Cap 9
- Peter!!! Peter eu estou mandando não fazer isso!
- Eu consigo pai, eu consigo, tá aqui pertinho. Confia em mim!
As próximas coisas passaram muito rápido pela cabeça de Peter, um riso, estampidos, um grito, e sangue, sangue correndo o chão como água, alcançando e manchando seu tênis branco.
Peter despertou suando, gotas grossas pingando sobre o edredom macio, ele olhou pros lados assustado, começando a entender que tudo era um sonho.
Levantou correndo em direção a sala do apartamento que dividia com o pai. Precisava vê-lo, precisava ter certeza que estava bem. Eram 05:00 horas da manhã ainda, mas sabia que Steve já estaria acordado. Invadiu a sala, vendo o pai sentado no sofá lendo um livro, se adiantou pulando sobre ele o abraçando.
- Pai, eu te amo! Obrigado por tudo!
Steve queria dizer que estava assustado, mas Peter já tinha feito aquilo algumas vezes, e depois do dia anterior ter sido tão conturbado, com Tony passando mal e toda aquela coisa do garoto que Peter gostava, que Rogers praticamente já esperava aquela cena.
Abraçou o filho de volta, o puxando para o sofá junto com ele.
- Eu também te amo, tá tudo bem querido, tá tudo bem.
Peter respirou fundo algumas vezes dentro do abraço confortável do pai
- Eu to bem, foi só um pesadelo.
Steve se sentia tão incapaz de ajudá-lo, porque Peter não se abria com ele. Sabia que a imagem do pai super herói havia se quebrado em pedaços naquela tarde meses atrás, Peter havia visto o pior dentro dele. Passado algumas semanas, enquanto Steve ainda se recuperava no hospital, o garoto havia sido diagnosticado com estresse pós traumático e esse tinha sido um dos maiores motivos para que o loiro tivesse aceitado que Peter se mudasse com ele, mesmo que Tony tivesse uma condição financeira melhor. Tendo participado de guerras, Steve sabia exatamente o que significava a condição de Peter, mas agora passado alguns meses se perguntava se realmente tinha feito a melhor escolha, já que o garoto não o via mais como fonte de confiança e proteção. Além de ser, um lembrete de que merdas acontecem com as pessoas que amamos.
Steve fechou os olhos angustiado com toda aquela situação. Tudo deveria ser diferente. Peter não deveria se sentir assim, Tony não deveria estar doente. E Steve deveria ser menos egoísta e pensar mais em como os outros dois estavam em frangalhos, enquanto ele simplesmente seguia sua vida infeliz.
- Eu queria ser mais forte por você Peter, queria que se sentisse bem o suficiente comigo, pra me contar sobre esses sonhos.
Peter levantou o rosto e encarou o pai, cruzou e sustentou um olhar tão intenso que Steve se sentiu levemente desconfortável
- Você é a pessoa mais forte que eu conheço na vida! E tenho certeza que minha opinião não mudaria, mesmo que eu conhecesse todas.
Rogers começou a fazer um cafuné na cabeça de Peter. E o garoto falou baixinho, bem diferente da postura de momentos atrás.
- Não são pesadelos, são lembranças. E eu não quero falar, porque são com você. E é assustador. Porque eu não quero te perder.
As lágrimas surgiram no rosto dos dois, e eles não se importaram em secar, Steve abraçou o garoto tão apertado, que Peter se sentiu sem ar, mas não se importou, ele queria continuar pra sempre sobre as asas do pai, como um filhote de passarinho.
- Não vai Peter, eu to aqui, e não vou sair do seu lado. Você é a melhor parte de mim, e não to disposto a abrir mão disso tão fácil assim.
Ficaram ali naquele abraço por mais alguns segundos tentando acalmar o coração. Peter saiu do abraço para encara-lo mais uma vez.
- Eu sempre tive orgulho quando as pessoas diziam que eu parecia meu pai Tony. Mas no meu íntimo, eu sempre vibrei quando dizem que eu era como você também. Você é a pessoa mais altruísta que eu conheço. Você coloca sua dor de lado, pra cuidar de mim, pra cuidar de Tony, eu te coloquei quase numa cadeira de rodas, talvez até num caixão por minha imprudência.
