— Já saiu a lista? — Você fechou o seu armário depois de retirar o livro de espanhol e colocá-lo em sua mochila.
Camila vira o jornal para você, ela sorria, mostrando a foto dos cinco meninos vencedores, estampando a capa.
— Sebastian Chang do primeiro ano ficou em quinto lugar, Norman Jackson do segundo ano ficou em quarto lugar.
— Quarto? Eu achei que ele estaria em segundo este ano, ele é uma delicinha. — Você comenta.
— Vocês viram? Vocês viram? Saiu a lista!! — Juliet veio correndo segurando o jornal.
— Eu sabia que o Bryan do nosso ano, entraria na lista. — Alissa se aproxima de vocês com a cara no jornal. — Acho que ele fez aquela doação para a caridade, só para aumentar as chances dele. Mas eu imaginei que ele fosse ficar em terceiro e não em segundo.
— Quem mais está na lista? — Você pergunta.
— Damian em primeiro!!! — Juliet avisa como se não fosse óbvio.
— Isso não é novidade. — Você puxou o jornal da mão da loira para ver qual foto do Damian, usaram dessa vez.
— E o Sam Harper do nono ano, ficou em terceiro, é a primeira vez que temos um homem trans na lista. — Camila responde.
— O sinal tocou, vamos para a aula. — Alissa avisa.
Todo ano na Gotham Academy, o clube do jornal elege os cinco meninos mais cobiçados da escola. Os requisitos avaliados são a personalidade, o estilo, o status social, a relevância dentro e fora da escola, e claro, a aparência.
E todo ano desde o sétimo ano, Damian Wayne, lidera o ranking.
O fato dele não se importar com isso, achar bobo e nem sequer comparecer aos bailes para receber os troféus, lhe dava um crédito extra. Damian parecia ainda mais legal, por não dar a mínima para uma métrica de popularidade.
Mas uma coisa nele deixava as meninas loucas, Damian era praticamente intocável. Exatamente nenhuma garota parecia ser boa o bastante para Damian Wayne, ele nunca foi visto com ninguém da escola, ignorava o fan clube, e principalmente quando elas ficavam assistindo ele treinar futebol na quadra, geralmente sem camisa, Damian nem ligava.
Agora no terceiro ano do ensino médio, não foi exatamente uma surpresa quando ele venceu mais uma vez em seu sexto ano seguido.
Você estava batendo a caneta na mesa, quando o garoto entrou na sala, se dirigindo até a carteira dele, que ficava exatamente em frente a sua. Assim que ele se senta, você sorri mordendo os lábios para Camila que estava na carteira ao lado. Ela tampa a boca contendo a vontade de rir, das suas expressões.
— Antes de começar a aula, eu gostaria de parabenizar os meninos. — Professora Smith começa a falar. — Damian, em primeiro lugar de novo, parabéns.
Ele estava entediado, só deu de ombros e continuou com as costas repousadas na cadeira, sutilmente você aproximou o nariz do cabelo dele para sentir o cheiro de seu xampu, e Camila continuou rindo.
Você se afastou depois de dar uma fungada, revirando os olhos. Depois começou a se abanar, a sua amiga leu em seus lábios que você o estava chamando de gostoso.
— Todos esperamos que você possa comparecer esse ano, Damian.
— Todas mesmo. — Juliet comenta baixinho, ela sentava em frente a Camila, bem ao lado de Damian.
— É o terceiro ano, depois você vai se formar e vai acabar se arrependendo de não participar pelo menos uma vez, o que acha, querido?
— Vou pensar. — Ele respondeu sem dar muita confiança.
— Parabéns também ao Bryan, segundo lugar merecido, querido.
O loiro flexionou os bíceps e deixou um beijo sob os músculos.
— Obrigado, professora. — Ele piscou.
Enquanto a aula ia passando, muitas perguntas pairavam pela cabeça dos alunos.
Será que Damian realmente iria comparecer? E se ele fosse, quem ele levaria como acompanhante? Será que ele é gay? Damian é totalmente confiante, ele jamais esconderia a sua sexualidade, com medo de repreensão. Muitos se perguntavam também, se por acaso ele tinha alguém que não fosse da escola, mas isso caiu por terra bem rapidinho, os tablóides certamente já teriam estampado a foto de seu affair nas revistas.
No intervalo, você e suas amigas foram para a mesa habitual para o almoço, Damian estava com dois amigos, os garotos estavam comendo e conversando sobre algo que fazia Damian sorrir, os seus sorrisos eram raros, mas quando acontecia, era como se o mundo parasse por um segundo.
— Merda, por que ele tem que ser tão lindo? — Alissa repousou o queixo na palma da mão.
— Para que a nossa vida na escola não seja tão vazia e possamos ter para onde olhar. — Camila suspira.
— Para onde a s/n pode olhar, você quis dizer, eu tenho que ficar atrás de você, olhando as suas costas. — Alissa resmunga.
— E eu que posso olhá-lo de perfil? — Juliet sorri. — Até deixei a saia mais curta hoje e cruzei as pernas na tentativa de receber uma espiadinha dele.
— Ah meu Deus, olhem que está se aproximando da mesa dele. — Você cochicha.
Kim é do primeiro ano, também muito apaixonada nele como todas as garotas da escola, e ela todos os dias o abordava na tentativa de puxar conversa, conseguir alguns minutos de sua atenção, e principalmente, tentar fisgar o coraçãozinho dele.
— Todos os dias no mesmo horário. — Juliet ri. — Dá até pena.
— O-oi, Damian. — A chinesa de cabelos curtos, os coloca atrás das orelhas e sorri timidamente. — Como você está?
— Olá, Yang.
— Você pode me chamar de Kim, seu bobo. Ou de Kimmy, como os meus amigos me chamam.
Ela aponta para o grupo de meninas, que assim como o seu, estavam todas amontoadas observando de longe, torcendo para que a amiga conseguisse o bonitão.
— Claro, Kim. — Ele respondeu, dando um aceno de cabeça para as amigas da garota que quase morreram de emoção.
— Sabe, eu até torço para ela às vezes, uma de nós deveria conseguir traçar aquele garoto. — Alissa comentou.
— Uma de nós, no caso eu, de preferência. — Juliet fala.
— Cai fora, baranga. — Você bate o seu ombro no dela. — Se alguém aqui deveria prensar Damian Wayne contra a parede e tratá-lo como um pedaço de carne, esse alguém sou eu.
— Você nunca teria chance com ele, sua bruaca. — Juliet responde.
— Tenho tantas chances quanto você, cachorra.
— Meninas, acordem para vida, nenhuma das duas tem chance. — Alissa mostra os dedos para vocês duas.
— E nem a Kim, pelo visto, olhem lá. — Camila comenta, fazendo vocês voltarem a atenção para a garota que voltou para a mesa dela, bastante cabisbaixa.
— Eu acho ele lindo de morrer e mamaria ele fácil, mas que ele me irrita por não dar bola para nenhuma de nós, ah como me irrita. — Alissa balança a cabeça, um tanto inconformada.
— Isso tem que acabar agora, é o último ano, depois disso acabou a chance de traçar o Damian Wayne, devíamos fazer alguma coisa. — Observou Juliet.
— Tipo o quê? Obrigar ele a ficar com alguém da escola? — Indagou Camila.
— Podemos conquistá-lo. — Você fala, olhando para ele.
As três ficam em silêncio, depois começam a rir, elas explodem de gargalhadas, quase perdendo o ar.
— Ai gente, essa foi boa. — Alissa secava as lágrimas que escorreram de tanto rir.
— Eu estou falando sério, vadias.
— S/n, se o Damian fosse conquistável, ele já teria sido conquistado. — Ponderou Camila.
— Mas podemos fazer isso de verdade, jogando com tudo o que temos, essas pirralhas dessa escola, ficam sorrindo como putinhas, sem ofensas Juliet, achando que isso vai funcionar com ele.
— Não ofendeu.
— Então o que acham?
— Estou fora. — Alissa responde.
— Eu também. — Camila concordou.
— Covardes, e você, Russo, o que me diz? — Você a olhou de forma desafiadora.
— Eu topo, mas vamos melhorar isso, que tal uma aposta? — Juliet sugere.
— Conte-me mais.
— Não somente conquistar o Damian, mas ir com ele no baile desse ano, para toda a escola ver a única garota que conseguiu sua atenção. A que conseguir pode pedir o que quiser e a outra tem que fazer sem pestanejar.
— Cara, já estou vendo que isso vai dar merda. — Alissa meneou a cabeça.
— Cala a boca, McCann, gostosas conversando aqui. — Russo, a ignorou virando o rosto totalmente para você.
— Pedir qualquer coisa? — Você perguntou. — Tipo raspar a cabeça no zero?
— Nossa, s/n. Você é má. Mas sim, qualquer coisa.
— Eu não acho isso legal, mas estou empolgada em redigir um contrato, para deixar tudo formalizado. — Camila sugeriu.
— Isso está longe de ser legal, isso é uma merda, vocês estão parecendo aqueles garotos idiotas dos filmes. — Alissa resmunga.
— Cala a boca, McCann. — Você e Juliet dizem ao mesmo tempo.
— E mais importante, a que perder não pode ficar brava, isso aqui é por um bem maior, estamos fazendo isso por todas as mulheres dessa escola. — Juliet explica. — Mas então, Falcone, temos um acordo?
Juliet estende a mão para você. E depois de apertá-la, você sorri de volta.
— Com certeza, Russo.
{...}
Você sabia que a forma mais fácil de se aproximar de Damian, seria conhecendo ele melhor, descobrindo o que ele gostava de fazer, suas paixões, seus hobbies, músicas, filmes, tudo sobre ele. E não foi difícil, bastou apenas você entrar num site de fofocas.
Damian ama animais, essa seria fácil. Você iniciou um abaixo assinado em sua escola, para requerer um espaço em desuso na cidade, a fim de que ficasse disponível para os cuidados de animais carentes.
O garoto te assistiu atentamente explicar os seus pontos, na frente de toda a turma, sobre como aquilo ajudaria salvar muitos animais, e que você doaria 50 mil dólares para alimentos e contratação de funcionários.
Suas amigas ficaram de queixo caído, elas não sabiam que você poderia ser tão competitiva assim, gastando muito dinheiro, coisa que elas não tinham.
No almoço vocês quatro estavam rindo distraídas sobre algo que Alissa havia comentado, quando Damian se sentou bem em sua frente.
— É bem legal o que está fazendo, Falcone.
— Obrigada, Wayne. — Você sorriu vitoriosa.
— Estamos ajudando também. — Juliet fala, jogando o cabelo para o lado, mas deixando muitos fios entrarem na boca sem querer.
Todas ficaram constrangidas com a vergonha alheia de sua amiga. Damian viu ela cuspindo os cabelos e depois voltou a olhar para você.
— Eu gostaria de fazer uma doação também. — Damian puxou o celular do bolso.
Você olhou para Camila que estava com os polegares levantados e se animou ainda mais.
— É muito legal da sua parte, Damian. Não são muitas pessoas que se importam com os animaizinhos.
— Eu me importo. — Ele conclui a transferência. — Existe mais alguma forma em que eu possa contribuir?
— Bom, nesse final de semana eu vou conhecer alguns lugares da cidade que estão em desuso, eu quero conhecer bem, para reivindicar o lugar mais adequado, se não se importar, você poderia me acompanhar...
Juliet pisou com força no seu pé, fazendo você fechar os olhos lentamente, segurando a dor e vontade de socá-la.
— Claro, eu adoraria. Aqui, coloca o seu número, e eu te ligo.
Você deu um sorrisinho para a sua amiga antes de colocar o número no celular dele.
— Vou deixar vocês almoçarem agora.
— Ou você pode ficar. — Juliet pediu quase que desesperadamente.
Damian apontou para a mesa dele e avisou que os amigos o estavam esperando. Então depois que ele se levantou e foi embora, você puxou o cabelo de Juliet para se vingar pelo pisão no pé.
— Ai, para que isso? — Ela disse massageando o couro cabeludo.
— Eu que pergunto, o meu pé ainda está doendo.
— Se for para vocês ficarem brigando é melhor pararem agora, meninas. — Camila avisa.
— Deixa essas piranhas brigarem, Hastings. — Alissa riu. — Suas vadias burras.
Vocês foram para o banheiro antes de bater o sinal, e quando passou pela porta com as suas amigas você trombou em Kim Yang, a garota estava muito irritada, com os braços cruzados, e a testa franzida.
— Que fofinha, parece um pinscher. — Você sorriu.
— Eu quero você longe do meu homem.
— Vocês ouviram o que essa fedelha acabou de falar aqui? — Você olhou para as suas amigas rindo.
— Estou falando sério com você, Falcone. — Ela puxou a gravata do seu uniforme. A garota é mais baixa e tinha um rosto fofo e pacífico, era engraçado vê-la tão brava. — Fica. Longe. Do Damian.
— Ou? — Você levantou as sobrancelhas, desafiando-a.
— Não vai querer saber. — Ela soltou a sua gravata, e você arrumou a sua postura.
— Talvez eu queira...
— Se afasta dele, esse é o seu último aviso. — Ela olhou friamente para você, Alissa, Camila e Juliet, depois saiu desfilando com o seu grupo de amigas.
— Só eu fiquei com cagasso? — Alissa perguntou ironizando. — Mas sério, essa menina é sinistra.
— É, mas eu sou mais. — Você falou.
Você não deixaria uma fedelha metida a besta te dizer o que fazer, então no dia seguinte, você decidiu que mandaria um recado para ela. Você estava só esperando o momento certo de agir, então quando viu Damian no armário da escola, e principalmente, viu Kim por perto com os olhos fixos nele, você decidiu mostrar para ela que não seria uma ameacinha boba que te faria desistir.
