História Incorretamente Princesas - Big Princess Reverso

A câmera se aproxima de Pocahontas focando no pé pendurado para fora da rede. Ela estava aparentemente dormindo com o rosto virado para o outro lado. A câmera se levanta um pouco para ter a visão completa da índia.

— Essa, senhoras e senhores, é uma subespécie chamada Matoaka amonute, conhecida popularmente como Pocahontas. Seu comportamento é o mais calmo comparado às outras subespécies, pois não se mete em brigas por território e passa a maior parte do dia dormindo. Ela é provavelmente a mais alta do bando, tendo assim influência sobre as menores espécies.

— Eu queria essa influência — Pocahontas disse de repente sem abrir os olhos.

— Aaa fomos avistados! Recuar! — A câmera balançou e focou nos pés correndo pela grama.

Limbo caseiros apresenta:

O Documentário Selvagem 

Produzido por: Branca de Neve

Cozinha. Um local hostil mas rico em fartura, palco das maiores batalhas por alimento onde diferentes espécies vêm de todos os cantos da casa para disputar até pelas sobras. Nesse instante, estamos presenciando um momento muito raro do dia, onde três Princesas comem em silêncio.

Eu me abaixo perto da dispensa para ter uma visão melhor sem que me notem. As Princesas estão sentadas na mesa comendo o que parece ser… pão e carne moída. Dando zoom na imagem, podemos ver que há uma espécie trabalhadora entre elas conhecida como Tiana. Ela tira a carne moída da panela e coloca nos pães para as outras comerem. Deve ser uma das caçadoras do bando. Ela está acompanhada por uma Merida e uma Anna. Duas subespécies preguiçosas e incapazes de cuidar de si.

— Hey, eu ouvi isso, porra — Merida olhou irritada para a câmera.

Branca de Neve se levantou surpresa.

— Hã? Vocês estão ouvindo minha narração interna?

— Não é interna quando você fica falando em voz alta — disse Anna passando manteiga no pão.

Tiana puxou uma cadeira e se sentou.

— Você está fazendo um documentário?

— Estou, mas não era pra vocês saberem. Isso aqui é uma selva e eu estou arriscando a minha vida pra registrar tudo isso.

As três piscaram sem entender nada. Mas de fato não foi nenhuma surpresa não entenderem nada, pois se tratava de Branca de Neve. A princesa, cuja pele é branca como a neve, era um caso curioso. Ao mesmo tempo que era a mais nova do grupo, era também a mais velha.

— Quem exatamente vai assistir esse documentário? — Anna perguntou.

— Nós, é claro — respondeu Branca de Neve tranquilamente — Não é como se pudéssemos mostrar pros outros também.

Merida comeu o último pedaço do seu pão e se levantou.

— Eu quero participar!

— Mas você já está participando assim como todo mundo.

— Não, eu quis dizer na produção. Eu faço as entrevistas e você segura a câmera.

Entrevistas? Branca de Neve não havia levado essa parte em consideração. Seria com certeza mais interessante e renderia boas fofocas. Talvez ela tenha que arranjar outras inspirações para o documentário além do canal Animal Planet.

Felizmente para ela, Merida tinha ótimas ideias.

— Okey, fechado! — Branca de Neve concordou oferecendo a câmera.

Tiana pôs a mão na cabeça.

— Por que eu sinto que isso não vai acabar bem?

— Porque essas duas e uma câmera, é a receita do caos — Anna disse sorrindo mal podendo esperar a cadeia de eventos que provavelmente viria a ocorrer.

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O dia estava agradável. O sol não deu as caras e o clima estava úmido. Pocahontas não poderia estar mais relaxada.

A moça estava deitada há horas no jardim de trás da casa. A rede amarela podia ser usada por qualquer uma das meninas mas ultimamente apenas Pocah tinha disposição para amarrá-la nas árvores. Sua tranquilidade não se resumia apenas ao clima, mas ao efeito que causava na casa do limbo. Em dias frios, as garotas ficavam mais calmas e molengas, algumas passavam o dia dormindo enquanto outras ficavam encolhidas no sofá ou em algum canto. Em outras palavras, era uma zona livre de confrontos.