- Não Peter, não diga isso por favor, nunca mais repita isso, a culpa não foi sua meu bem, não foi você que segurou a arma, não foi você que atirou em mim.
Peter continuou falando, ninguém era capaz de convence-lo de sua inocência e ela preferia apenas não discutir mais sobre aquilo.
- Você se importa com meu pai Tony mesmo depois de ele ter te traído. Você sempre foi o castelo, sempre foi a rocha. Eu achei que quando tudo aconteceu, nos teríamos que ser isso pra você. Você tinha sido gravemente ferido, tinha sido traído. Mas você continuou a nossa Rocha, continuou nossa Fortaleza. Então por favor, me deixa seguir seus passos, e me deixa cuidar de você também. Chega de chorar escondido, chega de não me deixar te abraçar ou estar com você tanto quanto você sempre está comigo.
- Em que momento dessa conversa, sobre seus pesadelos, a gente virou ela para fato deu guardar as coisas?
Ele sorria pra pro garoto que também sorria pra ele.
- Eu falo dos pesadelos, você chora no meu ombro. Temos um trato pai?
Steve não se cabia em tanto orgulho de como Seu filho, seu menino fofo e divertido, era também inteligente, meigo e compreensivo.
- Sim temos um trato. Mas isso não te isenta de nossa próxima conversa. Então o que você e o Wade tem?
Steve era direto e rápido, e Peter sorriu lembrando que lá vinha o sermão sobre se cuidar contra doenças sexualmente transmissíveis
- nós nos gostamos, o que de fato tá acontecendo ainda é confuso. Mas estamos juntos.
- ele te trata bem?
- Sim, ele é engraçado, divertido, carinhoso...
Steve riu bem alto cortando o garoto.
- Já entendi, você tá apaixonado né?
Peter corou de vergonha
- Você acha isso bobo né?
Steve respirou fundo e o encarou.
- Não meu bebê, não acho! Acho que se é recíproco e vocês se sentem bem na presença um do outro é incrível. Mas você ainda é um garoto. E precisa se cuidar.
Peter revirou os olhos, mexendo a boca em sincronia com as palavras de Steve, já havia ouvido-as tantas vezes que estavam decoradas.
- Só faça as coisas se sentir confortável pra isso, faça com amor, respeite e exija respeito também. Use camisinhas, existe muito mais que risco de gravidez, e converse com a gente se algo não estiver bem. Ok?
- Você diz isso toda vez pai, pelo amor de deus!
- Peter a primeira vez pode ser incomoda e você pode não se sentir tão bem, só quero que saiba que eu e seu pai estaremos aqui se precisar.
Peter jogou a almofada do sofá sobre o rosto constrangido.
- Paiiiiii Eu seiiii, a gente pode só relaxar, eu e o Wade só nos beijamos uma vez.
Steve riu
- Adolescentes Peter, eles são piores que Coelho, vocês tem esses hormônios loucos a flor da pele. Um beijo já tá bem avançado.
Peter apertou ainda mais a almofada. Levantou com ela ainda na cara em direção ao quarto.
- Vou me trocar pra escola.
Isso fez Steve lembrar de algo.
- Meu amor, hoje Tony vai tomar café com a gente na padaria de sempre ok?
- Issee ae soo pree mi?
- Tira a almofada do rosto por favor? Depois cai e se machuca. É perigoso.
Peter riu e encarou o pai sem almofada.
- Vocês estão fazendo isso só por mim?
- Por que a pergunta?
- Wade disse que dava pra ver que vocês se gostam.
Ele achou mais fácil terceirizar a culpa.
- E eu acho que esse garoto fala demais.
Apesar de parecer duro ele estava rindo.
- Você ainda o ama?
Steve respondeu tentando parecer o mais leve possível.
- Nos passamos 18 anos juntos. E nos amamos durante cada segundo deles. Não existe borracha que simplesmente apague isso, eu me importo verdadeiramente com Tony, mas não é como antes, então desisti de tentar nomear esse novo sentimento.
