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História I want love - Não conte o nosso segredo


Escrita por: Nacchan_Hwang

Notas do Autor


Heeey ~ Depois de muitos pedidos e ameaças... Eu voltei \o/
Não, brincadeira. Foram só pedidos mesmo, vocês são uns amorzinhos <3 kkk
Recebi muitos comentários divertidos e pedidos desesperados também ao longo do tempo kkkkkkkkk E eu não sei se deveria, mas agradeço muito por isso também. Apesar de tudo, continua sendo um incentivo e me ajuda a saber que vocês estão gostando :')

Agora... vamos pra fanfic :D
Pra quem reclamou que o capítulo passado não teve Catradora o suficiente... Pode se afogar em gay panic agora durante a leitura. Obrigada! De nada! *voz do Maui*

Sintam-se amadas/os/es e até lá embaixo! ;*

Capítulo 17 - Não conte o nosso segredo


Fanfic / Fanfiction I want love - Não conte o nosso segredo

A madrugada chuvosa que fez Catra dormir tranquila, embalada pelo som das gotas pesadas que insistiam em bater com violência contra o vidro firme e meio sujo da janela do seu quarto, foi a mesma que abriu espaço para um dia radiante na manhã seguinte. O sol brilhava orgulhoso, se deleitando no céu azul, que não guardava nenhum resquício das nuvens negras e carregadas que haviam se formado sutilmente de madrugada.

Depois de uma longa discussão consigo mesma em frente a gaveta de roupas, ela finalmente havia escolhido o conjunto perfeito pra sua tarefa do dia, que consistia basicamente em tirar Adora do sério… E não de um jeito ruim. 

- É… Acho que isso vai servir - A menina sorriu pra si mesma, olhando o caimento da roupa no próprio corpo - Não quero que ela pense que eu precisei me arrumar pra ela... - Catra disse pensativa, organizando melhor algumas mechas de cabelo preto no lugar depois de ajustar melhor a alça delicada da camisa nova e estranhamente diferente do que ela costumava usar. - Mas acho que isso vai ser o suficiente por hoje… - 

O clima gostoso e confortavelmente quente parecia perfeito para uma corrida matinal pela pista de cooper da faculdade, e foi justamente esse pensamento que se fez presente com firmeza na cabeça de Adora assim que a menina finalmente estacionou seu carro na vaga disponível, bem ao lado da ala esportiva, como de costume. 

Ao descer do carro, Adora não pôde evitar seu instinto natural de querer puxar o ar deliciosamente pelos pulmões, sentindo o cheirinho gostoso da terra ainda molhada e das plantas silvestres que costumavam compor seu trajeto matinal de voltas despreocupadas pela pista. 

Por alguns minutos, mesmo sabendo que estava sendo ansiosa demais, Adora se atreveu a pegar o celular do bolso e observar intrigada a tela de bloqueio, de novo, como já havia feito umas dezenas de vezes só naquela manhã. E mesmo assim, nada havia mudado. Não havia nenhuma notificação que indicasse a presença de qualquer mensagem ou ligação perdida de Catra na caixa de entrada ou no whatsapp. Pelo visto... ela havia sumido mesmo. 

Alguma coisa em Adora detestava admitir, mas no fundo desejava desesperadamente que o episódio inesperado da semana passada se repetisse, como em um filme. E Catra simplesmente aparecesse ali, com seu sorrisinho arrogante, pilotando sua bicicleta de forma irresponsável só pra irritar. Mas pra decepção da comédia romântica que vinha se formando aquela hora da manhã na imaginação da loira, não havia nem sinal da garota de olhos coloridos perambulando pelo campus. 

Sendo assim, a única coisa que Adora podia fazer naquele momento, para acalmar suas frustrações, era contar com seus bons e velhos amigos de caminhada: O headphone novo, o shortinho vermelho do time de atletismo, e seu par de tênis brancos de cano alto que pareciam bem mais gastos do que deveriam pra alguém com tantos zeros na conta bancária. 

Por sorte, ela havia deixado tudo muito bem guardado no seu armário do vestiário feminino. E logo depois de se vestir, Adora fez questão de guardar com cuidado a jaqueta esportiva e as roupas que vestia antes, muito bem dobradas. 

Apesar de ainda sentir um pequeno incômodo no peito, tal qual um misto de ansiedade e excitação, Adora tentava ignorar essas sensações enquanto seguia saltitando até a pista de cooper. 

Depois de colocar sua playlist favorita de pop internacional no spotify, a atleta aumentou o volume dos fones sem fio até que não conseguisse escutar mais nada ao seu redor. Sentindo apenas o leve impacto da caminhada a medida em que seus sapatos tocavam o chão, Adora iniciou uma corrida lenta e relaxante ao redor do campus, como em todas as manhãs. 

Como havia sentido falta disso… Correr de casa até o parque não era a mesma coisa. 

Apesar de toda hipocrisia da equipe disciplinar que ficou responsável pelo seu caso com Huntara, Adora sabia que tudo aquilo não havia passado de um joguinho de interesses entre o reitor da universidade e a família corrupta da delinquente. E somente esse pensamento já era o suficiente pra fazê-la ranger os dentes.

Mas agora, sentindo o cheiro familiar das árvores ao seu redor… A raiva parecia desaparecer. Era reconfortante estar de volta na faculdade depois da suspensão. Aquela pista, aquelas quadras, aqueles vestiários… Eram quase como uma segunda casa pra ela. E claro, estar na faculdade em tempo integral agora começava a ter um novo e instigante significado: Ela poderia topar com Catra a qualquer momento. E até aquele instante em que corria despreocupadamente pela pista, Adora não sabia bem até que ponto isso poderia ser bom ou ruim. 

Quando finalmente seu celular vibrou freneticamente no bolso, indicando que faltava apenas vinte minutos pra aula começar, Adora aproveitou que já estava no embalo e seguiu correndo com certa animação até o vestiário, onde tomou um banho rápido e se vestiu com um short jeans branco, uma camisa amarela clarinha e um par de tênis brancos com listras pretas, da Adidas. 

Ao sair do vestiário, mais uma breve olhada no celular… e nenhum sinal de Catra.

Aquela situação era definitivamente frustrante, mas não tinha muito o que fazer. Depois de um longo suspiro ao chegar na entrada no prédio azul antigo, onde ficavam as salas e corredores, a menina com rabo de cavalo ainda se perguntava o porquê de Catra não ter mandado nenhuma mensagem. 

- Será que ela vai mesmo faltar só pra me fazer de idiota…? Ou ela realmente tá só implicando pro Swift Wind fazer o trabalho em dupla sozinho ? Não! Ela não seria tão má! Ou seria… ? - Adora pensava consigo mesma enquanto fechava alguns botões da sua jaqueta vermelha e branca sobre o corpo, apenas por estilo, já que o dia ensolarado presenteava a todos os alunos com uma onda de calor agradável enquanto e se dirigiam até suas salas. 

Quando a menina de olhos azuis finalmente deixou os pensamentos sobre Catra de lado e repentinamente voltou à realidade, foi que ela percebeu que havia se tornado o foco de atenção de todas as pessoas que passavam pelos corredores. Como Glimmer havia dito no dia da festa, a reputação da loirinha parecia ter aumentado em quase 203% com base na quantidade de vezes que as pessoas lhe cumprimentavam enquanto passava e sorriam pra ela como se a atleta fosse uma estrela de hollywood. Sem dúvidas, era meio constrangedor, mas no fundo… até que Adora estava gostando de ser o centro das atenções... Até encontrar um par de olhos coloridos lhe encarando por entre a multidão, como um predador à espreita...

Lá estava ela. 

