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História I Don't Wanna Lose Your Love Tonight - Eu não quero perder o seu amor esta noite


Escrita por: KuroyumeAnna

Notas do Autor


~~~~ limõezinhos, como estão?
One comemorativa de niver do Ruki!
Demorou para eu achar uma capa legal, mas gostei dessa imagem do Reita de cabelo curto. Na one, ele é punk na juventude, mas o tempo passa, ele vira um homem de negócios e precisa estar de acordo, certo? Gostei muito.
A música é I Don't Wanna Lose Your Love Tonight (eu não quero perder seu amor esta noite) da banda The Outfield, mas quem gosta da versão do The Police, tudo bem.
Boa leitura e até domingo em Sumire.
Um beijo!
Ah, e o mais importante: Feliz aniversário, Ruki.

Capítulo 1 - Eu não quero perder o seu amor esta noite


Fanfic / Fanfiction I Don't Wanna Lose Your Love Tonight - Eu não quero perder o seu amor esta noite

 

I Don’t Wanna Lose Your Love Tonight

 

Venha aqui e vamos conversar

Tantas coisas que quero dizer

Você sabe que eu prefiro garotas um pouco mais velhas

 

Foi no verão de 86.

Matávamos tempo em Crissy Field, escutando os hits da estação, tomando coca-cola gelada. A golden gate brilhava num forte tom de laranja no oceano, deixando a baia flamejante, em tons de vermelho e laranja.

Garotas se equilibravam sobre patins cor-de-rosa, e usavam saias rodadas que flutuavam com o ar quente do fim de tarde, e muita pele brilhante estava à mostra.

Eu tinha 17 anos na época. Imaturo, cego por sonhos brilhantes, e acima de tudo, era extremamente apaixonado.

Era um poço de amor jovem e efervescente; um maremoto de hormônios furiosos e descontrolados. 

Eu não tinha namorada, mas também não estava sozinho. Não era do tipo que tinha dona.

Isso até ver a musa; Afrodite, ou qualquer outra deusa que me faria pagar por todos os corações partidos que eu deixara até então, na forma de um cara meio punk, repleto de atitude, e muita sensualidade.

Começando por seus tornozelos gordinhos cobertos pelas meias soquetes, subindo por suas pernas roliças que ficavam de fora do short jeans e desfiado, e uma cintura que até hoje me deixava louco.

Tinha um mar de emoções nos olhos; escuros como o fundo do oceano, turvos e intensos como a noite, e lábios que diziam seja meu escravo.

E se ele pedisse, naquele momento eu rolaria em seus pés, daria a pata e diria au. Daria meu coração e o que mais ele quisesse. 

—Acho que estou apaixonado—foi tudo o que disse a meu amigo, Aoi, que não perdera tempo ao reparar no outro belo espécime de Musa que caminhava ao lado do dono do meu coração.

—Eu sei como é. Se ele quiser, eu caso.

Sorrimos, e como os bons idiotas que éramos, os seguimos enquanto caminhavam pela baía.

Ouvíamos suas doces risadas, enquanto caminhávamos logo atrás. Takanori era seu nome.

Na época, pensei que Suzuki Takanori soava muito bem.

Ingênuo.

Como aquilo alcançava o ápice do ridículo, Aoi e eu tratamos de descobrir mais sobre eles. Mas por mais que procurássemos, nada achávamos. Era como se aquelas duas e irresistíveis imagens fossem fantasmas, tentações de Afrodite.

Como eu amaldiçoei aquela deusa. Deu-me a visão do amor, e a arrancou dos meus dedos, junto do meu coração.

Passamos o final de semana amuados. Pelo menos, eu fiquei. Havia tido o vislumbre do meu primeiro amor, e ele escorrera das minhas mãos como água.

Aoi saiu, decidido a encontrar outra companhia, mas ao voltar cedo para casa, disse que ninguém tinha pernas compridas como as de seu encanto, apelido carinhoso, pois não havíamos ouvido seu nome. E que ninguém tinha aqueles lábios, e que seu cabelo era dourado como o sol. Eu o compreendia. Apesar de todo o drama.

Acordei tarde no outro dia, e me deparei com meu novo vizinho.

Tornozelos gordinhos calçados por sandálias de dedo, pernas roliças expostas por um short que um dia fora calça, mas sofrera uma mudança perfeita que deixava aquelas pernas à mostra, e uma regata justa delineando aquela cintura.

Embasbacado, de boca aberta, sem camisa e só a calça do pijama, fui desperto por um risinho. Meu vizinho era meu anjo. O próximo Suzuki da família.