Damian guardou os livros e fechou a porta, você sorriu inocentemente, abordando-o.
— Aconteceu uma coisa meio chata.
— Mesmo? O quê?
— Meu carro estragou, e vou ficar sem ele por algumas semanas, seria muito incômodo você me buscar em casa, no sábado para a gente ver aquele negócio?
— Não vejo problema.
— Certo, me dá a sua mão. — Você retirou uma caneta do bolso e anotou seu endereço. — Combinado, no sábado às 9hs, você me busca em casa.
— Tudo bem. Te vejo no sábado.
Você piscou para Kim que estava vermelha como um pimentão e depois se saiu.
— Que droga, s/n. — Juliet resmungou. — Não dá para competir com você assim.
— Pode desistir se quiser.
— Aposto que adoraria, não é mesmo?
{...}
Você descobriu que Damian era aficionado pelo ajudante do Batman, ele compartilhava diversas fanarts do Robin, então um dia antes de vocês se encontrarem, você passou numa loja geek no shopping e comprou algumas camisetas do herói, aproveitou também para dar uma lida sobre ele nos jornais.
Outra coisa sobre Damian, era que ele gostava de thrash metal, você nunca tinha ouvido nada do gênero, então pesquisou as bandas mais populares e adicionou algumas à sua playlist. Assim você já teria dois tópicos para conversar com ele.
Quando Damian foi até a sua casa, você passou bastante perfume, fez escova no cabelo, e até mesmo caprichou na maquiagem. Queria que ele pelo menos te achasse bonita, já seria um passo para atingir o seu objetivo.
Damian estava aguardando na sala de estar de sua mansão, e Theodore, o seu mordomo estava servindo uma taça de água saborizada para ele.
— Obrigada por vir, Damian.
Ele colocou a taça na bandeja de Theodore. Depois ele deu uma olhada em você, os olhos rapidamente foram até a sua camiseta do Robin.
— Volto em algumas horas, Ted. Pode dizer ao papai que eu saí?
— Sim, srta. s/n. O sr. Wayne nos acompanhará no almoço?
Você sorri e olha para Damian.
— Eu não me importaria.
— Ou talvez a gente coma alguma coisa na rua mesmo. Já vamos, Ted. Até depois.
Damian se despediu educadamente do seu mordomo, e te acompanhou até o carro dele. Ele até abriu a porta do carro para você entrar, um cavalheiro como o pai dele, que você já havia conhecido em galas. E depois de colocar o endereço do primeiro local que visitaria no gps, ele dá partida e vocês seguem.
— Tudo bem se eu colocar uma música?
— Pode ficar à vontade.
Você sorriu conectando o cabo ligado no carro dele em seu celular.
— Não sei se você vai gostar muito, eu comecei a ouvir não faz muito tempo.
Você dá uma vasculhada na playlist, escolhe uma do Kreator que você viu ser a banda favorita dele, e depois deixa no aleatório.
Damian reconhece imediatamente o riff inicial de Violent Revolution e bate com os dedos no volante.
— Essa é muito boa. Você disse que começou a escutar recentemente?
— É, eu... estava querendo ouvir músicas de estilos diferentes.
— Me perdoe, mas eu estou bastante surpreso, não achei que gostasse de algo assim.
— Me perdoe, você. Mas... nunca conversamos, você não sabe nada sobre mim.
— Está certa, me desculpe. Agora eu sei que você gosta de metal e do... Robin?
— Ele é muito irado, né?
Damian sorri olhando para a estrada.
— Alguns dizem que é mais irado que o próprio Batman. — Ele comenta.
— Quem diz isso?
— Eu.
Você ri.
— Acho que chegamos. — Você tira a música.
Você estava com as chaves dos locais, havia pegado antes para poder fazer a visitação,
Damian tinha um olhar muito mais técnico que o seu, ele não estava analisando apenas o espaço, mas encanamentos e as fiações, saídas em caso de incêndios e coisas assim, coisas que você nem tinha se ligado antes.
E depois de visitarem 3 lugares diferentes, e de longas conversas sobre Robin e sobre músicas dentro do carro, você o chama para comer numa lanchonete, ele não se opõe em momento algum, Damian até te surpreendeu sendo bastante simpático e legal, o tempo todo.
Por ele ser bastante popular e também ser conhecido por ser um solteirão convicto e por ser muito cobiçado, mas também muito difícil, você imaginou que ele fosse um pouco rude. Mas ele não foi nada além de agradável e gentil.
— Quer provar do meu? — Você empurra o seu copo de milkshake para ele.
Damian puxa o canudo e toma um gole.
— Como você gosta disso? É muito doce. — Ele faz uma careta.
— Para, é muito gostoso.
— Prova esse. — Ele te empurra o copo dele.
Você suga um pouco.
— É muito bom. — Você suga mais.
— Você pode parar agora. — Ele ri.
Você continua tomando do milkshake dele, até levanta o dedo pedindo para ele esperar um minuto. Ele tenta puxar de volta, mas você bate na mão dele, fazendo ele achar a situação muito engraçada.
Mas o momento divertido é estragado quando flashes são disparados na direção de vocês, era um paparazzi, ele estava tirando diversas fotos.
Isso ia dar o que falar, o Wayne e a Falcone, você já sabia que essa foto ia estampar as revistas no dia seguinte. E sabia que por Damian ser bastante reservado, o seu plano de conquistar ele, estaria arruinado, já que ele com certeza não iria mais dar bola para você, para evitar que fofocas surgissem.
Você deitou o queixo na palma da mão e olhou para o outro lado.
— Você está bem? Quer que eu vá lá pedir para ele ir embora? — Ele perguntou.
— Você não está incomodado com ele tirando fotos nossas?
— Existem coisas que fogem do nosso controle.
— Mas você é bastante reservado, eu até imagino as coisas que vão dizer por ver nós dois juntos...
— Eu não me importo, a não ser que o seu namorado não goste, então eu...
— Eu não tenho namorado.
— Que tal eu só te levar para casa, então? — Perguntou gentilmente.
— Posso ficar com o resto do seu milkshake?
Damian sorriu, ele te deu o milkshake dele e vocês entraram no carro novamente para ele te levar até em casa.
{...}
Segunda-feira de manhã e todo mundo estava te encarando, você passava pelos corredores e sabia que as fofocas eram sobre você, muitas garotas te olhavam dos pés à cabeça com uma cara de desgosto, elas seguravam uma revista teen, onde você e Damian estavam rindo e dividindo um milkshake, todas elas queriam te matar.
Em especial uma...
— Eu achei que eu tivesse sido bem clara, Falcone. — Kim parou em sua frente com os braços cruzados. — Mas como você não entendeu que não se dever mexer com o namorado de outra, eu vou fazer a sua vida virar um inferno, a partir de agora!
Você estava querendo rir, até que Kim pegou um copo do Starbucks da mão da amiga e o jogou todo em você.
A sua camisa branca ficou marrom e grudou no seu corpo, deixando seu sutiã visível por cima do tecido quase transparente. Você olhou para o seu uniforme, passou o dedo na camisa e depois o levou até a boca.
— O próximo pode ser sem canela.
— Sua Jezebel, prostituta de quinta!
— Meu Deus, Kim. O que você fez?!
Você e o grupinho em sua frente se viram quando ouvem a voz de Damian. Kim largou o copo que caiu no chão e você fez a sua melhor carinha de choro.
— S/n, você está bem?
— Muito quente, muito quente. — Você abana a sua pele.
— Mentirosa, nem quente está! Damian, a culpa foi dela!
— Eu vi você jogando a bebida na s/n, como pode ter sido culpa dela?
— D-desculpa, eu...
— Vem comigo, você precisa tirar essa roupa.
Damian pegou em sua mão, ele foi na frente e você o seguiu, mas não sem antes olhar para trás e ver Kim Yang morrendo de ódio.
Ele te levou até o vestiário masculino, por ser jogador, ele tinha várias camisas de uniforme que deixava em seu armário para poder trocar após os jogos e os treinos.
— Você pode tirar a sua camisa, eu vou molhar esse tecido para servir de compressa.
Você olhou ao redor, o vestiário estava vazio, então começou a desabotoar a camisa, deixando o sutiã todo à mostra.
— Aqui. — Damian voltou segurando um pano molhado. — Me deixe te ajudar.
Ele estava prestes a colocar o pano sob o topo dos seus seios, mas quando percebeu que seria invasivo demais, ele para e te entrega para você fazer isso sozinha.
— Nossa, ficou muito vermelho, olha. — Você diz, maliciosamente inocente.
— Eu vou pegar uma camisa para você. — Corado, ele se vira e retira uma camisa do armário.
— Obrigada pela ajuda, você não precisava.
— Eu meio que me sinto culpado.
— Não deveria, aquela garota é maluca.
— Ela é só uma menina, tem 14 anos, ainda é bastante inocente, ao mesmo tempo em que queria dar um basta, eu não quero magoá-la, não se deve machucar os sentimentos de ninguém.
Você fica reflexiva, Damian é definitivamente o cara mais gente boa que você já conheceu, e ele não ficava com ninguém dali porque se achava melhor que os demais, ele realmente era melhor, principalmente melhor que você.
Ele nunca faria uma aposta idiota com um amigo para conquistar alguma menina da escola.
— Obrigada, eu... — Você não terminou de falar, saiu andando para fora do vestiário, deixando ele sem entender para trás.
{...}
— Amanhã às 20hs, quero todo mundo lá em casa!
Juliet convidou toda a turma para uma festa em sua casa, a aula já havia acabado e os alunos estavam recolhendo seus materiais e saindo.
Damian ainda sentado na cadeira dele, se vira para você.
— Ei, você tá legal?
— Claro, é, eu estou ótima.
— Você não me atualizou mais sobre como está indo a fundação. — Ele coçou a nuca.
— Desculpa, eu estive um pouco ocupada, mas está tudo perfeito, eu vou te mandar por e-mail todas as novidades.
Você pegou a mochila e a colocou nas costas.
Damian te imitou também se levantando.
— Se você estiver livre agora podemos passar numa cafeteria, eu te pago um café e você me conta tudo.
— É, eu, eu estou livre agora também. — Você sorriu.
Damian deu espaço para você passar primeiro.
— Oi, Damian. Você vai na minha festa amanhã, não vai?
A loira piscou repetidas vezes os seus enormes olhos azuis.
— Não sei, amanhã não é um bom dia.
Juliet estava decepcionada, ela estava dando essa festa apenas para poder se aproximar dele, já que as outras tentativas estavam dando totalmente errado.
— Ah, por favorzinho, Damian. Eu prometo que você vai gostar. Vai, s/n, fala para ele como as minhas festas são divertidas.
Damian olhou para você, você quis fuzilar a garota por te envolver nisso.
— São bem legais.
— Você também vai? — Ele te pergunta, deixando Juliet com ciúmes.
— Somos amigas. — Ela responde e você confirma balançando a cabeça.
— Acho que, é... eu vou dar uma passada.
— Legal, legal, legal. — Ela deu um beijo na bochecha dele, pegando-o desprevenido.
Você olhou para ela com uma cara que dizia para ela pegar mais leve. Já ela, apenas deu de ombros. Estava cansada de ficar atrás de você nessa competição.
— Agora precisamos ir, nós dois temos coisas importantes para conversar.
— Sobre? — Juliet seguiu vocês dois pelo corredor.
— É sobre o projeto da s/n, ela vai me atualizar as novidades.
— Nossa, eu adoraria saber também. Inclusive estou ansiosa para adotar algum animalzinho.
— É mesmo? Muito nobre da sua parte. — Comentou Damian, fazendo a garota se achar.
— Pena que não vai dar para você nos acompanhar, você não tem aula particular de Francês agora? — Você olha irritada para ela.
— Eu posso cancelar, existem coisas que são mais importantes.
— Damian, você pode nos dar licença um minutinho?
— Tudo bem. — Ele vai para o outro lado, e você puxa Juliet para o canto.
— O que pensa que está fazendo?
— Nivelando o jogo. — Ela sorriu.
— Não é para você ir, ele me convidou, ele quer ficar sozinho comigo, para de ser uma vadia ordinária, aceita que você perdeu.
— Eu não vou, se você não for na minha festa amanhã.
— O quê?
— Isso mesmo vadia cretina, eu te deixo sozinha com ele hoje, e amanhã você deixa ele só para mim, na minha festa.
— Ele nem quer ir na sua festa, ele só aceitou ir por minha causa.
— Nesse caso eu vou adorar fazer companhia a vocês dois. — Ela sorriu.
— Tá, tá bom. Você venceu. Eu não vou à sua festa.
Ela se despede de vocês, dizendo que acabou lembrando que tinha um compromisso muito importante, então não podendo se juntar ao café, você mostra o dedo para ela sem que Damian veja e depois vão embora.
{...}
— E como ele chama?
— Titus.
Você sorriu vendo a foto do cachorro de Damian, estava com o celular dele em mãos, aberto no instagram.
— E o que significa? — Você devolveu o celular para ele.
— Tem alguns significados, pode ser gigante, defensor ou até mesmo honrado.
— É um nome forte, eu adoraria conhecê-lo, claro se ele não for do tipo que não gosta de pessoas novas.
— Titus sabe ler as pessoas, ele só não gosta de pessoas ruins. E você com certeza não é uma pessoa ruim.
Você sorriu, desviando o olhar.
— Me dê licença. — Ele estica a mão e retira um fio de cabelo que havia grudado em seu lábio. Você fica sem respirar por um segundo.