De repente, uma mão toca em seu braço.

— Pocah… — disse a voz que a índia reconheceu ser de Mulan — Pocah, cê tá dormindo?

— Não, só estou descansando os olhos — Pocahontas respondeu abrindo os olhos em seguida — Por quê?

— Por nada em particular. Eu só queria ver como você está — Mulan justificou pondo as mãos no bolso do casaco.

— Eu? Tem certeza? — Pocahontas perguntou olhando diretamente para a jovem — Eu que deveria lhe perguntar essas coisas.

Mulan levantou as mãos na defensiva.

— Não, não. Eu estou bem, quero saber é de você. Como você se sente?

— Agraciada com a paz que reina neste lugar — Pocah disse suspirando — Faz um tempo que não acontece nada por aqui.

— Tem razão — Mulan cruzou os braços e olhou para o céu — Não acha estranho que os executivos não tenham entrado em contato ainda? O limbo literalmente pegou fogo e ninguém recebeu uma punição.

De fato. Aconteceram coisas catastróficas na última vez que receberam visitas. Uma avalanche de problemas soterrou todas as princesas tornando impossível de notar até pelo lado de fora do limbo. E mesmo assim a casa não recebeu sequer um telefonema dos superiores.

Desde os eventos caóticos, Pocahontas refletiu sobre o motivo do silêncio. Para ela havia duas possibilidades: eles realmente não souberam de nada, ou estavam esperando alguma coisa. Talvez um momento, mais um vacilo, ou alguém.

— Não cabe a nós julgar.

— Eu não sei, mas, enquanto não tivermos algum sinal, eu não consigo sair do limbo tranquilamente — Mulan deu de ombros com visível preocupação em sua voz.

Pocahontas virou o rosto para encarar a amiga.

— Jovem Mulan, você não anda tranquila há muito tempo. Agora anda ainda menos.

A chinesa desviou o olhar. Depois do incêndio, ela estava mais inquieta do que o normal. E de certa forma, mais distante.

Entretanto ela não pensava desse jeito. Claro, era apenas o jeito normal dela. Certo?

Alguns instantes depois, Mulan sorri derrotada.

— Ok, eu tava aqui pensando em alguma coisa pra rebater mas seria inútil. Você sempre sabe das coisas.

Pocahontas ergueu os cantos dos lábios de volta e estreitou os olhos.

— É claro que eu sei. E você sabe quem tá passando atrás de você?

Mulan levantou as sobrancelhas antes de olhar para trás e ver Elsa passando com Aurora. Ambas carregavam cestos de roupas em direção a área de lavanderia. A rainha do gelo estava sem o seu vestido de quinto espírito e com suas roupas confortáveis habituais, mas mantinha o cabelo solto.

A chinesa virou-se para Pocahontas tentando se manter indiferente.

— Tá. Hoje é dia de lavar roupa, e daí?

— Por que você não vai lá dar uma ajuda? Vai fazer bem pra sua tristeza.

— Eu não TÔ triste, Pocah — Mulan negou cruzando os braços — E mesmo se estivesse, não ia ser lavar a roupa que faria eu me sentir melhor.

— Isso eu não posso dizer. E nem foi o que eu quis dizer — Pocahontas disse descansando os braços atrás da cabeça — Mas se não é sobre isso, você só pode ter vindo aqui pra deitar comigo.

Mulan quase engasgou.

— Não é bem assim. Quer dizer, você não pode dizer essas coisas!

— Awwn, a jovem Mulan está com vergonha — Pocahontas suavizou e estendeu os braços para a amiga — Vem cá.

— Não, não! — Mulan levantou as mãos na defensiva com o rosto levemente corado.

A índia não desistiu, e tateou até segurar nos braços de Mulan tentando puxá-la para mais perto. Mesmo sendo um momento estranho, as duas estavam rindo. Pocahontas era definitivamente mais forte que Mulan, então conseguiu com facilidade deixar a chinesa curvada sobre a rede. Mas isso não significava que Mulan havia desistido do cabo de guerra. Ela não era de perder tão fácil assim.