Ele segurava uma mangueira, e a regata branca molhada mostrava mais do que eu deveria permitir. Vai que tinha outro gavião de olho?

Só eu podia olhar para tamanha exuberância.

Meu anjo estava inclinado sobre o capô do carro, lavando a lataria de forma insinuante, e oh céus, mordi a boca, tentando conter reações mais adversas do meu corpo juvenil, que pipocava de hormônios e desejo.

Quando ele empinou aquele traseiro maravilhoso, movendo os quadris lentamente, não deu para segurar. Tive de correr para o banheiro.

 

Como eu amava as vizinhas fofoqueiras, que ficavam o dia todo penduradas em suas janelas, espiando a vida alheia.

Foi através de uma delas que descobri tudo sobre Matsumoto Takanori, e levei a ficha de Takashima Kouyou até Aoi.

Os dois eram primos e moravam juntos. Vieram a São Francisco para cursar faculdade, e eram cinco anos mais velhos que nós.

Takanori cursava relações internacionais, e Kouyou, artes.

Tentei me aproximar. Arrastei Aoi junto, pois aquilo era novo. Eu, Suzuki Akira, intimidado por um cara menor que eu, mas potencialmente mais experiente.

Meu amigo estava numa situação semelhante a minha.

 

E não se esqueça do que eu disse a você

Só porque você está certa, isso não significa que eu esteja errado

 

Não foi difícil fazer amizade com eles.

Na verdade, foi apavorante.

Eu não sabia sobre o que eles falavam, sobre suas piadas sujas, e eu não gostava da cerveja cara. Se não fosse Aoi por seu jeito fofo, como dissera Kouyou, estaríamos mortos.

Kouyou era quem mais falava, com seu jeito alegre e descontraído. Aoi apenas concordava, e fazia piadas bobas de moleque, e Kouyou sorria maravilhado.

Takanori apenas me analisava com seus olhos calmos, taciturnos, e vasculhavam minha alma, causando arrepios na minha coluna. Mas ainda sim, era fascinante observá-lo, estar perto dele e sentir seu cheiro de limão.

Ele pouco falou. Apenas sorria, e às vezes, lançava-me olhares lânguidos, e outra parte reagia a isso. Reagia muito bem, e isso era muito ruim. Por Deus, Suzuki. Você está na sala dele. Comporte-se.

Ficamos para o jantar, e comemos pizza. Rimos, bebemos, rimos mais e bebemos até apagar. Acordei no dia seguinte rodeado de latas, Aoi dormia nos meus tornozelos, com Kouyou apoiado nele, e Takanori dormia como um anjo no sofá. Não resisti e toquei seu rosto macio, e afaguei o cabelo com cheiro de frutas.

Eu já estava perdida, e irremediavelmente apaixonado.

 

Os dias passaram, e nossa amizade chegou ao nível de andarmos sozinhos no carro dele, carregando coisas para Kouyou, que não dirigia, e que vinha passando muito tempo Aoi em seu ateliê, um anexo de seis metros de diâmetro no jardim dos fundos.

Apesar das diferenças—a de idade, principalmente, embora aquilo não me incomodasse, pois eu me garantia—, tínhamos gostos parecidos. Comíamos as mesmas coisas que Kouyou e Aoi classificavam como nojentas, e despendíamos bastante tempo das nossas noites indo a drive-ins assistindo a filmes de terror.

E foi numa dessas seções que segurei seu rosto com doçura, e o beijei.

De inicio, Takanori parecia assustado. Depois, hesitou, e eu o trouxe para mais perto.

—Não posso—afastou-se abruptamente, e naquele dia me senti como um garotinho que tinha o doce mais gostoso roubado. Só que Takanori não era só um doce. Era a padaria inteira.

 

Não me restam muitos amigos com quem conversar

Ninguém está por perto quando estou com problemas

 

Takanori dirigiu seu jipe desbotado para casa, presos em um silêncio pesado e culposo, qual eu contribuía bastante para piorar.

—Akira, me desculpe—disse com o rosto franzido. —Você é um cara legal. De verdade. Você é incrível—olhou-me com um sentimento estranho, que na época por minha imaturidade, eu não fui capaz de notar—, mas não posso. Não consigo. Sou velho demais. Desculpe. Não consigo.

Não disse nada até chegarmos a nossa casa. Eu pensei em ligar para Aoi vir até a minha casa, mas quando atravessava o jardim de Takanori para passar pela tábua soltas da cerca, vi Aoi e Kouyou se beijando através da janela do ateliê.