Depois ele se reclinou na cadeira, tomando um gole do cappuccino e observando ao redor.
Você estava nervosa, Damian é sempre tão distante, mas você o sente sempre por perto, de uma forma que nunca o viu com ninguém antes, a beleza dele também era um dos principais motivos para você balançar as pernas ansiosamente, ele é poeticamente bonito.
— Me fala mais de você.
— De mim? — Ele sorri.
— É... tipo, qual a sua opinião sobre... — Você passa os olhos pelo local, vê um homem usando uma calça xadrez e uma camisa listrada. — Sobre roupas bregas. — Você concluiu fazendo careta.
Damian riu, passando a mão pelo cabelo.
— Eu não entendo muito sobre roupas, mas ironicamente tenho que comparecer aos desfiles de moda todos os anos.
— Se Damian Wayne não aparecer em um desfile da Vogue, o que as revistas publicariam? Tráfico? Armas? Isso é um absurdo. — Você disse, fazendo ele rir.
— Você costuma ir também, eu presumo.
— Meu pai me cortou da maioria dos eventos da alta sociedade, quando eu era criança, eu subia nas mesas e me pendurava nos lustres, ele estava cansado de passar vergonha, então eu não recebo mais convites.
— Por que não me acompanha?
— Mesmo?
— Sim, será em duas semanas, e se quer saber eu não me importaria de te ver subindo em mesas, na verdade seria ótimo não precisar mais comparecer.
— Ahh, você está só me usando então.
— Não, desculpe, deixe-me corrigir. Seria ótimo ser acompanhado por você.
— Nesse caso. Eu adoraria ir com você.
— Encontro marcado. — Ele deu dois tapinhas leves na mesa e se levantou. — Vou ao banheiro, já volto.
Você o seguiu com os olhos, e depois que ele saiu de vista você virou toda a sua bebida na garganta porque estava com a boca seca.
— Encontro? Meu Deus, eu tenho um encontro com Damian Wayne? É um encontro, um encontro, meu pai amado, um encontro.
Quando ele voltou, você estava retocando o seu gloss, da última vez ele tinha dito que o cheiro de uva era gostoso, desde então você usava esse gloss sempre, até o dia em que estivesse confiante o suficiente para perguntar para ele se gostaria de saber como é o gosto.
— Podemos ir agora, eu te levo em casa.
— Eu não te contei quem eu vi esses dias. — Você anuncia, caminhando ao lado dele até o estacionamento. — Eu até tirei uma foto.
Damian observa a foto que você havia tirado dele mesmo, há duas noites, quando Batman e Robin, tiveram que impedir um navio cheio de armas ilegais chegar na cidade, o navio cargueiro era do Pinguim, que tinha planos tórridos, mas que foi impedido pela dupla, ainda em alto mar.
— Estávamos comemorando o aniversário do Ted no nosso Iate, quando eu o vi. Queria que fosse mais perto, eu poderia ter pedido um autógrafo.
— Se você quer um autógrafo dele, eu posso te arrumar.
— Ah, céus. Você conhece o Robin?
— Eu o conheço muito bem, é quase como se fossemos um só. — Ele abriu a porta do carro para você.
— Uau! E sim, eu quero um autógrafo dele.
Ele riu graciosamente, dando partida e indo embora.
{...}
— Ei, essa blusa é minha?! — Você estava vendo Juliet se arrumar através da videochamada que estavam fazendo.
Ela jogou o cabelo para trás e piscou para você.
— Você esqueceu aqui.
— E você não pensou em devolver?
— Falcone, você é milionária, larga de ser mão de vaca!
— Eu estava pensando, Jules... o Damian é muito legal mesmo, sabe?
— Uh-huh. — Ela estava se maquiando em frente ao espelho, o celular estava posicionado de modo que você pudesse vê-la.
— Ele é inteligente, interessante, divertido... eu não acho que ele seja esnobe como a gente pensava antes...
— Esqueceu de dizer que ele é gostoso, lindo, uma delícia...
— Escuta, e se a gente parasse?
Juliet parou de passar o batom e se virou para o celular, olhando diretamente para você.
— Está desistindo?
— Ele é uma pessoa extraordinária, não merece o que a gent--
— Você só quer parar agora, porque está na minha frente, conseguiu mais intimidade com ele, porque tem mais grana e contatos. Agora você vem com essa querendo me arrancar para fora da competição? Eu também gosto dele, s/n.
— Eu sei que você gosta dele, todo mundo gosta. O que eu estou dizendo é que não precisamos fazer mais disso uma competição, eu não quero mais tratá-lo como um prêmio.
— Já sei, está dizendo isso só porque não vai estar aqui essa noite para ver ele se apaixonando por mim. Você teve a sua chance sozinha com ele, s/n, e eu respeitei isso, na verdade você teve várias, tudo o que eu estou pedindo é uma noite, só uma noite, então por favor não estrague isso.
— Juliet...
— Por favor, s/n.
— Tá, deixa para lá, eu só--
— Desculpa, preciso desligar, acho que os meus convidados já chegaram. Beijinhos, te amo. — Ela desliga a ligação.
{...}
Você estava sentada na janela, escutando a playlist que Damian havia feito para você, a princípio você só ouvia para poder ter assunto com ele, mas acabou gostando muito, e agora ouvia por prazer.
Observando toda a imensidão da sua propriedade, que te protege do caos da cidade, que te deixa segura atrás daqueles portões enormes, você volta a ficar reflexiva sobre a atitude que tomou ao fazer aquela aposta com Juliet.
Definitivamente estava na hora de parar, você não estava somente encantada por ele, mas estava se apaixonando porque estava conhecendo o verdadeiro Damian, ele estava se abrindo aos poucos, de modo que você não achou que fosse acontecer.
E ele estava se envolvendo também, estava nítido para quem quisesse ver que Damian gostava de passar um tempo com você, ele te enviava mensagens na maioria das vezes, ele se ofereceu para te levar em casa durante todos os dias em que o seu carro estava "no conserto", e até mesmo ele estava falando com você em público sem se importar com o que achariam disso.
Como um garoto que de distante e frio deixou uma garota se aproximar tão facilmente?
Você sabia que era por culpa das suas mentiras, e um dia essas mentiram voltariam para te assombrar, mas agora elas se tornaram uma verdade, isso ainda seria algo tão ruim?
Você sabe a resposta para essa pergunta, e se odeia por isso.
O seu medo era de que Juliet pudesse contar para ele o que vocês fizeram, se você insistisse em desistir, até mesmo ela sabe que não tem chances com ele, não como você. Seria um jogo bem sujo da parte dela, algo que você torce para que não aconteça.
Você balança a cabeça e nega.
— Não, ela não faria isso.
Você pega o celular e decide ligar para Camila, a garota atende no primeiro toque, ela grita do outro lado do telefone para que você consiga escutar, ela estava na festa na casa da Russo, e o som estava bem alto.
— Eu não estou conseguindo ouvir! — Você diz.
— Eu disse que o Damian perguntou de você!
— Sério?
— Eu disse que você estava de castigo porque bateu o carro do seu pai, já aconteceu antes, então não foi totalmente mentira.
Você ri.
— E como está por aí?
— Alissa foi para o banheiro com o Dustin e o Donovan.
— Os gêmeos?
— Ela é bastante gulosa, né? — Camila ri.
— Cams, me diz... por acaso a Juliet...
— Sim, ela está se jogando no Damian, eu estou constrangida, mas é minha amiga, eu só posso rir e apoiar.
— Ele parece interessado nela? — Você enrolou uma mecha de cabelo no dedo.
— Não, ele parece com medo na verdade. Eles olharam para cá agora, eu vou desligar.
— Não, espera! E desligou...
— Querida? — Seu pai chamou por você. — Estou saindo para um jantar de negócios, gostaria de ir comigo?
— Ok. Me dê três horas.
— Te dou vinte minutos. — Ele piscou.
{...}
O restaurante era um dos mais luxuosos de Gotham, o prato mais barato custava 16 mil dólares. Seu pai não precisava de motivos para te levar para jantar, ele sempre foi um bom pai, carinhoso, do tipo que respeita os limites, que não impõe as vontades dele sobre você. Mas nesse jantar em específico ele quis te levar, porque precisava da sua ajuda.
— É uma garota, eu só quero que você seja amiga dela, talvez se vocês duas fossem amigas, o pai dela e eu possamos ser amigos também.
— Abre o jogo, pai. O que você vai ganhar com isso?
— Eu preciso de um lugar novo para lavagens, você sabe... levanta, querida, eles chegaram.
Você ajeita o seu vestido e se ajeita em pé, com um sorriso no rosto, um sorriso que logo se desfaz ao ver quem era a tal garota que você devia fingir amizade.
— S/n Falcone.
— Kim Yang.
Vocês duas se encaram.
— Oh, que maravilha, já se conhecem. — Seu pai sorri. — Por favor, sentem-se, podem pedir o que quiser, é tudo por minha conta.
A garota te olhou feio, ela estava quase pulando da mesa para te atacar.
{...}
- Então, hm... Kim, o que está achando do sorvete?
Você tentou puxar assunto com a garota por insistência do seu pai, ele e o sr. Yang estavam conversando sobre algo que vocês duas não se importavam.
Ela enfiou um pouco da sobremesa na boca e depois abriu mostrando toda a meleca para você.
- Por que não fez isso para o Damian? Certeza que ele ficaria apaixonado se visse.
Ela revirou os olhos passando a mão na boca.
- Eu vi ele primeiro.
- Tecnicamente não, você não viu.
- Eu estou na dele há mais tempo que você, Falcone. Eu tenho falado com ele muito antes, e onde você estava? Provavelmente se drogando com as suas amigas drogadas e vadias.
- Jesus...
- Eu não vou desistir dele só porque você tem a idade dele, ou porque são da mesma turma, ou...
- Ou porque já saímos juntos várias vezes, porque ele me mostrou o cachorro dele, porque ele até mesmo me chamou para um encontro, e porque toda a mídia já pensa que estamos juntos?
- Sua...
- Shh... - Você aponta para os dois pais ao lado. - Essa é a chance do seu pai de ganhar algum dinheiro, não vai querer arruinar isso para ele, né?
- Olha elas, já são amigas. - O pai da garota comenta.
- Tem uma filha encantadora, sr. Yang.
- Minha Kim é muito inteligente, amorzinho contou para a srta. Falcone, que você foi a única da sua última escola a conseguir a bolsa para a Gotham Academy?
Ela estava vermelha de vergonha.
- Uma geniozinha. - Você sorriu para ela.
Ao final do jantar, você pega o celular para checar se havia mensagens e se depara com cinco mensagens de Damian. Você se levanta para ir ao banheiro, mas antes passa ao lado de Kim e sussurra:
- Você não vai acreditar quem acabou de me mandar mensagem.
A garota furiosa esperou por alguns segundos, depois levantou e te seguiu até o banheiro, você estava em frente a porta da cabine livre, ela foi em toda velocidade, correu até você e arrancou o celular da sua mão.
- Sua cadela, me devolve isso, agora!
- Vem pegar!
Kim saiu correndo para fora do banheiro e você não hesitou em ir atrás dela, todos os garçons e os outros clientes ficaram olhando, o seu pai estava morrendo de vergonha, antes você era uma criança arteira, mas agora era praticamente uma mulher adulta, e continuava agindo como uma criança, ele colocou a mão no rosto envergonhado.
O sr. Yang estava olhando sem entender, ele só levantou juntamente de Carmine Falcone. Quando vocês duas foram para fora do restaurante, o seu pai molhou a mão do gerente com algumas notas de cem, por causa da bagunça que vocês fizeram e depois ele saiu.
Assim que passou pela porta, ele viu um alvoroço de pessoas, sabia que seriam vocês duas, então seguiu até lá resmungando e pedindo desculpas para as pessoas que passavam por ele. Falcone imaginou que fosse te encontrar rolando no chão com a Kim, que vocês duas estavam se estapeando.
Ele não esperava que fosse encontrar a garota de joelhos chorando sob o seu corpo que havia acabado de ser atropelado.
- S/n? - Ele ficou petrificado ao te ver com vários ralados pelo corpo, cabelo todo jogado e o vestido sujo. Estava desacordada, mas um homem do seu lado havia verificado que você ainda respirava.
- Sr. Falcone, me desculpe, a gente não viu o carro, eu corri mais rápido, achei que a s/n iria parar, mas ela não parou então...
- Tudo bem, filha. - Sr. Yang puxou a Kim para se levantar.
- Alguém chama a ambulância, a minha garotinha... - Falcone se abaixa e segura o seu rosto.
- Eu já chamei. - Um dos curiosos em cima do seu corpo, avisou.
Diversas fotos foram disparadas, e em questão de segundos toda a internet já sabia o que havia acontecido com s/n Falcone.
{...}
- Tudo bem se eu for ao banheiro?
- Acho que a minha amiga está lá, mas você pode usar o do meu quarto. - Juliet cria uma situação perfeita para ficar sozinha com Damian.
Ela o leva para o quarto dela e fica sentada na cama esperando ele aparecer.
- Tudo certo? - Ela perguntou ansiosamente assim que ele passou pela porta, deixando-o constrangido.
- Ah, é... tudo certo.
- Desculpa. - Ela abaixa a cabeça. - Essa noite não está nada como eu planejei.
- A festa é ótima, todo mundo parece estar gostando.
- Você está gostando?
- Claro. - Ele sentou do lado dela.
- Mas gostaria mais se a s/n estivesse aqui, né? - Ela levantou a cabeça ainda fazendo um biquinho.
