O verão era uma época do ano bem difícil para qualquer demônio, independentemente se fosse fraco ou poderoso. Todos sofriam por uma única coisa em comum: o calor extremo. Não se tratava apenas de uma onda de calor normal, suportável e cotidiana, mas sim de uma brasa persistente e devastadora. Se fosse possível morrer uma segunda vez, os cidadãos tinham certeza de que o fariam, apenas para não sentirem os efeitos da estação indesejada.
Esse mesmo clima assolava o hotel, fazendo com que todos os hóspedes ansiassem por um refresco. Husk, eu quem diga, estava mais do que rabugento por ter que lidar com tantos pedidos de uma vez. Enquanto isso, uma outra parte da pouca clientela estava colada aos ventiladores postos no hall de entrada. Junto a eles, Angel, Vaggie e Nifty descansavam em um sofá, pegos pela sonolência e fraqueza.
- Ô calor do inferno, literalmente falando!!
Angel em um dos quatro braços carregava um leque, abanando-o contra o seu rosto em uma fútil tentativa de espantar o calor.
- Sério que até agora você quer fazer piada? Só cala boca Angel!
- Alguém tem que tentar melhorar o clima por aqui Toots! Ficar estressada só piorará sua situação!
Em troca, Angel recebeu um baixo rosnado de Vaggie. Ele sempre se divertia quando a provocava desse jeito. A amizade que compartilhavam não poderia ser melhor sem as desavenças entre eles. Os outros demônios nem prestavam mais atenção as brigas. Estavam preocupados demais em esfriarem seus corpos para se incomodarem.
Entretanto, um ruído distante chamou a atenção de alguns demônios. Era Alastor, que descia as escadas principais na sua glória e esplendor de sempre.
- Boa tarde a todos! Ah, que dia hein! O verão é realmente divertido!
Diferente dos outros, Alastor disfrutava do calor intenso, não pela temperatura de matar, mas sim pelos efeitos do calor, gerados nos outros demônios. Como um sádico, adorava assistir as feições de desconforto e agonia causadas pelo clima quente. Era um entretenimento de última linha.
O demônio do rádio caminhava por entre as almas com tranquilidade. Nenhuma delas se atrevia a ficar em seu caminho e por isso, davam espaço para Alastor passar. De longe, ele avistou Angel e Vaggie e estava indo em direção a eles.
O look do demônio contrastava com suas vestimentas habituais. A falta do paletó dava lugar a uma camisa de manga longa vermelha, a qual era acompanhada por uma calça preta, segurada por suspensórios. As mangas estavam arregaçadas até o cotovelo, expondo os braços do homem. Sem o microfone, suas mãos permaneciam juntas aos bolsos da calça. O sorriso meio provocador estampava seu rosto.
- Amigos! Pra que tanto desânimo?! Se animem! Vocês nunca estão completamente vestidos sem um sorriso!
Alastor dirigia sua fala agora diretamente para os dois demônios amigos de Charlie. Angel permanecia estirado ao sofá, com nada melhor para fazer a não ser lidar com o calor. Por outro lado, Vaggie não estava gostando nadinha da proximidade do overlord.
- Ugh, você não pode me obrigar a nada Alastor!
A resposta que a garota recebeu do demônio foi um sorriso maior ainda. Angel aproveitou o momento em que Alastor estava ali para fazer um convite a ele.
- Então Cafetão, eu e você, sabe...poderíamos aproveitar esse calorão e subir para o meu quarto! O que acha?
O tom sedutor de Angel deixava muito a sugerir, ao que Alastor fez questão de ignorar.
- Por curiosidade, onde está nossa querida Charlie?
Essa pergunta foi rapidamente respondida, quando o som de passos foi ouvido ao longe revelando a garota, que apareceu. A menina corria de um lado para o outro, mais animada do que o normal. O entusiasmo poderia até ter sido contagiante para os outros demônios se o clima fosse outro.
- Querida, o que aconteceu para te deixar alegre tão de repente?
- É Babe! Pra que tanta excitação em uma hora dessas?
- Vocês vão adorar a notícia que eu vim dar!
Com isso, Charlie se embrenhou entre os hóspedes, ficando no centro da sala. A princesa pegou um banquinho para se levantar, de forma que ficasse acima de todos e conquistasse a atenção que queria.
- Bom, pessoal...eu vim dizer para todos vocês que oficialmente...a piscina do hotel está aberta!
Logo em seguida, aplausos ecoaram pelo hall. A animação foi geral e os demônios não esperavam a hora de poderem ter acesso a gloriosa piscina.
- Coloquem suas roupas de banho e desçam pra cá. Eu levarei todos para a piscina!
Os hóspedes não perderam tempo em subir correndo. Nesse ponto, o desespero por um refresco era tão grande que pela primeira vez os demônios se puseram a escutar Charlie verdadeiramente.
- Ora, ora querida Charlie, isso é verdade?
Ao olhar para o overlord, Charlie se sentia levemente intimidada. O olhar penetrante de Alastor sempre tinha o mesmo efeito sobre ela. O sorriso alongado fazia com que algo dentro da garota quisesse sair.
- B-bem a piscina precisava de uma limpeza apenas...e como está muito calor...eu pensei que seria uma excelente ideia...
Charlie se sentia tímida sob o olhar profundo do demônio. Para seu alívio, Angel se colocou de frente para ela, mais eufórico do que nunca.
- Garota! Você salvou minha vida agora! Porra, era disso que eu precisava!
Como os outros, Angel subiu as escadas correndo, deixando para trás Vaggie, Charlie e Alastor.
- Tenho que admitir, essa sua ideia foi genial. Com certeza, atrairemos ainda mais hóspedes com a piscina!
As mãos de Alastor por um momento descansaram sobre os ombros de Charlie. O aperto era suave e transmitia o apoio que o demônio estava tendo pela princesa.
- Uh!! Sai de perto dela seu maldito!
Charlie foi puxada para longe de Alastor, que riu do rosto raivoso de Vaggie. Charlie ainda tentava entender o porquê da super proteção da namora quando Alastor estava ao seu redor. A princesa sabia da reputação do demônio do rádio, porém não o temia. Ele havia sido de muita ajuda desde que se ofereceu para ser sócio do hotel. Como seu parceiro de negócios, os dois haviam se aproximado bastante e a garota podia até admitir que se sentia segura ao seu lado.
- Calma Vaggie! Não precisa agir assim com Alastor, ele só estava me perguntando.
- Perguntando...sei!
Os olhares de morte direcionados a Alastor eram retribuídos com desprezo pelo mesmo. A tensão que se instalou nos dois demônios era forte demais e Charlie já sentia um desconforto por estar nessa situação.
- Então...Al, por que você não sobe pra colocar uma roupa de banho? Aí nos encontramos na piscina!
Alastor pareceu surpreso com o convite. Ele não esperava ser chamado pela princesa, ainda mais pelas desconfianças que Vaggie tinha sobre ele. Charlie entendendo errado a feição surpresa de Alastor, logo se apressou para tentar se desculpar.
- É-É claro...se você quiser entrar na piscina! P-Porque você pode também não gostar de água e... Não é obrigado a fazer algo que não queira! D-Desculpa pelo tom autoritário! É que-
- Maravilhoso! Eu vou subir para me arrumar então! Não precisa se desculpar querida, você só me fez um convite e eu estou feliz em aceitá-lo!
Mais uma vez aquele sorriso estava lá. Charlie podia perceber as imperceptíveis mudanças nas linhas de expressão do sorriso fixo do demônio. Elas passavam um ar de tranquilidade e também algo mais que a menina não conseguia identificar direito.