Não muito longe dali, duas adoráveis mulheres que estavam colocando a roupa para lavar, notaram a agitação perto das árvores. Elas já haviam identificado que Pocahontas era quem estava na rede conversando com Mulan, mas ficaram confusas sobre o que as amigas estavam fazendo agora.

Elsa olhou para as duas e viu Mulan curvada sobre a rede. Na distância em que estava, ela não conseguia ver exatamente o que Mulan estava fazendo, mas havia um entrelaçamento entre ela e Pocahontas. Um estranho entrelaçamento.

— O que será que está acontecendo ali? — Elsa perguntou mais para si mesma.

Aurora estreitou os olhos na direção das árvores.

— Acho que Mulan está vendo se Pocahontas ainda está respirando.

— E-Em que sentido? — Elsa indagou sem tirar os olhos das duas.

— Ora, a Pocah dorme bastante, talvez ela esteja ouvindo o coração dela para garantir — Aurora disse antes de voltar a separar as roupas.

— Ah… — Elsa soou pensativa.

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O Documentário do Big Princess Disney

Produzido por: Branca de Neve e Merida

Na sala de estar, haviam cinco garotas enroladas em cobertores assistindo uma série musical de comédia. Menos Rapunzel pois ela estava dormindo encostada nas pernas de Bela no sofá maior, e Jasmine que estava sentada na outra ponta. Moana e Cinderela estavam no sofá pequeno e na poltrona respectivamente. Parece que depois dos eventos recentes, uma política de boa vizinhança foi instalada na casa fazendo com que houvesse menos discussões e hormônios furiosos. Um ambiente aconchegante desses só podia ser interrompido por um incêndio ou por duas malucas com uma câmera.

— Senhora, como acha que vai ser a prova do líder?

— Prova do líder? Como assim? — Jasmine indagou incomodada com o microfone no seu rosto.

— A prova onde é revelado qual princesa vai ser a líder que terá o poder de mandar alguém para o paredão — Merida respondeu para a câmera, em seguida encarou Jasmine — Essa pessoa pode ou não ser eliminada da casa.

Jasmine olhou sem expressão para a entrevistadora. Ainda estava absorvendo a informação que acabou de receber. Seus ouvidos a tinham enganado? Ou alguma coisa produtiva finalmente estava vindo de Merida?

Por via das dúvidas, é melhor ter certeza.

— Alguém pode ser eliminado da casa?

— Se for de interesse comum, sim.

Jasmine virou o rosto para a câmera. Nesse momento seu pensamento estava cheio de impurezas.

Merida pigarreou e se afastou com o microfone.

— Enfim, parece que Jasmine não quer revelar seus planos tão cedo, mas estaremos de olho nela. Enquanto isso, vamos dar um close na programação da TV Limbo. Cinegrafista, por favor.

A ruiva apontou para a televisão com a câmera acompanhando. A tela deu um pequeno zoom na cena que mostrava adolescentes consumindo uma alta quantidade de álcool e personagens abertamente gays. Em seguida, Merida apareceu no canto da tela.

— Wooow, guys. Parece que a programação da TV Limbo está bem audaciosa hoje. Bem diferente da classificação dos nossos adoráveis filmes de Princesa, huh? Será que é uma mensagem do além ou uma escolha das próprias Princesas Confinadas?

— Sai da frente! — uma nova voz interrompeu.

A câmera vira para Bela revelando ser a voz mal educada.

— Como se pede?

— Sai da frente que o corpo do burro não é transparente.

— Ih, deve ser por isso que eu tô te vendo, amiga — Merida pôs a mão na cintura.

— Tá afiada, hein? Cuidado que o peixe morre pela boca — Bela cruzou os dedos fazendo bico.

— E as cobras também.

— Isso nem faz sentido.

— Meu pau no seu ouvido.

Jasmine não conseguiu guardar o riso.

— Baixou a quinta série agora. Garota, você nem tem pau.

— Foda-se.

— Refodase, senta no meu pau e acomoda-se.

— Ohloco…

— VOCÊS QUEREM PARAR COM ISSO?