- A s/n é especial, você sabe disso, são amigas.
- Posso perguntar uma coisa para você?
- Qualquer coisa.
- Por que nunca namorou nenhuma menina da escola?
Ele olhou para frente, levantou as sobrancelhas rapidamente, e um sorriso escapou dos seus lábios.
- Eu já namorei.
- O quê? Quando foi isso e como ninguém sabia?
- Faz uns três anos, ela estudou na Gotham Academy apenas por quatro semanas, mas acabou tendo que mudar de escola.
- Foi por isso que terminaram?
- Não, a gente ainda se via quase todos os dias, mas ela começou a mentir para mim, começou a me trair, ela destroçou o meu coração.
- Poxa... - Juliet abaixou os olhos.
- Ela riu de mim com os amigos, disse que só namorava comigo porque eu tinha um sobrenome, porque eu a levava para os lugares certos, porque eu a apresentava às pessoas importantes, porque ela queria realizar o sonho de ser famosa.
- Que vadia. - Juliet levantou da cama, estava revoltadíssima. - Eu sinto muito, é por isso que você não se importa com o prêmio de popularidade que ganha todo ano?
Damian dá de ombros, também levantando da cama e colocando as mãos dentro dos bolsos.
- Meio que me faz lembrar de que não passo de um sobrenome.
Juliet olhou ao redor, ela passou a mão no cabelo e depois se virou para Damian.
- A s/n já é rica, ela tem tudo o que precisa, você não precisaria se preocupar em sair com ela.
- Oh. - Ele dá um sorriso tímido. - Acho que sim.
- Desculpa por essa noite, pelos últimos anos na verdade, você é um cara legal, eu só... droga, me sinto uma idiota agora. Você devia mandar uma mensagem para a s/n.
- Não, que isso, eu estou aqui para me divertir com você.
- Para com isso, essa festa está um fiasco. Pode ir embora se quiser, eu vou descer agora. E obrigado por ter confiado em mim e me dizer isso tudo, a s/n estava certa sobre você, é realmente extraordinário.
Ela saiu do quarto, deixando ele sozinho. Damian sorriu para si mesmo, sentou na cama de novo e tirou o celular do bolso.
"O que acha de um encontro amanhã?" "Gostaria de te levar em um lugar, é fora da cidade, mas é bem bonito" "A gente pode jogar mini golfe e eu levo comida" "O Alfred é quem vai preparar, eu não sei cozinhar nada haha" "Por favor, diz que sim"
{...}
- Trouxe para o sr. - Camila entrega um copo de café para Carmine.
- Sr. e sra. Falcone, não gostariam de descansar um pouco? Nós vamos ficar aqui com a s/n. - Alissa sugeriu.
- Vocês estão acordados a noite toda, podem descansar um pouco, nós três não vamos sair do lado dela nenhum segundo sequer. - Juliet era a que estava mais perto de você, ela estava passando a mão no seu cabelo.
- Você pode ir Carmine, eu vou ficar aqui.
- Meu amor, elas estão certas, você está cansada, o médico disse que a s/n vai ficar bem, logo logo ela vai acordar, você precisa descansar um pouco.
- Tudo bem, vocês três me liguem imediatamente se acontecer qualquer coisa, nós vamos ficar no hotel ali da frente para ficar mais perto, se a s/n acordar é para me ligar imediatamente.
- Sim, sra. Falcone. - As três respondem.
Alguns minutos depois dos seus pais terem saído, Damian aparece, ele bate na porta segurando outro buquê de flores, na noite passada quando ele recebeu um alerta do google, ele foi imediatamente até o hospital, levou flores e deixou para você, mas não ficou por muito tempo.
Essa manhã ele comprou flores de novo, na esperança de que pudesse te entregar em mãos, e que pudesse conversar com você, porque estava preocupado. Mas, mais uma vez, você não acordou.
- Eu não acredito que a Yang fez isso. - Damian estava de pé observando o seu rosto pacífico, você estava com alguns curativos no rosto, mas não era nada muito grave.
- Eu ouvi algumas pessoas dizendo que a pirralha jogou a s/n na frente do carro.
- Credo, Russo. Não acho que tenha sido assim.
- Aquela garota é louca, McCann. Não me surpreenderia se ela tivesse feito isso de propósito só para se livrar da s/n.
- Gente... - Camila chama a atenção e depois quando a olham, todos percebem que ela estava encarando a porta.
Kim estava com o rosto vermelho, segurando o seu celular, com os ombros caídos, e se sentindo o pior dos monstros.
- O que você está fazendo aqui, Kim? - Alissa perguntou.
- Aposto que essa daí veio para desligar os aparelhos da s/n, para terminar o que começou.
- Cala a boca, Juliet.
- Eu sinto muito, eu não queria que isso acontecesse, a gente correu para o meio da rua, foi... foi um acidente. - Ela colocou o braço na frente dos olhos, para esconder o choro. - Eu juro que eu não fiz por mal, eu não queria que ela se machucasse.
- Acreditamos em você, Kim.
- Acreditamos?
- Ela é uma garota de 14 anos, não uma assassina, tenha dó, olha para a menina, claramente ela não fez nada para machucar a s/n. - Argumentou Alissa.
- Ela vai ficar bem? - Kim passou a manga sob os olhos.
- Vai sim. - Camila responde. - Foi só alguns arranhões, ela logo vai acordar.
- Eu trouxe isso... - Kim estica o celular para Camila, que se aproximou da porta. - Foi por isso que ela correu atrás de mim ontem, eu roubei o celular dela. Vocês podem dizer a ela que eu sinto muito?
- Dizemos sim. - Camila afirma.
A garota olha ao redor, ainda bastante abalada e depois vai embora.
- Eu vou deixar essas flores aqui, podem me avisar a hora que ela acordar? - Damian pediu.
- Avisamos sim.
- Obrigado.
Damian passou a mão pelo seu cabelo, deixou um beijo em sua testa, colocou o segundo buquê ao lado do primeiro e também foi embora.
Uma hora depois você acordou sentindo que estavam tocando em suas mãos. Você vai piscando devagar, a luz muito clara irrita as suas pupilas, você cobre os olhos gemendo de dor.
- Desliga essa luz, está muito forte.
- S/n, você acordou. - A primeira voz que você reconhece é a de Juliet.
- Eu vou chamar uma enfermeira. - Camila avisa saindo do quarto.
- E eu vou ligar para os seus pais. - Alissa informou.
- O que aconteceu? Por que parece que eu fui atropelada? Droga, eu fui atropelada, não é?
A enfermeira entra no seu quarto, observa se há reação de suas pupilas e checa outras coisas rápidas, você parecia realmente bem, apenas com algumas escoriações pelo corpo, e uma lesão no ligamento do tornozelo esquerdo.
- Seus pais já estão vindo, amiga.
- S/n, conta para a gente o que aconteceu.
- Eu estava prestes a responder a mensagem do Damian, ele tinha me chamado para um encontro, e então a Kim pegou o meu celular e saiu correndo, e eu corri destrambelhada atrás dela.
- Ela não te jogou na frente do carro?
- O quê? Não, claro que não. - Você ri. - Eu acho que ela tentou me avisar que o carro estava vindo, mas eu não consegui parar a tempo. Achei que fosse morrer.
- Estava tão preocupada. - Camila sentou do seu lado e deitou a cabeça na sua.
- Eu estava bem mais preocupada que essas barangas. - Juliet também se sentou do seu lado.
- E você, McCann, preocupada comigo?
Alissa, que ainda permanecia sentada na cadeira nos pés da cama, cruza os braços.
- Eu só estava preocupada com a sua herança, você já me colocou no testamento, né? Eu quero o seu cavalo, o seu carro, a sua casa no lago e os seus sapatos caros.
Você mostrou o dedo para ela. Alissa riu se levantando e se juntando a vocês três, dando um abraço em grupo.
- E aqueles buquês enormes?
- Damian... Wayne... - Camila levantou para pegar para você. - Ele veio aqui duas vezes, estava bastante preocupado também.
Você sentiu o cheiro das flores e sorriu ao perceber que havia bilhetes.
- Ele é muito fofo. - Você abraçou os buquês.
- S/n, precisamos conversar. - Juliet volta para a cadeira dela. - Me desculpa pelo que eu falei, realmente temos que parar com isso. Não só porque ele gosta de você, o que me deixou um pouco triste no início, eu confesso... mas porque ele realmente é alguém bom, alguém que não deve ter o coração partido de novo.
- Como assim de novo?
- Eu vou te contar tudo, e você vai se sentir péssima, como eu me senti.
{...}
- Mãe, eu estou bem. Eu já disse.
- Tem certeza que não quer uma sopinha?
- Sopa é para quem está doente.
- S/n, você foi atropelada, podia ter morrido.
- Mas não morri, eu estou ótima, e eu quero ficar sozinha um pouco, assistindo televisão, se me permitir.
- Tudo bem, filha. Mas se precisar de qualquer coisa é só gritar.
- Mãe, você deveria ir para o spa.
- Não vou a um spa, com a minha filha toda moribunda em casa.
- Eu estou bem, mãe!
- Ok, ok. Eu vou sair, seu pai está trabalhando, o que você precisar...
- Eu peço para o Ted. - Você sorri. - Pode ir, mãe.
Ela beijou a sua bochecha e foi embora.
Você pegou o celular na hora e abriu a conversa com Damian, Juliet abriu o jogo sobre o que a ex namorada de Damian fez com ele, e ela estava certa, você não estava usando ele pelos mesmos motivos que ela, mas também se aproximou dele por motivos egoístas, porque queria que toda a escola visse que você foi quem conseguiu o bonitão popular e cobiçado.
Depois de chorar por uma hora se sentindo uma merda, você decide mandar mensagem para ele, Damian se mostrou tão carinhoso e cuidadoso, ele quis ir imediatamente até o hospital para te ver, mas você disse que já estava indo para casa, e que ele poderia ir até lá, se quisesse.
Ele disse que com certeza iria, mas não estava respondendo as suas mensagens fazia alguns minutos, você estava ansiosa esperando. Até que ele bate na sua porta.
- Pode entrar.
Ao vê-lo entrando, você sorri ajeitando o cabelo, ele segurava o terceiro buquê, finalmente entregaria um em mãos.
- Oi, como está se sentindo?
- Eu estou ótima.
Ele encostou a porta e parou ao lado da sua cama, estava meio nervoso, balançando as flores.
- São para mim?
- É... dizem que a terceira da sorte. - Ele sorriu e te entregou.
- São lindas. Obrigada.
- Eu lamento muito pelo que aconteceu. Mais uma vez sinto que foi culpa minha.
- Como eu ter sido atropelada foi culpa sua?
- Se eu não tivesse mandado mensagem, a Yang...
- Ah, não. Eu provoquei ela. E depois eu que corri para o meio da rua como uma idiota. Não é sua culpa, sério.
Você puxa um pedaço do seu edredom, pedindo para Damian se sentar ao seu lado.
- Você realmente está bem?
Você balançou a cabeça passando o lábio inferior entre os dentes.
- Bem o suficiente para jogar minigolfe.
Com os olhos de Damian, lindo, observando o seu rosto, você corou e precisou olhar para o outro lado.
- Então é um sim?
- Eu acho fofo você pensar que teria outra resposta para isso.
- Bom, é que eu não tenho nenhum encontro faz um tempo.
Você mordeu o lábio olhando para baixo. Essa deveria ser a hora que você confessa de uma vez a ele sobre os motivos reais de ter se aproximado. O seu coração estava apertado, não estava preocupada dele te odiar por isso, ele estaria no direito. Você só estava pensando no quanto ele ia se machucar de novo, no quanto ia doer quando descobrisse que foi usado pela segunda vez.
- Damian? - Virou o rosto para encará-lo novamente. Dessa vez sendo mais firme, não devia deixá-lo nessa por mais tempo.
- Sim? - Ele permaneceu atento com os olhos nos seus.
Se acovardando, você abaixa a cabeça de novo.
- Eu gosto de você, s/n. - Ele segurou no seu rosto. - Você está chorando? Não, não chore.
Damian passou o dedão pela sua bochecha, tirando a lágrima.
- Eu sou uma pessoa horrível.
- Impossível. - Ele sussurrou, e calmamente empurrou a boca até a sua.
{...}
No dia seguinte, suas amigas foram até a sua casa, você precisava desabafar e precisava de conselhos. Sabia que devia contar, sabia que ele precisava saber, mas não tinha certeza de como fazer isso.
- Amiga, você se apaixonou, ele também, vocês vão se entender.
- Mas ele vai me odiar, ele nunca mais vai querer olhar na minha cara e com razão.
- Eu falei para vocês, vadias burras, não fazerem isso.
- Não tá ajudando em nada, McCann.
- S/n, conta tudo para ele hoje. Seja honesta, diga o motivo pelo que vocês duas fizeram isso, mas diga que os sentimentos envolvidos são verdadeiros, você não pediu para parar quando percebeu que estava indo longe demais? Então, ele vai entender. - Camila aconselhou.
- Eu não acredito que fui capaz de fazer isso com alguém tão legal. Eu vou machucar ele.
- Eu trouxe isso. - Juliet abre a bolsa e retira o contrato que Camila fez quando vocês começaram a aposta. - Foi uma idiotice, você deveria rasgar, vai te fazer bem.
Você se sente pior lendo o seu nome no papel, e a sua assinatura logo abaixo.
- Tudo bem. Ele vai vir mais tarde, nós vamos sair, eu vou contar tudo.
- Nós já vamos, mas nos ligue se precisar da gente, tá bom?