Mesmo no meio de tanta gente, era difícil pra Adora não perceber a silhueta perfeitamente marcada da outra por conta da calça legging preta, que se agarrava ao corpo de Catra como uma segunda pele, valorizando bem as suas curvas. Adora nunca havia percebido tão bem o quanto Catra ficava deliciosamente provocante vestida de preto e com aquele sorrisinho presunçoso. Mas o que realmente chamou atenção dos olhos atentos da loira foi a camisa cropped branca de algodão que cobria perfeitamente os ombros de Catra, com mangas folgadas, e ao mesmo tempo deixava a mostra toda a extensão da cintura marcada, abdômen lisinho e um charmoso toque final composto pelos ossinhos do quadril,  que pareciam formar um caminho convidativo ao que havia lá embaixo. E com certeza a expressão "lá embaixo" que se formava na mente de Adora, não dizia respeito ao par tênis all star preto que Catra estava usando. 

A visão da outra ali, de braços cruzados despreocupadamente, com um dos pés apoiado na parede e o sorrisinho convencido aflorando nos lábios, fez Adora parar inconscientemente no meio do corredor, segurando a única alça de sua mochila que ainda estava apoiada nas costas. 

A menina havia paralisado, bem ali. E isso já era mais que o suficiente pra fazer Catra sorrir vitoriosa, com um ar malicioso, usando o próprio pé apoiado para se empurrar da parede e tomar um leve impulso, até conseguir se aproximar perigosamente, na direção de Adora, que ainda parecia estática.

- Hey, Adora… Quanto tempo - Catra comentou com certo sarcasmo, apoiando as mãos de unhas longas e negras sobre o próprio quadril, como quem tenta intimidar alguém ao mesmo tempo em que seduz. - Aproveitando seus quinze minutos de fama ? - A garota de olhos coloridos perguntou debochada, observando a forma como algumas meninas pareciam devorar Adora com os olhos quando passavam por perto das duas no corredor. E para o azar dela… Adora percebeu sua reação, se permitindo sorrir com o cantinho dos lábios rosados. O efeito Frozen havia sido quebrado.

- Pelo visto, acho que meus 15 minutinhos de fama vem rendendo bastante... - A loira provocou, fingindo retribuir o olhar de uma garota tímida que precisou esconder o rosto por entre as mãos quando Adora sorriu de forma galante pra ela. Aquela versão convencida da estudante de educação física era mais irritante do que Catra poderia imaginar. 

- Que perda de tempo… - A menina de olhos coloridos bufou emburrada, fuzilando a garotinha tímida com o olhar e se divertindo sinceramente ao vê-la engolir seco de medo e correr pelo corredor assustada. 

- Catra! - Adora reclamou com ar de riso, notando o jeito ciumento com que Catra parecia estar lidando com a situação.

- O quê ? - A menina deu de ombros, como se não tivesse feito nada - Aquela menina parecia ter visto um fantasma - 

- Por que será ? - Adora perguntou fingindo não perceber quando Catra simplesmente revirou os olhos desacreditada no momento exato em que Lonnie apareceu por trás de si com uma jaqueta similar a de Adora. 

Foi tudo muito rápido, mas na cabecinha irritada de Catra, parecia que o mundo estava girando completamente ao contrário e em câmera lenta. Principalmente quando Lonnie passou ao seu lado de mãos entrelaçadas com a namorada e cumprimentando a capitã com um aceno de cabeça e um sorriso amistoso, que pareceu sumir no mesmo instante em que a garota de pele negra e cabelos perfeitamente trançados encarou Catra, fechando a cara com um ar de arrogância e despeito. 

- Sua namorada tem outra agora ? - Usando bem seu polegar, Catra apontou pro casal de meninas que seguiu enamorado atrás dela, ao mesmo tempo em que Adora tentava ao máximo não demonstrar seu ar de riso contido. 

- A Lonnie não é minha namorada, como você bem pôde observar - A loira comentou despretensiosa, vendo Lonnie e a outra garota desaparecerem conversando de mãos dadas pela esquina, no final do corredor. - Até porque, não é comigo que ela estava andando de mãos dadas -

- Hunf! - Catra cruzou os braços sobre os peitos pequenos fingindo não ligar, tão absorta no próprio ciúme que nem percebeu o jeito focado com que Adora olhava pro seu corpo vestido daquele jeito. A loira estava quase babando. 

- É impressão minha ou você está… com ciúmes ? - O jeito provocante e risonho com que Adora perguntou aquilo fez Catra sentir suas orelhinhas esquentarem por baixo do cabelo longo e volumoso que parecia se encerrar há apenas alguns poucos centímetros abaixo da linha dos ombros.

- Não seja idiota! - Catra rosnou irritada, mas a única coisa que Adora conseguia fazer naquele momento era encará-la com uma sobrancelha erguida e um sorrisinho maroto que faziam Catra se sentir minimamente constrangida, mas não o suficiente pra evitar que a menina se aproximasse mais, vendo Adora enrijecer com a proximidade em público. 

- Se você fosse minha, pode ter certeza… Não iria querer outra mulher - O jeito com que Catra disse aquilo, piscando seu olho azul e sorrindo com o cantinho dos lábios, fez Adora engolir seco de vontade de beijá-la, apesar da raiva contida por conta daquela frase convencida. 

- Você é tão…! - Antes que Adora pudesse terminar a frase, Catra já estava com uma das mãos no rosto dela, apertando de leve uma de suas bochechas vermelhas. 

- Irresistível ? Sim. É por isso que você deveria tomar cuidado - Catra sussurrou se aproximando, bem pertinho do ouvido de Adora, vendo os pelinhos da nuca dela arrepiarem por conta do hálito quente. - E não andar por aí dando bola pra qualquer garota - 

- Mas eu não tava… - Antes mesmo que a atleta pudesse rebater o aviso, o som estridente do sinal que indicava o início das aulas ecoou por todo corredor fazendo as duas pularem de susto, se encararem amedrontadas e logo depois caírem na risada, uma zombando da outra, que nem duas crianças inocentes quando descobrem que o monstro debaixo da cama era só uma pilha de roupa suja. 

- Eu preciso ir pra aula, depois a gente continua essa conversa sobre o quanto você é irresistível, senhorita Catra - Adora disse com bom humor, apoiando uma das mãos sobre o ombro da garota a sua frente, com um sorriso divertido. A única coisa que ela não estava esperando era sentir a mão receosa de Catra repousar sobre a sua, no ombro, enquanto os olhos coloridos desviavam sua atenção pra qualquer lugar que não fosse o rosto levemente confuso de Adora. 

- Numa escala de zero à dez, qual é a possibilidade de você aceitar sair comigo ? - Apesar do receio em seu olhar, Catra tentou seu melhor pra conseguir finalmente olhar Adora nos olhos e notar a expressão surpresa no rosto dela, com a boca entreaberta e os olhos azuis arregalados levemente, tentando encontrar uma resposta rápida o suficiente pra aquela pergunta repentina. 

- Ahm… Não sei, oito ? - Adora parecia estar perguntando mais do que respondendo, mas foi apenas seu jeitinho de ganhar tempo pra não responder "onze" logo de cara. - Se tiver alguma coisa pra comer, aí fica dez - A menina de rabo de cavalo comentou divertida, vendo o receio de Catra ir embora no mesmo instante em que a menina segurou forte a sua mão, entrelaçando os dedos nos dela.

- Ótimo! Vem! - E num gesto completamente impulsivo, Catra correu na direção do portão principal por onde Adora havia entrado, segurando firme a mão da loira e fazendo a menina correr desajeitada atrás de si, segurando a alça da mochila com a outra mão.

