Helena ficou sem reação ao ouvir que Pedro estava na portaria. Não o via há 1 ano, desde que se separaram e ele foi embora de casa, já que a mansão era dela. A verdade era que eles já estavam separados, vivendo apenas de aparências e comodismo há pelo menos 1 ano. Quando Helena teve um affair, ela sabia que Pedro e Augusta estavam saindo juntos. Não teve briga entre os dois, foi uma separação amigável, nenhum dos dois queria mais viver aquela relação. Mesmo assim, não se falaram mais, não tinha inimizade, mas também não tinha amizade.
-Helena? O que foi?
-O Pedro está aqui.
Tati deu um gritinho. Ela não sabia muita coisa, apenas que Helena havia traído Pedro e eles tinham se separado. Ainda que muitas do fandom gostassem do casal, todas ficaram do lado de Helena, o que foi bom, já que a mídia fez do caso um grande circo midiático.
-Vou recebê-lo. Fique aqui.
-Ele pode entrar, Dias. É meu ex-marido.
-Eu sei quem ele é, Helena.
Dias olhou para Helena e para Tati. A mulher entendeu o recado. Todos eram suspeitos. Ela segurou a vontade de rolar os olhos, não estava em bons lençois depois do encontro com as fãs mais cedo, preferiu acatar a decisão do guarda-costas.
-Tati, avise sua mãe que iremos demorar um pouco para chegar.
-Sim, senhor.
Dias foi em direção à portaria. Helena avisou ao porteiro. Tati estava menos eufórica por estar na presença de Helena, ainda emocionada, mas seu coração já batia menos acelerado.
-Querida, vou conversar com Pedro na minha biblioteca, está bem? Você espera aqui, com seu pai.
-Sim, senho…sim.
Helena riu. Tati era muito parecida com o pai, tinham a mesma postura e jeito polido de falar.
-Não precisa me chamar de senhora.
-Certo. Desculpe.
-Sem problemas. Você se divertiu na piscina?
-Sim! Nossa eu adoro piscinas! E o papai entrou comigo, quer dizer, eu o puxei, mas acho que ele entrou mesmo por que quis, ele é forte e habilidoso, dificilmente eu conseguiria derrubá-lo!
A menina falava com um sorriso no rosto. Helena sentiu seu coração amolecer mais, ela realmente era uma criança ainda, entrando na adolescência, mas ainda criança.
-Você tem razão. Acho que ele estava com saudades de você.
-Você acha mesmo? Eu sinto muita falta dele, mas entendo que o trabalho dele é importante, principalmente agora, né? Ele está cuidando de você. Fico mais tranquila.
Helena sorriu. Gostava de sentir-se amada por suas fãs, e sabia como elas eram superprotetoras, mesmo as mais jovens.
-Fico tranquila também, por ser ele.
Ambas pararam de falar, ouviram os passos dos dois homens, que chegaram com cara de poucos amigos. Isso porque, enquanto elas conversavam, eles também tinham uma rápida conversa.
-Pedro Fernandes?
-Sim.
-Sou o agente Dias, guarda-costas de Helena. Preciso te revistar antes de autorizar sua entrada.
-O que? Me revistar? Por que?
-Protocolo.
-Mas eu sou o ex-marido dela. A Helena me conhece. E sou um juíz.
-Mesmo assim, Meritíssimo.
Pedro ficou extremamente contrariado, mas no fundo entendia a situação. Óbvio que dado as circunstâncias, todos eram suspeitos. Ele não disse nada, mas se deixou ser revistado. Ambos não gostaram um do outro a primeira vista, então ao entrarem na casa, Helena logo notou o clima tenso.
-Pedro. Venha comigo até a biblioteca, por favor.
Helena deu uma piscadela para Tati e seguiu até à biblioteca, com Pedro seguindo-a. Dias observou a tudo calado, sentindo um pouco de raiva. Não tinha ido com a cara de Pedro.
-Ele realmente é bonitão!
-O que?
-Nada, não, papai.
Tati ruborizou. Que mico, falar isso na frente de seu pai, pensou a garota. Dias ficou ainda mais contrariado.
-Era só o que me faltava!
-Papai, qual seu filme preferido da Helena? O meu é Cotidiano! É tão romântico!
-Nunca assisti nenhum filme dela.
-O que? Como assim? Em que mundo o senhor, vive? Ela é a atriz mais famosa do Brasil! Eu tô maratonando todas as novelas dela no HelenaFlix.
-Enquanto esperamos ela voltar, podemos assistir algo dela, o que acha?
-De verdade? Assistir Helena na casa da Helena, é tipo metalinguagem!
-Deve ser.
Dias sentia-se feliz em ter a filha tão próxima de si. Percebia o quanto a amava e sentia falta de estar com ela. Não queria admitir, mas Vera tinha razão quando reclamava das ausências dele. O trabalho não podia vir antes de sua filha, isso teria que mudar. A sala ficava perto da biblioteca, o guarda-costas sentou-se num lugar estratégico, conseguia enxergar a porta e se precisasse correr, conseguiria entrar lá em menos de 1 minuto. Ligaram a TV gigante que ali ficava, a menina encontrou seu filme preferido no streaming e logo Helena apareceu na tela, numa fila de banco.