- Eu trago sorvete, chocolate e roubo o uísque do meu pai.
- Meninas, nada disso vai ser necessário, vai dar tudo certo, s/n.
Você largou o contrato em cima de sua cama e acompanhou suas amigas até a saída da sua mansão.
Damian tinha preparado uma coisa diferente para vocês, ele achou que dirigir por algumas horas não seria legal, já que você ainda estava um pouco dolorida, então, ele pediu que Alfred fizesse uma cesta de piquenique e decidiu te levar até a doca de Gotham, para verem o pôr do sol.
Você estava no banheiro de sua suíte quando ele chegou, estava terminando de se arrumar, Ted avisou que ele havia chegado, e você pediu para deixá-lo subir.
Damian anunciou que estava entrando no seu quarto.
- Estou quase pronta, pode ficar à vontade.
Ele ficou de pé observando a decoração, a sua estante de livros, alguns artefatos artísticos, coisas de que gostava.
- Você tem mais coleções de Harry Potter do que alguém normalmente tem. - Ele comentou após ver diversos boxes da saga.
- Toda vez que eu aprendo uma língua nova, eu compro um box novo com aquela língua.
Você saiu do banheiro mexendo no cabelo. Ele estava observando os livros, você para ao lado dele.
- E você fala umas trinta e cinco línguas?
- Não. - Você ri. - Algumas são edições especiais. Essa é a minha favorita. - Você aponta para os livros no topo da estante.
- Que linda.
- É uma edição linda mesmo.
- Eu estava falando de você.
Você ri, voltando a mexer no cabelo.
- Podemos ir?
- Estou pronta, só preciso pegar o meu colar.
- Onde está? Eu coloco para você.
- Na minha cama.
Você ficou de costas, levantando o cabelo para que ele pudesse colocar a jóia em você. Mas ele demorou e ficou alguns segundos em silêncio, quando você se virou ele estava segurando o contrato, lendo com a testa enrugada todas as cláusulas.
- Damian...
Ele te olha, ainda segurando aquele papel e você sente uma pontada no peito.
- Damian, eu vou te explicar tudo, tá bom? Eu já ia fazer isso, eu ia te contar tudo hoje.
Ele largou o papel em cima da sua cama e foi em direção da porta, você ainda estava com um pouco de dor no tornozelo, mas aquilo não te impediu, você correu parando na frente dele, trancando a porta e não deixando ele sair.
- Sai da minha frente!
- Você está bravo comigo e tem todo o direito disso, mas por favor me deixe explicar.
- Você não precisa explicar, eu li tudo.
- Aquilo foi antes, foi antes de te conhecer, foi uma bobagem e eu me arrependi no momento em que percebi que estava gostando de verdade de você. Damian, eu sou como todas as outras garotas, sou afim de você desde sempre, eu acho... mas eu não te conhecia direito, eu só gostava do pouco que eu sabia, do pouco que todas nós sabemos sobre você.
Você engole em seco, movimenta os braços, se atropela com as palavras. Diferente dele, que permanece sério e com os olhos frios em você.
- Eu juro que se eu soubesse o que tinha acontecido com você, eu jamais aceitaria fazer isso, eu juro. Eu sempre achei você bonito e interessante, mas quando eu te conheci de verdade eu vi o que te fazia ser quem você é, não só o que você mostra para as pessoas, mas o verdadeiro Damian, e eu gostei desse Damian. Me perdoa, eu não queria te magoar.
- Acabou?
- Eu sinto muito por ter me aproximado de você pelos motivos errados, eu sinto muito por ter mentido, no início foi por causa da aposta, foi para ter você, porque isso faria de mim, a pessoa mais... isso tudo soa ridículo agora, porque eu magoei você, e eu estou me sentindo péssima, porque eu me apaixonei por você.
Ele balançou a cabeça, virando o rosto para o outro lado.
- Eu me apaixonei por você de verdade.
- Por favor, s/n. Saia da minha frente.
- Só depois de você me perdoar. - Você fungou, estava chorando sem perceber.
- Não posso fazer isso... eu tenho que pensar.
- Tudo bem.
Você respirou fundo, passando a mão no rosto, depois se virou para abrir a porta, girou a chave, e puxou a porta devagar.
- Eu entendo se você não quiser me perdoar, se você me odiar para sempre, você provavelmente merece alguém melhor.
Sem olhar no seu rosto, ele passa pela porta e vai embora.
{...}
Damian chegou em casa, foi direto para o quarto, ignorando as perguntas dos seus irmãos que pareciam curiosos e preocupados. Dick foi atrás dele, o viu tirando as roupas e trocando por outras mais confortáveis, ele as vestiu rapidamente e desceu para a academia, ele precisa dar alguns socos.
— Dami, não vai mesmo dizer o que aconteceu?
Damian ignora todas as perguntas e continua jogando toda a sua raiva no saco de pancadas, dando repetidos golpes, sem se importar com a dor, com os nós dos dedos pedindo para ele parar, até mesmo com a respiração descompensada por estar fazendo tantos movimentos rápidos.
— Dami, você sabe que pode contar tudo para mim, né?
— Vai embora, Grayson.
— Tem alguma coisa a ver com a Falcone? S/n, o nome dela não é? Vocês brigaram?
Damian socou tão forte o saco de pancadas, que ele acabou se desprendendo do teto e caindo no chão.
— Damian, você é meu irmãozinho, você pode contar comigo com tudo o que preci--
— Aconteceu de novo. — Damian o cortou, passando a mão no cabelo, empurrando os fios para trás, enquanto observava o saco de pancadas jogado no chão.
— Sobre...
— É.
— Poxa, Dami, eu sinto muito, você gostava dela, não é?
— Eu gosto dela.
— Mas não tem como resolver isso?
— E eu vou fazer o quê? Perdoar alguém que me enganou?
— Ela pediu perdão?
— Pediu. — Respondeu indo até o outro saco de pancadas.
— É mais do que a Samantha fez por você, não é?
— Tanto faz. — Voltou a golpear com toda sua força. — Eu deveria virar gay, mas os homens não são tão melhores assim que as mulheres, acho que vou virar celibatário.
— Me conta o que aconteceu, Dami. Conversar é melhor que destruir todos os aparelhos daqui.
Damian chuta o saco de pancadas e ele não somente também se desprende do teto como voa alguns metros.
— Foi um chute bonito.
— Você quer saber de tudo? Tudo bem, então eu vou te contar tudo.
Damian passou uma toalha no rosto, Dick jogou uma garrafa de água para ele, e os dois ficaram quase uma hora apenas conversando sobre esse assunto.
— Bom, foi diferente da Samantha.
— As duas são mentirosas e não são confiáveis.
— Uma era alpinista social e a outra só queria pegar o mais gatinho da escola, não acho que sejam coisas muito parecidas.
— Por que eu conto as coisas para você se vai ficar contra mim, Grayson?
— Não estou contra você, eu jamais ficaria contra você, Dami. Só tente desassociar a Samantha do que está acontecendo com a s/n, ok?
— Ok.
— Beleza. A Samantha, não teve empatia, ela foi uma vadia, e espero que ela esteja plantando tudo o que colheu, mas a s/n parece realmente arrependida, e ela gosta de você, você gosta dela também, não foi o que disse?
Ele balança a cabeça.
— Esse lance da aposta é uma merda, mas ela é adolescente, você é adolescente, todos vocês fazem várias merdas. Você não precisa perdoá-la para que ela se sinta bem, faça isso somente quando você pensar nisso que aconteceu e isso não te magoar mais, e se caso vale a pena passar por cima dessa enorme rachadura para dar uma chance para vocês dois.
Dick passou a mão no ombro de Damian e saiu da academia, mas ele também não quis ficar lá, depois de um banho, ele colocou o traje e foi patrulhar pela cidade.
Damian saltou de prédios em prédios, usando seu aço expansível, até que decidiu parar um pouco, ele se sentou em cima de uma gárgula e ficou observando a vista.
Já estava bastante escuro, Damian imaginou que a essa hora ele estaria abraçado com você trocando beijos e carícias depois do sol se pôr, e não que estaria arruinado e triste porque teve o coração partido.
Ele tinha que fazer uma escolha, ou fechar de uma vez o seu coração, e te bloquear, fingindo que você não existiu e nunca existiu. Ou ele teria que perdoar, deixar isso no passado e ficar com você, porque queria muito te beijar de novo.
{...}
— Damian, s/n e Justin, aqui na frente.
A professora de matemática chamava em todas as aulas, três alunos para responder as questões no quadro. Você ficou no meio com os dois ao seu lado, você não tinha conseguido falar com Damian desde aquela situação, fazia dois dias que ele estava te ignorando.
— Damian... — Você fala baixinho para somente ele te ouvir. — Poderíamos nos encontrar depois da aula? Eu queria muito conversar com você, eu sinto que preciso ser ainda mais honesta sobre tudo, eu quero que você realmente veja o quanto estou arrependida e que eu estou disposta a fazer qualquer coisa para você me perdoar.
— Terminei, sra. Hernandez. — Damian larga o giz e volta a sentar na cadeira.
— Eu também. — Justin se senta.
Ao olhar para o quadro, você ainda não havia sequer começado a conta.
— Está com dificuldades, srta. Falcone?
— Não, já estou terminando.
Depois de terminar a conta, você volta para o seu lugar, bem atrás de Damian. Ainda não estava pronta para desistir dele, então se inclinou para frente e começou a falar de novo.
— Sabe, os animais começaram a ser doados essa semana, vamos fazer um evento hoje, seria legal se você aparecesse, só para...
Damian se inclinou para frente, e você parou de falar, talvez fosse a hora para desistir, não poderia forçar a barra, você fez a sua cama, agora tinha que se deitar nela.
Suas amigas ficaram aborrecidas te vendo daquele jeito, você merecia pelo menos ser ouvida, o seu erro não era passível de ser ignorada para sempre, não quando elas sabiam que você merecia uma segunda chance, porque não somente arrependida, você também aprendeu com o seu erro e estava gostando verdadeiramente dele.
Mais de 100 animais de rua foram adotados no evento que você realizou, Damian não esteve lá, mas suas amigas sim, inclusive Kim, que adotou uma gatinha pequenina que era cega de um dos olhos, ela foi a última a aparecer, cumprimentou você e as suas amigas e pediu ajuda para escolher uma gatinha, vocês até tiraram fotos e publicaram em suas redes.
Damian estava em casa, largado no sofá da sala de jogos, zapeando pelo celular quando viu a postagem da garota. Vocês duas sorrindo como se fossem boas amigas de longa data, a guerra finalmente havia acabado.
Vocês duas seguiram em frente, e ele estava tentando fazer mesmo, mas tudo o atraía de volta a você. A primeira escolha que ele fez, ele não conseguiu sustentar, não tinha como te bloquear de seu coração, ele então levantou do sofá, recolheu as chaves e dirigiu até a sua casa.
Ted avisou que você estava nos fundos da mansão, era um dos seus locais favoritos, havia montado um pergolado de madeira e colocado várias plantas e flores, inclusive as que Damian te deu, você não queria que elas morressem, ou que ficassem esquecidas em um vaso de flores, então as levou para o seu lugar especial.
Damian te viu sentada sentada numa poltrona embaixo do pergolado iluminado, estava lendo Harry Potter, quando percebeu que alguém se aproximava, olhou para o lado e viu ele.
Camiseta preta, calças marrom e tênis. Ele não precisava de muito para ficar atraente.
— Damian...
— Oi, s/n.
Você levantou da cadeira, deixando o livro sobre as almofadas e caminhou cautelosamente até ele.
— Bem bonito, você quem fez? — Ele olha para o pergolado.
— Sim, tive alguma ajudinha, no entanto.
Damian começou a balançar as chaves no bolso, parecia incerto, você sabia bem a sensação.
— Quer tomar alguma coisa? Posso pedir pro Ted trazer.
— Não, eu... — Ele deu mais uns passos até você. — Eu senti a sua falta.
— Eu também senti a sua falta, Damian. Muito mesmo.
— Eu preciso saber o que mais você escondeu de mim, ou mentiu para mim, eu preciso saber se a pessoa que eu conheci e me apaixonei...
— Se apaixonou? — Seu coração saltou.
— Preciso saber se você é realmente a garota por quem eu me apaixonei, s/n.
Você balançou a cabeça.
— Sem mais mentiras. Para começar, eu... eu nunca fui tão obececada pelo Robin, desculpa por isso, eu me sinto uma idiota, é só que, você gosta dele, eu sabia que seria uma forma de puxar assunto. Ele já até bateu no meu pai, vê se pode...
— Tudo bem, continue.
— As músicas, o metal...
— Você não gosta?
— Eu passei a gostar, eu realmente passei a gostar, eu até tinha comprado ingressos para o show do Municipal Waste para nós irmos juntos, vai ser em alguns meses. Eu acho que quando abrimos o nosso leque de opções, podemos descobrir versões nossas que gostam de coisas que pensamos que nunca iríamos gostar.
— Certo, o que mais?
— Bom, os animais, eu...
— Oh, meu Deus. Você não gosta de animais?
— Não é isso, eu gosto, eu não sou um monstro. Eu comecei o projeto porque eu sabia que eu conseguiria a sua atenção, mas Damian, depois de ter trabalhado tanto, depois de ter visto eles recebendo novos lares, eu confesso que aquilo mexeu comigo, eu não me arrependo de ter começado isso, eu amei, e isso me fez ter um novo propósito na vida.
— Tem mais alguma coisa?