- Espera! Você quis dizer agora ?! - Adora perguntou apavorada - Mas e a aula ?! - A menina perguntou nervosa, mais pra ter uma desculpa do que por de fato estar preocupada com a aula teórica de lazer e recreação que teria naquela manhã. 

- Por que deixar pra depois a aula que a gente pode matar hoje ? - Catra perguntou rindo alto enquanto as duas passavam correndo pela porta enorme do antigo prédio que ligava pelo menos quatro setores diferentes num mesmo bloco. 

Por mais que Adora quisesse responder aquela pergunta com uma bela lição de moral sobre como a faculdade era importante pro seu futuro, a única coisa na qual a menina conseguia pensar era em como não tropeçar sendo guiada por Catra daquele jeito e na forma como a garota segurava sua mão com carinho, apesar da correria. 

O toque dela era quente e protetor. A forma como Catra havia entrelaçado os dedos nos seus deixava bem claro que aquilo não foi um ato impensado. E enquanto as duas se afastavam cada vez mais da área estudantil, Adora se perguntava o que tinha na cabeça pra simplesmente aceitar aquele pedido surpresa e permitir que Catra lhe levasse pra algum lugar desconhecido no qual a única certeza que ela talvez poderia ter, é que haveria comida.  

Enquanto guiava Adora divertidamente pelos altos e baixos das ruas, Catra tentava ao máximo não deixar tão claro que se sentia vitoriosa agora, segurando a mão de Adora, mesmo que durante uma corrida apressada e nada romântica pelo meio da cidade. Ver Lonnie desfilando pela faculdade com a namorada a tiracolo fez Catra sentir uma pontinha de inveja, mas como não queria pagar de gatinha apaixonada na frente de todo mundo, ela preferiu mil vezes pegar Adora no susto do que insinuar carinhosamente que queria caminhar de mãos dadas com ela pelo corredor. 

Quando finalmente Catra começou a diminuir o ritmo, as duas estavam apenas a um quarteirão de distância da faculdade e Adora parecia se divertir ao notar que Catra estava visivelmente ofegante depois de tudo, enquanto pra ela aquela "corrida" não passaria de um aquecimento leve em um dia de treino comum. 

- É, até que você corre bem rápido pra alguém que não pratica esportes - O sorriso bem humorado no rosto de Adora fez com que a garota de olhos coloridos endireitasse a coluna com postura e puxasse profundamente o ar pelos pulmões, se recompondo. 

- É um jeito educado de me chamar de sedentária ? - Catra perguntou com uma das sobrancelhas erguida em provocação, arrancando de Adora uma risadinha culpada. 

- Talvez ? - A loira deu de ombros, recebendo um empurrãozinho divertido da garota um pouquinho mais baixa, que retribuiu sua risada de forma semelhante. 

- Que audácia, senhorita Grayskull - Catra zombou, imitando a voz formal do chef de cozinha que serviu o café da manhã pro grupinho de amigos depois da festa, junto aos outros garçons, na casa de Adora. 

- Há há há, muito engraçado - A loira declarou com uma expressão emburrada, cutucando a própria barriga como quem diz "nossa, tô procurando a graça".

- Você é tão madura… - Catra zombou novamente, vendo Adora revirar os olhos como nas primeiras vezes em que as duas conversaram, muito antes de alguém sequer imaginar que se tornariam amigas… ou algo mais que isso. 

- Falou o exemplo que me fez faltar aula - Adora rebateu cruzando os braços e erguendo a sobrancelha. Mas aquilo não abalou de forma alguma a autoconfiança de Catra, que ergueu ambos os ombros na direção das próprias orelhas com uma expressão indiferente.

- Eu sou irresponsável, é diferente. Você mesma disse.  - 

O jeito malandro com que Catra conseguia se safar das acusações era impressionante. Sendo assim, com um suspiro derrotado, Adora decidiu dançar conforme o baile e ver até onde iria aquele encontro desajeitado. Aquilo… era um encontro, não era? 

- Vem, quero te mostrar um lugar - Com um aceno de cabeça na direção da próxima rua, Catra sorriu convidando Adora a segui-la. E foi exatamente o que ela fez, acompanhando de perto enquanto a outra virava mais uma esquina a esquerda. 

Adora não conhecia bem aquelas ruas da cidade, ou pelo menos, não as que levavam a outras rotas que não fossem pela avenida principal. Era difícil guiar o carro pelas ruas estreitas, ainda mais ali, num bairro não tão estruturado como o de Bright Moon. 

Enquanto caminhavam, as duas jogavam conversa fora, rindo e ponderando sobre alguns assuntos aleatórios. Durante o trajeto, Catra parecia se divertir como uma criança a cada vez que os olhos fascinados de Adora brilhavam atenciosos para as vitrines surradas de lojas comuns com quinquilharias baratas, algo que a loira parecia nunca ter visto tão de perto. Chegava a ser ridículo, mas era exatamente isso que tornava tudo ainda mais fascinante. 

- Okay, estamos quase chegando - Catra anunciou depois de mais alguns passos propositalmente desequilibrados à frente de Adora. - Prepare o coração, você nunca vai esquecer esse dia enquanto viver! - O jeito dramático com que a estudante de zooctenia dizia aquilo fazia Adora rir de um jeito divertido. A atleta estava tão animada que nem se lembrava mais que nesse exato momento ela deveria estar na aula. 

- Já estou começando a sentir meu coração acelerar! - Adora disse de um jeito animado e brincalhão. 

- Ah, isso ? Provavelmente é por minha causa. Relaxa, acontece sempre.  - Catra piscou de um jeito sapeca que fez Adora rir mesmo corada, pensando em como aquela garota além de arrogante também era convencida. - Aqui, chegamos - A garota de olhos coloridos anunciou orgulhosa, apontando pra um muro velho e desgastado pelo tempo. Adora não teve outra reação a não ser unir suas sobrancelhas sobre a testa, intrigada. 

- Você me fez matar aula pra ver um muro ? - A menina perguntou incerta, mesmo diante do sorriso confiante no rosto da outra. 

- Você é tão tapada como dizem, mas até que é bonitinho - Catra tentou elogiar, mas não parecia ter soado como tal. - É o que está ATRÁS do muro, gênia. - Catra falou como se fosse a coisa mais óbvia, fazendo Adora repousar uma mão sobre a testa em desaprovação. 

- E como, supostamente, eu deveria ver pelas paredes ? - A menina perguntou com ironia, vendo Catra se afastar mais um pouco do muro apenas o suficiente para olhar cuidadosamente de um lado pro outro. Contando alguns segundos de preparação, ela enfim tomou coragem para iniciar uma corrida veloz na direção do muro e saltar nele.

Se agarrando na parte superior do muro com as mãos e usando a sola firme do tênis pra conseguir algum apoio na parede de forma semelhante ao posicionamento de um gato, Catra conseguiu escalar sem dificuldade a muralha de pedra que ainda parecia ser um tanto mais alta do que a própria Adora. 

A loira ficou boquiaberta enquanto a delinquente juvenil se lançava pra cima e sentava sem dificuldades no topo da imensa parede de concreto adornada com placas de pedra que variavam de cor, entre bege e marrom corroídos pelo tempo. 

- Vai subir logo ou vai ficar só olhando ? - Catra perguntou com um sorriso similar ao do gato de Cheshire em Alice no país das maravilhas, curiosa, provocativa e desafiadora. 

- Desce já daí! Você pode se machucar! - Adora comentou preocupada, vendo Catra se balançar despreocupadamente pra frente e pra trás com as pernas cruzadas uma sobre a outra enquanto sua camisa cropped era levantada de leve pelo vento, deixando visível o top preto que segurava os seios pequenos e chamativos que se escondiam ali. Ou pelo menos, pareciam escondidos, já que dali de baixo Adora parecia ter uma visão constrangedora e privilegiada. 