Aquilo foi definitivamente o balde de água fria que estava faltando.

Fui para casa tomar cerveja quente, e ouvir The Outfild para deixar a mágoa fluir.

Não deu certo. A cada verso da música, eu me lembrava de Takanori.

 

Eu precisava de um hobbie, uma distração. Musica me fazia lembrar dele. E eu era terrível com instrumentos. Com esportes, nem se falava.

Meu pai tinha alguns materiais na garagem, e me lembrei que Takanori vinha reclamando que sua cadeira de estudos estava bamba. Foi então que o tico chutou o teco, e comecei a agir.

Duas semanas depois, sem ter falado com ele, bati à sua porta, sujo de serragem, e pingando suor, Takanori me recebeu com um olhar apreensivo, mas extremamente satisfeito. Quando mostrei a cadeira que havia feito a ele, me abraçou, apesar de eu estar sujo.

—Obrigado. Foi o melhor presente que eu já ganhei. Quer entrar e tomar uma cerveja?

 Takanori tratou dos meus dedos espetados, arranhados e das unhas roxas, que eu havia acertado com o martelo. Por toda a madrugada, conversamos sobre qualquer coisa que não fosse a cena do drive-in. E apesar dele ignorar diligentemente meus sentimentos, aquela foi a melhor noite da minha vida.

 

Aoi e Kouyou estavam oficialmente juntos. E eu construía moveis como um louco. E numa das minhas febres produtivas, a cerra engasgou, e arremessou um pedaço de madeira na minha cabeça.

Não foi legal.

Principalmente quando Takanori não foi ao hospital me ver.

Ok que fiz o maior drama. Mas teria ficado feliz em saber que ele se preocupava.

Naquele dia tive certeza de que ele não sentia nada por mim.

 

Você sabe que eu faria qualquer coisa por você

Passe a noite aqui, mas não conte para ninguém

 

Dois dias depois, às vésperas do 4 de julho, o vi sentado no jipe, fumando enquanto observava o pacífico. Tão lindo, e parecia tão triste. Arregalou os olhos quando me viu, e chamou meu nome:

—Akira!—acenou, e passei reto, fingindo não perceber sua presença, e aquilo foi a coisa mais difícil que eu fiz na vida.

Era a decisão definitiva que eu o estava deixando. Não que estivéssemos juntos, mas para mim, significava que ele era uma página virada. Ainda que fosse o capitulo mais bonito da minha vida.

 

—Ei, venha ver a queima de fogos com a gente!—Kouyou disse esperançoso, mas neguei. Deixei o casal feliz na varanda, e logo os escutei ir embora. Peguei uma manta, um travesseiro e fui para a garagem. Afastei a serragem de qualquer jeito, e estendi o pano velho no chão, e deixei debaixo da clarabóia que meu pai havia feito para captar luz natural. Não queria ver fogos coisa nenhuma. Queria era sofrer no silêncio, enquanto observava aquelas estrelas idiotas zombarem de mim.

Um cometa riscou o céu, e fiz um pedido. Não que ele fosse se realizar. Era só o hábito.

—Se puder me conceder um desejo, faça com que ele fique comigo para sempre.

Ouvi um som engasgado da porta que dava acesso da cozinha à garagem, e ao me apoiar nos braços e olhar para trás, vi Takanori lá.

—O que foi que você disse?—perguntou-me assombrado.

—Como você entrou aqui?

—A porta da cozinha estava aberta. Pode por favor, repetir o que disse?

—Como entrou aqui?

—Não, antes. O que foi que você pediu?

Dei de ombros.

—E você se importa?

—Se você disser que quer passar o resto da vida ao meu lado, então me importo sim.

Meu rosto queimou.

—Você quer mesmo isso?—perguntou com as mãos cerradas.

—E se quiser?

Os olhos dele estavam marejados.

—Sou mais velho que você.

—E?

—Não vai achar estranho?

—Não. Vou morrer de ciúmes.

—Por que morreria?

—Por quê? Você é mais experiente que eu, e deve ter um monte de caras de olho em você. E eu sou muito ciumento.

Takanori franziu o rosto.

—E como você acha que eu me sinto? Você é mais novo que eu, e deve ter um monte de garotas correndo atrás de você. Sou homem, e ainda por cima, sou mais velho.

—Eu gosto do fato de você ser mais velho.

—Fala isso agora.

—Por que não foi me ver no hospital? Eu fiquei... Arrasado.

—Mas eu fui ao hospital! Só achei que estivesse aborrecido comigo, e pedi para Aoi não me denunciar.