- ...Haha...então o que estamos esperando não é mesmo! Vamos lá!
A garota sem jeito subiu as escadas tão rápido que os demônios restantes ficaram confusos. Vaggie não parava de fuzilar Alastor nos olhos, o que era satisfatório para o homem.
A amiga de Charlie não demorou em seguir os passos da garota e se dirigiu a seu próprio quarto para pegar suas roupas de banho. Alastor fora deixado sozinho no hall.
- Isso será divertido!
O demônio sussurrou para si mesmo, antes de se teletransportar para seu quarto, indo se trocar como os outros.
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Vinte minutos depois, todos estavam reunidos no hall, com exceção de Alastor que ainda não havia descido. Os hóspedes se encontravam prontos para conhecerem a piscina do hotel. Charlie tentava acalmar os ânimos exaltados pedindo silêncio, porém isso estava se mostrando inútil. A exaustão caía sobre os ombros da princesa.
- Ei!!! CALEM A BOCA!!
Por sorte ela tinha Vaggie, que logo fez todos ficarem em silêncio com seu pedido amoroso. Ninguém ousava desafiar a mulher, principalmente quando a mesma estava com sua lança. O temor estava agora presente na sala.
- Eu quero que todos se comportem e me sigam até a parte dos fundos do hotel. Vou mostrar a piscina!
Charlie então se pôs à frente dos demônios para guiá-los. A garota usava um vestido branco curto, o qual escondia o biquini que havia por baixo e chegava até a altura das cochas, expondo suas pernas brancas. Vaggie estava ao seu lado e vestia um biquini de cor roxo escuro, realçando algumas de suas curvas. O cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo alto, ao contrário de Charlie que havia amarrado o cabelo em um rabo de cavalo baixo, acima de seus ombros.
- Não estava aguentando mais essa espera, Babe! Enfim essa demora acabou!
Angel alcançou as duas meninas rapidamente. Ele usava uma sunga preta básica, deixando todos o resto de seu corpo a mostra. Os dois primeiros braços se encontravam cruzados sob o peito, enquanto que o outro par balançava relaxadamente nos lados do corpo do demônio.
Finalmente, Charlie parou sua caminhada quando chegou em frente a um grande portão. Ao abrir as portas, a visão da piscina foi um colírio para os olhos de todos. Em extensão, ela ultrapassava uma piscina olímpica. Várias mesas e cadeiras de sol estavam dispostas pela área ampla. A água havia sido toda trocada por Charlie, que também ficou responsável por colocar o cloro.
- Antes de tudo, preciso dizer que se forem comer algo, que seja fora da piscina e às cinco e meia todos devem sair, para que uma outra limpeza seja feita. Eu fui clara?
No entanto, quase ninguém deu ouvidos a Charlie, pois saíram em disparada para chegarem a grande massa de água. Se Vaggie não tivesse segurado Charlie, ela tinha certeza de que seria levada pela multidão.
- Não adianta falar muito agora pra esses idiotas! Eles estão exaltados demais com a piscina para realmente escutarem alguma coisa! Mas, eu prometo que quando o dia acabar obrigarei a cada um que limpe a bagunça deixada!
- Se nós explicarmos direitinho pra eles, vão entender! E eu acho que já será um grande avanço para a reabilitação!
Às vezes, Charlie sentia medo da forma com que, em muitas ocasiões, Vaggie lidava com as coisas. Todavia, a menina confiava na namorada. Ela assistiu de longe os pulos que os demônios davam na piscina. Era até que engraçado ver as cambalhotas.
- Vamos sentar ali Charlie! Pelo menos ninguém vai nos perturbar!
Vaggie arrastou a princesa até uma mesa mais afastada. As duas sentaram nas duas das quatro cadeiras que rodeavam a mesa.
- Você quer que eu pegue cadeiras de sol para nós Charlie?
- Uh...pode ser!
Enquanto Charlie permanecia sentada em uma cadeira comum esperando Vaggie retornar, Angel caminhava em sua direção. Ele trazia uma cadeira de sol, a qual posicionou ao lado de Charlie, deitando-se logo em seguida e colocando óculos escuros.
- Vai tirar um tempo para se bronzear Angel?
- Eu? Mas é claro que sim! Angel Dust, precisa manter seu corpinho gostoso em boa aparência. E, eu também quero ver se encontro alguém com um corpo bonito por aqui.
- Ah tá! Então, espero que aproveite!
- Eu vou sim, Babe!
Dizendo isso, Angel dá uma piscadela para Husk que estava passando naquele momento entregando algumas bebidas. O barman fez uma carranca e se afastou para a infelicidade do demônio aranha. Charlie estava se sentindo levemente culpada por assistir Husk trabalhar. Ela queria que o rapaz desse uma pausa e se divertisse um pouco.
- Ei Husk? Dê uma pausa por hoje! Vá relaxar um pouco!
- Uh, se você diz... Depois não vá reclamar quando aqueles idiotas ali começarem a gritar pelas bebidas.
- Então, faça o seguinte...coloque algumas delas aqui fora... Aí você não precisa ir e vir para buscá-las! Eu tenho quase certeza de que há um frigobar encostado perto do portão.
- Ugh, eu vejo isso pra você... Se for para ninguém me incomodar, é melhor!
Após a saída de Husk, Charlie ficou em silêncio esperando Vaggie voltar. Ela olhou para Angel, que parecia relaxado. O menino estava de bruços e com os olhos fechados, querendo bronzear a parte de trás do corpo primeiro. Ele pareceu notar a atenção da garota nele, pois abriu os olhos voltando a encará-la.
- O que foi? Há algo de estranho em mim?
- Não! Não é isso Angel! É que...eu só estou feliz que todos estejam se divertindo! Eu acho que estamos indo muito bem com o hotel e isso é satisfatório pra mim.
- Eu concordo, Babe! A ideia da piscina realmente funcionou e eu aprovo totalmente! Acho que deveríamos todos os dias ter umas quatro horas de piscina! É só uma opinião, mas eu acho que se você fizesse sessões de terapia que envolvessem o uso da piscina...todos iriam querer!
- Entendo...eu vou pensar nisso.
- Voltei Charlie e trouxe mais umas coisas também!
No braço, Vaggie segurava uma bolsa com algumas bebidas e petiscos. Deixando sobre a mesa, a garota arrumou as cadeiras de sol de forma que ficassem paralelas as de Angel.
- Traga a sacola e deite aqui na ponta Charlie. Eu ficarei no meio!
- Sim!
- Vem logo Babe, que eu preciso comer alguma coisa!
Enfiando a mão na sacola, Charlie retirou um pacote de salgadinhos que logo entregou a Angel. A princesa ainda não pensava em se bronzear, por isso continuou a usar o vestido que cobria seu biquini e apenas se sentou.
- Todos passaram protetor, né?
O que Charlie menos queria era ver seus companheiros queimados pelo sol escaldante.
- Pelo menos nós passamos! Agora eu só não sei os outros!
- Ah bom... Vaggie, você pegou por acaso algum suco pra mim?
- Provavelmente devo ter pego! Me alcança o enérgico que está aí? Minha garganta já está doendo de tão seca!
- Eu te entendo completamente Toots! Será que tem uma cerveja pra mim?
- Toma seu energético Vaggie! E... Tem uma cerveja aqui! Vaggie, entregue essa cerveja pro Angel, por favor?