- Não seja frouxa, é só subir! - Catra riu com gosto - Ou você está… Com medo ? - Se Catra tivesse uma cauda, ela com certeza estaria balançando pra lá e pra cá provocantemente enquanto a menina encarava Adora com os olhos estreitos e um sorrisinho desafiador que fez a loira trincar os dentes.

- Medo?! Pfff…! Eu já pulei caixotes mais altos que isso! -  Adora disse arrogante, cruzando os braços sobre o peito de forma semelhante ao que fez quando precisou encarar sua rival acadêmica de cabelo platinado e braços enormes. 

Sem nem mesmo acreditar no que estava fazendo, Adora soltou um suspiro frustrado antes de dar alguns passos pra trás, se concentrando no alvo: o muro. 

Depois de estreitar os olhos e soltar o ar pesadamente pelas narinas, a garota com rabo de cavalo se lançou também na direção do muro, escalando sem dificuldade. Afinal, ela ainda era estudante de educação física, pular um muro velho não seria um problema. 

Somente quando Adora conseguiu se sentar ao lado de Catra, no topo do retângulo largo e alto de concreto, foi que a menina se permitiu observar o conteúdo misterioso do outro lado. E por incrível que pareça… era mesmo deslumbrante. 

- Nossa… - Foi a única coisa que Adora conseguiu dizer enquanto Catra sorria sincera ao perceber a forma natural como as pupilas negras de Adora se dilataram com a visão do jardim perfeito do outro lado. 

Havia flores de todas as cores em conjunto com a grama verde e bem cuidada que parecia ter sido aparada recentemente. Mais ao fundo, era possível ver uma casa enorme que tomava a maior parte do terreno, mas parecia meio abandonada. 

- E essa nem é a melhor parte, vem! - Catra disse animada antes de pular com habilidade pro outro lado do muro, aterrissando sobre a grama fofa. 

- Então… - O problema nem era tanto o subir, mas sim o descer. Não era como se Adora tivesse medo de altura nem nada, era só que… nunca havia pulado daquele muro específico. O que dificultava pra ela saber se podia ou não se machucar com aquilo. - Dá pra descer de boa ? - Ela perguntou receosa. 

- Deixa ser medrosa, se eu consegui até você consegue - A mais baixa entre as duas deu de ombros percebendo como era fácil convencer Adora a fazer alguma coisa se o fizesse em tom de desafio. 

- Eu já disse, não tô com medo! - Adora resmungou com uma expressão de pura brabeza que fez a garota de olhos coloridos guardar cuidadosamente aquela imagem na memória. - Tô descendo - Adora disse por fim, jogando sua mochila pra Catra e se apoiando melhor com as mãos pra poder descer do muro. A atleta só não contava que sua jaqueta favorita fosse lhe trair, ficando presa entre um vão estreito que prendeu em cheio a costura da manga direita, fazendo Adora desequilibrar na descida, soltando um grito agudo e desesperado. 

Sem pensar duas vezes, com um reflexo indescritivelmente rápido, Catra largou a mochila da outra no chão e estendeu os braços na intenção de segurar Adora na queda. Mas como a loirinha era bem mais pesada, Catra acabou simplesmente servindo de amortecedor no momento exato em que Adora caiu por cima dela e as duas caíram deitadas. 

Tudo aconteceu tão rápido que quando deu por si, Adora já estava há centímetros do rosto contrariado de Catra, que fazia uma leve expressão incômoda de dor. 

- Você tá legal ? - Catra perguntou com certo esforço, enquanto o corpo quente de Adora se mantinha debruçado sobre o seu.

- Eu disse que era perigoso! - Adora reclamou preocupada, saindo de cima de Catra num pulo e tendo a certeza de que não havia machucado nada, mas que pelo visto… sua jaqueta já era. Porém, agora, essa era a menor das suas preocupações. - E você? Tá bem ? Se machucou ? - Adora perguntou preocupada, ajudando Catra a se levantar e só então notando o arranhãozinho discreto no cotovelo dela. 

- Eu imaginei que você tinha uma queda por mim depois daquele beijo, só não imaginei que fosse tão real ao ponto de me derrubar por causa disso - Ignorando totalmente a sensação ardida no seu cotovelo direito, Catra simplesmente limpou as roupas com as mãos antes de finalmente se organizar física e mentalmente. 

- Nossa Catra, cala a boca! - Adora reclamou desajeitada, apoiando uma das mãos na testa como se estivesse brava, mas na verdade só estava tentando não rir daquele comentário tosco pra não encorajar Catra a continuar. Mas a garota com certeza havia percebido o ar de riso no rosto dela, agradecendo aos céus por isso. 

Pensando com calma agora, aquele encontro estava sendo um desastre. Primeiro havia praticamente raptado a menina da faculdade, fez ela matar aula, correr um quarteirão inteiro desesperadamente, passear por perto de lojas sem graça e agora havia proporcionado a queda do século, além de machucar o cotovelo. Seu plano estava indo de mal a pior. Mas por sorte, ainda dava tempo de salvar o dia agora que Adora finalmente estava ali. 

- Vou calar a boca se você me seguir, vem! - Num ato friamente calculado para parecer casual, Catra segurou delicadamente a mão de Adora, com mais calma agora, guiando a menina com passos lentos por entre as flores e arbustos do que parecia ser um enorme jardim. 

- A gente não deveria estar aqui - Adora comentou preocupada, apesar de fingir não notar o jeito tímido com que o rosto de Catra havia corado ao segurar sua mão daquele jeito, como se fossem… algo mais. 

- Tudo bem, eu já vim aqui um milhão de vezes. É completamente seguro. Os donos nunca aparecem e o jardineiro é um conhecido meu. De vez em quando eu ajudo ele por aqui, então digamos que eu tenho… - Catra pareceu pensar na melhor opção pra descrever o acordo - livre acesso. - 

- Sério ? - Adora parecia completamente surpresa. Catra não tinha cara de quem ajudava pessoas a cuidarem de plantas, mas se ela estava dizendo… 

- Aham, aqueles brotos de rosa fui eu quem plantei - Catra apontou orgulhosa para um roseiral que conservava alguns brotos ainda fechados, todos de cor azul turquesa. - A dona da casa sempre manda algumas plantas e flores caras pro Rogelio e eu sempre planto as mais legais. Em troca, ele me deixa ficar por aqui quando eu preciso… Sabe ? Ficar em paz - Catra confessou um tanto sem jeito pois naquele instante, mesmo sem perceber, ela estava se abrindo com Adora sobre coisas que nem mesmo seus pais sabiam. Mostrando pra ela um lado que outras pessoas dificilmente acreditariam que ela tinha. E ao se dar conta disso, ela simplesmente parou de falar, apertando mais forte a mão de Adora, que parecia verdadeiramente encantada com os brotos azuis. 

- São lindos… - A estudante de educação física comentou baixinho, com um sorriso genuíno que fez Catra sorrir também. 

- Tem que ver quando desabocharem! Ficam incríveis! As pétalas são firmes e macias, e o cheiro ? Nossa! É uma delícia também, só não é melhor que o seu, mas eu gosto bastante! - Sem se dar conta do que havia dito, Catra continuou com o olhar fascinado nos brotinhos fechados, não notando o sorrisinho tímido no rosto feliz de Adora, que agora encolhia os ombros de leve pelo elogio inesperado, retribuindo o aperto leve na sua mão com um carinho gentil usando o polegar. 

Aquele carinho tímido chamou a atenção de Catra, que instintivamente olhou pras mãos das duas, entrelaçadas como as de um casal e sorriu ainda mais. Pelo visto, era hora de mostrar o grand finale e verdadeiro motivo de ter levado Adora até ali. 