- Você acha que ele se arrependeu? Da traição?
Steve apoiou os cotovelos sobre os joelhos, aquela era uma conversa muito difícil, e tinha vindo muito rápido, ele não sabia se ja estava preparado para tê-la com Peter.
- Eu tenho certeza que sim, seu pai é um cara bom Peter, ele jamais iria querer me magoar, ou magoar você. Mas você precisa entender q a traição é um sintoma de que mesmo q ele se importe, o que sente não é igual ao que você e o Wade sentem um pelo outro por exemplo!
Peter nunca tinha conseguido falar com Steve sobre aquilo, ele sempre desviava, e dizia que só falaria daquilo quando Peter voltasse a falar com Tony, e pudesse ouvir todas as versões. Ele nunca deixava de cumprir sua palavra, e agora mesmo visivelmente incomodado ele respondia às perguntas precisamente. Doía ver o pai daquele jeito, mas Peter queria saber, queria muito saber mais sobre eles.
- Por que você não pergunta pra ele, sobre o que ele sente?
Um riso amargo subiu até a ponta da língua de Steve mas ele engoliu novamente. Não queria deixar nenhum sentimento ruim ditar aquela conversa.
- Porque às vezes nossas atitudes sabem mais sobre nós do que nós mesmos. Você está fazendo todas essas perguntas por que sente falta não é?
- Não, eu acho, que você sente, pai. Acho que vocês dois sentem. Eu ainda tenho vocês, e sei que vocês vão estar comigo em quantos cafés da manhã eu quiser.
Ele riu metido, se virou e seguiu pro quarto. Steve jogou o corpo pra trás no sofá, de repente a ideia de afogar a cara numa almofada como filho parecia extremamente interessante.
Eles chegaram na padaria e Tony já estava lá, um sorriso de canto a canto de ver os homens de sua vida ali.
Stark sentiu o gosto de lembrança, reparando como Steve era maravilhoso com aquela farda, quantas vezes ele arrancou aquela farda nos dentes?
- Pai você tá bem, tá vermelho?
Tony desviou o olhar para Peter, assentindo estar bem
- So estou feliz de ver vocês aqui. Eu já pedi o que vocês gostam, vamos comer.
Os três se sentaram, comendo com calma as panquecas que Tony havia gentilmente pedido antes deles chegarem. A padaria ficava próxima da escola, assim Peter poderia ir pra aula sem correr o risco de se atrasar. Eles deixaram o silêncio tomar a mesa, e era tão aconchegante que Peter só não queria ficar ali o dia inteiro naquele clima, porque queria ver Wade. Levantou num pulo quando viu a mensagem de Wade dizendo já ter chegado na escola.
- Pais preciso ir! Amo vocês até logo.
Dizendo isso saiu correndo, mas logo Steve o segurou pelo braço, ele se virou pra encarar o pai.
- Se sentir confortável, fazer com amor, avise se algo não parecer certo, e por último use camisinha.
Ao terminar Peter tinha certeza que até a unha do seu dedinho estava vermelha de vergonha.
- Sério, Pai, tinha necessidade de fazer isso na frente de todo mundo?
Steve sorriu carinhoso
- Eu te amo querido! O que posso dizer?
Peter saiu emburrado da mesa, enquanto Tony caia na risada.
Steve cruzou os braços mal humorado
- Tá rindo de mim? Senhor desmaiei por que vi meu filho com outro garoto na cama?
Os dois explodiram de rir juntos, e continuariam se Steve não lembrasse que o homem a sua frente, era o mesmo que dormia com outra garota enquanto ele gemia de dor no hospital.
Steve não tinha visto nada, mas sua imaginação fazia o serviço, por mais que encarasse Tony rindo naquele momento, ele só o via o ex entrando e saindo de outra garota. Sentiu o gosto de bile na boca, e respirou fundo evitando vomitar.