Feito isso, Charlie pegou o suco de uva que havia na sacola e o abriu, começando a bebê-lo. A loira não era chegada a bebidas alcoólicas e por isso preferia tomar um suco no lugar. A refrescância que a bebida trouxe para a garota foi o melhor sentimento que ela poderia ter.
Os três ficaram então conversando sobre várias coisas por alguns minutos, as quais na maior parte das vezes surgiam por comentários de duplo sentido de Angel ou um desabafo de Vaggie. Charlie estava adorando cada segundo desse momento tranquilo com as pessoas com que se importava.
- Meninas, eu não consigo ver o cafetão! Por que será que ele não desceu ainda?!
- Eu realmente não sei Angel! Ele pode ainda estar se trocando!
Charlie estava começando a se preocupar, pensando que algo havia ocorrido com Alastor. A garota podia muito bem subir e ir atrás do overlord, mas tinha receio de que entendessem sua preocupação de forma errada.
- Por mim, ele poderia continuar lá em cima que seria melhor!
- Ah Toots, não fale isso! Se você ficar profetizando coisas ruins aí que ele não vem mesmo! Eu quero muito ver como aquele gostoso fica em roupas de banho!
- Bem típico da sua personalidade pervertida, não é Angel?!
O sarcasmo fluía facilmente da boca de Vaggie. A garota conhecia Angel o suficiente para saber que tipo de pensamentos o demônio aranha teria. Em troca da afirmação de Vaggie, Angel começou a rir animadamente.
- Mas é sério, eu fico imaginando que tipo de roupa de banho o cafetão usa? É um pouco difícil acreditar que ele use sungas pela personalidade fechada dele.
Nesse momento, Vaggie deu uma risada. Suas feições se contorcendo e formando uma expressão zombadora, causando um arqueio de sobrancelha por parte de Angel.
- O que há de tão engraçado em sua mente, Babe?
- Bem, eu só estava pensando agora no que você disse e pra ser bem sincera, eu imagino que Alastor usaria algo do tipo muito velho, como uma daquelas camisolas de vovô e, bermudas grandes e folgadas. Haha, definitivamente pode ser isso!
A essa declaração, Charlie e Angel caíram na gargalhada, principalmente por terem formado uma imagem mental de um Alastor desengonçado com as roupas citadas por Vaggie.
- Que isso pessoal! Hehe... Isso é maldade.
- É Toots, tadinho do cafetão! Ele não parece tão velho assim de qualquer maneira! Obviamente, se tivéssemos que comparar idades aqui, Charlie ganharia em disparada!
- Ei Angel, é melhor calar essa sua boca aí! Falar da idade de uma mulher é indelicado, sabia?
- Tudo bem Vaggie, ele tem toda a razão! Eu não discordo! Hahahahaha!
- Tá vendo, a princesa está se divertindo! Por mais que ela seja velha, ainda está com o corpo todo conservado! Você ainda consegue atrair olhares, Babe. Eu garanto!
- É, eu não me sinto velha! Acho que na verdade nunca cheguei a pensar assim!
- Bom pra você! Enfim, voltando a onde eu queria chegar...se Charlie está nessa situação, eu não duvido nada que o Cafetão também não tenha um pacote de gostosura guardado!
- Angel! Isso é maneira de se falar! Pelo menos avisa antes!... Eu não sei se começo a rir ou sinto nojo!
A descrença no rosto de Vaggie rebatia a expressão maliciosa de Angel. Charlie apenas assistia com uma leve diversão aos argumentos dos dois demônios. Enquanto a garota escutava as tentativas de Angel de mostrar para Vaggie que ele tinha razão em pensar em Alastor, bebia seu suco e não se atrevia a interromper.
- Ah, vamos admite! Se você estivesse no meu lugar também gostaria! Eu sei que sim!
- Ugh! Claro que não!!
- Gente...
Charlie tinha a noção de que se não fizesse alguma coisa, essa discussão se prolongaria até o final do dia se pudesse. A princesa estava quase se colocando entre os dois quando uma voz ao fundo distraiu e atraiu os olhares dos três.
- Então...aqui é a famosa piscina do hotel...impressionante! Você fez um ótimo trabalho Charlie!
Todos ficaram sem palavras quando viram Alastor! Um rubor bem avermelhado poderia ser visto nas bochechas dos três! Ninguém podia acreditar na visão que estava sendo disponibilizada a eles. As bocas não conseguiam se manter fechadas de tanto espanto e surpresa.
Decepcionando Vaggie, Alastor usava um look totalmente distante daquele previsto pela mulher. Apenas com uma bermuda de cor vermelha clara, o demônio do rádio deixava todo o resto de seu corpo amostra. Para os descrentes, o corpo de Alastor superava as expectativas de todos. A musculatura exposta era definida, sendo coberta por cicatrizes e marcas de machucados passados. O monóculo e o microfone estavam fora de vista no momento, tirando a aparência clássica habitual do homem. A pele acinzentada clara ganharia sem sombra de dúvida um belo bronzeado embaixo do sol.
Angel jurava que pularia no rapaz logo, logo se ninguém o segurasse, e Vaggie não conseguia desviar os olhos, imaginando estar tendo algum tipo de ilusão. Por outro lado, Charlie sentia que teria um sangramento nasal por presenciar tamanha beleza. A loira não conseguia desviar seus olhos da forma de Alastor e de repente o clima parecia ter ficado mais quente do que já estava.
Alastor tentava entender o porquê de os três demônios estarem com os olhos tão fixos nele, fazendo-o até pensar que havia algo de errado. A confusão persistia, até que do nada Angel cortou esse silêncio constrangedor.
- MEU DEUS!! SE O VALENTINO BOTAR OS OLHOS EM VOCÊ, COM CERTEZA EU VOU SER DEMITIDO!
Para o alívio das meninas, isso foi o bastante para distraí-las e aliviar a situação que havia sido formada. Alastor achou muita graça disso.
- O que? Uh...deixa pra lá! Eu percebi que vocês todos estão relaxando aí...será que tem um lugar pra mim?
Finalmente Charlie pareceu sair de seu transe e correu para a frente de Alastor, guiando-o para uma das cadeiras próximas a mesa.
- Aqui Al! V-Você pode se sentar aqui se quiser! É... Ou também pode pegar uma cadeira de sol para deitar conosco e se bronzear!
- Uh...não, por enquanto isso está bom o suficiente! Obrigado querida!
Alguma coisa no sorriso que Alastor havia dado a Charlie pareceu mexer com todo o interior da menina, pois em seguida ela passava a impressão de estar totalmente viajada.
- D-De nada!
A princesa foi rápida em voltar para seu lugar ao lado de Vaggie, tentando não olhar de volta para Alastor.
O que há em mim hoje? Por que eu não quero olhar para Al? E por que ao olhá-lo me sinto tão esquisita?
- Charlie, está tudo bem?
Vaggie se aproximou até que estivesse de frente para Charlie. O olhar dela era de preocupação.
- E-Eu estou bem sim! Acho...que vou me deitar para pegar um sol junto com você!
- Ah... Ótimo então! Vai ser bom para nós duas!
- Sim...
A garota não conseguiu se segurar e olhou para Alastor novamente. O mesmo estava ocupado conversando com Angel e pela forma como estava tratando o rapaz, deveria ser mais uma das investidas e flertes do demônio aranha. O overlord deve ter sentido o olhar, porque virou sua cabeça para ela e deu um leve sorriso. Em um segundo, Charlie desviou sua atenção para o chão. Seu coração batia freneticamente, sendo que Charlie nem estava em uma maratona.
