Agosto, 2014
-Acorda, Anda.
Senti alguém batendo no meu braço incisivamente, abri os olhos ainda sentindo aquela dor no peito, sempre quando tinha aquele sonho acordava com essa sensação estranha.
- Está chorando mocinha? Anda vou te dar aula de tiro.
Ji Wook, saiu do meu quarto, ele era um dos meus 5 pais, o mais austero mesmo sendo o mais jovem. Minha família era estranha, mas, não pensava muito nisso já que sempre foi assim desde que me lembrava.
Me levantei e arrumei minha cama, troquei de roupa, colocando um moletom quente observando já a fina camada de neve que cobria todo o jardim que meu outro pai Sung Dong cultivava pacientemente, ele era o mais velho, seu olhar ela o mais paciente, mas era o que eu mais temia, ainda lembrava das suas mãos enquanto me abandonava para meu pior pesadelo.
- O que foi, ainda está dormindo?
Ji Wook falou me jogando uma pistola automática, amava atirar, era um garoto de gostos estranhos, mas não é como se tivesse tido oportunidade de ser diferente, estava com 14 anos e ao invés de ir para escola meu pai me dava aulas de tiro.
Caminhei segurando a pistola com cuidado sabia que ela estava carregada podia sentir seu peso. Assim que pisei fora da casa, o vento me acertou com tudo, evitei demonstrar que estava tremendo, ji woo já me zuava por ser pálido e magro demais não daria mais motivo.
-Anda, hoje tenho algo especial.
Fui andando lentamente para seu lado, e me surpreendi com um guaxinim no quintal, o bichinho meio arisco se aproximou de mim, fiz carinho em seu pelo cinza e preto e me afastei assim que escutei a risada sarcástica do meu pai, olhei para cima e então ele já estava próximo o suficiente para sentir seu hálito que fedia a álcool mesmo sendo sete da manhã.
- Gostou?
Ele perguntou e apenas afirmei com a cabeça, me arrependi assim que ele pegou o animal pelas patas traseiras sem piedade, o bicho guinchava quando ele o colocava preso por uma corda em uma árvore alta.
- Que bom que gostou por que ele vai ser seu alvo.
Olhei para frente sentindo minhas mãos suarem, o guaxinim se agitava em desespero, eu suspirei e pensei em me recusar, mas sabia que não havia escolha, se não fizesse isso meu pai torturaria o bichinho na minha frente para me mostrar que os fracos não tinham vez na nossa família.
Destravei a arma e mirei tentei imaginar que aquele corpo que se debatia era apenas um saco, disparei uma, duas vezes apenas para ter a certeza que os barulhos agoniantes se extinguissem. A risada do meu pai soou aos meus ouvidos fazendo meu coração gelar, sabia que aquele era mais um ponto preto que minha alma ganhava.
Os braços do meu pai abraçaram meu corpo e ele sussurrou em meu ouvido.
- Esse é o meu garoto, você foi criado para isso, nasceu para atirar.
Temia que aquela afirmação fosse verdadeira, por anos vinha tentando pensar diferente, que eu nasci não apenas para matar, mas, tudo já estava se tornando cinza.
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