Charlie viu o dia amanhecer, seus olhos ardiam e ele ainda estava chorando. Algum tempo depois Lucca acordou e passou a mão na lateral do corpo de Charlie.
– Bom dia! – Disse sorrindo, mas parou ao ver a expressão de Charlie. – Você tá com uma cara péssima. Vou preparar o café da amanhã.
Charlie se arrastou até estar sentado. Ele procurou o celular e o viu do outro lado da sala, tentou pegá-lo, mas a corda não o deixava ir muito longe. Ele continuou tentando até que Lucca voltou e o viu.
– O que você pensa que está fazendo? – o homem gritou e chutou Charlie no peito o fazendo cair no chão. – Não tente usar o celular.
Charlie se encolheu no canto da parede e chorou.
Nick pegou o primeiro voo. Ele passou momentos de aflição ao ligar inúmeras vezes para Charlie e não ter resposta. O atleta mal conseguia manter os pensamentos alinhados, estava preocupado e se sentindo culpado por estar longe. A família de Charlie estava toda reunida e desesperada, o garoto estava desaparecido há quase 24 horas. A polícia foi acionada e as investigações iniciaram.
Quando Nick chegou ao aeroporto Sarah já o aguardava, com pouca conversa os dois seguiram para a casa dos Springs. Chegaram ao anoitecer. A polícia o intimou a depor e Nick concordou em ser ouvido.
– Sargento, nós prestamos queixa recentemente, um boletim de ocorrências, por conta de um assédio que Charlie sofreu no trabalho.
– Ficamos sabendo. Outra viatura foi até a casa desse tal Lucca Vincenzo, mas não havia ninguém em casa, estamos aguardando a ordem de busca e apreensão para invadir.
– Tenho certeza que ele está envolvido, ele estava obcecado por Charlie. Ele o atacou. Por favor, senhor, precisamos encontrá-lo.
– Nós vamos encontrá-lo. Fique tranquilo.
Nick concordou acenando, mas lágrimas caíam no seu rosto. Ele permaneceu sentado no sofá chorando enquanto o policial ficava de pé.
– Fiquem atentos ao telefone, principalmente você Nicolas, o sequestrador pode tentar entrar em contato para negociar.
– Ele não vai querer dinheiro, ele quer Charlie, quer se vingar de mim por ter o impedido de atacá-lo.
A família de Charlie sentou ao lado de Nick e o abraçou. Horas se passaram e o sofrimento era generalizado, Sarah chegou para fazer companhia ao filho e enquanto eles conversavam a equipe que recebeu a liberação da busca e apreensão informou que não havia ninguém na casa de Lucca, ele tinha levado alguns itens e a casa parecia abandonada.
– Será que conseguimos rastrear o celular de Charlie? Eu e ele sempre vemos a localização um do outro por motivo de segurança.
– Excelente ideia, garoto. Vou chamar a TI e montamos uma base aqui mesmo. Vamos torcer para que o celular não tenha descarregado.
O policial formado em TI chegou uma hora depois, ele rastreou o celular de Charlie através das conversas com Nick e dos códigos de segurança e encontrou a localização. Nick ficou histérico com o policial que não queria levá-lo.
– Você não pode me deixar aqui, ele vai querer negociar, eu posso ir ajudar, ficar no lugar de Charlie, barganhar. Você não pode me impedir!
– Garoto, ele está armado. Não podemos colocar mais uma pessoa em perigo.
– Charlie é o meu namorado, é o amor da minha vida, vocês não podem me impedir de ajudar. Eu fico no carro, só saio quando você deixar.
O policial suspirou preocupado. Sabia como era lidar com o amor e todas as loucuras que fazíamos por conta dele, então ele cedeu.
– Você vai ficar no carro e só vai sair quando e se eu mandar.
– Entendido. Obrigado.
Nick entrou na viatura e ficou entre dois policiais, o carro seguiu o trajeto para a rodovia com mais duas viaturas o seguindo.
Charlie estava faminto. Lucca disse que ele não comeria como forma de punição por tentar pegar o celular e por não beijá-lo outra vez.
– O que você vai ganhar com isso, Lucca?