Cinderela levantou o tom de voz com uma expressão furiosa. Ela estava ouvindo todas as besteiras enquanto massageava a testa. O silêncio mortificante permaneceu por alguns segundos até o lençol de Rapunzel começar a se mexer, então a loira abriu os olhos e correu rapidamente pelos rostos presentes.

— Podem falar mais baixo? — Rapunzel pediu sonolenta e esfregou o olho esquerdo com o lençol — Eu comecei a sonhar com um monte de varas de madeira.

Moana ficou com um rubor nas bochechas e se escondeu dentro do seu próprio cobertor. A pequena Rapunzel voltou a se acomodar nas pernas de Bela - que fechou a cara irritada mas depois suavizou - A loira era uma das mais afetadas pelo clima, ficava lenta e sem muita vontade de fazer nada, o que era ótimo para certas pessoas.

Antes que Cinderela pudesse expulsar alguém da sala, Merida fez sinal para que a cinegrafista a seguisse. As duas deram passos rápidos até a escada.

— Vocês viram isso, guys? Exatamente. É fogo no parquinho! — a ruiva exclamou animada para a câmera — O clima esquentou com Bela, a defensora dos bons costumes, mostrando um lado mais grosseiro. Seria falsidade ou apenas um distúrbio de bipolaridade? Considerem isso para o próximo paredão!

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Tiana coava o café enquanto Anna observava. O cheirinho era tão bom e agradável, era como se seu nariz recebesse um abraço quentinho. Elas tinham um cafeteira automática que podia fazer tudo sozinha, mas quando se fazia do jeito tradicional a sensação era diferente.

Não importava o quanto tentasse, Anna não conseguia preparar um café tão bom quanto o de Tiana. Na verdade, ninguém conseguia. A comida também era sem comparação, por isso as refeições eram organizadas por ela. É evidente que preparar a comida para o casarão inteiro é uma tarefa complicada, mas é exatamente por isso que Tiana tinha a ajuda que quisesse na cozinha porque todas faziam questão.

Às vezes. Na verdade nem todas.

— Parece que dessa vez acertaram comprando o café — Anna comentou observando a embalagem do produto — Ultimamente só estavam comprando marca genérica.

— Pois é — concordou Tiana terminando de coar o café — Algumas meninas queriam economizar créditos, então tivemos que sacrificar algumas marcas famosas.

— Por quê? Elas queriam guardar pra comprar alguma coisa?

— Mais ou menos isso.

— Bom, não podem ser produtos pessoais. Temos dinheiro suficiente pras compras da semana e pra nós mesmas — Anna disse com a mão no queixo.

— A não ser que seja algo muito caro.

Realmente. Anna refletiu sobre possíveis opções, como uma bicicleta, um diamante, uma TV nova. Quem sabe uma TV para o próprio quarto. Por que ela nunca pensou nisso?

De repente, Merida chegou na cozinha usando um chapéu social branco fazendo Moonwalker enquanto era seguida por Branca de Neve segurando aquela mesma câmera. A ruiva parou e estendeu o microfone.

— Moças, é verdade que a comida servida na casa do limbo é feita de modo anti-higiênico e as compras não são desinfetadas?

Tiana piscou antes de fazer uma expressão indignada.

— É claro que não!

— Entãooo não é anti-higiênico ou não são desinfetadas?

— Não, peraí — Tiana sacudiu a cabeça — Não é isso. Esses são boatos maldosos espalhados pela oposição. São calúnias sem nenhum fundamento.

Merida fingiu uma expressão pensativa.

— Mas segundo relatos, um rato foi visto vagando nessa cozinha mais de uma vez.

— Isso… também não faz o menor sentido. Estamos em um limbo mágico! Totalmente isolado. Não tem como surgir ratos aqui.

Anna puxou o microfone para si.

— Exatamente, não tem como haver ratos nessa casa, sabe porquê? Porque nesta vila estão proibidos os animais.

Merida estreitou os olhos.

— Hmmm, bom ponto. Vai ver minhas fontes se confundiram com a cara da Cindy — a ruiva virou-se para a câmera — Só pra lembrar nossos telespectadores, os bichinhos de estimação e animais em geral foram banidos desta residência desde dois mil e foda-se. Aconteceu uma treta envolvendo fezes, pelos, arranhões e ranger de dentes. Então se vocês se perguntavam porque não recebemos visitas de garotos, essa é a resposta.

