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Seungmin não era alguém extremamente sentimental.
Na verdade, era meio difícil pensar profundamente sobre isso, sobre quantas vezes foi ou não alguém emocionado. Tanto por não ter tido situações oportunas quanto por ser relativamente calmo em tudo que se propunha a fazer. Podia ser até estressadinho às vezes (contradizendo ridiculamente essa concepção de plenitude que tinha quanto a si próprio), mas num geral agir de maneira impaciente não era, necessariamente, sentimentalismo. Só não lidava muito bem com estupidezes.
O engraçado era que Seungmin realmente nunca teve a experiência de ser um exagero, nunca gostou de alguém de uma maneira ridícula que o fizesse agir de forma impensada, arrumar brigas ou ter crise de ciúmes. Na verdade, nunca tinha verdadeiramente gostado de alguém. Era bem sincero com o próprio coração e deixava que ele batesse como bem entendesse, mas de todas as atrações e interesses que sentiu em toda a sua curta e jovem vida, nenhuma delas envolvia borboletas em excesso no estômago, pensamentos transbordando em sua cabeça ou a sensação de lava fluindo por suas artérias.
Exceto com Jisung.
Han Jisung era, sem dúvida alguma, a exceção de uma verdade que estava atada à personalidade de Seungmin como raízes profundas que faziam com que ele fosse quem era. Jisung era o brilho em seus olhos, a dor na boca de seu estômago, o formigamento em seu braço esquerdo, o suor escorrendo por sua nuca, os alvéolos desesperados do seu pulmão, o núcleo das suas células, o calor que fazia seu corpo entrar em ebulição. De uma maneira tenebrosamente irracional, ele era o arrepio em cada um de seus poros, a musa de seus pensamentos mais impuros e, acima de tudo, a primeira pessoa que vinha em sua mente a qualquer momento do dia.
Han Jisung era sua obssessão mais profunda e Seungmin já não se via no direito de se intitular alguém calmo não-sentimental, porque aquele garoto — aquele maldito garoto bochechudo — roubou cada pedacinho da sua sanidade. Pouco a pouco, ao longo de anos de amizade. E no momento, enquanto ainda eram apenas uma relação sexual ridiculamente embaçada, Seungmin não estava mais no controle da própria cabeça. Foi consumido (foi gostosamente consumido).
Jisung o engoliu a cada beijo, a cada toque, a cada palavra de carinho que sempre havia dito, mas agora tinha um significado a mais (o que eles eram? Deus, o que eles eram?!). Han sugou sua alma, se deliciando com seus sonhos impuros e seus desejos apaixonados, bebendo de bônus o seu sangue e fazendo seu coração de sobremesa. Ele entrou em seu corpo e se alojou em suas articulações, provocando dor e espasmos a cada vez que se viam, que se tocavam e olhavam profundamente nos olhos um do outro.
Jisung tinha uma aparência angelical. Cabelos compridos, olhos grandes e sinceros, bochechas que enganavam. Mas tinha a boca de um demônio, a mão sorrateira de um pecado e a mesma lábia do diabo. Dessa forma, eles se aproximavam mais, colando-se um ao outro com a inconsciência de quem não entendia o perigo da obsessão e ainda assim conscientes do prazer que o vício daquele gosto (o gosto do tesão) proporcionava.
Carnalmente eles eram um, sentimentalmente eram outros. Seungmin realmente não costumava ser alguém sensível, mas Jisung exigia cada segundo da sua atenção, cada gota do seu corpo, cada pedaço do seu ciúmes.
Mas era difícil sentir tanto ao mesmo tempo em que não sabia o que o outro estava pensando. Mesmo quando se beijavam, as bocas quentes e necessitadas, e agarravam cada centímetro de pele nua e suada que conseguiam alcançar, mesmo quando ele gemia daquela forma em seu ouvido, resmungando e querendo mais, Seungmin duvidava da igualdade entre eles. Eram intensos, eram horrendamente intensos, mas havia uma diferença gigantesca (um abismo da largura da fratura em seus ossos quando Jisung sorria) entre intensidade e qualidade.
Seungmin estava sendo bom para Jisung? Quando seus lábios se tocavam e suas línguas deslizavam uma na outra com uma facilidade absurda, será que ele também sentia aquele desespero pelo coração alheio? Aquela vontade que dava ansiedade, que embrulhava o seu estômago e o fazia querer vomitar, apenas pela necessidade de roubar cada pedaço, órgão e pensamento do Ser do outro?
Han também tinha o desejo ininterrupto de se agarrar em qualquer lugar de seu corpo e implorar — com direito a lágrimas e trilha sonora — para que eles nunca acabem?
Quando eles se viam e sorriam de forma automática, na monotoniedade de quem gostava muito mesmo, Jisung também sentia que cada célula do seu corpo não suportaria por mais nenhum segundo aquela sensação de fogo azul ardendo e ardendo de novo?
Seungmin estava assustado. Nunca se sentiu assim, e o fato de não conversarem sobre a situação (sério, o que eles eram?) o deixava ansioso e desesperado. Porque suas papilas gustativas queriam o sabor daquele amor e o tato de todos os seus membros clamavam pelo toque quente que apenas Han Jisung podia proporcionar.
Ele era seu.
Seu, seu, seu, seu.
Chegou até mesmo a sonhar uma vez, com ele gemendo.
Seu, seu, seu...
Baixinho. Daquele jeito que só ele sabia.
Minnie, eu sou seu.