******************
Meses atrás
Steve sentava na cama de hospital com dificuldade, Bucky levantava da poltrona ao seu lado, o ajudando com a comida. Pegou a colher de dentro da sopa, dando colheradas na boca de Steve. Ja que um braço estava enfaixado, bem como uma perna, além de um curativo no pescoço.
- Como se sente amigo?
Steve parou de comer, deitando a cabeça no ombro do outro.
- Sei que Tony está cuidando do Peter, e eu realmente não quero Peter me vendo assim. Mas sinto falta deles. Muita falta. Bucky por favor me diz como Peter está?
- Steve para com essa bobeira, de não permitir que Peter venha te ver, ele está surtando de preocupação. E ele não é mais nenhum bebê, ele pode lidar com isso.
Uma lágrima escorreu pelo olho de Steve
- Eu não sei, eles ainda não sabem se vou voltar a andar. Bucky ele não deveria ver o pai assim.
Bucky deu soco na cama
- Eu devia ter estado lá, devia ter feito alguma coisa.
- Não tinha como você saber, já tem muita gente se culpando por isso, não vamos aumentar ainda mais essa lista.
- Promete que vai pensar sobre Peter?
- Sim, eu vou. Bucky pode pegar o telefone e discar para Tony?
Bucky levantou desconfortável.
- Tem certeza?
- Você nunca gostou dele, mas piorou desde que estou aqui. Tem algo a me dizer?
Bucky entregou o celular na mão dele.
- Não é isso Stee, nos sabemos que ele não ter vindo não ter nada a ver com Peter, sabemos que seu estado mexeu muito ele. Você sempre foi o pilar de Tony, e desde que foi internado, bem, ele não tá nada bem. Acho que você deveria focar em si mesmo e na sua recuperação por enquanto.
Fazia três dias que Steve estava internado, ele não tinha visto Tony desde então, ele tinha pedido para que ninguém levasse Peter até lá, ele não queria que o menino o visse daquele jeito, e Tony ficava constantemente com o garoto, o que o impedia de ir visitar o marido.
Mas Steve se sentia frágil e precisava dele.
Discou o número do marido. Tony demorou vários toques pra atender.
- Oi amor!
Tony respondeu
- Oi Stee, como você tá?
Steve era quase capaz de sentir o cheiro do álcool pelo telefone.
- Você tá bêbado?
- Não, não tô!
Steve respirou fundo.
- Escuta Tony, eu sei que é difícil. É difícil pra nós dois. Mas eu não posso estar aí. E você não pode estar aqui, então vamos precisar ser fortes.
Um choro alcançou os ouvidos de Steve, enquanto a voz embargada do outro lado falava.
- Eu não sei o que fazer Steve, não sei como lidar com Peter, eu nunca fui bom sozinho, nunca fui bom sem você.
Steve levantou o rosto procurando por Bucky, que em segundos ja estava ao seu lado o abraçando e massageando suas costas tentando acalma-lo. Steve segurou o choro, não queria piorar ainda mais as coisas.
- Tony, fica calmo. As coisas vão se resolver, e eu vou ficar bem. Vem aqui hoje, o Bucky vai pra aí ficar com Peter. E a gente conversa com mais calma.
Ao fundo Steve ouvia Peter gritando e chamando Tony. O coração de Steve se apertava, ele queria estar lá com sua família, eles precisavam dele, e ele estava impotente numa cama de hospital qualquer.
- O que foi Tony, o que tá acontecendo aí?
Ele ouviu Tony respirar profundamente
- Ele tá tendo pesadelos, eu preciso desligar pra ir vê-lo.
De repente a sobriedade parecia ter atingido Tony, mesmo que momentaneamente, sua voz estava estável.
- Steve, só não esquece que eu te amo. E eu sinto tanto a sua falta. Mais tarde eu vou até aí. Tchau!
A chamada encerrou, e Steve arremessou o celular com força na parede, era frustrante não estar lá para eles, quando eles precisavam tanto.
Ouviu a voz de Bucky leve, ainda sentindo o carinho tentando acalma-lo.
- Precisa parar com essa mania de arremessar celulares, parece um riquinho mimado.
Os dois riram um pouco, e Steve secou as lágrimas que finalmente vieram.