Branca de Neve mexeu um pouco na câmera.

— Se bem que a Tiana já virou um sapo. Isso significa que ela também tá banida?

A moça em questão ficou carrancuda.

— Não vou nem responder.

Nesse momento, um grito de dor veio ecoando pela cozinha, interrompendo a linha de pensamento sobre a Tiana Sapo. As garotas arregalaram os olhos, paralisadas.

— Que foi isso? — Anna perguntou encolhendo os ombros.

Merida levantou uma sobrancelha ouvindo um distante som de chuveiro.

— Ariel deixou cair o shampoo nos olhos de novo.

— AhHh — Todas respiraram aliviadas.

Esse era um sinal de que as coisas continuavam normais. Ariel era a princesa que mais tomava banho na casa. Por ter sido uma sereia, a sensação de sentir a água caindo no chuveiro sempre era encantadora, a mesma coisa para a banheira. Porém, a pobre Ariel se descuidou com o sabão. Seus olhos eram sempre atingidos pelo shampoo ou pelo sabonete.

— Triste.

De repente, a breve pausa foi interrompida pelo barulho alto do telefone.

— É o big foneee! — Merida se sobressaltou.

As quatro garotas correram desesperadamente para a sala de estar. Branca de Neve quase tropeçou no pé da mesa e a câmera quase caiu, mas acabou fazendo um malabarismo mestre sem querer.

Ao chegarem lá já era tarde demais, e Jasmine já tinha atendido.

— Alô?

— ATENÇÃO: Vá até a caixa de correio e retire uma pulseira vermelha. Em seguida, escolha alguém para usá-la.

Jasmine notou que a ligação foi encerrada. A sala inteira estava silenciosa, as meninas no sofá e as que chegaram agora, todas analisando o rosto da moça para descobrir do que o telefonema se tratava.

Cinderela se sentou ereta.

— Então, quem era?

— Acho que era a chefia — Jasmine disse normalmente enquanto as outras prenderam a respiração.

Rapunzel que agora estava acordada, se sentou também.

— O que disseram? Eles planejam vir aqui?

— Não, eu só tenho que ir até a caixa de correio — Jasmine disse e foi em direção a porta da frente.

Ninguém disse nada, causando um clima tenso. A maioria refletindo o quão ruim isso podia ser. Passou-se muito tempo desde a última tragédia que ocorreu no limbo, e durante esse período a falta de notícias dos superiores só aumentava a ansiedade. Porém, o telefone de agora mostrou que elas ainda não estavam prontas para lidar com a onipotência dos executivos.

Moana se espreguiçou.

— É, a gente tá ferrada. Devem ter mandado uma boneca voodoo sem cabeça igual da última vez.

— Talvez seja um presente legal dessa vez… — Bela disse encarando o teto.

— Tipo meus tênis de led! — Rapunzel exclamou.

Merida coçou o queixo.

— Hmmmm, eu sei lá. Mas preparem-se, algo grande deve tá vindo aí… significa que HOJE TEM FOGO NO PARQUINHO!

A porta se abriu novamente e Jasmine entrou com uma pulseira fina. Em seguida, ergueu mostrando para todas as presentes.

— Então, a voz mandou eu escolher alguém pra usar. Não me disse pra quê, nem se é bom ou ruim.

Branca de Neve chegou mais perto da pulseira na mão de Jasmine.

— Se é vermelha então deve ser ruim. A maçã envenenada que comi era vermelha.

— Isso explicaria porque a Merida é ruiva — Jasmine disse com um ar de riso.

— HEY!

Cinderela massageou as têmporas

— Isso não faz sentido. Por que eles fariam charadas agora? Quando telefonam, só é pra dar avisos de manutenção ou pra dizer que alguém vai ganhar um live-action.

— Deve ser isso então. Alguém vai ganhar um live-action — Bela comentou olhando para a pulseira.

Branca de Neve se espantou.

— Significa que quem ganhar essa pulseira vai ganhar um live-action??