- Quero que veja uma coisa - Catra disse com um tom gentil que até então Adora não estava acostumada.

- Mais uma ?! - A loira perguntou com uma risadinha divertida, fazendo Catra rir também. 

- É, mas essa… é especial - A garota de olhos coloridos usou um tom cheio de mistério e animação que fez Adora ficar verdadeiramente curiosa. As duas andaram lentamente por entre as flores até chegarem no que parecia ser uma parede feita de arbustos altos e alguns tipos coloridos de plantas suspensas, como numa floresta. - Pronta ? - Catra perguntou cheia de expectativa. 

- Com certeza! - Adora respondeu animada, com um sorriso enorme. E então, viu Catra se enfiar numa brecha entre os arbustos e guiá-la por lá segurando a sua mão. 

Sentindo o farfalhar das folhas enquanto suas roupas, braços e pernas passavam pela fenda verde e macia, Adora conseguia notar um fim naquele caminho apertado e confortável que a natureza parecia ter esculpido especialmente pra aquele lugar. 

Quando finalmente a loira conseguiu atravessar, foi visível sua admiração pelo jeito como suas pupilas dilataram de novo, ainda mais dessa vez, ao notar um pequeno lago pacífico que rodeava uma construção hexagonal que lembrava muito um coreto em estilo grego. 

As colunas sustentavam um teto adornado com material semelhante a mármore de Carrara, um tipo de pedra muito utilizado nas esculturas mais famosas do mundo das artes, tal qual o Davi de Michelangelo. Era uma obra fantástica. E a ponte de concreto que ligava o jardim até a construção posicionada bem no meio do lago, formava uma entrada digna da realeza, até o cantinho especial onde Catra gostava de compor suas melhores músicas ou apenas se deitar confortavelmente nos dias quentes para ouvir os sons da natureza, quando não havia ninguém por ali, é claro. 

- Incrível… - Adora sussurrou impressionada, enquanto seus olhos tentavam captar todos os detalhes daquele lugar que parecia ter saído direto de um sonho. 

- Não é ? - Catra perguntou com um sorriso satisfeito ao ver o brilho fascinado nos olhos de Adora. - Podemos finalmente sentar pra conversar como duas pessoas sensatas ou você ainda quer mais algumas aventuras perigosas no caminho ? Nada que eu não consiga arranjar! - O jeito bobo como Catra havia feito aquela pergunta fez Adora se lembrar vagamente de que estavam num "encontro", ou pelo menos, ela ainda achava que sim.

- Sem mais surpresas perigosas, por favor - A loira choramingou num pedido desesperado, apertando a mão de Catra e vendo a garota de olhos coloridos sorrir confiante, guiando Adora com gentileza até finalmente chegarem debaixo do teto adornado naquela construção sem paredes, sustentada apenas por longas colunas que seguiam firmes do chão liso e parcialmente coberto por folhas, até o teto achatado e hexagonal. 

- A vista daqui é perfeita - Adora comentou observando a paisagem verde ao redor, que só era destoada majestosamente por alguns outros tons coloridos pertencentes as flores e plantas suspensas. 

- É, eu sei. - Catra disse confiante, fazendo Adora encarar seu rosto. 

- Então acho que é um nove - A loira comentou pensativa, observando a forma confusa com que os olhos coloridos lhe encaravam agora. 

- O que ? - 

- A chance de zero a dez de sair com você de novo. - A menina com rabo de cavalo e jaqueta rasgada concluiu com um tom divertido - Sabe como é, a comida conta dois pontos. Mas eu dei um extra por causa da vista - Adora deu de ombros, como a garota ao seu lado costumava fazer pra fingir indiferença, e foi muito divertido ver aquela cena pelos olhos zombeteiros de Catra. 

- Ah, é mesmo senhorita Grayskull ? - A voz irritantemente formal fez Adora revirar os olhos de novo. Detestava formalidades, mesmo sabendo que Catra só estava querendo curtir com a sua cara - Então você já pode ir arredondando essa chance pra dez - A morena comentou convencida, soltando a mão de Adora apenas para se aproximar de uma das bordas do coreto, onde havia escondido um caixote de madeira. 

Com os braços cruzados e uma sobrancelha erguida, Adora observava toda movimentação da outra com um sorrisinho terno no rosto. 

- Por acaso estávamos falando disso aqui ? - A menina de olhos coloridos perguntou galante, mostrando uma bolsa térmica perfeitamente escondida dentro do caixote. - Eu não faço nada pela metade, Adora… É melhor ir se acostumando - O jeito como Catra disse aquilo pegou Adora de surpresa no momento exato em que a menina puxou uma espécie de toalha de piquenique da caixa e forrou confortavelmente no chão, convidando Adora a se sentar. 

- Gosta de hambúrguer ? Acho que ainda estão quentes - A pergunta era feita enquanto as mãos ágeis da morena abriam a bolsa térmica e tiravam dois hambúrgueres de fast food em suas caixinhas pra viagem. Catra havia mesmo planejado aquilo tudo desde o começo ? 

- Depende, tem cheddar ? - Adora perguntou animada, se sentando ao lado da garota arrogante que nesse momento nem mesmo parecia tão… má. 

- Parece que eu acertei em cheio - Catra comentou satisfeita por ter escolhido trazer um hambúrguer com cheddar e outro com bacon. 

Enquanto tirava toda comida e refrigerantes da bolsa, Catra podia não demonstrar, mas estava tão nervosa que quase deixou as latinhas caírem três vezes. Aquela era a primeira vez que a garota se dava o trabalho de preparar alguma coisa pra alguém no "primeiro encontro", e também era a primeira e única vez que Catra levava alguém até seu esconderijo. Era semelhante ao que dizia na canção que ela compôs na noite anterior, antes de cair no sono "Eu quero amar, mas de um jeito diferente". 

Ela não queria simplesmente sumir no dia seguinte sem se lembrar de nada do que aconteceu. Ela queria mais. Ela queria os beijos, os carinhos e até quem sabe… o privilégio de andar de mãos dadas com ela de forma orgulhosa, pra todo mundo ver que Adora lhe pertencia. E que ela… pertencia a Adora também, por mais que a loira ainda não soubesse disso. 

Quando acordou naquele mesmo dia pela manhã, já com tudo planejado em mente, Catra se pressionava com todas as possibilidades que aquele encontro surpresa tinha pra dar errado. E a cada vez que olhava o celular, ela pensava em desistir. Queria ligar sua internet e simplesmente chamar Adora pra sair, mas como convenceria a atleta estudiosa a faltar aula apenas com suas palavras digitadas na tela feia de um smartphone ? Não. Ela precisava fazer isso pessoalmente, se não com certeza  perderia a coragem caso falasse com Adora antes, pelo celular. Foi muito difícil ignorar seu desejo de saber se ela dormiu bem, se tinha pensado nela, se tinha mandado alguma mensagem depois da provocação ameaçadoramente divertida, pra Catra, é claro. Mas agora que a menina estava ali, ao seu lado, comendo um hambúrguer barato sentada numa toalha velha e tomando refrigerante no lugar mais bonito que Catra já viu na vida, parecia ter valido a pena.

Encostadas uma ao lado da outra numa pequena cerca de mármore que servia como proteção para evitar possíveis quedas, Catra e Adora conversavam animadamente enquanto devoravam seus sanduíches e Adora continuava negando até a morte o fato de ter ficado com medo de pular do muro. 