— Não, todo o resto eu fui verdadeira, eu me chamo s/n, eu tenho 17 anos, essa é a cor natural do meu cabelo, eu roou as unhas quando estou nervosa, eu tenho uma quedinha pelo garoto mais popular da escola desde que estavamos no pré, eu fiz uma aposta idiota porque queria dar uns beijos nele, me apaixonei quando conheci a alma linda que ele tem e o machuquei porque de acordo com a minha amiga, eu sou uma vadia burra.
— Você não é uma vadia burra... — Ele segurou o seu rosto. — É uma vadia inteligente.
Você riu batendo na mão dele e se esquivando.
— O desfile da Vogue é em alguns dias, você ainda quer ir comigo?
— Você ainda quer me levar?
— Eu acho que seria a ocasião perfeita para assumirmos.
— Assumirmos?
— Sim. Que somos namorados.
— Nós somos namorados? — Você sorriu.
Damian segurou em sua cintura, e as suas mãos subiram para os ombros dele.
— Uh-huh. — Um selinho. — Você é minha namorada. — Mais um selinho.
— Eu sou? — Outro selinho.
— Minha. — Te beijou, subindo as mãos por suas costas e depois as descendo até a sua bunda. — Minha, minha...
— Espera, o carro. — Você parou o beijo. — O meu carro nunca esteve no conserto, nenhum dos três.
— Você tem três carros?
— Você não? Cara, você é um Wayne.
— Meu pai me acha muito mimado, espera só ele conhecer você.
— Eu já conheci Bruce Wayne. Seu pai já me tirou para dançar numa gala, me lembro de ter sete anos e subir nos sapatos caros dele, o meu pai estava morrendo de ciúmes, mas o senhor Wayne foi adorável.
— Eu adoraria conhecer esse Bruce Wayne que dançou com você, porque o meu pai é um chato.
Você ri.
— Você me perdoa? Damian, quando eu conheci você de verdade eu quis parar imediatamente, porque você é alguém que vale a pena.
— Não precisa mais se preocupar com isso.
— Diga que me perdoou, diga: s/n, eu te perdôo.
— S/n, eu te perdôo.
— Eu parti o seu coração. — Você passa a mão no rosto dele. — Me odeio por isso.
— Ficar esses dias longe de você doeu muito mais.
Você se colocou sob a ponta dos pés e deu um beijinho nele.
— Você é tão lindo, sabia disso?
— Mesmo? Acho que isso explica um pouco daqueles troféus estúpidos.
— Você os guarda?
— Não, quando enviam para a mansão, eu jogo fora. Mas eu suspeito que o Grayson pega e esconde...
Você riu, mas depois ficou séria do nada e ele percebeu.
— Que foi?
— Acho que vou apanhar na escola na segunda.
— Por que? Eu achei que você e a Kim tivessem...
— Qual é, Damian? Metade da escola gosta de você.
— Isso é besteira.
— Não é não.
— Bem... — Damian te abraçou com mais força. — Eu só quero você.
Você o beija mais uma vez.
— Por que começaram essa aposta afinal?
— Porque você é gato pra caralho. Desculpa, olha você é muito mais que um rostinho bonito, ok?
— Também tenho um corpinho gostoso?
Você riu batendo no peito dele.
{...}
Quando souberam que você iria comparecer ao desfile da Vogue depois de tantos anos sem ir, diversas marcas te enviaram algumas peças de roupas para você usar. Seria o grande retorno de s/n Falcone aos eventos da alta sociedade, não só isso, Damian Wayne finalmente apareceu namorando, seria a manchete do século, os filhotes dos maiores magnatas de Gotham juntos, isso ia dar o que falar.
— Estou impressionado. — Damian cochichou no seu ouvido, enquanto vocês posavam para as câmeras. — Não achei que fosse possível você ficar ainda mais bonita.
— Para... — Sorriu timidamente.
Seus lugares eram os melhores, centralizados na primeira fileira.
Você descobriu que ele e os irmãos precisavam participar de eventos como esse a pedido do pai, Bruce também não é o maior fã de eventos sociais, mesmo roubando a festa e agindo como o dono do local, por dentro aquilo tudo era fingimento.
Sendo os poderosos Wayne's, algumas coisas são esperadas que eles façam, Damian e os irmãos então pararam de lutar contra, apenas aceitaram o fardo, mas agora com você, talvez tudo isso ficasse mais fácil para Damian tolerar.
Você se sentou com as pernas cruzadas, Damian estava com a mão no seu tornozelo, você sabia que esse era exatamente o registro que todas as revistas e os sites de fofocas queriam.
Damian foi flagrado sorrindo pela primeira vez, você não aguentava ficar calada nenhum segundo, toda hora cochichava algum comentário engraçadinho no ouvido dele.
E a essa altura a internet já tinha pirado.
O desfile já tinha acabado, você foi ao banheiro enquanto Damian te esperava, mas quando você voltou, não o encontrou sozinho, uma garota bonita, com a pele quase dourada e o cabelo loiro escuro estava na frente dele, Damian estava olhando para os lados, ele parecia estar procurando por você.
Olhando um pouco mais para ela, você a reconhece, era a tal Samantha, a primeira namorada dele, aquela vadia. Sem esperar mais um segundo você estufou o peito e foi até lá.
— Podemos só sair para conversar, matar a saudade dos velhos tempos, Damian.
Ela tentava tocar nele, mas ele se esquivava, ainda desesperado procurando por você.
— Voltei, amor.
— Já podemos ir. — Ele segurou em sua mão.
— Espera, não vai me apresentar a sua amiga?
— Meu nome é Samantha. — Ela sorriu e estendeu a mão, você olhou por um segundo, mas não correspondeu.
— E de onde vocês se conhecem?
— Humm, na verdade eu e o Damian já namoramos. — Ela deu um sorriso cheio de dentes para o seu namorado. — Já faz bastante tempo. Não é, Damian? Fala para ela.
— Podemos ir embora? — Damian pediu.
— Vai na frente, eu já vou em um segundo.
Ele ficou pensativo num primeiro momento, mas depois concordou e saiu, deixando vocês duas sozinhas.
— Nunca mais fale com ele novamente.
— Está me ameaçando?
— Não, isso foi só um aviso.
— Que foi? Tem medo de competição?
Você teve que rir.
— Não se superestime tanto, você sabe quem eu sou?
— Não. Eu deveria? — Ela deu de ombros.
— O meu pai é Carmine Falcone, então eu sugiro que nunca mais fale com o meu namorado, se não quiser que a sua família encontre o seu corpo boiando pelo esgoto. Ah, e isso sim foi uma ameaça.
O sorrisinho do rosto dela desapareceu tão rápido quanto o seu cresceu.
{...}
Era aula de história, você abraçou o pescoço de Damian e o beijou na bochecha. Ele virou o rosto para trás para te dar um beijo na boca.
— Ok, ok, vocês são muito fofos juntos, mas desencosta aí, isso aqui é uma sala de aula, vão namorar no intervalo. — A professora avisou, você ficou vermelha.
— Desculpa, professora, é que eu não consigo tirar as minhas mãos dele...
— Ihhhhhhhh.... — A turma toda começou.
— Oh, o Damian, hein?!
— Sortudo, ah moleque!!!
— Ai, calem a boca. — Você tampou o rosto, envergonhada. Ele não ficou constrangido, rapidamente deu um beijo no topo de sua cabeça, depois voltou a prestar atenção na aula.
O namoro de vocês foi o acontecimento do ano. Todas as revistas levaram fotos do mais novo casal nas capas, para onde vocês iam tinham dezenas de paparazzis, algumas meninas mais nova usavam camisetas do fã clube do casal, na escola até mesmo os seus colegas que eram afim tanto do Damian quanto de você, gostaram de vê-los juntos e acharam fofo, tudo era como um sonho.
Mas ainda havia um segredo.
— É a quinta vez essa semana, para onde você vai toda noite?
— É uma reunião de família, s/n. É importante.
— Mas toda noite?
— Eu juro que amanhã a gente sai. Tudo bem?
Você suspira alto. Damian não pode ver seu rosto nesse momento, ele estava com o celular pressionado contra o ouvido, mas sabia que você estava fazendo um biquinho.
— Amor? Eu prometo, amanhã eu levo você para sair, a gente vai num restaurante e depois podemos ver um filme.
— Que filme? Não tem nenhum bom em cartaz.
— Deixa que eu cuido disso, ok?
— Tá bom então.
— Amo você, tchau.
— Também te amo, tchau.
Você desligou o celular e o colocou em cima da sua perna.
— Ele está escondendo alguma coisa de mim.
— É um lance da família dele, não seja paranóica. — Alissa aconselha.
— Vocês milionários não participam dessas seitas e tal? — Perguntou Juliet.
— Ah, meu Deus, ele faz parte de uma seita? — Camila te olhou com os olhos arregalados.
— Que seita, o que? Calem a boca de vocês.
— Ele gosta mesmo de você, não fica pilhada, s/n.
— Concordo com a Camila, se for algo importante ele vai te dizer, tente não pensar mais nisso.
— O que acha da gente sair? Os meus gêmeos gostosos estão ocupados, essas duas vadias estão solteiras e o seu bilionário tá com a família, vamos fazer alguma coisa só a gente.
— Tipo o que, McCann?
— Baladinha, boate, quero dançar. — Ele levantou os braços, balançando-os.
— Não sei, não.
— Ela está certa. — Russo concordou. — E já que estamos aqui vamos usar as suas roupas.
— Vocês vão devolver?
— Não! — As três dizem ao mesmo tempo.
Você riu e revirou os olhos.
— Peraí, vou ligar para a Yang. — Pegou o celular e levantou da cama. Começou a andar em direção à porta, para fazer a ligação no corredor.
— Desde quando somos amigas da pirralha do nono ano? — Juliet perguntou abrindo a porta do seu closet e entrando primeiro.
— Para com isso, a menina é legal. — Camila e Alissa foram logo atrás.
Você fechou a porta e digitou o número.
— Oi, s/n. — Kim atendeu bastante animada.
— Kim, você tem planos para... deixe me ver, agora?
— Hoje é sexta então eu vou ajudar os meus pais no restaurante.
— Não tá afim de sair comigo e com as meninas?
— Caramba, sério mesmo?! Para onde?
— Tem algumas boates ótimas na cidade, a gente vai decidir ainda.
— Não sei se o meu pai vai deixar, s/n.
— Me passa o numero dele.
Você ligou para o pai de Kim, pediu a ele para deixar a garota dormir em sua casa, avisou que faria uma festa do pijama com algumas amigas da escola, e o homem não demorou muito para resistir à sua mentira.
Kim ficou super animada, você enviou um carro para buscá-la, e ao chegar na sua mansão, ela também ficou encantada com o seu closet.
Depois de algumas horas se arrumando, vocês finalmente saem.
Estavam na parte de trás da limusine, indo para uma das boates do seu pai, ele provavelmente não estaria lá, mas não se importava se você frequentava ou não, só te pedia para avisá-lo.
{...}
— Aquele carinha está olhando para mim. — Juliet jogou o cabelo para o lado e retribuiu o olhar.
— Eca, ele é muito velho para você. Ele tem tipo uns 25.
— Homem mais velho é sexy, Mccann.
— Homem mais velho é dor de cabeça.
— Homem é dor de cabeça.
Você e Kim estavam olhando a discussão de suas três amigas, e deram uma risada.
— Vamos pegar alguma coisa para beber. — Você puxou a mão dela.
— Será que tem refrigerante aqui?
— Tem sim, eu também não bebo álcool.
Kim ficou encostada no balcão, enquanto você falava com o barman.
— Srta. Falcone, é bom vê-la por aqui, faz tempo que não aparece.
— Muito ocupada, Dylan. Dois refrigerantes de laranja por favor.
— Que fofa. Ainda bebe como uma garotinha. — Ele piscou.
— Ainda bebo como uma menor de idade, você quis dizer.
— Ok, ok. — Ele sorriu. Kim revirou os olhos.
O cara levou um tempão para pegar os refrigerantes porque estava flertando descaradamente com você. Mas assim que vocês pegaram, saíram dali e voltaram para a área vip. Só que Kim correu de volta até ele, e ela se apoiou no balcão, ficando com os pés sem tocar no chão.
— Ei, idiota! Caso você não saiba, ela tem namorado! E ele não é qualquer pessoa, ele é o Damian Wayne. Então fica na sua!
Quando ela se soltou do balcão e voltou a cair no chão, Dylan deu uma risadinha balançando a cabeça, Kim foi adoravelmente fofa, mesmo tentando parecer brava.
— Tem razão, docinho. — Ele levantou as mãos. — Vou ficar na minha.
— Hunf! Acho bom!
Kim correu de volta para você, que nem tinha percebido o que ela fez. Vocês tomaram os refrigerantes e dançaram juntas. O DJ já sabia o tipo de música que você gostava, então quando ele ficava sabendo que a filha do chefe estava no local, ele e os demais funcionários faziam de tudo para te agradar.
— S/n, muito obrigada por ter me convidado. Estou me divertindo muito.
— Não precisa me agradecer, somos amigas agora, Kimmy.
Ela te abraçou de surpresa.
— Vou ao banheiro rapidinho, você avisa as meninas que eu já volto?
Você não usava o banheiro lá embaixo, o banheiro compartilhado com os frequentadores da boate, nem mesmo o da área vip, você ia até o escritório da diretoria.
Ao entrar, você encontra o local vazio como esperado, foi até o banheiro, e aproveitou para retocar a sua maquiagem, mas depois de apagar a luz, você ouviu a janela sendo aberta, o som era mínimo, mas ainda assim você conseguiu ouvir, depois sentiu alguém pulando para dentro da sala, e caminhando sorrateiramente.