— Isso já eliminaria um bocado — disse Moana.

Jasmine permaneceu pensativa. Era uma teoria interessante, mas se fosse verdade a voz teria vetado algumas opções da casa. Assim, as que já tem um live-action não poderiam receber a pulseira.

— Enfim, o poder é meu e eu escolho dar a pulseira para-

— Espeeera! — Merida estendeu a mão — Nem tá todo mundo aqui na sala.

— Eu não vou escolher nenhuma das que estão faltando mesmo. Depois vocês explicam pra elas — Jasmine gesticulou com a mão.

Era um momento decisivo. Querendo ou não, a escolha de Jasmine iria interferir no destino da casa. Conhecendo bem a chefia, não podia ser um simples presente mixuruca. O problema era não saber o nível de proporção da coisa, se era considerada uma vantagem ou desvantagem.

Jasmine pigarreou.

— Bem, eu vou ser sincera. Eu não faço ideia pra que isso vai servir, então vou levar o comentário da minha amiga Branca de Neve aqui, e dar a pulseira para a Rapunzel.

A loira estremeceu no assento.

— Oshi, eu por quê?

— Porque imaginando que isso seja algum tipo de eliminação da casa então eu escolho você — Jasmine explicou enquanto estendia a pulseira para a escolhida — Seria a Merida também porque ela só fala merda, mas você começa a ser irritante quando fala gírias e fazer sinais de armas com as mãos.

— M-Mas eu já tinha parado! — exclamou Rapunzel indignada.

— Nunca se sabe — Jasmine deu de ombros não esquecendo do sofrimento que é ouvir Rapunzel falar "tá ok?" — Olha, também pode ser uma coisa boa, então se for, você vai ser privilegiada.

Rapunzel juntou as sobrancelhas enquanto colocava a pulseira no pulso.

Merida observava a cena com os braços cruzados.

— Jasmine, sua traidora. Achei que você tava do nosso lado.

— Eu estou do meu próprio lado.

— A gente era uma aliança! Você nos deu uma facada nas costas! Vou votar em você agora, sua cobra.

— Já deu Merida, deixa ela — Cinderela disse com a testa apoiada na mão.

— NÃO SE METE, PLANTA.

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Mulan permaneceu sentada na rede sozinha. Depois da breve conversa, Pocahontas se retirou para vasculhar alguma coisa para comer na cozinha. A chinesa apoiou o rosto nas mãos perdida em seus pensamentos.

Talvez a falta de comunicação com os executivos seja uma coisa boa, significa que as coisas continuavam normais. Porém havia uma parte nela que tinha certeza de que os superiores sabiam de tudo que havia acontecido naquele dia. Mas por que exatamente isso a deixava tão preocupada? Era realmente por causa dos executivos? O clima pacífico que se instalou na casa após o incêndio, não mudou muita coisa sobre como Mulan se sentia por dentro.

— Preocupada? — perguntou uma voz de repente.

Mulan levantou a cabeça e sua respiração travou na garganta.

— Ah… oi, Elsa. Eu só tava aqui pensando um pouco.

— É o que sempre temos tempo pra fazer… Pensar — Elsa sorriu com gentileza e segurou as mãos na frente do quadril — Está tudo bem?

— Bom, por enquanto sim. Tudo está mais leve depois de todo mundo ter desabafado… sobre todo aquele assunto de mudar — a guerreira disse observando as próprias mãos.

— Realmente — a loira concordou — Tudo o que aconteceu ajudou a aliviar algumas pessoas e isso é ótimo. Poder se aceitar do jeito que é, é uma das melhores coisas que existe.

Mulan a fitou nos olhos. Era isso que havia acontecido? Elas tinham se aceitado? É evidente que algumas delas pareciam bem mais tranquilas, mas Mulan não se sentia assim. Isso não significa que ela não se aceitava. Não, essa ideia parece loucura. Ela com certeza deve estar incomodada com a chefia… apenas isso.

— Eu concordo. Por isso eu te respeito muito, Elsa — a guerreira a olhou com ternura — Você mais do que ninguém entende esse sentimento.

Elsa passou a mão pela franja e desviou o olhar por um instante.