Era divertido estar com Adora, no fim das contas. Catra tinha medo que a princesa burguesa renegasse seus dois hambúrgueres comprados durante a promoção especial de dois pelo preço de um e lhe chamasse pra comer lagosta em algum restaurante caro no qual Catra não saberia nem como se sentar. Mas por sorte, sua análise pessoal de personalidade estava correta: Adora era rica, mas não era esnobe e muito menos mal educada. E pelo brilho sincero nos olhos dela enquanto saboreava o sanduíche, parecia estar gostando sinceramente de toda situação. 

Quando as duas terminaram de comer e tomar todo refrigerante das latinhas, Catra fez questão de guardar tudo de volta no caixote, prometendo a Adora que jogaria o lixo fora depois. Alguns minutos se passaram, e sem perceber as duas haviam entrado em um perfeito silêncio confortável. Sentadas lado a lado, cada uma olhava pra um canto da paisagem, apreciando o lugar e a companhia uma da outra. Adora gostava muito de falar, mas até o silêncio parecia agradável com Catra ao seu lado. E sem se preocupar se a garota de olhos coloridos lhe julgaria por isso, Adora simplesmente deixou que sua cabeça pendesse levemente pro lado até se encaixar perfeitamente sobre o ombro de Catra, que meio sem jeito desviou o olhar pra longe antes de passar um dos braços pelos ombros de Adora, escondidos na jaqueta com um rasgo considerável que ia da lateral direita até o meio das costas. 

- Catra… - Adora sussurrou baixinho, chamando a atenção da garota pra si.

- Hm ? - 

- Isso foi um encontro ? - Adora perguntou meio receosa, se encolhendo levemente enquanto abraçava os próprios joelhos de uma forma insegura. Sabia bem que agora não era bem a hora certa pra falar daquilo, mas ela precisava saber. 

Se tinha uma coisa que Adora definitivamente não queria naquele momento, era se iludir achando que tudo aquilo era real. Catra havia feito tudo isso porque se importava, certo ? Aquilo era um encontro de verdade, entre duas pessoas que tinham interesses recíprocos uma pela outra, não era ? 

De todo coração, Adora torcia pra que a resposta fosse sim, mas não foi isso que ela ouviu. 

- Não, Adora. Isso não foi um encontro - Catra disse simplesmente, com a voz indiferente que já estava acostumada a fazer. E aquilo pegou Adora de surpresa, fazendo a menina lhe encarar com os olhos azuis fixos nos seus olhos coloridos, apreensiva. - Só se torna um encontro… - Catra dizia calmamente, se aproximando devagar seu rosto do rosto de Adora - Quando o casal… se beija - Aquela última palavra surgiu como um sussurro entre as duas, tão concreto que Adora poderia jurar ter sentido o peso das palavras de Catra aterrissando sobre os seus lábios. Mas pra sua sorte, não eram as palavras sozinhas que aterrisavam sobre os seus lábios, mas também a boca quente e macia daquela garota de olhos diferentes, que agora se fechavam com delicadeza a medida em que a própria Adora aprofundava o beijo. 

Mesmo com os olhos fechados, Catra conseguia sentir a pressão que os lábios de Adora faziam sobre os seus enquanto a língua calorosa da menina ia de encontro a sua num beijo cada vez mais aprofundado. 

Agora, além dos lábios, as mãos também se moviam livremente, as de Adora… se encaixavam perfeitamente nas curvas naturais do pescoço e cintura de Catra, que usava suas mãos de unhas longas pra entrelaçar os dedos pelos fios loiros dos cabelos de Adora, ainda presos no rabo de cavalo que parecia um tanto mais frouxo agora. 

A tensão entre as duas era deliciosa, principalmente nas vezes em que Adora sentia Catra arfar de leve ao sentir a boca quentinha da atleta deslizar pelo seu pescoço enquanto as mãos fortes afastavam os longos cabelos negros do caminho. Não havia ninguém ali, apenas Catra, Adora e um desejo mútuo e reprimido de desbravar os prazeres uma da outra. 

Quando finalmente Adora encerrou sua trilha de beijos e lambidas pelo pescoço delicado de Catra, foi a hora da garota de olhos coloridos dar o troco, puxando Adora pra si como havia feito anteriormente, na casa dela. Agora, mais uma vez, a loira estava em seu colo, ajoelhada com ambas as pernas, uma de cada lado do seu quadril e os braços envolvendo seu pescoço. Começaria de onde havia parado, só que agora, com mais prudência… ou pelo menos, com o máximo que seu autocontrole pudesse permitir. 

No momento em que Adora lhe encarou com aqueles olhos azuis suplicantes, Catra não teve outra alternativa a não ser beijá-la novamente, do jeitinho que a menina parecia pedir com sua súplica silenciosa. E assim que os lábios experientes de Catra encontraram novamente os de Adora, ela se lembrou do jeito manhoso como a menina havia gemido abafado, na sala, quando Catra depositou inconscientemente uma mordidinha ali depois de chupar deliciosamente o lábio inferior, macio e gostoso de Adora.  

A necessidade que a morena tinha de ouvir aquilo de novo havia tomado conta dela, quase como um vício, fazendo Catra repetir a façanha e receber sua recompensa: um gemidinho manhoso, abafado e deliciosamente excitante vindo dos lábios de Adora, pressionados contra os seus. 

Ao mesmo tempo em que aquele gemido lhe escapava por entre os lábios, Adora pensava se não iria se arrepender por ceder tão fácil aos caprichos de Catra, mas a verdade era que sua mente estava bagunçada e não conseguia focar em mais nada que não fossem as mãos de unhas longas deslizando perigosamente pelos seus ombros, por cima da jaqueta. 

Mesmo que breve, aquele momento na sala de estar, com as duas uma sobre a outra no sofá, havia sido o suficiente para o cérebro de Adora registrar a sensação deliciosa das mãos delicadas de Catra em contato com a sua pele. E agora, sentindo apenas a pressão das unhas sendo fixadas em seus ombros por cima do tecido grosso da jaqueta não parecia ser suficiente. 

Num movimento rápido e sem romper o beijo, Adora livrou os braços envolta do pescoço de Catra apenas pra começar a tirar a jaqueta, sentindo a necessidade de ser tocada por ela naquele instante. E como se lesse seus pensamentos, Catra ajudou a garota a se livrar daquela peça rasgada e jogá-la no chão, ao lado do caixote de madeira que haviam usado como reservatório de comida. Duas coisas que só estavam ali pra ocupar espaço. 

Finalmente livre da jaqueta, Adora fez questão de segurar as mãos de Catra e levá-las avidamente aos seus ombros, que foram apertados com firmeza e em seguida arranhados provocantemente, arrancando a loira um gemidinho delicioso de prazer, dor e desejo. 

Ouvir Adora daquele jeito e ver seu rostinho corado sentindo prazer era como entrar num sonho dentro de outro sonho. Quanto mais real ficava, mais fantástico parecia ser. E num impulso, Adora acabou por puxar o corpo de Catra junto ao seu, criando um atrito gostoso entre as duas antes de explorar toda região exposta pela camisa, ou pela falta dela. Agora Adora começava a compartilhar um pouco e entender melhor a admiração que seu melhor amigo tinha por camisas cropped. Eram realmente fascinantes, ainda mais quando vestidas naquele corpo de curvas leves e naturais, que em nada se comparava ao corpo forte e definido de Adora, mas que mesmo assim se assemelhava a um monumento perfeito, uma obra de arte esculpida pelos deuses, era assim que a cabeça de Adora começava a registrar os detalhes belos e singulares do corpo Catra.  

Sem aguentar mais aquela situação de incapacidade por ter a loira no seu colo, Catra se lançou levemente a frente, com cuidado, fazendo Adora deitar sobre a toalha de piquenique e já se posicionando também deitada, ao lado dela. 