Cuidadosamente, ela removeu o vestido pela cabeça, erguendo os braços e enfim se livrando da peça de roupa. O biquini que a princesa usava era de cor rosa claro, com alguns babados de enfeite na parte superior. Seu corpo não era volumoso, o busto não era tão avantajado, porém sua forma era esbelta e proporcional inteiramente.
Como Angel havia dito antes, seu corpo havia atraído olhares de alguns curiosos e por si só, a princesa já estava um pouco envergonhada e desconfortável por isso. Assim que, ela tratou de deitar de bruços, colocando uma toalha para apoiar seu queixo e deixando que sua pele clara estivesse à mercê dos raios solares. A princesa ficaria alguns minutos naquela posição e depois viraria de lado para expor a frente do corpo. Ela fechou os olhos por um tempo, apreciando a tranquilidade que ganhava. O barulho sumiu brevemente, sendo afastado pelo estado de paz instaurado na princesa. Era somente ela e a sensação de calor sob sua pele.
Ah...é tão bom... Isso podia durar para sempre...
- Poxa Alastor... Volta aqui pra continuarmos nossa conversa!
- Isso terá que esperar um pouquinho...
Abrindo os olhos, Charlie ficou curiosa para saber o que estava acontecendo. Ela é surpreendida quando vê que Alastor havia sentado ao seu lado. O demônio havia trazido a cadeira com ele, ficando assim bem longe de Angel.
- Charlie, querida, será que te incomodaria se eu sentasse ao seu lado?
A princesa quase ignorou toda a pergunta, pois toda sua atenção estava no físico do overlord e como ele parecia bonito aos seus olhos. Ela quase podia jurar que também vira ele olhando para ela.
- Charlie?
- Ah... Sim, sim! V-Você pode Al!
Charlie não sabia como se controlar de repente. Seus instintos lhe diziam coisas, as quais ela se envergonhava de pensar. Ela foi cutucada no ombro e teve que se virar para ver quem havia sido.
- O que foi Vaggie?
- Por que você deixou esse traiçoeiro sentar ao seu lado, hein Charlie?
- Acho que Angel estava o irritando, então eu só permiti. Também não vejo nada demais!
- Mas eu vejo! Não gosto de vê-lo perto de você!
Charlie achava bonitinho a forma que Vaggie se preocupava com ela, porém às vezes a parte superprotetora da mulher fazia ela temer a todo momento. A loira não queria isso. Ela queria que a garota se divertisse e relaxasse um pouco, e não ficasse em alerta a cada segundo.
- Relaxe Vaggie! Nada vai acontecer! Não precisa se preocupar com isso! E além do mais, eu sei me cuidar!
- Eu sei Charlie..., mas-
- Shh! Mais nenhum piu agora!! Vamos descansar e aproveitar o que temos hoje.
- Tá! Eu entendi.
Vaggie continuava a sentir receio de Alastor, mas os argumentos de Charlie destruíram totalmente suas próprias colocações. Ela sabia do que o demônio do rádio era capaz e ficaria de olho nele.
Charlie é ingênua demais para entender...
No lado de Charlie, Alastor assistia com um falso interesse ao divertimento dos hóspedes. O ex locutor de rádio poderia se importar menos sobre a vida de outros demônios inferiores. A atenção dele na verdade tinha estado sobre uma certa princesa.
Ele não estava mais suportando os flertes e palavreado chulo de Angel, tomando a decisão de ficar perto de Charlie. Mas, algo estranho ocorreu com o demônio. Um interesse em ficar admirando a loira. Discretamente, ele trocava olhares com ela, para admirá-la. Ele nunca visou o corpo de ninguém, pois não se importava com tais coisas. Entretanto, não podia deixar de admitir para si mesmo que havia achado Charlie muito bonita e até atraente.
A garota havia fechado os olhos novamente, mas por algum motivo sentia um incomodo nas costas. Não haviam se passado mais de dez minutos e um formigamento, juntamente com uma queimação, tinham começado a se formar na parte de cima de suas costas.
- Ugh...
- O que foi querida? Há algo errado?
Olhando para Alastor, Charlie conseguiu enxergar em seus olhos um leve rastro de preocupação. Era bem difícil e raro o demônio demonstrar uma expressão diferente da habitual alegria cotidiana. Era fofo de assistir.
- São as minhas costas! Por algum motivo, elas estão formigando.
- Uh...deixe me olhar!
O demônio maior se ergueu sobre Charlie, esticando a mão para tirar os cabelos loiros que bloqueavam parcialmente sua visão completa das costas da princesa. O leve toque que suas garras fizeram causaram faíscas na pele de Charlie. Ela sentiu seu corpo tremer.
- Ah...entendo o que está acontecendo! Suas costas estão um pouco avermelhadas devido ao sol e isso está causando os formigamentos que você disse sentir. O que você precisa é de mais protetor solar! Eu posso providenciar isso!
- N-Não precisa se incomodar Al. Eu posso ir buscar, não quero atrapalhar seu descanso!
- Que nada! Eu insisto!
Com um estalo de dedos, a sombra de Alastor apareceu. Como se entendesse o que o homem queria, ela nem perdeu tempo e já desapareceu, indo provavelmente buscar o protetor solar.
- Viu? Assim, nem eu e nem você vamos precisar sair daqui!
Numa fração de segundo, a sombra retornou e entregou o frasco na mão de Alastor.
- Rápido e fácil! Muito obrigada amigo!
Com um aceno, a sombra desapareceu.
- Nossa...
Charlie se via frequentemente questionando sobre as habilidades de Alastor e qual seria o seu limite. O homem era capaz de tantas coisas, que Charlie sempre se via impressionada.
- Bem, se você quiser eu posso passar pra você?
- É... Não precisa...
- Tem certeza? Eu acho que você não conseguiria enxergar qual é o lugar que precisa de mais proteção e da onde eu estou consigo ver perfeitamente.
- Então...acho que tudo bem...
- Vai ser rápido! Não fique ansiosa querida, eu não te machucarei.
- Eu estou calma...
Alastor abriu o frasco e espremeu uma quantidade razoável do produto em suas mãos. Em seguida, cuidadosamente, ele utilizou um dedo para afastar alguns fios de cabelo que persistiam em obstruir o caminho para as costas de Charlie. Aplicando lentamente o produto na curva entre os dois ombros, Alastor foi massageando a região, espalhando o creme pelo resto da parte do corpo.
Charlie não conseguia descrever bem os sentimentos que estava sentindo. Porém de uma coisa ela sabia, aquilo estava sendo bom. Os dedos de Alastor deixavam um rastro de cócegas por sua espinha. Os músculos tensos iam relaxando sob o toque do demônio. A princesa se deixou encostar a cabeça na toalha novamente, fechando os olhos devido a intensidade dos sentimentos.
Do ponto de vista de Alastor, as coisas não poderiam ter sido melhores. O demônio estava gostando do poder que tinha sobre Charlie no momento. Ele tinha a opção de apenas espalhar o protetor e se afastar, porém um desejo desceu sobre sua cabeça. Foi quando o overlord iniciou uma massagem na loira. Ele percebeu que seus apertos estavam tendo o efeito esperado, por isso continuou por mais um pouco. A textura da pele da menina era macia ao tato do homem. Ele tomava cuidado para não a arranhar com suas garras afiadas.
Os dois permaneceram imersos nesse momento compartilhado por uns bons dez minutos. Inevitavelmente, acabaram sendo interrompidos por nada mais nada menos que Vaggie.
- Mas que porra é essa?!! Alastor seu...