— Ah, que isso… não é pra tanto. Você teve uma jornada incrível.

— É, salvar a China é algo bem grande, mas não acho que se compara a ser o quinto espírito da natureza.

Elsa deu risada.

— Ok, vamos mudar de assunto antes que eu comece a cantar.

— Eu não tenho nenhum problema com isso. Se quiser, fique à vontade — disse Mulan sorrindo.

— É que dizem que só cantamos em momentos especiais.

— E… agora é? — Mulan perguntou com uma certa provocação.

Elsa fez uma pausa para encarar a amiga por alguns segundos. Algo estava eletrificando sua mente agora.

— Com certeza.

Mulan levantou as sobrancelhas, apertando os lábios. Ela tentou usar cada célula do seu corpo para não corar. Seria estranho, certo?

Antes que alguém pudesse dizer alguma coisa constrangedora, Rapunzel saiu pela porta dos fundos e avistou as duas amigas. De acordo com a visão que estava tendo da cena, notou que ambas não estavam falando, então provavelmente estavam apenas se encarando em meio a uma enorme tensão sexual.

— OLHA ELAAAASS

As duas garotas saltaram surpresas.

Rapunzel caminhou em direção a rede e as cumprimentou.

— Ih, desculpa é que eu me empolguei e acabei com o clima de vocês — o tom de voz de Rapunzel realmente parecia triste.

— Como assim? — Elsa perguntou alheia.

— Nah, nada não. Depois a Mulan conta pá nóiz — a mais baixa piscou para Mulan.

A chinesa fez uma careta.

— Enfim, não era disso que eu queria falar — Rapunzel falou antes de erguer o pulso mostrando a pulseira vermelha — Agora há pouco, Jasmine atendeu o big fone e a chefia mandou ela buscar essa pulseira na caixa do correio.

Mulan piscou.

— Peraí, a chefia ligou? Agora há pouco??

— Sim, sim, mas eles só falaram isso mesmo. Daí disseram que a Jas tinha que escolher alguém pra colocar essa pulseira — a mais baixa explicou enquanto Elsa inclinou a cabeça para olhar a pulseira — Não falaram pra quê servia. Então se for coisa ruim eu tô fudida haha.

Elsa segurou o queixo.

— Já aconteceu algo parecido antes?

— Não exatamente — Mulan respondeu pensativa — Quer dizer, não era uma pulseira.

— Era uma boneca voodoo — Rapunzel completou segurando a risada — Hmmm, mas vai ver nem foi a chefia que mandou.

A perna de Mulan começou a mexer de ansiedade. A situação era muito estranha e ela não sabia o que pensar.

Enquanto seus olhos corriam rapidamente, Rapunzel se sentou ao lado dela na rede, a tirando da linha de raciocínio.

— Caraca, nunca mais usei essa rede. Só a Pocah que tava dormindo nela.

Elsa levantou um dos cantos dos lábios.

— Talvez seja melhor do que dormir no quarto.

Em seguida, Elsa se sentou do outro lado de Mulan. O espaço ficou menor e ouviu-se alguns estalos da corda.

A guerreira tamborilava os dedos na própria perna com um certo nervosismo.

Rapunzel abriu mais a rede na parte de trás e se deitou.

— Wow, é uma sensação diferente. Eu devia fazer deitar aqui mais vezes.

— Sério? — Elsa deitou-se também olhando para as folhas das árvores — É maravilhoso…

— Hey, Mulan, deita aqui também — Rapunzel convidou tocando as costas da amiga.

Mulan encarou nada em particular e respirou fundo. Alguma coisa estava dizendo para ela não fazer isso, pois não faria bem para sua saúde mental e de algum jeito parecia errado… mas ela queria fazer.

Então se inclinou para trás também.

— Wow… estranhamente me sinto mais relaxada.

— Caramba, é o poder da rede — Rapunzel sorriu alegremente — E de vocês, é claro. Tipo, se essa pulseira fosse pra eliminar alguém desta casa e da existência, eu iria feliz.

— Não fala assim. Com certeza não é nada disso — Elsa afirmou cruzando as mãos sobre as costelas.