Por uma fração de segundo, Catra pensou em ficar por cima, mas sua cabeça prudente lhe corrigiu no mesmo instante, lembrando do jeito desconfortável que Adora reagiu quando Catra fincou com firmeza as mãos na sua bunda. Não queria assustar a menina de novo, então achou melhor deixar que, por enquanto, Adora ditasse as regras.

Quando seu corpo foi ao chão com delicadeza, o coração acelerado de Adora parecia ter batido três vezes mais rápido, num desespero incomum. Mas assim que notou a forma gentil como Catra evitou tocá-la, por mais que seus olhos coloridos deixassem bem claro que aquele era seu desejo, Adora entendeu o que estava acontecendo. Catra queria tocá-la, mas não o faria sem permissão. E isso, pra ela, significava demais. 

Depois de sentir uma das pernas de Catra se afastar pro lado, Adora aproveitou a oportunidade pra invadir aquele espaço com cautela, posicionando a parte superior da sua coxa bem no ponto sensível entre as pernas de Catra, vendo a menina apertar os lábios um contra o outro ao mesmo tempo em que suspirava pesado, claramente tentando se conter. O toque de Adora ali, daquele jeito inocente, lhe tirava do sério. 

- Catra… Se importa se eu… ? - Com a voz receosa e tímida, Adora movimentou levemente a própria coxa na direção perigosa entre as pernas da outra, pressionando o local e pela primeira vez vendo Catra praticamente se contorcer todinha de forma contida ao sentir aquele pedido inocente, que de inocente não tinha nada. 

- Adora… - A voz rouca de Catra dessa vez havia soado como um tipo contido de suspiro - Eu tô fazendo o possível pra não te... deixar desconfortável com isso. É só que… - Antes que Catra pudesse terminar de falar, Adora não se conteve em pressionar novamente a perna no ponto sensível e úmido entre as pernas de Catra, dessa vez arrancando dela um gemidinho contrariado e prazeroso pelo toque inesperado. - Eu. Não. Sou. Você - Catra suspirou pausadamente em cada palavra logo após se contorcer de leve mais uma vez. - Se você quiser me tocar… - A menina de olhos coloridos e pele em tom de caramelo segurou delicadamente uma das mãos de Adora, posicionando a palma aberta sobre a própria bunda e deslizando deliciosamente a mão da outra ali, por cima da calça legging preta. - Me toque. Mas não me faça ficar só olhando - O jeito sincero e provocante com que Catra havia dito aquelas palavras passou uma sensação quentinha pro coração apertado de Adora. E como se tivesse derrubado uma pequena muralha emocional, Adora respirou fundo e guiou uma das mãos de Catra até sua própria bunda, por cima do short jeans branco, sentindo a menina fincar deliciosamente as unhas ali, por cima do tecido. 

- Um passo de cada vez… - Adora sussurrou com malícia e delicadeza, chupando o lábio inferior de Catra e sentindo novamente a mão ávida da outra explorar, apalpar e acariciar toda aquela região posterior que chamava atenção mesmo coberta pelo short. 

- Um passo de cada vez… - Catra repetiu arfante, voltando a beijar Adora com vontade e sentindo cada vez mais que talvez… aquilo realmente pudesse dar certo no final. 

Durante quase dez minutos as duas permaneceram ali, lado a lado após os beijos, Catra deitada no peito de Adora e a loira acariciando o mar de cabelos negros da outra. De vez em quando, conversavam alguma coisa aleatória e em seguida acabavam voltando a trocar carinhos entre si, fosse usando as mãos ou a até mesmo a boca. Mas nenhuma das duas ousou ir além  do que já haviam feito até então. 

Adora ainda não tinha certeza se Catra era a pessoa certa pra se entregar como queria. E Catra ainda não tinha certeza se deveria ou não continuar se abrindo com Adora daquele jeito, mas de alguma forma as duas começavam a ter certeza de uma coisa em comum… Aquele seria o primeiro de muitos encontros, secretos ou não.

Enquanto passava seu precioso tempo na companhia de Catra entre beijos e carinhos, Adora havia se esquecido completamente do treino de basquete que havia marcado depois da aula, deixando não só Lonnie, mas todo time esperando por ela pra começar. 

- E então, nenhum sinal da capitã ? - O treinador Micah perguntou irritado, vendo todo time acenar negativamente com a cabeça, olhando pro chão. - Adora nunca falta, alguma coisa deve ter acontecido… - O homem de barba e cabelos negros que já começavam a mostrar seus degradês de branco ponderava intrigado. - Enfim, não dá mais pra esperar. Lonnie! Você e a número quatorze assumem o ataque hoje - O treinador designou, vendo Lonnie reagir com uma careta e seguir descontente pro meio da quadra. 

Adora era sua dupla, a cestinha do time. E Lonnie era a melhor armadora, com os olhos de águia. Elas formavam uma dupla imbatível em todos os jogos, chamando inclusive a atenção de algumas ligas nacionais que assistiam aos jogos universitários. Somente Adora conseguia acompanhar suas jogadas rápidas e estrategicamente calculadas. Era difícil dividir a bola com alguém que não tinha essa visão e tudo isso só atrapalhava Lonnie a alcançar seu o objetivo de treinar duro para um dia poder jogar profissionalmente. Mesmo sabendo que Adora nunca teve essa intenção.

- Certo, montem o esquema defensivo e explorem as possibilidades de jogo! - O treinador instruiu enquanto digitava alguma coisa no celular antes de levá-lo ao ouvido.

- Alô? Glimmer ? - 

- Oi pai! Aconteceu alguma coisa ? - A voz levemente preocupada do outro lado da linha parecia apreensiva também. 

- Não, minha pequena. Eu só queria saber… A capitã está com você ? - Ele perguntou receoso, coçando a cabeça. 

- A Adora ? Não. Por que? Eu achei que ela estivesse com você. Não tem treino hoje ? - A voz de Glimmer parecia intrigada. 

- Tem, mas ela não apareceu. Ela nunca falta… achei que tivesse algo a ver com a suspensão - 

- Quê ? Não! Ela foi liberada pra voltar hoje inclusive - A menina confirmou - Eu vou tentar ligar pra ela de novo e qualquer coisa eu te aviso. - 

- Okay, filha. Obrigada - 

Depois que o treinador desligou o telefone, Glimmer tentou mais uma vez entrar em contato com Adora pelo celular, mas como nas outras tentativas, o telefone chamava até cair na caixa postal. Apesar da preocupação, Glimmer tentou não forçar a barra. Talvez, depois de tudo, Adora só não estivesse pronta pra voltar pra faculdade assim tão fácil. Ou pelo menos, foi isso que ela pensou até receber uma mensagem de Swift Wind no whatsapp, perguntando se Catra estava almoçando com a turma hoje, depois de ter dado um bolo nele na apresentação do trabalho em dupla. No mesmo instante em que leu aquilo, a menina de cabelo curto e rosa em tom pastel pareceu ligar os pontos, decifrando o segredo do quebra-cabeça que revelava a verdade sobre o que provavelmente havia acontecido, fazendo Glimmer soltar o ar pelos pulmões, decepcionada. 

- Adora… Eu avisei que essa garota era problema… - 

Ao mesmo tempo em que Glimmer se preocupava em ligar pra Adora, numa última tentativa frustrada de descobrir onde ela estava, três vultos passaram despercebidos atrás dela, seguindo silenciosos com passos lentos e pesados até a parte mais escondida da ala mais esquisita e isolada do campus. Ninguém se atrevia a ir lá sem um bom motivo, talvez porque fosse um lugar muito propenso ao tipo de cena que estava prestes a acontecer. 