A mulher tinha se distraído por apenas alguns segundos e assim que se virara já dava de cara com isso. Se Angel não tivesse chamado sua atenção, ela não teria permitido tal atitude de Alastor. Sua voz elevada despertou o overlord e Charlie, fazendo o demônio afastar suas mãos das costas da garota.
- Que injusto você fazer massagem nela e não em mim Alastor! Eu até fiquei chateado...você era meu cafetão preferido!
- Não é o que parece Vaggie! Al só passou mais protetor nas minhas costas, só isso!
Vaggie não tirava suas suspeitas, principalmente quando olhou para Alastor e viu o sorriso provocador direcionado a ela. Seu aperto na cadeira de sol era tão forte que poderia quebrar o braço do móvel.
- Não vamos brigar! Charlie fala a verdade, cara Vaggie! Eu apenas me ofereci para ajudá-la a espalhar o produto! E eu não poderia agir de outra maneira! Sou um cavalheiro afinal!
O jeito que Alastor pronunciou o nome da fêmea a sua frente foi preenchido com um aparente deboche e frieza. Sempre que estavam juntos, um ar ruim se instaurava.
- Cavalheiro uma ova!! Você é um assassino maldito, isso sim!
A garota sentia seus nervos explodirem dentro da cabeça de tanta raiva. Se fosse possível, ela mataria o demônio. Todavia, sabia que não tinha chances contra ele. Querendo matar tudo e todos, Vaggie saiu de sua cadeira e seguiu caminho para dentro do hotel. A mulher precisava esfriar a cabeça um pouco.
- Eu vou ir lá ver como ela está, se não ela pode sair quebrando tudo no hotel! Não queremos uma bicha estressada, né?
Angel foi atrás de Vaggie, enquanto Charlie e Alastor ficaram lá. A loira quase iria junto se o demônio maior não tivesse a parado.
- Olha...eu sei que você quer ir lá, mas acho melhor dar um espaço pra ela. Pelo menos, um tempo para a raiva passar.
Charlie não tinha como discordar disso. Conhecendo o temperamento de Vaggie, ela iria preferir ficar um pouco sozinha para se acalmar.
- É, você tem toda a razão Al!
Quando o silêncio se prolongou entre os dois, uma tensão surgiu sobre suas cabeças. Algo queria ser dito, queria sair, mas uma força impedia que eles interagissem um com o outro. Para alívio de Charlie, Alastor sabia muito bem quebrar climas. Ele não demorou muito para falar alguma coisa.
- Sabe, seria uma boa ideia que aproveitássemos esse espaço e fizéssemos algumas alterações para os hóspedes. Seria um desperdício enorme não aproveitar todo o potencial desta área. Se você me permitir, posso dar ótimas sugestões do que pode ser feito.
Charlie pressentia algo bom vindo no futuro. Rapidamente, ela já estava eufórica, imaginando as possibilidades. E com Alastor tudo ficava mais animado.
- Claro Al! Já que você falou nisso, eu também vou compartilhar algumas ideias que eu mesma tive!
- Perfeito querida! Duas cabeças pensam melhor que uma, afinal de contas!
Arrancando algumas risadinhas de Charlie, Alastor podia jurar que a garota estava mais radiante hoje. Uma sensação confortável surgia no peito do overlord quando se encontrava próximo da princesa. Ele faria questão de aproveitar cada milésimo de segundo.
- Hehe... É verdade!
Os dois demônios trataram de conversar sobre possíveis projetos e alterações na grande piscina do hotel. A conversa era tão envolvente, que eles nem viram os minutos e depois a hora que se passou. Estavam entretidos demais para se concentrarem em outra coisa.
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Na parte interna do hotel, Vaggie tentava se acalmar da melhor maneira que podia. A ansiedade vinda com a raiva fizera-a beber todo seu energético e agora a mesma estava procurando uma garrafa de água bem gelada. A mulher nem se quer percebeu Angel se aproximar de tão agitada que se encontrava. Por isso, quase teve um ataque cardíaco quando o demônio aranha colocou seus braços sob seus ombros. Instintivamente, a garota empurrou o homem ao chão, já pronta para um combate. Porém, ao notar que era apenas Angel, tratou de ignorá-lo e voltar a sua caça.
- Ei! Pra que tudo isso Toots? Você precisa se acalmar um pouco! Ultimamente a senhora tem estado muito histérica!
- HISTÉRICA?! HISTÉRICA É VOCÊ VAGABUNDO!
- Ish! Tá estressada hoje, hein? Deu um escândalo lá fora só porque o bonitão estava mostrando suas técnicas massagistas para Charlie! É, eu também não pude acreditar! Nem pra mim ele ofereceu o tratamento com aquelas grandes mãos!
O olhar malicioso de Angel retornou e Vaggie não poderia estar mais enojada. A expressão feita quando o homem citou as mãos do overlord foi o cúmulo.
- SE VAI FALAR MAIS MERDA FALA EM OUTRO LUGAR PORRA!
O tom de Vaggie começava a assustar Angel. Ele não queria, definitivamente, ser alvo de um acesso de raiva da garota.
- Ok, calma! Eu juro que paro dessa vez! Você quer conversar? Falar sobre o que realmente aconteceu?
- Eu não gosto quando a Charlie fica perto do Alastor! Eu não tenho bons pressentimentos quanto a ele!
- Ah...minha filha, isso se chama ciúmes!
- O que? Não-
- Eu não te julgo. Eu talvez teria o mesmo sentimento se tivesse que competir com alguém sexy e atraente como o cafetão. Você viu aqueles abdominais? São a mais pura perfeição!
- Angel, eu-
- O ponto é que essa sua preocupação e ciúmes acabam ficando sem fundamento. Veja bem, estamos falando da Charlie, a mulher que anda mais na linha aqui no inferno. Por que você teria dúvidas dela de todas as pessoas? Ela é leal a você, não é? Sabe, não é como se ela fosse te trair! Ela não tem essa índole e acho que não é nada legal a maneira como você sempre dúvida ou lida com essas situações. Sendo bem honesto, quem fica mal na fita é você, Amor! Dê uma chance, confie em Charlie! Ela não é tão ingênua para não saber o que está fazendo. Vá por mim, Babe! Estou te dando um conselho como amigo. Só não cague e estrague tudo, pois se não vai ser complicado consolar tanta gente triste. Você sabe que particularmente, eu não sou muito bom nisso!
Vaggie ficou em choque ao ouvir todas as afirmações de Angel e o pior é que não conseguia ver nenhuma mentira nelas. A verdade era tão óbvia assim? Ela estava sendo a dramática este tempo todo? Suspirando de resignação, Vaggie concordou com Angel.
- Uh...você tem razão Angel... Eu tenho sido a maior otária ultimamente, não é?
- Não diga isso... Você só se preocupou além da conta... É, talvez você tenha sido um pouco, mas eu sei que você pode concertar isso. Como diria Charlie, tudo tem uma solução!
A mulher se sentia mais calma agora e determinada a reparar o que tinha feito, no caso, voltar para a companhia de seus colegas e esquecer algumas de suas paranoias.
- O que posso dizer... Obrigada Angel!
- Não foi nada Toots! Só fiz o que um amigo faria, certo?
O demônio aranha foi pego de surpresa quando recebeu um abraço da fêmea ao seu lado. Ficando sem jeito, ele apenas devolveu o gesto, quase desengonçado.
- Ei, me avisa quando for dar um desses do nada!
- Foi mal!
Durou apenas dez segundos até que os dois se afastaram. Angel então segurou a mão de Vaggie e a arrastou para o portão que levava a piscina.
- Vamos logo antes que o dia acabe!