Steve dormia muito naqueles dias, a quantidade de remédios para não sentir dor, a recuperação das cirurgias para retirar a bala do quadril, braço e perna ainda eram incômodas, além do tiro de raspão no pescoço que não deixava Steve esquecer como a vida era fulgaz. Como se os anos na guerra ainda não tivessem sido o suficiente.
Os médicos tinham feito uma série de exames, para verificar se após a cirurgia, da bala que apesar de ter entrado pelo quadril, ficara alocada próxima da coluna, havia tido algum efeito permanente sobre os movimentos das pernas de Steve. A chance de algo mais grave não era grande. Mas pensar nessa possibilidade ainda era desesperador.
Durante a tarde do terceiro dia, que o militar contava como se tivesse um calendário com os dias marcados com X, ele acordou com o barulho de uma discussão, quase silenciosa.
Abriu os olhos e tentou identificar o que estava acontecendo. A voz chorosa de Peter o invadiu com força e agilidade, e se Steve tivesse de pé teria caído, sentiu um nó no estômago com as palavras que se seguiram.
- Tio Bucky, mas ele é meu pai, e eu quero vê-lo.
- Peter, seu pai não quer que você o veja dessa forma. Eu também não concordo garoto. Mas ele é seu pai e sabe o que é melhor pra você.
- Isso é vaidade tio, ele não pode ser injusto e egoísta EU QUERO VÊ-LO
- Shii, não grita, ele dormiu e estava com dor, eu vou deixar você entrar, mas você não vai acorda-lo e vai fingir que nunca esteve aqui. Ok?
Steve interrompeu
- Pode deixá-lo entrar Bucky, tudo bem, eu estou acordado.
Peter transpassou a porta e Steve pode ver os pedaços que um dia ja haviam sido seu garoto. Os olhos inchados, vermelhos e profundos, ele tinha os cabelos bagunçados, e encarava as coisas a sua volta com um olhar alucinante, assustado, esperando precisar se proteger a qualquer momento.
Sentou na cama encarando Steve, com medo de toca-lo e machuca-lo. Rogers por outro lado, engoliu a dor física com todas as suas forças. Puxou o garoto pros seus braços, mesmo que um deles não estivesse funcionando como o esperado.
- Meu bem, é tão bom te ver, é tão bom te abraçar, eu tava com tanta saudade.
As lágrimas vinham com facilidade, encharcando a camiseta.
- Não estaria pai, se me deixasse vê-lo. Eu sei que eu caguei tudo, mas escolhe outra forma de me castigar por favor.
Peter parecia implorar. Steve não havia pensado que ele se sentisse daquela forma, apertou ainda mais o abraço ignorando ainda mais a dor.
- Eu não to te punindo, eu jamais faria isso, jamais. Olha pra mim, nada, nada disso é culpa sua! Eu só estava assustado, eu não queria que me visse assim, e você tinha razão foi egoísmo da minha parte. Me perdoa meu menino. Me perdoa.
- Pai eu senti tanto a sua falta, eu queria tanto sentir seu abraço, eu, não sabia o que fazer, eu tive tanto medo de você não... não..
- Tá tudo bem Peter, tá tudo bem.
Passar a tarde com Peter, tinha dado aos dois a calma que seus corações precisavam, e Steve se achou tolo por não ter deixado o garoto vê-lo antes.
- Como seu pai deixou você vir aqui vestido desse jeito Peter?
Peter sorriu ladino.
- Ele não deixou, tia Pepper foi lá e algo grande aconteceu na empresa eu não sei. Eu só sai escondido.
- Eu devia colocá-lo de castigo, você não devia fazer isso, foi Happy que trouxe você até aqui né?
O garoto apenas riu e Steve continuou
- Ele passa muito a mão na sua cabeça...
Bucky o cortou
- Steve, relaxa, o garoto queria te ver. Acho que a gente pode dar uma colher de chá pra ele né?
Steve se recompôs sorrindo.
A parte mais difícil foi se despedir, era difícil abrir mão da presença do filho.
