele tornar a se aproximar devagarinho da jarra de água.
– Você sabe quem a abriu? Porque, que eu saiba eu sou o único herdeiro da sonserina em Hogwarts.
– Ah, meu senhor, não pergunte mais nada ao pobre Dobby – gaguejou o elfo, os olhos enormes na escuridão. – Feitos tenebrosos estão sendo tramados em Hogwarts, mas Harry Potter não deve estar aqui quando acontecerem, vá para casa, Harry Potter, vá para casa. Harry Potter não deve se meter nisso, meu senhor, é perigoso demais...
– Quem é, Dobby? – perguntou Harry, mantendo o pulso de Dobby preso. – Quem abriu a Câmara?
– Dobby não pode, meu senhor, Dobby não pode, Dobby não deve falar! – guinchou o elfo. – Vá para casa, Harry Poter, vá para casa!
– Eu não vou a lugar nenhum! – respondeu Harry com ferocidade. – Uma das minhas melhores amigas nasceu trouxa ela será a primeira da lista.
– Harry Potter arrisca a própria vida pelos amigos! – gemeu Dobby numa espécie de êxtase de infelicidade. – Tão nobre! Tão valente! Mas ele precisa se salvar, deve, Harry Potter, não deve...
Dobby de repente congelou, suas orelhas de morcego estremeceram. Harry ouviu, também. Havia ruído de passos no corredor.
– Dobby tem que ir! – suspirou o elfo, aterrorizado. Houve um estalo alto, e o punho de Harry subitamente não estava segurando mais nada. Ele tornou a afundar na cama, os olhos fixos no portal escuro da ala hospitalar enquanto os passos se aproximavam.
No momento seguinte, Dumbledore entrou de costas no dormitório, usando uma longa camisola de lã e uma touca de dormir. Carregava uma extremidade de alguma coisa que parecia uma estátua. A Profa. McGonagall apareceu um segundo depois, carregando os pés. Juntos, eles depositaram a carga sobre uma cama.
– Chame Madame Pomfrey – sussurrou Dumbledore, e a Profa. McGonagall desapareceu rapidamente de vista, passando pelos pés da cama de Harry. O garoto ficou deitado muito quieto, fingindo que dormia.
Ouviu vozes urgentes e então a Profa. McGonagall reapareceu, seguida de perto por Madame Pomfrey, que vestia um casaquinho por cima da camisola. Ele ouviu alguém inspirar com força.
– Que aconteceu? – cochichou Madame Pomfrey para Dumbledore, debruçando-se sobre a estátua na cama.
– Mais um ataque – respondeu Dumbledore. – Minerva encontrou-o na escada.
– Havia um cacho de uvas ao lado dele – disse a professora. – Achamos que ele estava tentando chegar aqui escondido para visitar Potter.
O estômago de Harry deu um tremendo salto. Lenta e cuidadosamente, ele se ergueu alguns centímetros para poder ver a estátua na cama. Um raio de luar iluminava o rosto de expressão fixa.
Era Colin Creevey. Seus olhos estavam arregalados e, as mãos, erguidas diante dele, segurando a maquina fotográfica.
– Petrificado? – sussurrou Madame Pomfrey.
– Está – respondeu a Profa. McGonagall. – Mas estremeço de pensar... Se Alvo não estivesse descendo para tomar um chocolate quente... quem sabe o que poderia...
Os três contemplaram Colin. Então Dumbledore se curvou e tirou a máquina fotográfica das mãos rígidas do menino.
– Você acha que ele conseguiu bater uma foto do atacante? – perguntou a professora, ansiosa.
Dumbledore não respondeu. Abriu a máquina.
– Meu Deus! – exclamou Madame Pomfrey.
Um jato de vapor saiu sibilando da máquina. Harry, a três camas de distância, sentiu o cheiro acre do plástico queimado.
– Derretidas – disse Madame Pomfrey pensativa. – Todas derretidas...
– O que significa isto, Alvo? – perguntou pressurosa a Profa. McGonagall.
– Significa que de fato a Câmara Secreta foi reaberta.
Madame Pomfrey levou a mão à boca. McGonagall arregalou os olhos para Dumbledore.
– Mas, Alvo... com certeza... quem?
– A pergunta não é quem – disse Dumbledore, com os olhos postos em Colin. – A pergunta é, como...
E pelo que Harry pôde ver do rosto sombreado da Profa. McGonagall, ela não entendia muito mais que ele.
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