Atravessando a porta, Vaggie procurou por Charlie com os olhos, ainda ao lado de Angel. A princesa estava no mesmo lugar em que havia sido deixada mais cedo, porém para o desanimo de Vaggie, a loira conversava animadamente com Alastor sobre algo. O dois pareciam bem contentes e se você por acaso não os conhecesse, deduziria que tinham algo.
Normalmente, Vaggie surtaria e não perderia a chance de arrastar Charlie para longe. O peso das palavras de Angel fizera-a respirar fundo e controlar sua fera interior. Quando o par traçou seu caminho para os dois sócios, Vaggie estava incrivelmente tranquila.
A conversa dos dois parceiros de negócio havia tomado um bom rumo. Charlie mudara de posição, estando neste momento sentada de barriga para cima. A essa altura boa parte de seu corpo já se encontrava bronzeada e dourada pelo sol. Alastor então, providenciara um guarda sol, que agora ficava sobre os dois. Haviam novas bebidas sobre a mesa, as quais estavam sendo consumidas pela princesa e pelo overlord.
Agora, já na linha de visão de Charlie, Vaggie recebeu um aceno da loira. Alastor também havia se virado, com uma expressão que ele daria a qualquer um. Vaggie se perguntava quando o sorriso do demônio iria cair.
- Tá tudo bem com você Vaggie?
- Sim, está.
- Que bom! Eu estava preocupada!
Charlie correu para abraçar Vaggie, a qual carinhosamente retornou o aperto. Ao se soltarem, perceberam pela primeira vez que o ambiente parecia estar certo. A tensão de antes tinha sumido completamente. Charlie ficava muita grata por isso.
- Já acabaram garotas? Por que não entramos na piscina? Seria um absurdo se não entrássemos!
- Parece uma boa ideia Angel, o que me diz Vaggie?
- Por mim tudo bem!
De repente, Charlie se virou para Alastor que olhava meio interessado para os três.
- Al, me perdoe, mas poderíamos finalizar nossa conversa uma outra hora?
- Claro que sim querida! Não se preocupe, vá se divertir!
O sorriso cheio de dentes era motivador, porém a princesa não se sentiria bem se o demônio não fosse convidado a se juntar a eles.
- Não quer entrar na água também Al?
- Uh? Não, não querida! Não sou muito chegado a entrar em piscinas. Você nunca sabe o que te aguarda em cada uma delas. Por enquanto, estou bem só sentado aqui, descansando e observando vocês.
A menina queria contra argumentar, entretanto Alastor parecia estar sendo bem honesto sobre o que disse. Charlie não pressionaria o demônio, se o mesmo não quisesse.
- Ok, eu entendo! Se mudar de ideia, é só vir!
Com um aceno de cabeça, o overlord voltou a se encostar na cadeira, continuando a tomar o resto de sua bebida em paz. Os três demônios foram velozes e competindo entre si, pularam na piscina para ver que conseguiria espirrar uma maior quantidade de água. Entre tantas brincadeiras, provocações e desafios, o dia se passara. O sol estava se pondo no céu, agora bem fraco. A noite dava as caras lentamente, porém isso não foi o suficiente para interromper a diversão de todos que ali estavam.
No momento em questão, Vaggie, Angel e Charlie brincavam de bobinho na água, com Angel sendo o bobo. Vaggie e Charlie jogavam a bola o mais alto possível para que o demônio não tivesse chances de pegar. Uma das regras estabelecidas era que nenhum deles poderia utilizar sua forma demônio completa. Isso seria uma total trapaça.
O grupo estava jogando no lado direito da piscina. Vaggie estava mais próxima da borda e Charlie na direção que levava aos outros demônios espalhados pela água. A bola passava pela cabeça de Angel, indo de um lado para o outro. O demônio já se cansara de não conseguir pegar nenhuma vez a bendita bola.
- Não vale isso! Vocês nunca me deixam pegar a bola!
- Mas, é disso que se trata o jogo Angel! Você é o bobo e por isso não pode pegar a bola!
- Uh! Eu não aguento mais isso! Será que nenhuma de vocês pode trocar de lugar comigo? Por favor?
- Não Angel! Você só poderá trocar de lugar com a gente se uma de nós jogar a bola e você pegar!
Ao assistir o choramingo de Angel e as constantes tentativas de Charlie de explicar as regras, Vaggie teve uma ideia.
- Que tal um desafio? Eu jogarei essa bola bem longe e quem pegar primeiro não será o bobinho, no caso você Angel e a Charlie.
Os três se entreolharam entre si, até que Angel concordou com a cabeça.
- Ótima ideia! Isso está no papo! Eu sempre fui um excelente nadador!
- E você Charlie?
- Bem... Isso foge um pouco das regras da brincadeira...
- Ah querida, mas fugir um pouco das regras nunca faz mal! Isso será bem divertido, um entretenimento puro na verdade! Não posso esperar para ver!
De seu lugar sentado, Alastor havia se levantado. Perto da borda e na frente dos três, sua feição mostrava até que um interesse genuíno.
- Então tá... Eu aceito o desafio!
O demônio aranha e a princesa ficaram lado a lado, com os pés colados na borda da piscina, para pegarem impulso quando Vaggie desse o sinal de largada. A mesma estava fora da piscina, exatamente atrás dos dois competidores, pronta para arremessar a bola o mais forte que pudesse. Alastor só prestando atenção em tudo que fosse acontecer.
- 1,2,3 e... Já!
A bola foi jogada para tão longe, que foi parar no meio de alguns demônios do outro lado da enorme piscina. Logo após o sinal, Angel e Charlie nadaram em disparada em direção ao prêmio. Angel estava tendo uma certa vantagem sobre Charlie, justamente por conta dos quatro braços. Vendo que estava sendo deixada para trás, a loira apertou o nado. Não perderia hoje.
Olhando de relance na direção da garota, Angel notou que Charlie estava um pouco longe e não segurou o riso diante dessa informação. Todavia, essa foi sua ruína. Os dois nesse momento já estavam se aproximando de um grupo de demônios e assim teriam que desviar deles. Por ter se desfocado, Angel sem querer acabou trombando com alguns hóspedes, recebendo alguns xingamentos raivosos em troca. Essa foi a oportunidade para Charlie ganhar o desafio.
Tomando o maior cuidado, a loira avistou a bola e se apressou para tomá-la em suas mãos. Angel via de longe Charlie perto da bola e sabia que não teria chance. Dando suas últimas desculpas, não verdadeiramente sinceras, o demônio aranha mudou de direção e voltou para onde Vaggie estava.
- O que foi Angel? Você não era um “excelente nadador”?
Vaggie ria e tirava sarro do homem, que não parecia nada feliz por ter perdido.
- Ha... Ha... Muito engraçado.
- Hoje não foi seu dia, né meu amigo afeminado?
A situação continuava a não favorecer para Angel, pois até Alastor zoava de sua cara. Assim, os dois ficaram rindo dele. O grito de vitória de Charlie finalmente distraiu todos, que agora se concentravam nela e não mais em Angel. A princesa conseguira pegar a bola e agora segurava-a com um sorriso no rosto.
- É isso aí Charlie! Essa é a minha garota!
Vaggie gritava de orgulho, enquanto batia palmas. Alastor se juntou a ela, com um grande sorriso no rosto. Angel era o único descontente.
- Ah ha! Eu venci! Parece que Angel vai ter que ser o bobinho por mais um pouco!