—Então, você foi?

—Fiquei até você acordar e saber que estava bem.

—Por quê?

—Não é obvio?

—Você me rejeitou no dia em que te beijei.

—Você é só um garoto. Sem ofensas. E se não souber o que quer? Sabe, você me quer agora, por curiosidade, e se daqui a uns anos não querer mais? Achei que fosse só uma fase. Quis dar espaço para você pensar.

—Isso nunca vai acontecer. Espere, fez isso pensando em mim?

—Mas é claro, seu idiota. Não pense por um minuto que eu não gosto de você.

 

Faz um tempo que não ficávamos sozinhos

Não consigo esconder como estou me sentindo

 

—Você tem os tornozelos mais lindos que eu já vi—disse, e ele me olhou confuso. —E as pernas mais gostosas, e a cintura mais sexy. Você é lindo, Takanori.

Não pude segurar o sorriso ao vê-lo enrubescer.

O som dos fogos engoliu a noite, e pela clarabóia, víamos as cores caleidoscópicas adentrar a garagem, e tingir as paredes brancas, e cinzelar de cor a pele pálida e macia do meu anjo.

—Não sou sua estrela cadente—Takanori segurou a barra da camiseta, e a passou pela cabeça, jogando-a em mim. O cheiro desprendeu do tecido em direção ao meu nariz, e fiquei inebriado—, mas posso realizar seu desejo.

Takanori caminhou lentamente na minha direção, despindo-se à medida que se aproximava. Ajoelhou-se a minha frente, entregando-me sua cueca vermelha.

—Amo você.

Ele sorriu, envaidecido.

—Eu posso te entender. Também me amo.

O charme dele havia voltado, e eu poderia morrer agora, que morreria feliz.

Mentira.

Se fosse morrer, que fosse daqui a oitenta ou cem anos, e ainda seria pouco para partilhar minha vida com ele.

Beijou-me com doçura, e aos poucos, nosso contato se intensificava. Num minuto, beijava-me com carinho, e no outro, estava deitado sobre ele, entre suas pernas. O calor de seu corpo me fez tirar tudo o que eu vestia, e me permitir queimar em sua chama incandescente.

Nosso amor se solidificava, tomava forma, e nos derretíamos no calor daquele amor que começou num verão enquanto os fogos estouravam no céu.

 

Só quero usar o seu amor esta noite

Não quero perder o seu amor esta noite

 

Dias atuais, Suzuki&Matsumoto Design de Interiores. Sede de São Francisco.

 

Certa vez, pedi a uma estrela cadente que realizasse meu sonho de amor. Pedi a ela que me desse a oportunidade de passar minha vida ao lado de um anjo que conheci num dia de verão, na Baia de São Francisco, sob um sol escaldante.

Não seu se foi Afrodite, Brigite, ou aquele pedaço de rocha espacial, mas meu desejo havia se tornado realidade, e 31 anos depois, ainda estávamos juntos. Obrigado a quem quer que seja o benfeitor que fez esse anjo olhar para um garoto imaturo e inexperiente como eu, mas que acima de tudo, pipocava de paixão.

Acho que faz parte da mágica, a paixão que cada um carrega no peito e está disposto a dividir.

Não sei o que teria sido da minha vida sem Takanori. Ele me fez descobrir minha paixão ao me dar um fora.

Depois daquele 4 de julho, mantivemos nosso namoro em segredo, e terminei o colégio, e juntos, alugamos uma casa pequena, mas com uma garagem gigante, que se tornou a primeira sede da Suzuki&Matsumoto móveis planejados. Takanori largou a faculdade de relações internacionais e estudou design, onde desenhava os móveis, e eu os construía.

Aoi e Kouyou terminaram no mesmo ano, começaram relacionamentos diferentes, até perceberem que se amavam, e que não poderiam viver suas vidas separados.

A amizade deles foi muito importante, pois não era fácil ter um relacionamento homossexual nos anos 80. Foi apoio mutuo.

 Na época, pensei que Suzuki Takanori soava muito bem.

Hoje eu tinha certeza, pois acordava ao lado dele toda manhã, e dizia bom dia, Sr Suzuki.

Eu ainda era apaixonado por seus tornozelos gordinhos, suas pernas roliças e sua cintura de matar. Mas acima de tudo, amava dividir minha vida com o anjo que conheci naquele dia de verão, e que declarara seu amor num 4 de julho, enquanto fazíamos amor na minha garagem, e fogos iluminavam o céu.

 

 


Notas Finais


Com quem será, com quem será que o Ruki vai casar...


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