Enquanto os corpos se tocavam, se enroscavam, e ele suava. Eles suavam.
Meu, meu, meu.
Seungmin estava terrivelmente apaixonado por Han Jisung e não podia mais se considerar alguém não-sentimental. Ele era, ele era ridícula e inteiramente sentimental por Jisung e ter seu corpo sobre o seu, quente e real, palpável daquela maneira, era desesperador. Porque ele era seu e não havia uma forma de anunciar isso para o mundo todo.
Talvez devesse se sentir aliviado, porque mais ninguém tinha o direito de assistir seu peito nu subindo e descendo tão calmamente, ninguém tinha o direito de pentear seus cabelos compridos e macios esparramados sobre seu peito, meio suado. Nenhum outro ser humano tinha aquele privilégio, da pureza daquela pele bronzeada, de seu corpo cru marcado com a força de seus dentes, de seus olhos sonolentos e sua bochecha amassada.
Seungmin era o único que tinha direito àquela gravação memorial de deslize entre as peles, respirações coordenadas e suspiros de intensidade. (Eram intensos mesmo).
— Namora comigo.
Era impossível manter suas vontades em seu peito, por mais que tivesse medo, por mais que estivesse assustado. Podia ver a silhueta curvilínea do corpo magro sob o lençol fino, podia ver os rastros das lágrimas de prazer ainda em suas bochechas, podia ver a marca de seus lábios nos lábios do outro. Por que esconder o que queria? E queria tanto.
— Te quero mais do que os meus pulmões conseguem aguentar — sussurrou, afundando seus dedos no cabelo macio quando Jisung subiu o olhar para o seu —, preciso respirar você pra conseguir me sentir tranquilo. É porque eu te quero mesmo, com todo o meu corpo. Queria poder te consumir igual você me consome sem nem perceber, e te guardar dentro do meu peito por quanto tempo for possível. Queria, no mínimo, poder te chamar de amor e colocar uma aliança no seu dedo.
Jisung piscou lento, daquela forma adorável que o prendia ainda mais ( o quê em Jisung não era sua vulnerabilidade?). A mão subiu lentamente, apoiando em seu peito em um abraço frouxo, contradizendo a força das digitais marcando a pele de sua clavícula, as unhas fincando-se em sua alma.
Han sorriu e Seungmin achou que morreria.
— Isso tudo é ciúmes? Jungwon não me atinge mais, você sabe... ele ter te provocado não-
— Eu amo muito você — Seungmin queria respirar mas era tão difícil. Mal pensava —, dói. Quero um relacionamento porque amo muito você e aquele idiota não passou pela minha cabeça uma única vez desde que você segurou a minha mão essa noite então... namora comigo.
O sorriso de Jisung era precioso, era lindo, era amor.
— Óbvio que sim — sua risada gratificada preencheu o quarto mal iluminado, espalhando paixão por cada gesso, concreto e tijolo daquele cômodo —, cara, eu tava louco por isso.
Seungmin precisou revirar os olhos, apesar do coração acelerado querendo explodir em seu peito. Han devia estar escutando sua taquicardia.
— Tudo tão lindo e você me chamando de "cara" — resmungou, abrindo um sorriso sincero em seguida —, você não existe.
Jisung continuou sorrindo mesmo quando se arrastou sobre o seu corpo, prendendo suas coxas entre os próprios joelhos e esfregando o rosto contra o seu como um gato. Sua pele estava quente e macia, além de cheirosa. Han respirou fundo, sentindo o perfume do mais novo impregnado em seu suor, em seus cabelos e na roupa de cama (a cama nem era dele...).
Que cheiro bom. Que lugar gostoso.
— Você é um bom garoto — sussurrou, ciente dos próprios efeitos quando a mão grande apertou sua cintura exclamativamente (!) —, também te amo muito.
Seungmin tinha aquela maneira única de agir e sentir tudo. Ele era calmo, mesmo quando seu coração se desesperava na caixa torácica, os batimentos reverberando na palma da mão de Jisung. Por isso Han o beijou lento, intencionalmente tentando roubar sua atenção para seus lábios, aliviando o aperto naquele peito. O seu também estava ágil.
Queria ficar ali para sempre, mesmo que fosse tudo tão recente, mesmo que isso significasse muito.
Para sempre. Não era muito tempo, na verdade, talvez não fosse o bastante para se declarar quantidade de vezes suficientes. Talvez não fosse o bastante para beijá-lo o quanto queria.
Aquele sentimento de amor que tinha pelo Kim apenas migrava ao longo dos anos. De carinho para amizade, para um amor inocente e então a paixão dolorosa. Para sempre não seria o tempo mínimo para que migrassem entre diferentes tipos de Amores mais e mais vezes, sentindo — de uma maneira diferente, apenas sentindo um ao outro.
Amá-lo doía quando o sentimento transbordava além do que seu corpo minúsculo (ínfimo diante o amor) podia suportar.
Jisung trilhou beijos pela mandíbula marcada, rindo. Eles riam! Com leveza e certeza. A certeza do toque em sua cintura, a certeza do cheiro floral em seus cabelos, a certeza de seu sorriso brilhante, a certeza de suas bobagens únicas, a certeza de que agora namoravam.
Respirou aliviado, descansando de novo o rosto no peito magro e barulhento.
Tum, tum.
No fim, apesar e além de qualquer coisa, seu coração seria, inegavelmente, de Kim Seungmin.
E vice-versa.
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