Charlie estava dando meia volta com a bola nos braços. A princesa estava tão contente, que nem prestou atenção no que acontecia a sua frente. Quando ela saiu de seu torpor já era tarde demais. Alguns rapazes pareciam estar fazendo uma competição, pois vibravam muito. Sem prestar atenção por onde estava passando, Charlie acabou ficando exatamente no local onde um dos demônios iria se jogar. O homem tinha o triplo do tamanho da loira. Pela forma como estava posicionado, o homem daria um mortal. O azar da garota foi não ter notado isso com antecedência.
O que aconteceu em seguida foi rápido demais para a princesa processar. Sua cabeça dava voltas e ela não conseguia se concentrar em nada, o impacto deixando-a gravemente desorientada. O peso acima de seu corpo parecia dobrar e a garota se viu não conseguindo respirar. Sua visão tinha ficado toda preta, ela não sabia para onde ir, não sabia o que fazer. Nada que ela escutava era coerente, um zumbido tinha substituído sua audição. Fechando os olhos, a garota sentia sua consciência lentamente se desvanecer. Um latejar presente na cabeça aumentava cada vez mais aquela sensação de distanciamento. A alma parecia sair do próprio corpo. A última coisa que sabia é que ainda estava na água quando desmaiou por completo, afundando na profunda escuridão.
Ninguém tinha ideia do que tinha acontecido. Em um momento Charlie estava lá se gabando por vencer e no outro um cara havia pulado, caindo encima dela no processo. O tempo pareceu parar para todos. Os olhos esperavam pelo ressurgimento da loira, mas nada acontecia. Os sorrisos que estampavam os rostos dos amigos da princesa caíram assim que a percepção de algo terrível passou pelas suas cabeças.
- Ela...não está subindo...
Vaggie estava começando a ficar apreensiva com a demora.
- Por que...ela não está subindo...?
Angel não conseguia entender, tudo havia ocorrido rápido demais.
- ELA ESTÁ SE AFOGANDO!
Todos se assustaram com o tom desesperado de Alastor. O demônio do rádio, assim que viu a situação, entrou em descrença. Como uma coisa dessas podia ocorrer sem aviso prévio. Ele sentiu as batidas de seu coração aumentarem. A força delas doía, machucando sua alma. A preocupação era evidente, tanto que Alastor nem se preocupou quando sua máscara sorridente sumiu. Uma carranca estava se formando, deixando a mostra sentimentos que o demônio tentava muito bem esconder, pois estes demonstravam fraqueza. Ele poderia estar dando o mínimo pra isso agora.
O overlord não pensou duas vezes, correndo velozmente até Charlie e se jogando na água que tanto queria evitar. Os demônios ao redor deram espaço para Alastor trazer Charlie para a superfície. Carregando a garota no colo, ele usou um pouco de seus poderes para levitar e ficar fora da piscina. Depositando a garota cuidadosamente no chão, Alastor rapidamente foi cercado por Angel e Vaggie.
- Como ela está?!!
- Ela não está respirando!
- Porra! Isso não!
Angel já estava começando a entrar em desespero, andando em círculos no mesmo lugar. Vaggie podia sentir algumas lágrimas brotando em seus olhos. Foi quando Alastor cruzou as mãos sob o peito de Charlie e iniciou a massagem cardíaca. Os expectadores perderam a conta de quantas vezes viram o demônio pressionar o peito da princesa. Contudo, não estava funcionando.
- Não está adiantando! Eu vou ter que fazer respiração boca a boca!
Alastor dizia isso enquanto continuava a pressionar o tórax de Charlie. Nesse momento tão delicado, Vaggie nem estava com cabeça para discordar. Só queria ver Charlie bem novamente.
Sem esperar muito, o demônio maior levantou o queixo e tampou o nariz da garota abaixo dele, juntando seus lábios com os dela. Com força, ele assoprou uma boa quantidade de ar para seus pulmões. Em seguida, ele se separou dela para continuar a pressionar seu peito. Esse ritmo se repetiu até que na quarta respiração, a garota engasgou por ar, vomitando água pelo chão. Alastor sentiu um alívio gigantesco cair sobre seu ser. Mantendo uma mão na cabeça da loira, o overlord sinalizou com a mão livre que precisaria de espaço. Charlie deveria estar se sentindo fraca, então ele a levaria para dentro do prédio.
- Cuide das coisas aqui Vaggie! A hora de recreação acabou por hoje! Eu vou levá-la para o quarto dela!
Antes dele ir, Vaggie chegou perto para acariciar a cabeça de Charlie, tranquila por vê-la respirando, mesmo que pesadamente. Angel também se aproximou.
- Meu coração! Ufa, ela está bem!
A aflição sentida pelos três tinha sido insuportavelmente dolorosa. Os corações diziam por si próprios, ainda batendo freneticamente em seus peitos.
- Se me dão licença...vou levá-la!
Se afastando dos dois, Alastor percorreu o terreno com Charlie nos braços em estilo de noiva. A princesa tremia muito, como se estivesse com frio. Seus olhos tentaram se abrir, porém a visão dela ainda estava meio embaçada. Sua cabeça latejava e ela não podia distinguir as coisas direito. Apenas que estava envolta em um calor reconfortante.
- Eu vou levá-la para seu quarto querida. Você está segura agora!
Para garantir isso, o demônio segurou o corpo da garota mais perto, o aperto ficando mais firme. Ele sentiu a loira encostar sua cabeça em seu peitoral nu. Os cabelos molhados faziam um pouco de cócegas. A menina buscava uma fonte de calor.
- ... Al...?
A voz de Charlie neste momento era um sussurro, mas Alastor conseguiu ouvir muito bem.
- Sim querida, sou eu.
Pela forma como estava agindo, Charlie parecia querer expressar algo, porém a fraqueza a impedia.
- O...o-que...aconteceu...?
- Não se preocupe com isso agora. Tente descansar! Depois eu lhe explicarei melhor.
Entendendo a sugestão do overlord, Charlie fez um grunhido concordando com o homem. Um cansaço bateu sobre ela e se não fosse pela respiração ritmada, Alastor poderia ter entrado em pânico novamente. A dois passos da porta, ele escutou o grito de Vaggie.
- EU VOU MATAR O DESGRAÇADO QUE SE JOGOU EM CHARLIE! AONDE ELE ESTÁ?!!
Do lado dela, Angel tentava em vão conter a fúria descontrolada da mulher. Alastor apenas poderia refletir internamente sobre o que faria.
Não se preocupe Charlie, eu vou cuidar do infeliz que causou isso a você. Isso da minha própria maneira.
Finalmente, os dois somem entre o portão, se afastando da confusão que havia sido instaurada na piscina.
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Outro dia começara no inferno. O sol já estava alto no céu para nove horas da manhã. O verão fazia o dia começar cedo e terminar tarde. Em uma das suítes do hotel, uma garota despertava de um sono profundo e tranquilo. Os lençóis envoltos ao redor de seu corpo começavam a incomodar pelo calor. Charlie ainda estava meio grogue quando tentou se levantar da cama, desistindo e deitando novamente. Suas memórias eram um borrão, nada muito claro. Os músculos levemente doloridos davam a menina uma leve ideia do que tinha ocorrido. Abrindo os olhos, Charlie percebeu que estava em seu quarto.
Por um breve momento, a princesa ficou confusa, pois não lembrava de ter ido para seus aposentos. A última lembrança viva era da piscina e de sua brincadeira com os amigos. Se desenrolando dos lençóis, Charlie percebeu que usava uma camisola. O biquini fora de vista.
Eu não me lembro de ter me trocado também!