A sua mão ainda estava maçaneta, você a girou vagarosamente, e abriu a porta. Robin estava de costas fuçando as gavetas do seu pai.
— O que está fazendo aqui?
Ele levanta as costas, e se vira calmamente para você.
Robin te olha dos pés a cabeça, ele nem disfarçou a espiadinha em seu corpo, você teria ficado lisonjeada se não sentisse certa repulsa por ele.
— O que você está fazendo aqui? — Ele perguntou de volta.
Robin cruzou os braços e encostou a cintura na mesa.
— Que petulante. Vamos, dê o fora! — Você se aproximou dele para puxá-lo e empurrá-lo de volta para a janela.
Mas a sua força comparada à dele, era basicamente nada.
— Eu disse para você sair daqui. — Colocou as duas mãos no peito dele e empurrou, mas só fez as suas pernas escorregarem para trás, quase caindo no chão, se não fosse por ele envolvendo sua cintura, e te segurando.
— Tem que tomar cuidado, linda. Se cair com saltos tão altos pode acabar torcendo o tornozelo.
— Não toca em mim. — Se soltou dele, bastante irritada.
Robin deu um sorrisinho.
— Eu mandei você sair!
Ele puxou a cadeira, e se sentou.
— Ainda não. — Ele ligou o computador, digitou a senha, que descobriu tão facilmente e agiu como se estivesse na própria casa dele.
— Mas que desaforo. — Você foi até a frente dele e colocou as duas mãos na mesa.
Robin tirou os olhos do computador por meio segundo, ele deu uma checada rápida no seu decote, que cresceu por causa da posição em que se inclinou na mesa.
— Vestido bonito. — Assobiou, voltando a hackear o computador.
— Não fala do meu vestido, não fala comigo, só sai daqui agora!
— Por que? Você não está gostando da minha companhia?
— Seu bastardo arrogante! Você sabia que é crime invadir?
Ele deu uma lufada divertida, com um sorriso fraco no rosto.
— E você sabia que o seu pai é o maior criminoso de Gotham?
— Eu vou chamar a segurança para você!
— Não precisa, obrigado, eu sei me proteger sozinho.
— Sinceramente, não sei como o meu namorado pode suportar você.
— Ah, você tem namorado, linda? — Continuou com os olhos na tela e os dedos ágeis no teclado.
— Sim, e ele está lá embaixo, se eu fosse você ia embora agora mesmo, porque ele pode dar um pau em você.
Robin parou de digitar, ele virou o rosto para você devagar.
— Vai lá chamar ele então.
— Hum... e-eu... não quero.
— Mas eu gostaria de conhecê-lo. — Robin abriu o sorriso.
Com uma cara irritada, você dá a volta na mesa e puxa a cadeira dele para trás, depois a gira.
— Chega de gracinhas, vai embora daqui agora! — Apontou para a janela.
Ele levantou da cadeira e deu um passo na sua direção, o que te fez ir para trás, até que você ficasse encurralada, contra a parede.
— Que foi? Está com medo de mim?
— Você é um idiota, você e todos aqueles ratos de asas.
— Já nos chamaram de coisa muito pior, linda. — Ele segurou o seu queixo, mas você bateu na mão dele.
— Não toca em mim e não me chama de linda.
— Por que? Seu namorado é ciumento?
— Um homem como Damian Wayne nunca precisaria se preocupar com alguém como você.
Você sentiu aqueles olhos escuros varrerem o seu rosto, parecia que você estava despida na frente dele. Robin segurou sua cintura com uma das mãos, enquanto a outra ele colocou na parede em cima da sua cabeça.
— Então não vou ganhar um beijo, linda?
Você deu um tapa nele, o rosto de Robin virou com a força que foi acertado, ele riu passando a língua nos lábios.
— Eu achei que vocês fossem amigos. Se ele souber o que você falou para mim, a sua cabeça vai parar numa bandeja.
— Seu namorado é um homem de sorte. — Robin se afastou, se rendendo.
Ele pegou o pendrive conectado no computador e guardou no bolso.
— Tchau, linda. — Pulou pela janela.
Você trancou a janela, desligou o computador e depois saiu do escritório, quando voltou, viu as suas amigas todas dançando e se divertindo, decidiu pedir outro refrigerante antes de se juntar a elas.
Antes de tomar um gole, você percebeu sua unha quebrada, e na sua aliança havia um resquício de sangue, de quando você o atingiu em cheio com o tapa.
— Filho da puta quebrou a minha unha.
{...}
— Posso ver agora?
— Ainda não. — Damian estava com as mãos nos seus olhos.
Você estava impaciente, até que finalmente ele tira as mãos e você abre os olhos.
Você logo percebeu estar dentro do camarote do estádio de futebol de Gotham. Havia um sofá branco e espaçoso de camurça, algumas poltronas reclináveis, o bar na parte de trás, e uma vista perfeita.
Os garçons colocaram à disposição de vocês diversos quitutes, depois eles saíram e vocês ficaram sozinhos.
— O que é isso? — Você sorriu.
Seu namorado te levou até a beirada, para que você visse outros funcionários lá embaixo, você perguntou para ele o que aquelas pessoas estavam fazendo, e Damian pediu para você apenas observar.
Segundos depois uma tela enorme se acende e um sorriso surge quando você vê o letreiro com o nome do seu filme de romance favorito.
— A gente vai assistir Diário de uma paixão?
— Eu sei que você gosta, então... — Te abraçou por trás e beijou o seu pescoço.
— Você se superou dessa vez.
— Vem, vamos sentar, eu vou pedir para soltarem o filme.
Vocês se aconchegaram no sofá, sua cabeça repousada no peito dele, os braços dele te segurando protetoramente, uma manta quentinha sob suas pernas, e beijos na sua bochecha.
Durante o filme vocês ficaram trocando carícias, beijinhos, ele cheirava o seu pescoço, dizia que te amava baixinho no pé do seu ouvido, te fazendo arrepiar e dar risadinhas.
Também te dava comida na boca. Ostras, presunto, queijos, torradinhas com tapenade de azeitona, arenque, salmão, tomate cereja, palmito, picles e uma tábua com diversas frutas cortadas.
Seu namorado estava muito apaixonado.
As garotas costumavam ficar loucas pelo Robin — tanto quanto são loucas pelo próprio Damian — e em nenhum momento você se mostrou como elas, respeitando o seu namoro e ignorando os flertes dele, claro que por causa do seu pai, você nunca se relacionaria com o inimigo, mas mesmo assim, ele sabe que é irresistível.
No entanto, o máximo que recebeu de você foi um tapa no rosto.
Mas quando ele te viu com aquele vestido, com aquele decote, ele não tirava uma coisa da cabeça.
Damian ainda era virgem, ele não pensava em sexo, não sentia falta de algo que nunca sentiu desejo, o tempo que ficou com Samantha não lhe deu oportunidades, ela raramente ficava a sós com ele, e quando ficava, mal sentia vontade de beijá-lo.
Diferente de como é a relação de vocês dois, já que você e Damian são muito íntimos, passam cada momento disponível juntos, fogem dos paparazzis juntos, preferem passar momentos juntinhos e aproveitar a companhia um do outro, à serem vistos andando por aí, embora também gostassem de fazer isso, mas mesmo assim ainda não falaram nenhuma vez sobre sexo.
Você estava escorregando, então se empurrou mais para trás, sentando bem em cima da virilha dele. Você virou o rosto para trás e o beijou, Damian te apertou com força, as mãos dele estavam ansiosas, era um pouco engraçado o quanto ele estava se controlando para não descê-las ou subi-las. Damian não escondia o quanto estava querendo te tocar, mas evitando ao mesmo tempo.
— Amor?
— Hum... — Ele ronronou no seu pescoço.
— Você é tão romântico, eu estou adorando.
— Fico feliz que tenha gostado, eu sinto muito por não poder te dar mais atenção. — Beijou seu pescoço de novo.
— Damian, para de fazer isso. — Você contraiu e deu uma risadinha.
— Não está gostando?
— Na verdade, é muito bom.
— Então deixa eu continuar. — Ele começou a chupar o seu pescoço.
Seus dedos se perderam nos cabelos dele, enquanto gemia deitando a cabeça para trás.
— Você é tão linda, s/n. — Murmurou ainda despejando beijos e sugando a sua pele.
Você abriu os olhos.
— Amor... você disse que era amigo do Robin... que se conheciam, que eram quase como se fossem a mesma pessoa.
— Foi só modo de falar. — Mordiscou sua orelha
— Como você o conheceu? — Virou o rosto para trás, para perguntar olhando para ele.
— Ah, eu... não lembro com certeza, já tem muito tempo, nós costumávamos frequentar as mesmas academias, ter os mesmos professores...
— Entendo.
— Por que? Você por acaso...?
— Não é nada demais. Mas você poderia me apresentar a ele?
— Apresentar?
— Sim, um jantar nós três.
— Ah, não sei, s/n. — Ele começou a desconversar, mudar de assunto, e em segundos, vocês já não estão mais falando sobre esse assunto.
Ele até parou com os beijos, então você decidiu iniciar toda a pegação de volta.
O filme ainda estava rolando, e o camarote estava escuro, ninguém enxergaria vocês dois lá dentro, as outras únicas pessoas dentro do estádio estavam lá embaixo, controlando o filme, para vocês.
Então você se levantou, sentou no colo dele de frente, Damian empurrou a cabeça para trás quando a sua boca foi direto no pescoço.
— Eu gostei muito desse encontro...
— O quanto você gostou?
— Muito. — Levantou a blusa e largou no chão ao seu lado.
O coração de Damian saltou, você voltou a beijá-lo e as mãos dele não se soltaram de você.
Ele também tirou a camiseta e depois a calça com a sua ajuda.
Seu namorado estava louco, excitado, querendo arrancar a sua roupa e pular em cima de você, mas ao mesmo tempo não conseguia te soltar e parar de te beijar.
Você esfregava a sua bunda em cima da cueca boxer dele, enquanto os dedos ágeis dele soltaram o seu sutiã.
E depois de se livrarem do restante de suas roupas, Damian te deitou no sofá, ficando por cima. Ele olhava para o seu corpo nu, iluminado pela tela transmitindo o filme.
Você suspirou quando a boca dele beijou carinhosamente a sua barriga, e subiu lentamente pelo seu corpo, beijando os seus seios, sua clavícula, ombros, pescoço e boca.
— Você trouxe camisinha? — Perguntou baixinho.
Ele mordeu o lábio inferior confirmando com a cabeça.
— Precisa de ajuda para colocar?
— Não, eu coloco. — Ele não levou muito tempo, e depois de estar devidamente protegido, ele volta a se deitar em cima de você. — S/n... você... já...
— Se eu já fiz sexo?
— Isso.
— Já.
— Hum...
— Tá tudo bem?
— Sim, é bom saber que um de nós sabe o que está fazendo. — Ele brincou, te fazendo rir.
— Pode colocar, amor. Você não vai me machucar.
E durante o beijo, ele te penetrou devagar, você abriu as pernas à medida que ele foi te alargando, e assim que se sentiu completa, você o prendeu entre suas pernas.
— Eu amo você. — Confessou e começou a se movimentar lentamente, até encontrar a velocidade perfeita.
Damian foi empurrando, fazendo a intimidade dele se chocar contra a sua, você o puxou pela nuca, afundando suas unhas na pele dele e usando as suas pernas para enfiá-lo ainda mais dentro de você.
Os olhos cheios de luxúria e desejo, com o corpo bombeando adrenalina para as partes certas, quase em transe.
Seus movimentos cheios de paixão ficaram ainda mais rápidos e descontrolados.
— Você é tão linda, tão linda, eu te amo.
— Eu também te amo, amor.
Damian estava iluminado, com nada além de amor e uma paixão intensa por você.
Sem diminuir a velocidade nenhum segundo, apenas aumentando, te deixando sem fôlego.
Cedido a paixão, Damian deixou o corpo dele assumir o controle, ele apenas sabia o que deveria fazer, seguir os comandos, e te amar.
Perdido em você. Suspirando pesado, mas sem cansar, deixando a sensação consumi-lo cada vez mais.
— Amor, estou quase...
— Só mais um pouquinho, amor. — Essa foi a primeira vez que ele implorou.
Em sua voz você sentia o desespero, o desejo.
— Damian! Porra!
As pernas dele começaram a tremer, e ele gemeu com a cabeça no seu pescoço. O coração batendo muito rápido, preenchido com muitos sentimentos bons.
Ele tirou a camisinha e você o puxou de volta, para deitar sobre o seu corpo, e te beijar.
Com a respiração ainda pesada, vocês trocaram apenas selinhos e carícias, os lindos olhos verdes de Damian estavam profundos, dilatados, mas amorosos e felizes. Transmitindo todo o seu amor.
— Já disse que amo você?
— Eu não me importo em ouvir de novo.
— Eu te amo, s/n.
Você esfregou o rosto dele com o seu polegar, seu rosto liso, sem barba, macio, seu queixo, sua bochecha.
Foi quando você viu um pequeno corte no meio da bochecha dele, você passou o dedo por cima da pele dele e ficou olhando sem dizer uma palavra.
— Você está bem?
Damian empurrou a boca até a sua e roubou um selinho. Você olhou nos olhos dele e sorriu.
— Nada amor, você é tão bonito.
— E você é muito linda. — Ele deu mordiscadas na sua orelha, enquanto a sua mente pensativa voava para longe.
{...}
Você não queria acreditar na hipótese do seu namorado ser o Robin, mas ainda pensava nisso todos os dias, era idiota, Damian sendo o Robin? Que besteira. Mas mesmo assim, você estava preocupada.