Vestindo seu conjunto mais alinhado de roupas brancas com azul marinho, a montanha gigantesca de músculos que era Huntara, guiava um garoto franzino pelo braço com mais força do que o necessário, sempre atenta ao caminho só pra ter certeza de que nem ela, nem Kyle e nem o garoto estavam sendo seguidos até ali. 

- Acho que aqui tá bom - O loirinho dos cabelos cor de palha e olheiras profundas ponderou com uma voz pacífica. Tão pacífica, que chegava a causar calafrios tenebrosos no ruivinho amedrontado que tinha o rosto coberto de espinhas e que, nesse momento, estava sendo conduzido à força por Huntara até ali. 

Aquele era seu primeiro dia de volta à faculdade depois da suspensão e a garota de cabelo platinado já estava tendo que fazer o trabalho sujo de Kyle, de novo. 

- Aqui tá bom ? Certo, faça como você achar melhor - Huntara comentou indiferente -  Mas continuo sem fazer ideia do porquê de estarmos aqui e qual a necessidade de me chamar pra recolher esse pedaço de lixo - A única garota presente rosnou ameaçadora pro nerd baixinho e magrelo, que se não tivesse sido pego bem na saída do banheiro, provavelmente estaria molhando as calças agora.

- Acredite, é um assunto do seu interesse - Kyle comentou, se aproximando do garoto de forma intimidadora - Então… Jeff, certo ? - O ruivo estava tão nervoso que mal conseguia se lembrar do próprio nome. Mas assim que voltou a si, o garoto chamado Jeff apenas acenou positivamente com a cabeça, apavorado. - Ótimo. Já que estamos só nós três aqui, entre amigos… Por que você não me conta o que viu naquele dia em que a nossa querida Huntara teve um… pequeno desentendimento com a nossa estrela esportiva Adora Grayskull ? - Só de ouvir falar naquela briga Huntara já sentia seus poros fervendo de ódio. Nunca havia sofrido tamanha humilhação. 

- E-Eu não sei de nada! Eu juro!! Eu…! - Antes que o menino pudesse terminar seu discurso de inocência, ele foi atingido violentamente com um soco na barriga, que veio acompanhado da voz colérica de Kyle gritando “MENTIROSO!” com os olhos arregalados e o rosto pálido já começando a ficar vermelho.

Com a força da pancada, o garoto de cabelo vermelho começou a chorar compulsivamente, se mexendo frustrado, e tendo agora os dois braços finos imobilizados pelas mãos fortes e firmes de Huntara. 

 

- Jeff, Jeff… Mentir não vai te levar a lugar algum - Como num passe de mágica, a voz calma e gentil do velho Kyle invadiu tenebrosamente os ouvidos do ruivo, que nesse momento só pensava em como havia sido infeliz ao comentar com seus colegas de curso o que havia presenciado naquela tarde. Provavelmente algum dos nerds invejosos que também se inscreveram para o concurso anual de tecnologia da informação havia lhe entregado. E logo pra gangue de Huntara! Que agora, mesmo com apenas dois membros, ainda era terrivelmente assustadora naquela busca nada diplomática por informações.

- O meu soco ainda precisa melhorar muito… - Kyle comentou consigo mesmo, olhando o próprio punho magro com desdém. - Por isso, eu vou perguntar só mais uma vez… Pense bem antes de responder. - Os olhos claros de Kyle pareciam se estreitar bem mais do que o normal agora, enquanto ele estava apenas há alguns centímetros do rosto amedrontado do pobre Jeff Russell. - O que exatamente você viu naquele dia que nós não vimos, Jeff ? Essa é a sua última chance, pois eu garanto que o próximo soco vai vir ampliado com uma força descomunal. Afinal… A Huntara vai adorar ter um novo saco de pancadas meio... vermelho. - Com um sorrisinho fingidamente amigável, Kyle usou uma das mãos para arrumar a franja ruiva avermelhada do garoto pálido e cheio de sardas, que agora parecia tremer ainda mais. 

- Eu falo! Eu falo tudo, por favor! - Com os olhos cheios de lágrimas e esbugalhados, o garoto implorou pela sua liberdade, por mais que não concordasse com aquilo que estava prestes a fazer 

- Naquele dia… No refeitório. Quando a Huntara estava quase vencendo a luta, alguém atingiu ela com uma bandeja na cabeça - O garoto começou, visivelmente nervoso. 

- Na nuca… - Huntara corrigiu com um rosnado, fazendo o ruivinho engolir seco. 

- Isso! Isso, na nuca! - 

- E você pode dizer pra gente quem… foi ? - Kyle perguntou num tom curioso, fingindo não saber. Mas claramente, ele já sabia de tudo. Só precisava que Huntara escutasse de alguém que não fosse ele. 

- Aquela menina! Que tem os olhos de gato! Eu vi quando ela acertou você e saiu correndo! Era ela! - Ao ouvir aquelas palavras, Huntara teve a sensação de que o chão poderia se rachar facilmente abaixo dos seus pés, naquele mesmo instante, apenas pela força do ódio que estava sentindo. 

- Eu vou acabar com a raça dela! - Com um grito colérico, Huntara praticamente arremessou o garoto na direção de uma parede desgastada, que acabou derrubando uma quantidade considerável de poeira de construção sobre a cabeça e os ombros trêmulos dele, no momento exato e que o corpo magro atingiu a barreira de tijolos, caindo sentado. 

- Okay, Jeff. Isso era tudo, você já pode ir. - Kyle fez um sinal de dispensa com as mão, como quem espantava um cachorro, vendo o garoto medroso se levantar como um foguete - Ah! E não esqueça… Essa conversa nunca existiu. - 

- S-Sim senhor! - O ruivinho correu tão rápido que se fosse um cartoon teria deixado um rastro violento de poeira para trás enquanto corria quase cambaleando. 

- Eu vou esmagar aquela magrela com as minhas próprias mãos! - Nesse momento, Huntara tinha o rosto completamente vermelho e suado de raiva. Sua vingança não seria contra Adora, ela foi só uma consequência. A verdadeira vilã da sua história agora tinha nome, sobrenome e um endereço que coincidentemente… era o mesmo que o seu. 

- Paciência, minha amiga. Paciência… - Kyle repousou uma mão frágil sobre os ombros fortes de Huntara, que mais pareciam uma britadeira em movimento por conta da respiração acelerada de ódio. - A vingança é um prato que se come frio… E eu tenho planos bem mais… Formidáveis pra ela do que uma mera surra. -

 


Notas Finais


Eita, o forninho da Catra caiu ô_ô MInha gente... Só digo uma coisa: É bomba em cima de bomba!
Que tipo de vingança será que a alma sebosa do Kyle vem planejando contra a nossa gatinha ? :(

Mas vamo falar de coisa boa, que nem só de tristeza se fez o capítulo de hoje, né ? Catra e Adora no jardim = meu sonho de princesa kkkkkkkkk Pra quem teve dificuldades de imaginar a construção no lago...
Link 1 > https://www.institutoricardobrennand.org.br/public/uploads/2016/03/08/coretinho-do-lago-crop.jpg
Link 2 > https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/8d/Instituto_Ricardo_Brennand_%28lago%29.JPG/1024px-Instituto_Ricardo_Brennand_%28lago%29.JPG

Foi inspirada em um monumento do castelo de brennand que eu gosto muito! Pra quem não conhece o castelo, é um ponto turístico/artístico do meu país, Recife <3

E por fim, eu só tenho a agradecer por todo apoio, carinho, comentários, favoritos e amizades que a gente vem fazendo por aqui, por conta dessa história :') Espero que possamos seguir juntos por muito mais capítulos

É isso >< Abraços, abraços e até loguinho! ~ <3


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