O rangido da porta tirou a loira de suas reflexões. Se sentando para ver quem era, Charlie cumprimentou Alastor. Ele usava suas vestimentas comuns do dia a dia, o casual paletó, o monóculo no olho direito e o microfone atrás de si.
- Bom dia querida! Como está minha sócia favorita?
Ele parecia animado como sempre, porém um pouco mais caloroso e cuidadoso. Fechando a porta atrás de si, Alastor caminhou em direção a sua cama. Charlie não notara que o overlord trazia algo nas mãos. Ele segurava uma bandeja com o café da manhã de Charlie. Em um prato havia algumas frutas picadas, entre elas mamão, manga e maçã. Um chá estava devidamente posto ao lado. Duas fatias de pão estavam cobertas com geleia.
- Tudo bem! Minha cabeça só lateja um pouco.
- Entendo. Fico feliz que esteja melhor. Aqui, trouxe seu café da manhã!
- Obrigada Al!
- Disponha!
Colocando a bandeja no centro da cama, o demônio pegou a cadeira da escrivaninha de Charlie e se sentou ao seu lado. Seu cavalheirismo não deixaria que ele sentasse na cama de uma dama. Seguindo a princesa com os olhos, ele viu a expressão de admiração da garota ao ver as comidas presentes. Ela se virou e sorriu brilhantemente para Alastor, que retribuiu em troca.
- O que realmente aconteceu ontem de tarde?
Alastor tinha o conhecimento de que uma hora ou outra a princesa faria essa pergunta. Ele estava disposto a respondê-la.
- Bem, você acabou se afogando enquanto jogava aquele joguinho. Pelo que pude ver de longe, no momento em que você foi buscar a bola um dos demônios acabou pulando encima da sua cabeça. Deve ter te atingido com muita força, porque quando te peguei você já estava desacordada. Por sorte, você não está com tantas sequelas.
- Eu me afoguei...?
Charlie tinha um olhar surpreso, quase não acreditando no que estava ouvindo.
- Sim. Você nem estava respirando... Felizmente, eu consegui fazer uma massagem cardíaca em você, que te fez respirar de novo.
Isso explica o porquê de eu estar com dores no peito.
A garota sentiu um rubor se espalhar pelas suas bochechas com o pensamento de que Alastor a salvara. Isso foi bem gentil de sua parte e até mesmo raro. Ele falava de uma forma que expressava seu orgulho e não desconforto como Charlie pensaria ouvir. Ele estava diferente, mas não de um jeito ruim. De um jeito que chamava o interesse de Charlie, emocionando-a profundamente.
- Depois, eu te carreguei até o seu quarto. Você estava muito fraca e cansada, precisava deitar. Eu tirei seu biquini molhado e providenciei essa camisola. Me desculpe se talvez ela não tenha sido de seu agrado.
- Você...me viu...?
A vergonha crescia em Charlie ao pensar que Alastor havia a visto. No exato instante, ela viu o rosto do overlord ficar todo vermelho. A surpresa o levando a falar tudo rápido demais.
- N-Não não, eu usei magia para te trocar! Eu não vi nada, eu juro!
Os dois desviaram os olhares. Alastor passava nervosamente a mão nos cabelos, enquanto Charlie alisava suas mechas. Por obra do destino, os dois sempre pareciam estar envolvidos em situações constrangedoras.
- Eu... eu nem sei o que dizer... Muito obrigada Alastor...realmente obrigada!
A princesa falava com uma sinceridade de coração. Alastor sentiu seu coração morto palpitar com o agradecimento. Nunca em sua vida simples palavras pareciam ter tanto poder. Seu peito se aqueceu e as palavras fugiram da sua boca.
- ...Eu... Eu faria de novo se fosse necessário. Por você Charlie eu faria isso! Sua segurança significa muito pra mim.
A essa revelação Charlie travou. Seu sistema entrou em pane. Pensamentos bombardearam sua cabeça sobre como amigos normalmente demostrariam preocupação e a forma com que o overlord havia expressado seus sentimentos, ultrapassava demais essa barreira. Os dois ficaram em silêncio, meio desajeitados um com o outro. A risada nervosa dele quebrou essa tensão.
- Haha... E não precisa se preocupar com o demônio que fez isso com você... Eu cuidei especialmente dele. O felizardo estará prestando muitos serviços para nós por pelo menos um ano.
Dizendo isso, Alastor se lembrava da conversa tida com o demônio e das doces ameaças feitas a ele. No final, o maldito havia borrado as calças. O overlord se divertia muito com isso. Seus lábios se contorcendo com o pensamento.
Charlie temia que Alastor tivesse feito algo ruim com o cara. Por mais que se ressentisse, não queria presenciar mais uma morte. Ela se aliviou quando Alastor revelou ter mandado o demônio para realizar serviços a dispor do hotel. Era o melhor que poderia acontecer.
Sem medir suas ações, Charlie colocou a bandeja de lado e abraçou Alastor rapidamente, pegando-o totalmente desprevenido.
- Eu não sei como te agradecer Al! Muito obrigada por tudo!
Alastor teria a afastado se não tivesse um carinho pela garota. Envolvendo os braços ao redor da pequena forma, ele abraçou a menina de volta. Tão rápido como foi, os dois se afastaram. Tudo que tinha que ser dito foi falado, por isso, com uma vermelhidão leve no rosto, Alastor se levantou da cadeira. O dia seria longo e havia muito trabalho a fazer.
- Bem...espero que aproveite o café. Vou descer para o escritório. Ainda tenho muita papelada para preencher! Tire o dia de descanso querida! Recupere sua preciosa força! Eu cuido de tudo por enquanto!
Charlie não queria deixar que todo o trabalho ficasse sobre Alastor, mas vendo o olhar que implorava para a mesma ficar, a princesa só pode concordar com a cabeça.
- Ainda continuaremos aquela conversa né? Sobre o projeto na piscina?
- Sim, com muito prazer! No entanto, antes disso você deve repousar!
- Ok! Eu entendi...pai!
Sua afirmação desencadeou risos de Alastor. Fora engraçado escutar a loira, ainda mais que sua boca formava um beicinho fofo. Definitivamente, estar com ela era um grande entretenimento para sua pessoa.
- Eu já vou indo! Trate de comer tudinho! Prometo vir dar uma olhada em você mais tarde!
Charlie assistiu Alastor até que o mesmo desapareceu bem na sua frente, provavelmente se teletransportando para o escritório. Assim que ele se foi, a loira começou a comer. Tudo estava muito gostoso e logo a bandeja ficou completamente vazia.
Nossa! Eu estava com fome mesmo!
A loira se levantou da cama para se espreguiçar. Ela estava decidida que não ficaria no quarto hoje. Sua personalidade forte, não deixaria que largasse seu hotel por hoje ou que Alastor ficasse com todo o trabalho em mãos. Não, definitivamente não.
Eu vou trabalhar! Por mais cansada que eu esteja, não vou fazer corpo mole. Eu estarei lá para ajudar!
Charlie agradecia a bondade que Alastor havia demonstrado. Com certeza a comida havia lhe dado um bônus de energia. Suas roupas estavam penduradas no armário. Com calma, cada uma das peças foi posta, se ajeitando lindamente em seu corpo. A gravata borboleta era a última restante. Com um aperto suave, esta ficou presa em seu peito.
Indo ao banheiro, Charlie fez sua higiene matinal, arrumou os cabelos e admirou seu reflexo. A mesma estava radiante. Rapidamente, o quarto foi arrumado e em meia hora a garota estava pronta para o dia.
- Vamos lá Charlie! Temos hoje coisas a fazer!
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