Mulan deu um ar de riso.

— Vai ver são seus tênis de led.

O rosto de Rapunzel se iluminou e a mais baixa agarrou-se ao braço direito de Mulan.

— Aaaa agora fiquei animada! Tomara que você esteja certa.

O gesto repentino fez Mulan enrijecer com um leve formigamento.

Elsa deu um suspiro contente.

— Sabe, se acontecesse qualquer coisa assim, eu também iria feliz.

Mulan a fitou pelo canto dos olhos.

— De verdade?

— De verdade. Eu me sinto bem porque agora… eu não poderia pedir outra coisa — Elsa disse virando o rosto para encarar Mulan.

A guerreira estremeceu, mas lentamente virou a cabeça para encará-la de volta. As pupilas de Elsa estavam dilatadas e qualquer um podia se perder no azul de seus olhos. Mulan permaneceu analisando todas as feições perfeitas da princesa, o tempo nunca foi tão inexistente.

Ambas ficaram em silêncio quase presas em um feitiço. Então algo começou a arder nos olhos de Mulan como se estivesse a ponto de chorar. Por que de repente ela se sentiu incapaz?

Nesse momento, Rapunzel sentou-se para encarar as amigas.

— Oshi, vocês dormiram?

A guerreira se espantou de repente, e se levantou.

— Não, não. Quer dizer talvez, é, eu acho que vou lá pra dentro e… dormir um pouco — Mulan esfregou a nuca antes de se retirar.

As duas garotas restantes observaram a chinesa se afastar.

— Que bicho mordeu ela? — indagou Rapunzel.

Elsa se sentou.

— Eu não sei… acho que ela precisa de espaço.

— Por quê?

— Talvez porque as pessoas se sufocam — Elsa respondeu olhando para Mulan fechando a porta — Seja com palavras ou com gestos.

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— Encerraremos este programa respondendo algumas perguntas do público — Merida informou antes de pegar seu celular.

Ela e Branca de Neve estavam sentadas na mesa menor da cozinha de frente para a câmera que estava no centro da mesa.

Merida pigarreou.

— @BezerraJosé perguntou: Princesas, quantos andares tem a casa do limbo? Olha, tecnicamente tem três andares, mas não pergunte como funciona o alinhamento dos quartos que nem sei responder. É um limbo mágico, porra!

Branca de Neve deu uma risada nervosa e pegou seu próprio celular.

— Ok, próxima pergunta. @Irmãfeia1 perguntou: Por que a Cinderela é tão chata? Bem, não acho que essa seja a palavra certa... Acho que ela é mais cuidadosa e responsável.

— Eu acho que é porque ela se morde de inveja da Elsa — Merida disse simplesmente antes de perceber algo — Nossa, isso pode ser usado contra mim no futuro. Censura isso depois.

— Enfim, vamos continuar — Branca de Neve disfarçou olhando para o celular — A pergunta agora é de @Maui_semideus_heróidomundo: Por que ninguém usa a academia?

— Wooooow, eu tinha esquecido completamente disso. SIM, espectadores. Nós temos uma academia na casa, ali perto do escritório. Ah, não sabiam que tinha um escritório também? Pois é, ninguém aqui é culto mais.

Branca de Neve sorriu com o comentário.

— Bom, respondendo a pergunta, nenhuma princesa quis fazer exercícios diários na academia. Acho que isso aconteceu com o decorrer do tempo.

— Próxima pergunta! — Merida exclamou — @Bobsauro perguntou: Quando veremos a casa dos garotos? Peraí... Isso não interessa. Essa história é sobre A Casa das Princesas não sobre a porra da casa dos princesos! A gente pode não jogar bola todo dia, mas aqui tem treta e cachorrada! Eles nem sequer recebem advertência! Se quiser ver os caras, vai lá onde eles estão! NA PUTA QUE TE-

Créditos:

Direção: Merida Metida

Produzido por: Branca das Neves

Câmera: Branca das Neves

Roteiro: Nenhum

Agradecimentos especiais: Jaz Mini, Tiana Sapo, Anna Banana, Cindyela, Bela do Crepúsculo e Rapunzel Bezerra