Quando Peter saiu uma enfermeira entrou pra avisar, que o médico só iria vê-lo para dar um parecer sobre os exames no próximo dia.
Seu medo de que algo mais grave tivesse acontecido começou a crescer no peito do militar.
Ele encarou o melhor amigo branco.
- E se eu realmente não puder andar nunca mais? Como vou trabalhar? Como vou criar o Peter? E Tony? Ele não consegue sequer lidar com a possibilidade, imagina com a certeza. Eles não vão resistir Bucky! O que eu vou fazer? Como cuidarei deles?
Bucky o encarou sentando na cama ao seu lado, e segurando sua mão com tranquilidade
- Vai ficar tudo bem. Você vai voltar a andar, e vai continuar cuidando de Peter, e aturando as frescuras de Tony. E todos, todos ficaremos bem. Precisa se acalmar. Você mesmo disse que sente as pernas, que inclusive sente dor nelas. Isso deve ser um bom sinal.
Durante o resto do dia Tony não apareceu como prometido, e por mais que Steve dissesse a si mesmo que algo na empresa de muito grave deveria ter acontecido, dentro dele, era difícil entender, Tony sempre fora um ótimo marido, um cara companheiro, ele parava o mundo se loiro desse um pequeno espirro. Ele sempre se importava em falar com ele e quando uma pequena ruga de desconforto aparecia Tony aparecia também tentando aliviá-la.
Eles já tinham brigado antes pelo foco de Tony no trabalho, mas ele nunca imaginou que fosse ser “abandonado” no hospital.
Discou diversas vezes no telefone dele, mas só caia na caixa postal.
Por mais que Bucky percebesse o desconforto do amigo, também sabia que não tinha nada de bom pra dizer, então calou-se. E Steve agradeceu que ele mantivesse-se do seu lado sem críticas.
Caiu no sono novamente , ansioso por voltar a andar e reconquistar a vida de volta.
Apesar das lembranças desses dias serem confusas na cabeça de Steve, o momento que o médico entrou com um andador, dizendo que nenhuma sequela havia ficado, e Steve estava liberado para pequenas caminhadas no quarto, era inesquecível, o peso que ele sentiu ser retirado de si, enquanto ignorava a dor e se apagava a felicidade ao apoiar o pé no chão e caminhar, era indescritível.
E ele tentou andar e pela primeira vez em dias, fazer suas necessidades e tomar banho sem quase nenhuma ajuda.
Deitou na cama relaxado por tanto tempo no banho, e por ter finalmente tomado mais que umas passadas de pano úmido pelo corpo.
A tranquilidade e felicidade que ele não sentia a dias o sugou para um sono tranquilo, mesmo que seu inconsciente ainda gritasse aonde estava Antony Stark.
Acordou algumas horas depois com o som de um baque do lado de fora do quarto, entendeu que alguém havia caído, provavelmente após tomar um soco, já que havia uma discussão baixa e confusa, e ele levantou com dificuldades tentando alcançar a porta. Reconheceu a voz de Bucky e de Tony.
- Tony, você é um merda, como você fez isso com ele?
- Eu sei, sei que errei por isso vim falar.
- Você tá louco? Você não vai contar nada, espera ele se recuperar.
- Bucky, Peter viu, eu não quero colocá-lo nessa posição de saber algo que não pode contar ao Steve.
- Eu não dou a mínima, seu egoísta de merda. Steve andou hoje, pela primeira vez, você acha certo, destruir a felicidade dele, contando isso?
Steve finalmente alcançou a porta, e apoiou o andador fazendo força para abri-la.
Bucky e Tony claramente se encarravam, e se viraram para encarar Steve apoiado ao andador.
- Contando o que?
Uma troca de olhares selando uma ameaça velada, Tony encarou novamente seu marido, e mesmo que quisesse não seria capaz de mentir naquele momento.
- Contar que eu dormi com Pepper Steve, eu te trai.
Steve lembrava da dor aguda na sua cabeça, lembrava de ser tragado pelo insconsciente, enquanto sentia o peito machucar tanto que acreditava ter tomado um novo tiro só que dessa vez no coração.
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