Você decidiu investigar, procurou pela ficha que o seu pai tinha dos morcegos, mas nada ali confirmava a sua teoria, então você guardou isso só para você por um tempo e começou a observar.
Todas as noites que Damian não podia estar com você, na manhã seguinte Batman e Robin estampavam o jornal, seja por impedirem um crime, por salvarem criancinhas do tráfico, por resgatarem mulheres, por deter algum vilão ou por mandar o Coringa para Arkham... de novo.
E embora, ele fosse rival do seu pai, dos negócios da sua família, você não queria terminar, você não queria discutir com ele por isso, Damian é o seu namorado e você o ama tanto quanto ele te ama. E ele sendo quem é, sabendo das suas raízes, não se importou e aceitou você do mesmo jeito, então você poderia fazer o mesmo, aceitando ele e permanecendo com ele.
Mas na noite do baile, tudo mudou.
Damian não iria comparecer, mas agora ele tinha uma namorada por quem era imensamente apaixonado e fazia questão de exibir. Então comprou um smoking e te fez o convite.
Você também se preparou e foi com ele ao baile. Mas durante uma das danças, ele recebeu um alerta do pai, Damian estava puto, irado, louco, mas não conseguia dizer não ao pai.
Você teria ficado desolada, se não soubesse secretamente que era por causa do Robin, então o deixou ir, disse que ficaria esperando, mesmo sabendo que poderia durar a noite toda. Foi naquele momento que Damian decidiu que queria te contar, ele sabia que não podia mais ficar escondendo isso de você, você merecia a verdade.
Não importava a hora que fosse acabar, ele passaria em sua mansão, e te contaria tudo.
Você estava aproveitando o baile com as suas amigas, quando recebeu uma ligação de sua mãe, a ligação estava cortando um pouco, e a voz dela estava difícil de entender, você foi para fora da escola para falar com ela, foi quando sua mãe disse que a boate do seu pai estava em chamas e ele estava preso lá dentro.
Sem esperar nenhum segundo, você pede para o motorista da limusine que Damian contratou e deixou esperando na porta da escola para você, te leve até lá. Seus olhos estavam vermelhos, arregalados, marejados, a sua garganta estava seca e o peito doendo.
Chamas subiam até o céu.
Você arrancou os sapatos e correu até a porta, não importava que fosse ilógico, seu pai estava preso lá dentro e você faria qualquer coisa por ele. Mas um dos homens do seu pai te segurou, enquanto você se debatia e gritava para ele te soltar.
— Me solta! Pai! Pai! — Gritou de perder o ar e a voz ficar rouca.
Você viu Batman e Robin saindo de dentro do prédio, eles estavam carregando cada um uma pessoa nos braços, você correu até eles, e antes de chegar ainda mais perto você ouviu eles conversando.
— Você encontrou o Falcone? — Batman perguntou.
— Sim, mas eu não ia salvar um criminoso ao invés de uma inocente.
Você viu longos cabelos castanhos da mulher no colo dele, então parou de andar e o seu coração palpitou.
Foi tudo muito rápido, eles deixaram os corpos e os paramédicos os levaram para a ambulância, e ainda sem te verem parada ali, os dois disparam para o prédio ao lado, onde entraram no jato e despejaram o líquido para conter o fogo lá do alto, antes que tudo ficasse pior.
Você continuou parada em silêncio, sem piscar, com o queixo caído, olhando as chamas e sabendo que seu pai estava lá dentro, provavelmente já morto.
Tudo ficou em silêncio, você só conseguia ouvir o som do seu coração se partindo.
Sua mãe também estava inconsolável, então você sabe que não foi ela quem te tirou de perto do prédio antes que ele explodisse, você não tinha reação, deixou ser levada. Te colocaram dentro da limusine de novo, você ainda não reagia, não queria reagir, seu pai estava morto, Robin deixou seu pai morrer. Damian deixou o seu pai morrer.
— Senhorita? Posso te levar para casa?
O motorista perguntou.
Você não respondeu, ele decidiu te levar mesmo assim, sabia que não ia conseguir nenhuma resposta de você, estava em choque.
Enquanto ele dirigia até a sua casa, você ficava olhando para o nada, vagando em sua mente, fora do seu corpo, mas quando ele virou a esquina, você decidiu levantar a cabeça e olhou para o beco, foi quando viu Robin, então pediu para o motorista parar o carro.
Ele tomou um susto, não queria fazer isso, achou que você fosse cometer alguma loucura, mas você insistiu, gritou, se descabelou, e ele atendeu o seu pedido. Quando ele estacionou na rua, você saiu do carro, largando a porta aberta mesmo e caminhando até aquele beco.
Não dava para saber o que Robin estava fazendo, ou se estava acompanhado, mas você não se importou.
— Ei, Robin!
Damian olhou para você, ele largou o que estava fazendo e foi até você, pronto para dizer que você devia ir para casa, que era perigoso estar na rua sozinha nessa hora.
— Ainda quer aquele beijo?
Damian parou de andar, confuso ele levantou a sobrancelha.
Você marchou até ele, e não o deixou responder, quando chegou bem perto, você o beijou, sem dar a chance dele de recusar, segurando o rosto e forçando o seu lábio contra o dele.
— Era isso que você queria... Damian? — Limpou o beijo com o dorso da mão.
— Há quanto tempo você sabe?
— Isso importa?
— Eu ia te dizer, eu ia fazer isso hoje.
— Quando? Antes ou depois de matar o meu pai?
— S/n... e-eu não...
— O que? Ele é pior que o Coringa, o namoradinho do seu pai?
Damian não falou nada, ele sabia que nada que fosse dizer nesse momento melhoraria a situação. Mas ele estava começando a se desesperar ao ver o quanto você chorava.
— E-eu queria poder tê-lo salvado, eu queria... mas...
— Mas o que?
— Carmine era um criminoso, s/n.
— Ele é o meu pai. E se você gostava de mim como disse, teria se importado com a vida dele, porque ele é o MEU PAI, ele me ama e eu o amo, mas agora você o tirou de mim.
— A-amor, e-eu... — A voz de Damian começou a falhar.
— Ele morreu e eu nunca vou te perdoar. Nunca!
Damian também já não controlava o choro, nem se preocupou em secar as lágrimas, ele tirou a máscara dos olhos e tentou chegou mais perto de você, mas você se afastou
— Eu sinto muito... muito.
— Mentiroso! — Empurrou ele para trás.
— Amor... — Ele disse baixinho.
Você passou a mão nos olhos e engoliu o choro.
— Caso não tenha ficado claro, a gente terminou. — Disse e foi embora.
— S/n, s/n, espera. — Chorando muito, ele tentou ir atrás de você.
Mas Asa Noturna o impediu, ele abraçou o irmão e massageou suas costas.
— Vai ficar tudo bem, Dami. É melhor ter amado e perdido do que nunca ter amado.
Damian chorou feito criança nos braços de Dick.
{...} 10 anos depois
— Senhor Wayne? — Hebert, o sucessor de Alfred chama Damian pela quinta vez. — Senhor Wayne, posso servir o jantar?
Damian olha para trás, para o homem, e depois se vira totalmente.
— Todos já estão em casa?
— Sim, senhor. Os seus irmãos já estão acomodados.
— Então pode servir. — Damian voltou a olhar pela janela do quarto. — Mas não para mim, eu vou sair, como alguma coisa quando voltar.
— Sim, senhor.
Damian voltou a olhar para a neve que cobria a mansão, toda vez que nevava, ele lembrava de você, do período curto de neve em que viveram juntos, foram apenas dois dias. Vocês fizeram um boneco de neve, e uma guerra de bolinhas de neve. Ele ama a neve e se lamenta por não tê-la aproveitado ao máximo em sua companhia.
Agora só restam as memórias.
Damian estava vivendo sozinho na mansão, depois que seu pai, Alfred e Selina se aposentaram e se mudaram de cidade. Ele agora vestia o manto do Batman e era o principal protetor da cidade.
Ele desceu até a caverna, sem se importar em dizer um oi aos irmãos, vestiu o traje do Batman e saiu com a moto.
Ele fazia esse mesmo trajeto todos os dias, ele ia até a sua mansão, passava em frente, às vezes parava e ficava olhando para além dos portões. Mas dessa vez ele decidiu passar em mais um lugar.
Alguns anos após a morte do seu pai, você decidiu assumir o comando, sempre foi inteligente, astuta, aprendeu muito com o seu pai e sabia que era a pessoa certa para ser a nova chefona da máfia.
Você estava na diretoria, em sua sala privada, no seu prédio. Também era numa boate, como na época do seu pai, você queria fazer isso por ele. Estava sentada em sua mesa, trabalhando com a cara no computador, a sua sala era a prova de som, mas quando você começou a ouvir o barulho todo lá de baixo, sabia que tinha mais alguém ali.
E quando olhou para a porta, viu ela sendo aberta vagarosamente.
— Mark, se for você, eu já disse que eu não...
Se calou ao ver Batman, você não era estúpida, sabia muito bem que aquele dali era Damian.
— Pelo visto continua invadindo.
Você levantou da sua cadeira, foi até o armário e tirou dois copos e uma garrafa de conhaque.
Batman fechou a porta e observou os seus movimentos, você deu a volta na mesa, deixando que apenas a distância em passos ficasse entre vocês dois. Colocou as bebidas nos copos e depois largou a garrafa em cima da mesa.
Aproveitando e sentando-se em cima dos seus papéis.
— Aceita uma bebida? — Esticou a mão, esperando ele caminhar até você.
Damian diminuiu a distância, ele chegou bem perto e pegou o copo de sua mão, em 10 anos, essa foi a primeira vez em que voltou a ficar tão perto de você.
Você tomou a bebida, olhando nos olhos dele. Damian ficou parado com o copo na mão, te olhando ainda sem dizer nada.
— O que veio fazer aqui?
Damian tirou a máscara, e depois a colocou do seu lado na mesa, em seguida ele tomou a dose de conhaque de uma vez.
— Eu queria te ver.
Você serviu mais uma dose para cada, e assim como Damian, você também virou tudo de uma vez.
10 anos mais velho, barba por fazer, o olhar mais intenso, melancólico, longe, muito longe de ser aquele garoto, agora Damian era o homem mais bonito da cidade.
— Não veio aqui por causa do esquema Ponzi? — Você brincou.
— Foi você que iniciou?
— Não finja que não sabe, assim você me ofende.
Damian colocou o copo na mesa de novo.
— Papai teria ficado orgulhoso de mim. — Você riu e também se livrou do seu copo.
— Está fazendo isso por ele?
— No começo... mas agora eu gostei, eu sou boa.
Damian não tirava os olhos de você, do seu rosto, ele continuava incrivelmente apaixonado por você todos esses anos. Nada havia mudado.
— É por isso que está aqui? Você vai me assassinar como assassinou o meu pai?
Você saltou da mesa, e chegou mais perto dele, na escola, vocês costumavam ter a mesma altura, mas agora mesmo com salto ele ainda era muito mais alto.
— Vai, Damian. Me mata como você matou o meu pai. — Bateu no peito dele. — Me mata como matou o meu pai! — Socou o peito dele com força. — Me mata como matou o meu pai!!!
Ele te beijou abraçando a sua cintura, assim que a boca dele grudou na sua, você parou de lutar contra ele, o abraçou de volta e retribuiu o beijo. Mesmo depois de perderem o fôlego e precisarem se separar para respirar, Damian continuou te beijando, ele ficou salpicando os seus lábios, não queria acordar desse sonho.
Você segurou o rosto dele como gostava de segurar, ele encostou a testa na sua quando percebeu que você também sentiu falta disso.
— Eu sinto muito pelo que aconteceu com o seu pai, s/n. Não tem uma noite em que eu não deite a minha cabeça no travesseiro e deseje voltar aquele dia e resgatar ele, tirar ele de lá.
Você afastou o rosto, deu uma fungada e se virou de costas, deixando algumas lágrimas escaparem.
— Ainda não me disse o que veio fazer aqui.
— Eu disse, eu vim te ver.
— Já viu, pode ir embora agora.
Damian olhou para a máscara em cima da mesa, olhou para as suas costas.
— Eu quero você de volta. Quero que seja minha de novo, s/n.
— Não seja ridículo, Damian. Eu comando a máfia e você é o Batman. Nunca poderemos ficar juntos.
— O meu pai se casou com a Selina Kyle.
— Se está me comparando com aquela cleptomaníaca pé de chinelo, você está ofendendo. — Se virou para de novo.
— Eu quero me casar com você.
Você olhou para o rosto dele.
— Eu nunca parei de pensar em você, nunca nem tentei, porque ainda te amo. Eu ainda te amo muito, s/n.
— Eu não sou mais quem você conhecia, Damian. Eu mudei muito.
— Eu quero te conhecer de novo, eu quero saber qual é a sua nova comida favorita, qual disco você não para de ouvir, quero saber qual é a coisa que mais te faz rir agora. Eu também mudei, e estou disposto a deixar você conhecer esse novo homem. Eu nunca mais vou esconder nada de você.
— Eu não te odeio mais, Damian.
— Mas você ainda me ama? Pelo menos um pouco...
Mordeu o lábio e abaixou a cabeça.
— Amo.
— Então casa comigo.
Você olhou para ele, Damian estava com um olhar suplicante e gentil, apaixonado, segurando o seu rosto.
— Casa comigo?
— Damian...
— Casa comigo?
Você mordeu o lábio com mais força, deitou a cabeça de lado, sem tirar os olhos dos olhos dele.
— Casa comigo?
— Caso.
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