– A morte de Nick! E a sua também. Quando ele vier te salvar, porque eu sei que ele vem, eu vou matar você na frente dele e depois mato ele também. – Respondeu frio.
– Você é doente.
– E ainda vou te comer na frente dele.
– Você é um miserável doente! –Charlie gritou e se arrastou para o mais longe que conseguia.
– Sei que ele vem a qualquer momento. É só esperar o show. –Riu.
As viaturas entraram no matagal seguindo o sinal do celular de Charlie e não demorou muito para encontrarem a cabana. Os carros cercaram a casa e um helicóptero foi acionado, refletores gigantes iluminavam o local e o policial gritou no megafone.
– Lucca, a casa está cercada, renda-se e entregue Charles.
Lucca gritou de dentro da casa e deu tiros para o alto.
– Vocês nunca vão pegá-lo vivo.
– Garoto, podemos negociar, me diga o que você quer?
– O que eu quero está aqui comigo, mas tá faltando o porra do Nick pra eu dar um tiro bem no meio da testa dele. Ele não veio? Aparece seu cuzão!
Nick tentou sair do carro mas os policiais o impediram.
– Garoto, fica quieto ou você pode estragar tudo.
– Não deixamos Nicolas vir, mas se você libertar Charlie podemos chamá-lo aqui.
– NÃO! NÃO CHAMEM! – Ouviu-se a voz de Charlie bem longe.
– Cala a boca! – Outro som de tiro. – Tragam o Nicolas!
O policial reuniu alguns agentes e chamou Nick.
– Atenção, vamos colocar a operação em andamento. Nick vai ser a isca e quem tiver visibilidade atira para matar. Você topa garoto?
– Topo.
Nick pegou o megafone e falou.
– Lucca, estou aqui, eu troco de lugar com Charlie.
Ouvi-se uma gargalhada lunática e a porta da frente foi aberta com brutalidade. Lucca surgiu com Charlie algemado e amordaçado, ele arrastou Charlie o fazendo de escudo humano.
– E aqui está ele, vivo! Charles Spring! – Lucca pôs a arma na cabeça de Charlie deslizou uma mão pelo corpo do garoto. Apertou sua região íntima e gargalhou. – Tá vendo, Nick? Fica olhando!
Charlie chorava e tentava se proteger do assédio, mas Lucca o batia e o segurava.
– Pare, por favor, eu estou aqui, deixe ele livre. Você pode ficar comigo. – Nick andou em direção aos dois de mãos erguidas.
– Pode vir, eu vou matar você e Charlie.
– Não, você vai soltá-lo e ficar comigo.
– AHHHHHRRGR – Charlie gritava, mas Nick tentava não olhá-lo ou correria pra ele.
– Cala a boca! – Ele deferiu uma coronhada na nuca de Charlie e o garoto caiu desmaiado.
– Charlie! Por favor, não machuque ele. – Implorou.
– Tirem ele daqui – Lucca disse chutando o corpo caído de Charlie – agora eu vou me vingar de você.
Lucca mirou a arma em Nick e atirou, Nick se jogou no chão desviando, o tiro passou longe do garoto. Provavelmente Lucca estava com a visão ofuscada pelos refletores. Quado ele se preparou dar o segundo tiro ouviou-se um barulho e o corpo de Lucca cai no chão sem vida.
Nick rapidamente corre para onde está Charlie e o pega nos braços chorando.
– Meu amor, você está bem. Está tudo bem agora. Eu nunca mais fico longe de você, prometo. – Nick disse enquanto chorava abraçando o corpo desmaiado, sujo e ensanguentado do namorado.
Os policiais entraram em ação e tiraram as algemas de Charlie, o resgate chegou e os paramédicos prestaram atendimento. Nick foi na ambulância com Nick e uma escolta da polícia. No caminho ele avisou a família que tudo tinha acabado e que eles estavam a caminho do hospital.
Os dois receberam atendimento médico e o estado de Charlie era estável e fora de perigo, só estava desnutrido e com um corte da nuca. O médico realizou o exame de corpo de delito e atestou que ele não foi estuprado para o alívio da família e de Nick.
Nick sentou na poltrona ao lado da cama de Charlie e segurou em sua mão.
– Nunca mais ficaremos separados, meu amor.
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