Enquanto isso, na biblioteca, o clima era o mais desconfortável possível. Helena estava sentada em uma poltrona, pernas cruzadas, com uma vontade incontrolável de fumar. Pedro estava em pé, de costas para ela, olhando os livros.
-A casa está diferente.
-Mudei toda decoração.
-Imaginei que faria isso. Foi tão ruim assim? Nosso casamento?
-Você sabe que não, pelo menos no começo. Mas eu me pergunto se em algum momento nós nos amamos de verdade.
-Eu também me pergunto isso.
-Por que está aqui?
-Vim dizer que me responsabilizo. Augusta não tem culpa.
Helena se endireitou na cadeira. Olhou bem para Pedro, notou que o outro estava nervoso, não parecia o juíz frio e pragmático que conhecia.
-Você se declarando culpado? Está aí uma novidade.
Pedro respirou fundo, virou-se e encarou Helena, que tinha um olhar risonho e parecia mais relaxada.
-Eu sei que o que fizemos…o que fiz, foi errado, mas gostaria que não ficasse com ódio da Guta. Eu quem tive a ideia e…
-Me é humanamente impossível sentir ódio da minha irmã, Pedro. Ainda mais por algo tão óbvio e inevitável. No fundo eu também tive culpa.
-Óbvio?
-Claro, Pedro. Guta sempre foi apaixonada por você, ela negou quando eu percebi, eu não nego que estava encantada por você e acabei passando por cima dos sentimentos dela. No fundo, eu sabia que ela te amava, e mesmo assim continuei nosso relacionamento. Ela teve o Abílio, então eu me senti menos culpada. O que eu me pergunto é se você realmente a ama. Você a ama, Pedro?
-Amo.
Helena se surpreendeu com a firmeza com que Pedro respondera. Ele não hesitou, não pensou. Ela ficou satisfeita. Queria que a irmã fosse feliz.
-Começamos a conversar sobre você, sobre nosso casamento. Ela sempre me dando conselhos, me ajudando a tentar te entender. Mas eu nunca te entendi de verdade. Mas a Augusta…eu…nós fomos ficando amigos, ficando próximos, nosso casamento tava uma merda. Aconteceu. Ela se culpou muito, mas a gente não conseguiu parar.
-Claro que ela se culpou. Ela me ama, Pedro. Só que ela deve ter percebido que eu não te amava. Eu nunca falei pra ela, mas ela sabia. Afinal, ela me conhece bem. E depois teve a novela.
-E o Bruno.
-E o Bruno. A gente foi bem patético, não é? Eu e você? Os dois tendo um caso, vivendo de aparências num casamento falido. Nem transando a gente estava! Que ridículo. Era óbvio que você estava tendo um caso.
-Se sabia que eu também estava tendo um caso, porque não contou nas entrevistas? Por que levou toda a culpa e saiu como a infiel?
-Porque eu sabia que havia uma grande chance da sua amante ser a minha irmã, e eu tinha que protegê-la.
-Ouvir você falar assim, me deixa mais culpado.
-Ai Pedro, esquece isso. Vocês dois estão juntos, parabéns. Porém saiba que quando vazar na mídia, será um auê. Acho melhor serem discretos, esperar algum escândalo acontecer antes de assumirem.
Pedro ficou confuso. Ainda que soubesse do amor das irmãs, estava achando a atriz muito calma. E ainda tinha o fato de Augusta estar evitando ele. Algo estava errado.
-Helena, você falou com a Augusta? Ela veio aqui?
-Não. A última vez que a vi foi quando ela tentou me convencer a ter um guarda-costas.
Pedro empalideceu e Helena se levantou. Percebeu que o outro ficara tenso de repente.
-Por que? O que quer me falar?
-Helena, a Augusta ia vir aqui ontem, para falar com você. Para contar…
-Contar o que, Pedro?
O homem respirou fundo. Helena se aproximou dele e aumentou o volume da voz.
-Helena, de certa forma, Augusta e eu somos os responsáveis pelo o que está te acontecendo. Nós…tem um grupo que…
-Pedro, fala de uma vez! O que você fez? O que a Guta fez?
-Eu financiei um cancelamento seu e a Guta…ela me ajudou a me safar das consequências, mas tudo saiu do controle e agora tem alguém atrás de você e, ela não teve culpa, ela tentou ajudar a nós dois, e agora ela não atende o telefone e…
-Pedro! Nada do que você está falando faz sentido!
-A Augusta iria te contar tudo ontem, Helena, mas ela sumiu, ela não veio aqui, não me atende, não está na casa dela, e eu não sabia, mas existe uma máfia que…
-Dias!
Helena gritou, e em menos de 1 minuto o guarda-costas entrou na biblioteca.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.